quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

EU VOU!


Sem fila. Sem atropelo. Comprei hoje na Modern Sound, em Copacabana, meu ingresso para ver Mutantes no Vivo Rio, no sábado.
Depois do DVD do Barbican Hall, ao qual assisto direto e dos comentários mais do que elogiosos acerca do show realizado no Museu do Ipiranga, que arrastou mais de 50 mil pessoas, não dá para deixar de ir.
Pouco importa se é Zélia Duncan quem dividirá o palco com os irmãos Baptista, Dinho Leme e os ótimos músicos de apoio arregimentados por Serginho Dias. Importa também se muitas das músicas do set - "2001" entre elas - são de autoria da Rita Lee? Os fãs mais puristas hão de achar a reunião do grupo uma heresia. Aliás, uma já escreveu espinafrando o show do Barbican Hall. Mas e daí?
Pombas... os caras não tocavam com parte da formação original desde 76, o Dinho teve que ser reapresentado ao seu antigo instrumento e o Arnaldo não é mais o mesmo de 30 anos atrás. Mas a energia mutante está no ar, está aí e eu não vou perder essa por nada.
Aliás, já que o Dinho é o irmão do Reginaldo, não custa nada dar um papo nele pra ver se consigo uma lembrança pós-show...
De repente, o domingo começa com essa foto aqui no blog.
Tomara!
Mas o que importa é o seguinte: EU VOU. E ponto final.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Desfecho prevísível


Adriana de Almeida, a viúva do milionário da Mega-Sena Renné Senna (sem nenhum trocadilho infame), que tinha uma fortuna estimada em mais de 50 milhões de reais, foi presa nesta terça-feira num hotel em Camboinhas, região litorânea de Niterói.

Por mais que ela tenha dito que é inocente ao ser levada pela polícia, que a deteve com base em escutas telefônicas, a verdade ainda virá à tona.

Renné tinha 54 anos e a viúva era 25 anos mais jovem que ele. Além disso, o milionário era paraplégico e consta que não havia vida sexual entre eles. Portanto, por A mais B, subentende-se que Adriana tinha os homens que quisesse, tudo com o dinheiro do ex-marido.

Sexo é a motivação de nove entre dez crimes do gênero, quando um homem possui uma fortuna incrível. Dono de uma fazenda que comprou por 9 milhões de reais em Lavras, na região de Rio Bonito (interior do Rio de Janeiro), Renné foi morto a tiros num bar, alvejado por dois motoqueiros que dispararam cinco vezes contra ele.

Adriana, a viúva, tinha tudo o que queria, inclusive um luxuosíssimo duplex em Arraial do Cabo, no Litoral Norte do Rio. E com sede de dinheiro e de poder, não duvidem: esta mulher mandou matar o próprio marido.

Recorde!

O preguiçoso Garfield diria... "detesto a segunda-feira".

Mas eu vou brindar à ela.

Dia 29 de janeiro - atingiu-se o recorde de page views diários deste blog, superando de longe os 153 da semana passada.

Foram 195! Será que o pessoal atendeu o apelo e veio?

É... tá ficando bom e a responsabilidade, aumentando!

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Retratos em branco-e-preto

Em janeiro deste ano, a música brasileira viveu momentos antagônicos.

No dia 19, completaram-se 25 anos de uma perda colossal: a morte de Elis Regina, provavelmente a maior cantora deste país em qualquer tempo.

E na última quinta-feira - dia 25 - seriam comemorados 80 anos de um mestre da MPB, se ele estivesse vivo.

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ou simplesmente Tom Jobim.

Ambos mereceram homenagens caprichadas e emocionadas da Globo em domingos diferentes. Foram dois programas muito bem concebidos e realizados, algo que anda em falta na TV aberta.

A carreira de Tom foi brilhante sob todos os aspectos. Em 40 anos de serviços muito bem prestados, o maestro soberano compôs, regeu, escreveu partituras, cantou em português e inglês, difundiu nossa música, alavancou a bossa nova, criou um estilo inconfundível.

Começando como arranjador da gravadora Continental aos 25 anos, rapidamente escreveu suas primeiras músicas. Em 1954, Mauricy Moura gravou "Incerteza", de Tom e Newton Mendonça.

