terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Um exercício de gatomestrice

Não costumo ser pessimista quando o assunto é Copa do Mundo e seleção brasileira.

Exceto quando Sebastião Lazaroni inventou no futebol brasileiro o 3-5-2 com líbero e ao colocar em campo um time muito diferente daquele que atropelou Paraguai, Argentina e Uruguai na Copa América, nunca deixei de torcer para o nosso país.

Mas a pouco mais de cinco meses da Copa da Alemanha, o torcedor mais esclarecido tem que ficar preocupado.

O técnico Carlos Alberto Parreira, como todos que militam numa das mais difíceis profissões do planeta, tem suas idiossincrasias. Ele apostou na continuidade do trabalho desenvolvido por Scolari na Copa da Japéia e pouco mexe no time. Com o vastíssimo manancial de talentos que nosso futebol dispõe, é até uma heresia que novos jogadores não sejam aproveitados.

Por isso vejo com desconfiança que Parreira acredita em alguns nomes que, na minha modesta opinião, podem trazer problemas para o Brasil em sua campanha rumo ao hexa.

Começando pelo gol, onde Dida roubou a posição de Marcos. O arqueiro do Milan é frio, gelado como um iceberg. Tem ótimos reflexos, pega pênaltis como poucos, mas demonstra deficiências em saídas de bola pelo alto - o que no jogo aéreo é fatal. E anda falhando muito na Itália. Outro ponto que pesa contra Dida é seu comportamento arredio - ele não atende à imprensa e quando o faz, fala num português incompreensível.

Cafu é outro nome unânime para Parreira, mas próximo dos 36 anos, já não é nenhum garoto para a posição de lateral-direito. No Milan, deixou de ser titular absoluto porque Carlo Ancelotti prefere escalar uma zaga torta, com Maldini, Stam e Kaladze, estes dois últimos se revezando pelo flanco direito. Na próxima quinta-feira, ele será operado do joelho. Será que não custaria nada a Parreira apostar um pouquinho mais em Cicinho para a sucessão de Cafu?

Um caso estranhíssimo é o do zagueiro Lúcio. Como pode ele ser tão venerado no futebol alemão? O jogador do Bayern de Munique já cometeu diversos erros crassos com a camisa amarelinha - e um deles poderia nos custar a desclassificação em 2002 não fossem Rivaldo e o genial Ronaldinho Gaúcho. Tosco, esquisito até, Lúcio nunca me inspirou confiança - aliás, tanto ele como qualquer outro dos seus companheiros de zaga. Tem tanto jogador bom que o Parreira não convoca...

O próximo da lista? Esse é fácil: Roberto Carlos, claro, o maior burocrata do futebol mundial da atualidade. Nenhuma objetividade, nenhum ataque, só passes laterais e para trás. Aos 33 anos, pode ser outro calcanhar de aquiles da defesa brasileira na Copa da Alemanha.

Emerson... esse também é impossível de entender o porquê de ser titular da seleção. E pensar que ele começou como camisa 10 do Grêmio, como meia de ligação, objetivo, de passes precisos e boa visão de jogo. Transformou-se num brucutu, num jogador meia-boca, mas objeto de desejo de Fábio Capello, que o levou da Roma para a Juventus quando se transferiu para treinar o time de Turim. Com Juninho Pernambucano jogando na posição ou trocando com Zé Roberto, o Brasil não perderia em marcação. Ganharia no passe, na qualidade do jogo, na objetividade. E Juninho é um grande craque que não merece ser reserva nem de Emerson, nem de Zé Roberto.

Por fim, Ronaldo. Tido como intocável por Parreira, não sei se ele se encontra num bom momento capaz de fazê-lo tão insubstituível assim. Além do mais, não sei se um esquema com dois atacantes de força e explosão (ele e Adriano) jogando juntos daria certo. Se eu tivesse condição de indicar dois atacantes para a seleção hoje, eles seriam Fred e Adriano.

Aliás, meu time titular hoje seria: Rogério Ceni, Cicinho, Alex, Luisão e Gustavo Nery; Zé Roberto, Juninho Pernambucano, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Fred e Adriano.

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