terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Do fundo do baú

Ultimamente venho tentando achar na internet vestígios de boas bandas de rock que o Brasil teve nos anos de chumbo da ditadura.
A boçalidade dos milicos não impediu que parte da nossa juventude tomasse contato com as guitarras pesadas, os sons psicodélicos que se tiravam dos teclados de então. E eu tenho prestado muita atenção no trabalho de dois grupos - Som Nosso de Cada Dia e Casa das Máquinas.
Ambos tiveram integrantes oriundos da lendária banda Os Incríveis, da fase áurea da Jovem Guarda. Manito, multiinstrumentista talentosíssimo, assumiu os vocais do Som Nosso, tocando junto com Pedrinho e Pedrão, integrantes fixos. O grupo teve ainda a participação de Marcinha (coro), Egídio Conde (guitarra, ex-Moto Perpétuo, primeira banda de Guilherme Arantes) e Tuca (teclados), entre outros.
Em 1974, o Som Nosso teve a oportunidade de abrir os cinco shows de Alice Cooper no Rio e em São Paulo. Tocando para um público somando mais de 140 mil pessoas, o trio impressionou pelas composições à lá Emerson Lake & Palmer com um quê de Clube da Esquina. Eram as músicas do disco "Snegs", que foi um dos melhores trabalhos do rock progressivo brasileiro em todos os tempos.
Algum tempo depois, Manito foi convidado para ingressar nos Mutantes, com a saída de Arnaldo Baptista, e o Som Nosso se desmantelou. Eles voltariam a tocar juntos para o relançamento de "Snegs" em CD e inclusive fizeram uma versão de "O Guarani", do compositor erudito Carlos Gomes.
Já a trajetória do Casa das Máquinas começou em 1972, quando Netinho (baterista e percussionista) e Aroldo (guitarrista e violonista), integrantes dos Incríveis desde que eles se chamavam The Clevers, caíram fora da antiga banda e chamaram Carlos Geraldo (baixo), Piska (guitarra) e Pique (tecladista e saxofonista que tocava com o Rei Roberto Carlos) para montar o grupo.
Em 1974, lançaram o primeiro disco, auto-intitulado "Casa das Máquinas" com evidentes influências do som dos Incríveis em quase todas as faixas. Mas a virada veio em 75, com o ótimo "Lar de Maravilhas", totalmente progressivo e muito roqueiro, que tem a ótima faixa "Vou morar no ar", que virou tema de novela - quem souber, aliás, me diga por favor qual.
Mas alguns integrantes saíram do grupo antes do terceiro disco, "Casa de Rock": Aroldo, Carlos Geraldo e Pique se mandaram. Simbas assumiu os vocais, Marinho entrou como o tecladista e João Alberto veio para ser o novo baixista.
O grupo estourou com a música homônima do terceiro trabalho e experimentou um sucesso nacional como nunca havia existido com nenhum outro grupo do gênero. A Som Livre queria fazer do Casa o Pholhas (outra lendária banda de rock nacional dos anos 70), com letras em português.
E nesse trabalho, os integrantes do Casa das Máquinas surpreenderam e entraram de cabeça no hard rock, abusando da sonoridade suja das guitarras e dos vocais "pra fora" de Simbas.
Entretanto, às vésperas de começarem os trabalhos de estúdio para o quarto álbum, em 1978, o grupo chegou ao fim, após ser acusado de envolvimento na morte de um cinegrafista da Rede Record.
Uma pena para o rock brasileiro, que teve que esperar um pouco mais - até 1982, pra ser mais exato - para estourar de vez e cair nas graças dos jovens.

Um comentário:

Anônimo disse...

Rodrigo,

Adorei o seu blogger em todos os sentidos. O visual está super!
Eu sempre gostei dos Incríveis. O Netinho tocava muito, vc lembra de uma música que eles tocavam, se não me engano a Praia? O Netinho arrasava na bateria!
Falando em Jovem Guarda, queria te dar um toque sobre um projeto que está rolando no bar do Tom aos domingos. Eu já fui a esse show a convite da Èrika, que cantava na banda Penelope, eu simplesmente ameiii poder recordar aquela época. O nome da banda é Lafayete e os Tremendões, eles tocam músicas do rei Roberto Carlos e de outros que participaram da Jovem Guarda.A Érika canta as músicas que a Wanderléia cantava. O Lafayete ainda usa os mesmos arrajos que fazia para as músicas do Roberto quando tocava com ele
Vale a pena conferir. Eu vou de novo rsss
Bjus
Márcia