Dois anos depois, musicou a peça 'Orfeu da Conceição' com Vinícius de Moraes. Ele e o poetinha compuseram um clássico instantâneo - "Se todos fossem iguais a você", gravada no disco da trilha do filme homônimo dirigido por Marcel Camus na voz de Agostinho dos Santos.

Em 58, um baiano de voz anasalada começa a fazer sucesso cantando "Chega de Saudade" e "Desafinado". É João Gilberto, que dá voz e vez à bossa nova, fazendo a MPB atingir um patamar jamais sonhado - haja visto que ele e Tom brilham no espetáculo do Carnegie Hall produzido por Sidney Fry.

De 1962 a 1963, a produção de músicas e de clássicos da obra de Jobim é avassaladora: "Samba do Avião", "Só Danço Samba", "O Morro Não Tem Vez", "Vivo Sonhando", entre outras mais.

Inserido no mercado americano, ele gravou um disco em inglês e logo depois faria um dueto inesquecível com Frank Sinatra. The Voice cantou "Quiet Night and Quiet Stars" (Corcovado), "Dindi", "How Insensitive" (Insensatez, que seria gravada brilhantemente por Sting anos mais tarde) e "The Girl From Ipanema" (a imortal Garota de Ipanema).

No ano de 68, unanimidade que fora assim como Ataulfo Alves, Ismael Silva e Chico Buarque de Hollanda como um dos compositores selecionados para a Bienal do Samba, da TV Record, compôs e escreveu a música "Onda" - é essa mesma que vocês estão pensando...

Roberto Carlos, escalado para defendê-la, deu um tremendo cano em Tom, viajando em lua-de-mel com Nice para Las Vegas. Não cantou "Onda" na primeira eliminatória da Bienal e tampouco na terceira.

Vertida para o nome "Wave", tornou-se um grande sucesso e hoje é a abertura da novela 'Páginas da Vida'. No disco, existem a versão instrumental e aquela cantada em dueto por Paulinho e Maria Luiza, filhos de Tom.

Vou te contar
Meus olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender

Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho

O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar

Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade

Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar

O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver

Tom ficou pelo caminho na Bienal, mas inscreveu junto com Chico a belíssima "Sabiá" na 3ª edição do Festival Internacional da Canção. A música, uma peça camerística falando da dor do exílio, foi a antítese da panfletária "Caminhando", de Geraldo Vandré. Cantada pelas irmãs baianas Cynara e Cybele (do Quarteto em Cy), foi impiedosamente vaiada na final nacional porque derrotara justamente a música de Vandré, que se insurgia contra o regime militar.

E como não há mal que sempre dure, massacrado e humilhado pela platéia furibunda, o mesmo Tom veria sua "Sabiá" vencer a fase internacional, desta vez sem vaias.

Aprofundado em influências de compositores eruditos e em pesquisas sobre a fauna brasileira, juntando influências jazzísticas, compôs canções de instrumentação simplesmente brilhante nos anos 70 e discos que simbolizam sua vasta obra, como Matita Perê (de 1973) e Urubu (1976).

Nesse entremeio, fez um consagrado e cultuado álbum com Elis Regina, que tem como carro-chefe uma inesquecível versão de "Águas de Março", cantada à vontade por eles num especial produzido pela Globo em fins de 74. Não seria o último disco que Tom faria com outros artistas, pois fez dois trabalhos com Miúcha, um com Edu Lobo e mais outro com Frank Sinatra.

Além da natureza e os pássaros, as mulheres foram grande fonte de inspiração em suas canções. Não à toa, ele escreveu e gravou clássicos como "Dindi", "Ana Luiza", "Isabella", "Luciana", "Tereza da Praia", "Ângela", "Lígia" e "Luiza" (esta, abertura da novela 'Brilhante', da Globo). Também escreveu o "Samba de Maria Luiza", uma pequena brincadeira dividida com a filha que tinha então 5 anos na gravação do disco Antônio Brasileiro, de 1994.

Foi neste mesmo ano que o compositor, já com 67 anos de idade, sofreu um sério problema de saúde que o levou à morte, na mesma Nova York que certa feita ele descreveu com o bom-humor que sempre o caracterizou.

"O melhor modo de se conhecer Nova York é de maca."

