quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

A padaria diferente

Essa saiu no New York Times.

E se você que gosta de cachorros achava que já tinha visto de tudo quando o assunto é o melhor amigo do homem, leia só o texto abaixo.

Há algumas semanas os proprietários da Chocolate Room, lar da trufa de framboesa apimentada de US$ 40 a libra (o equivalente a 454 gramas), fizeram uma visita à padaria que havia acabado de abrir do outro lado da rua, em frente a trattoria que vende pizzas polvilhadas com folhas de ouro de verdade.

Eles elogiaram, com certa inveja, os fornos Blodgett por trás do balcão. E nem tanto por inveja responderam. “Eles disseram ‘Não usem esses fornos porque eles são fornos de circulação de calor e nossos bolinhos sofrem influência dos ventos quentes’”, disse Naomi Josepher, uma das chocolatiers. Ela ficou perplexa. “Eu disse, ‘Seus bolinhos tem uma aparência muito melhor que os nossos. E, de qualquer forma, vocês estão servindo cachorros e nós servimos pessoas.’”

Bem, sim. Mas e daí?

É verdade. A padaria Buttercup's Paw-tisserie, alega ser a primeira padaria canina em toda a cidade a fazer esse tipo de produto na região. Tome isso, SoHo. E P.S.: os bolinhos, conhecidos nesse caso como pupcakes (um trocadilho entre palavra em inglês para bolinhos, cupcakes, e para filhote, puppy), não são nem um pouco desajeitados. Eles são na verdade miniaturas perfeitas, com uma pata delicadamente impressa em iogurte branco na crosta superior dourada.

Eles também são deliciosos. Para humanos. E deveriam ser, considerando os ingredientes naturais usados na fabricação. “O que usamos é mais saudável do que o que comemos”, disse Betty Wong detrás do balcão, enquanto seu sócio e cunhado, Scott Wong, preparava uma nova bandeja de biscoitos de fígado e erva sem trigo.

No sábado, Buttercup, uma cocker spaniel em um vestidinho de crochet japonês cor de rosa, testou os produtos, enfiando o fuço entre as trufas de coco crocante (um roubo de US$ 1.50 cada) e entre os brownies de queijo e fígado (75 centavos cada) e os biscoitos de salmão com algas e pasta de anchova (US$ 6.95 a dúzia).

Um pequeno franjinha chamado Kipper entrou na loja, seguindo sua dona, Elizabeth Zenteno, 6, e a mãe de Elizabeth, Amanda. “Olha essas trufas e tudo mais?” perguntou Zenteno. “É nojento. Nós queremos dois bolinhos.” Zenteno, 30, gerente operacional do Coro Jovem do Brooklin, era fã do humilde mercado de peixes que ficava no local, mas tudo passa.

“A primeira vez que passei por aqui achei um exagero, mas ela gosta de comprar coisas para o cachorro”, disse apontando para a mãe. Os bolinhos (US$1.50 cada) eram para Kipper e seu irmão dividirem na festa de aniversário do pai de Elizabeth, que por sua vez ganhará apenas um bolo de supermercado.

A padaria ameaça se tornar famosa neste distrito cheio de cachorros. No domingo, Annie Daniel, estilista de moda que veio aqui com seu Pita, um yorkshire terrier, vestido em uma jaqueta de pele falsa, disse que logo irá começar a produzir alta costura para animais de estimação na confecção do seu marido, que fica na Terceira Avenida. A linha se chamará Ruff Love. “Se eu tivesse que compará-la a qualquer coisa, seria com a Delia’s para adolescentes ou a Pacific Sunwear para garotos”, disse Daniel, 20. Seu marido, Elliot Daniel, espera que o gosto de Pita por carneiro, menta e espinafre ajude a pagar as contas. “Quando vimos esse lugar”, ele diz, “pensamos ‘Perfeito, nossos primeiros clientes’”.

É frescura pra cachorro nenhum botar defeito, né não?

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