Homenageado ainda em vida pela Mangueira, a escola de samba do coração, o tricolor Tom Jobim partiu desta para melhor no dia 8 de dezembro. E deixou um vácuo impreenchível na história da nossa música.

Ah, maestro soberano... que maravilha seria viver, se no mundo todos fossem iguais a você!

domingo, 28 de janeiro de 2007

Mais um pitaco sobre Daytona 24H

Para complementar o post anterior sobre as 24 Horas de Daytona...

Louve-se a iniciativa do Speed Channel em mostrar, ao vivo para o Brasil, a largada e as primeiras horas de prova - a transmissão no sábado saiu do ar à 1 da madrugada, para voltarem ao meio-dia e meia e assim encerrarem o evento.

Mas não dá pra aturar a dupla Roberto Figueroa e Sergio Lago.

Quando eles identificaram o piloto do carro #7 como sendo o britânico Tom Kimber-Smith e no vídeo, no top line, aparecia o nome de Chris Festa, imediatamente apertei a tecla SAP e fui acompanhar a transmissão com Bob Varsha e David Hobbs, um milhão de vezes melhor.

Ou os brasileiros do Speed são mal-assessorados em matéria de produção, que não passa a lista definitiva de inscritos a eles, ou são mesmo um lixo como narradores e comentaristas.

Aposta de risco

Podem me cobrar depois, em 22 de outubro, um dia após o encerramento do Mundial de Fórmula 1. Ou mesmo logo depois que o GP do Brasil terminar.

Mas já tenho meu palpite acerca da posição das onze equipes do campeonato de 2007.

Isso mesmo. Williams, Toro Rosso, Super Aguri e Spyker sequer lançaram oficialmente seus carros e os testes ainda não dizem muita coisa.

Mas eu sou um cara ousado. E por isso mesmo, minha aposta é a seguinte:

Ferrari campeã, com Massa e Raikkönen formando a dupla mais consistente do ano.

McLaren vice, porém fazendo de Alonso o novo tricampeão mundial (outra aposta ousadíssima).

Renault em terceiro, demitindo Fisichella e pondo Nelsinho Piquet em seu lugar.

Honda se firmando como P4. Acho que o Button vence de novo. E o Rubens dá bye-bye à F-1.

BMW de novo como o quinto melhor time, com Kubica mais experiente e Heidfeld constante, vão marcar muitos pontos e pódios.

Toyota, mais uma vez sexta, dentro das expectativas.

Red Bull em sétimo. Não vejo possibilidade de muitos pontos para Webber. Coulthard vai ser o destaque da equipe.

Super Aguri em oitavo. Ora... os dois pilotos são rápidos, o motor Honda empurra. Podem surpreender.

Toro Rosso em nono. E o Berger já admitiu que a briga de sua equipe será com a Aguri e com...

... a Williams, que para mim fará a pior temporada de seus últimos 30 anos.

A Spyker será a lanterna. Mesmo com motor Ferrari. Faltam pilotos para a escuderia holandesa. E vamos e venhamos, ninguém é Adrian Sutil...

Montoya de volta ao pódio


Não foi fácil, embora tivesse parecido na última hora e meia de prova. Mas o colombiano Juan Pablo Montoya conseguiu desde 2005 sua primeira vitória no automobilismo internacional. Dividindo o Lexus Riley #01 da Chip Ganassi Racing com Scott Pruett e o mexicano Salvador Durán, ele conquistou o título das 24 Horas de Daytona, primeira prova da Grand American Road Racing (Rolex Series).

Nove carros diferentes comandaram a corrida em treze ocasiões. E nas últimas horas, com a reação do Pontiac Riley #10 da SunTrust pilotado por Wayne Taylor / Max Angelelli / Jan Magnussen / Jeff Gordon, além da ótima performance do carro da Samax tripulado por Patrick Carpentier / Darren Manning / Ryan Dalziel / Milka Duno, quase que a vitória do trio da Ganassi foi posta a perder.

Porém, Montoya fez um ótimo turno de pilotagem, estabilizou a situação e entregou de bandeja o carro perfeito para Pruett receber a quadriculada e comemorar a vitória.

Entre os brasileiros, Roberto Pupo Moreno conquistou o melhor resultado - foi 4º colocado, ao lado de JC France, do português João Barbosa e do veteraníssimo Hurley Haywood, que deverá pendurar o capacete ao fim do ano.

Hélio Castroneves estreou na prova com um nono lugar ao lado de Oswaldo Negri e Mark Patterson (que ano passado chegaram em segundo), além do companheiro de Penske na IRL, Sam Hornish Júnior.

Na GT, com as quebras dos Porsches favoritos, das equipes Farnbacher-Loles e Tafel Racing, venceu uma zebra: o carro da Alegra Motorsports com Jean-François Dumoulin, Scooter Gabel, Carlos de Quesada e Marc Basseng. Entre os cinco primeiros, dois Porsches, dois Pontiac GXP-R e um Mazda RX-8 - todos com excelente desempenho.

É hoje!

É hoje, três dias antes do que eu previa!

O blog vai chegar a 15 mil page views - marca que considero fantástica porque não é um espaço muito conhecido e muito visitado.

O recorde de acessos foi registrado nesta semana: 153, na segunda-feira passada.

Ainda hei de chegar a 200 por dia.

Obrigado a todos!

História com H maiúsculo

Cheguei hoje de São Paulo. Estive na "Terra da Garoa" para apreciar o evento Clássicos de Competição, que fez os visitantes que foram a Interlagos viajarem no tempo romântico e histórico do nosso automobilismo.

Mais do que nunca, uma história tão bonita como a deste esporte que já nos deu oito títulos mundiais de Fórmula 1, cinco vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis, diversas conquistas na ChampCar, na IRL, no FIA GT, na F-3 inglesa e até no Mundial de Esporte Protótipo, precisava ser revivida.

A garotada que hoje se ilude com Felipe Massa e Rubens Barrichello não tem noção do quão é rico o nosso automobilismo. Em histórias, talentos, 'causos', carros fantásticos, garra, tesão, paixão e trabalho. Muito trabalho.

E quando temos a chance de apreciar jóias como o Maverick-Berta da Escuderia Hollywood, o Polar de Alfredo Guaraná Menezes, o Fórmula Júnior da Vemag, a Carretera Mickey Mouse do 'Volante 13' e também o Fitti Vê de Emerson Fittipaldi, dá vontade de chorar.

De emoção.

Afora outros carros clássicos e históricos, bem como muitos outros 'envenenadíssimos' que hoje e sempre povoarão os sonhos dos apaixonados, dos aficionados.

Minha página do Multiply terá um álbum completo com as fotos que eu tirei no 'Clássicos'. Enquanto isso, deliciem-se com esta pérola: a Carretera Galgo Branco que pertenceu ao lendário Catharino Andreatta.


Um primor!

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Cenas cariocas que não voltam mais

Repare na foto. O ano é 1968. Avenida Nossa Senhora de Copacabana, o "pulmão" da outrora Princesinha do Mar. A estudante com saia até o joelho aguarda pacientemente seu coletivo enquanto próximo ao ponto aparece o coletivo da linha 132 (Leblon-Est. de Ferro), à época operada pela Viação Alpha.

Se fosse hoje, dificilmente veríamos uma estudante com a saia tão perto dos joelhos. Provavelmente dois ou três palmos de coxa estariam à mostra. E muito provavelmente um tarado qualquer já estaria por perto olhando de alto a baixo para o corpo da ninfeta.

É... tempos idos... cenas cariocas como essa, não voltam mais.

Combinações duvidosas


Não gostei do novo layout da Renault para a temporada 2007 da Fórmula 1.

Esteticamente, o carro deste ano - o R27 - segue a mesma linha da maioria, cheio de reentrâncias, badulaques, penduricalhos, um espelho retrovisor à la Ferrari e um bico mais largo.

Mas a combinação de cores é feia de doer!

Eu gosto do laranja. Lembra a Holanda de Cruyff, Neeskens, Rensenbrink, os irmãos Van der Kerkhof, Van Basten, Gullit, Rinus Michels, Rijkaard, futebol bem jogado... Laranja Mecânica... enfim.

A Renault assinou um acordo com a financeira IMG que injetará os dólares necessários para cumprir o programa do ano de 2007, substituindo os antigos sponsors Mild Seven - que há 13 anos trazia sua marca primeiro na Benetton e depois nos carros da Régie - e Telefônica, que deu no pé porque não faz nenhum sentido um patrocinador espanhol sem Alonso no time.

O branco predominante com filetes laranja não é nada comprometedor, forma um conjunto sóbrio.

Mas o amarelo do castelo do cockpit até o bico, hummmmm... gosto pra lá de duvidoso.

Parece que pintaram dois carros diferentes e juntaram num só!

Além da combinação estranha de cores, a dupla de pilotos não me agrada. Heikki Kövalainen, o finlandês estreante, é muito bom. Pelo menos em duas das três últimas edições do evento Race Of Champions que o Sportv tem em mãos (o de 2006 passa no próximo dia 6 de fevereiro, anotem!), ele mostrou muitas qualidades - especialmente não se intimidar diante de gente muito mais tarimbada.

Por outro lado, Giancarlo Fisichella não acrescenta nada permanecendo como titular e, num dado momento, como primeiro piloto. Suas atuações pífias podem pôr o lugar de topo da Renault a pique - e bem mais rápido do que Flávio Briatore poderia supor.

Será que ele pediria, no meio do campeonato, a cabeça de Fisichella para pôr Nelson Ângelo Piquet ou Ricardo Zonta como titular? We'll see.

***

A exemplo do que aconteceu com Fernando Alonso, o filho do tricampeão mundial Nelson Piquet também teve a programação visual do seu "casco" completamente alterada. Da belíssima pintura cromada com a gota avermelhada, para um design chocho com o fundo branco e a gota alaranjada por causa do patrocinador principal, a ING.

Engraçado... o Nelson correu 13 anos na Fórmula 1, com seis carros diferentes: Ensign, BS-McLaren, Brabham, Williams, Lotus e Benetton. Exceto quando teve que pôr o amarelo da Camel no topo de seu capacete nos dois anos de Lotus, JAMAIS alterou a programação visual do mesmo.

Definitivamente, além dos números que há muito não são visíveis, até a identidade máxima de um piloto se curva às vis exigências dos patrocinadores.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Tanto faz se foi de 1 x 0... a torcida tricolor é show!

Acabo de chegar do Maracanã, onde fui assistir a estréia do novo time do Fluminense.

Sinceramente? O que mais me chamou a atenção não foi o jogo em si. Afinal, o tricolor-07 começou ainda em terceira marcha, vencendo o Friburguense com alguma dificuldade, com gol de Alex Dias e uma boa ajudinha do goleiro Adriano.

Mas o banho de bola que a torcida do Flu deu na do Botafogo é de arrasar qualquer coração alvinegro.

Vamos e venhamos: o Botafogo foi o campeão estadual do ano passado e no Brasileirão foi muito melhor que o Fluminense. Ou seja: motivos não faltavam pra que sua torcida comparecesse.

Mas qual!

Faltavam 20 minutos para o jogo de fundo começar e havia claros e mais claros na outra metade do anel de arquibancadas.

Enquanto isso, do lado onde eu estava, um mar de torcedores do Fluminense, lotando as cadeiras verdes e amarelas, enchendo praticamente a arquibancada branca e em número excelente nas cadeiras azuis inferiores.

Numa proporção matemática, arriscaria que havia, hoje, 70% de tricolores e 30% de botafoguenses no Mário Filho.

Por essas é outras é que os torcedores alvinegros nem tem que reclamar quando dizem que a torcida deles não existe. O time do Botafogo é bom e os caras não vão!!!!!

Fala sério...

***

Vamos ao que interessa: a estréia do Flu, com "goleada" por 1 x 0.

Falta conjunto, falta ainda o coletivo sobressair perante as jogadas individuais que muitos tentaram fazer, especialmente Carlos Alberto, que morreu no segundo tempo.

Mas já deu pra reparar que o time corre muito mais que o do ano passado, há movimentação, há disposição, garra, vontade de acertar. O gol foi um pouco fortuito, é verdade, mas saiu e o Friburguense, que é um time bem armado e com jogadas concentradas no lado esquerdo do adversário, prova que será difícil de ser batido no Eduardo Guinle - um campo muito mais acanhado que o Maracanã.

De resto, vencido o primeiro duelo, é partir para Volta Redonda e enfrentar de cabeça erguida e com alguma moral o time da casa. Mesmo que ganhemos apertado, não importa. O Flu vencendo é o que vale.

Questão de (des)ordem

É por essas e outras que a polícia carioca cai no ridículo.

Saíram hoje nos principais jornais da cidade - e possivelmente em alguns outros espalhados pelo país, duas fotos que circulam na internet com turistas estrangeiras (são duas mulheres, segundo soube, holandesas), onde uma delas manuseia um fuzil e a outra é "algemada" por um policial.

As fotografias foram tiradas em novembro do ano passado. O grupo de turistas onde tinha também um peruano (provavelmente o autor da publicação num fotolog) pediu ajuda aos policiais e aproveitou para fazer a brincadeira, inoportuna, diga-se de passagem.

O 33º Batalhão da PM, lotado em Angra dos Reis, já está tomando as devidas providências. E se este fosse um país sério, os policiais que deixaram os turistas "brincarem" com coisa séria, seriam expulsos da corporação.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Ressurge a ChampCar?

O momento tão esperado chegou. Nesta terça, 23 de janeiro, começaram os primeiros testes para a temporada 2007 da ChampCar World Series - detesto o nome Fórmula Mundial e por isso não o uso aqui no blog.

Doze carros e treze pilotos foram para a pista nas duas primeiras sessões do "Open Test" no circuito curto de Sebring, na Flórida. E a vedete dos testes foi, sem dúvida, o novo chassi Panoz DP01, de bico alto como os F-1, câmbio com sistema paddleshift, motores Cosworth e pneus Bridgestone. Todo mundo gostou do carro, que foi dirigido nos primeiros testes por Roberto Pupo Moreno.

O tricampeão "Tião" Bourdais: ele é o cara!

No cômputo do primeiro dia, entretanto, nenhuma surpresa: Sebastién Bourdais, que testará novamente o F-1 da Toro Rosso, fez o melhor tempo - seis décimos mais rápido que o helvético Neel Jani, da PKV-Red Bull. Paul Tracy e o duo da RuSPORT, formado por Mário Dominguez e Justin Wilson, ficaram no mesmo décimo de segundo.

Entre os demais pilotos, andaram Jimmy Vasser, que deu umas voltinhas para "desenferrujar"; Graham Rahal, estreando na Newman-Haas; o francês Simon Pagenaud, pelo Team Australia; a dupla da Pacific Coast - Alex Figge e Ryan Dalziel; Katherine Legge pela Dale Coyne; Alex Tagliani com a Rocketsports e surpresa... Robert Doornbos pelo recém-formado Minardi Team USA.

Estranhou a ausência de brasileiros? É bom nos acostumarmos, porque pelo visto desde 1983 não teremos nenhum deles correndo na categoria neste ano.

E a pelota vai rolar...

Começa amanhã o Campeonato Carioca. Doze clubes em busca do título e de um começo de ano menos vexatório diante de seus torcedores. Até abril, este será o porto seguro dos quatro grandes do Rio de Janeiro e dos pequenos que buscarão três vagas para a Série C, já que não há ninguém do Estado na Segunda Divisão.

Pela quantidade e qualidade de contratações - 17 ao todo e muito bons jogadores - o Fluminense larga como favorito. Teoricamente, porque no papel é uma coisa e no campo pode ser outra. A faxina foi geral: do ano passado, sobrou muito pouco. Vinte e três jogadores, diversos dos quais medalhões como Tuta, Rogério, Petkovic e outros, foram embora. Poucos sobreviveram à débacle e estes que ficaram sequer estão garantidos entre os titulares de Paulo César Gusmão.

O primeiro tiro certeiro da diretoria foi a escolha de Branco como gerente de futebol. Sob sua clínica análise, um a um os reforços foram chegando. Do Botafogo, Júnior César foi repatriado. Renato Silva chegou do grande rival Flamengo. Alex Dias veio do São Paulo. Carlos Alberto (que começou no clube) e Rafael Moura, do Corinthians. Cícero e Soares, do Figueirense. David, do Náutico. Luiz Alberto, do Santos. Ivan, do futebol da Ucrânia. Thiago Neves, do Japão. Fabinho, do Inter de Porto Alegre. Dionattan, da Acadêmica de Coimbra. Carlinhos veio do Avaí com o respaldo de ser o melhor lateral-direito da Série B em 2006. Rafael, da mesma posição, migrou do Messina da Itália para as Laranjeiras. E do Cabofriense, veio o promissor zagueiro Douglas Assis.

Todos estes reforços se juntam à Berna, Diego, Fernando Henrique, Anderson, Roger, Thiago Silva, Thiaguinho, Arouca, Romeu, Diego Marfori e Lenny, que já eram do grupo ou subiram para o time de cima.

Os especialistas não hesitam em dizer que o Flu é o grande favorito. Mas torno a repetir: por enquanto, são apostas e não um time. Isso só ficará evidente na estréia contra o Friburguense, quando o tricolor entrará em campo com Berna, Carlinhos, Renato Silva, Luiz Alberto e Júnior César; Romeu, Arouca, Cícero e Carlos Alberto; Alex Dias e Rafael Moura.

Dos outros grandes, quem mais assusta é o Botafogo, por ter praticamente a mesma base do ano passado, mantido o bom técnico Cuca e trazido de volta jogadores com boas passagens pelo clube, como Túlio e o artilheiro Dodô. Um amigo de trabalho exagera: diz que o Botafogo, do meio-campo para a frente, é simplesmente avassalador, o melhor time do Rio.

Os botafoguenses são sempre exagerados, mas nunca como este colega. Enfim, gosto é gosto e aqui não se discute a paixão alvinegra. O Fogão estréia contra o Madureira, com quem decidiu e venceu o Estadual do ano passado.

O Vasco, que foi o melhor time do Rio no Campeonato Brasileiro, tentou trocar de matusaléns. Ramón, que se indispôs seguidas vezes com Renato Gaúcho, foi embora para o Atlético-PR. Romário, que daqui a uma semana faz 41 anos, voltou de passagens pela Segunda Divisão dos EUA e Liga Australiana, onde tentou chegar ao milésimo gol. Mas não poderá jogar o Estadual pelo clube cruzmaltino, por decisão da FIFA.

Sendo assim, Renato Gaúcho vai contar com o argentino Darío Conca e com os "possantes" André Dias e Marcelo Tamandaré - dois desconhecidos que vão disputar a vaga no ataque ao lado de Leandro Amaral.

Falta falar do... Flamengo. O clube da Gávea, mergulhado novamente em sonhos, quer a Libertadores para chegar ao Mundial da FIFA no Japão. Mas com o time que tem, vai ser difícil. Em meio a contratações bizarras como as dos zagueiros Moisés e Irineu, do meio-campo Gérson Magrão e de vários jogadores do Ipatinga, até que alguns bons reforços apareceram por lá: casos de Claiton (ex-Botafogo) e do artilheiro do Brasileirão, Souza.

Roni, que estava no Atlético-MG, também acertou, mas chegou para assinar o contrato com uma barriguinha de chope invejável. E Thiago Gosling, que andou pelo Fluminense, já começa a dar dores de cabeça na Gávea. Também pudera: nos bastidores, há quem diga que o atleta seja viciado em outro tipo de carreira que não a de jogador de futebol.

Entre os pequenos, é claro que torço para o América roubar valiosos pontos, especialmente do Flamengo; e para a Cabofriense, que é tricolor e conta com o reforço do valoroso Marcão. O Madureira mantém a base de 2006 e pode complicar também.

O resto luta para não cair e o Estadual-07 marca uma estréia: a do Boavista (o antigo Barreira), que joga em Bacaxá, antigo distrito de Saquarema. Com veteranos do naipe de Rodrigo "Beckham" e Alex Alves (aquele metrossexual que casou com uma ex-namorada do Gornaldo), mesclados a dispensados de times grandes como o zagueiro Henrique e figuras insólitas como o jamaicano Frasier, o time treinado por Gaúcho só tem como pretensão não fazer igual à Portuguesa da Ilha, que foi rebaixada no último campeonato.

É moçada... o mais charmoso campeonato estadual do Brasil vai começar!

Façam suas apostas!

Eu, claro, sou mais Flusão.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Roncam os motores nos "States"

Sábado começa a temporada mundial de automobilismo com a Grand-Am e a abertura do campeonato em Daytona, com a tradicionalíssima prova de 24 Horas de duração. Serão 72 carros - 28 protótipos e 44 GTs - mais de 300 pilotos do mundo todo e cinco brasileiros: Oswaldo Negri, Hélio Castroneves, Roberto Moreno, Christian Fittipaldi e Thomas Erdos.

Helinho, aliás, vai dar um expediente bacana em corridas longas, pois foi escolhido pela Porsche para integrar o time da Penske na American Le Mans Series. A marca alemã anunciou nesta segunda-feira seus pilotos oficiais de 2007 e o brasileiro é um deles, juntamente com Sascha Maassen, Timo Bernhard, Romain Dumas, Ryan Risco (ops, Briscoe...), Patrick Long, Jörg Bergmeister, Emmanuel Collard, Marc Lieb e Richard Lietz. Na foto abaixo, a gente vê Helinho com seu tradicional capacete acelerando o RS Spyder EVO no traçado de Sebring.


Os testes de inverno começaram com poucos carros na pista, apenas nove. Mas com muitas novidades, como podem ser vistas nas fotos aqui abaixo.

A PTG Racing de carros novos. Sai a BMW, entra o Panoz

Jon Field no Lola da Intersport, que correrá com pneus Kumho

O novo Porsche 997 GT3 RSR, da equipe Flying Lizard

Novidade: Courage Acura da Highcroft Racing, com D. Brabham


Andretti Green também de Courage Acura

MG Lola da equipe AutoCon estreando nova pintura

Dyson Racing estreou o Porsche RS Spyder

Por último, o Lola da Lowe's Fernandez Racing, mais rápido do dia


Drogas? Tô fora!

A Federação Internacional de Automobilismo anuncia pela segunda vez em cinco anos um caso de doping por uso de substâncias proibidas.

A bola da vez é o italiano Luca Moro, que disputou o último Mundial de FIA GT pela Renauer Motorsport, com um Porsche da classe GT2.

Moro, de 33 anos, foi pego no exame antidoping realizado nas 24 Horas de Spa-Francorchamps, prova em que não chegou ao final. Em sua urina, foram detectados traços de benzoilecognina, encontrada em cocaína.

O piloto está suspenso pela entidade máxima do automobilismo por dois anos.

Em 2002, o tcheco Tomas Enge, então na escuderia Arden International de F-3000, perdeu o título da categoria porque no fim do campeonato um antidoping da corrida da Hungria deu positivo por uso de maconha. Sebastién Bourdais, que não tinha nada com isso, ficou com a taça e hoje é o atual tricampeão da ChampCar.

Enge está na equipe Petersen-White Lightning, batalhando por um lugar ao sol na GT2 da American Le Mans Series.

Cadê o verão?

Muito bem... estou de férias e ontem, depois de assistir à vitória da Inter sobre a Fiorentina em mais uma rodada do Campeonato Italiano, eis que o sol apareceu no meio do céu nublado. O azul tomou conta e a temperatura subiu.

Pensei comigo mesmo: "finalmente vou poder começar minhas caminhadas."

Eu engordei escandalosos 13 quilos nos últimos três anos. Tinha 62 kg, magrinho mas muito saudável (já que não fumo e bebo de vez em quando) e me sentia muito bem. De repente, de uns tempos pra cá, perdi algumas calças ótimas, me sinto lento e com uma barriguinha pra lá de indesejável.

Aí meti camiseta, bermuda, tênis e fui-me pra Orla. Desci perto do Lido e, determinado, comecei a caminhada em direção ao Posto Seis.

Passos firmes, rápidos, música no ouvido graças ao iPod, lá ia eu, contrariando o vento que insistia em soprar, forte, trazendo nesgas de areia para a pista da Avenida Atlântica.

É, encarei o asfalto mesmo. Calçadão? Perguntem pra CEM o que é que ele e seus asseclas fizeram com ele? Um verdadeiro canteiro de obras, tapume pra tudo quanto é lado, tudo pra fazer aqueles quiosques ridículos - alguns, aliás, já estão prontos, como vi na altura do Copacabana Palace (onde mais?).

Pensei comigo mesmo, de novo: "esta praia não é mais a mesma". Mas fui em frente. E quando cheguei ao Posto Seis, tinha levado 25 minutos para completar a distância.

Empolgado, fiz o caminho de volta. Continuei minha caminhada, impassível, aqui e alhures desviando de pedestres desatentos, ciclistas imprudentes ou crianças espoletas. Às vezes ainda desviava o olhar para ver uma ou outra mulher interessante, mas no bojo só tinha gente feia por ali mesmo.

Satisfeito, cheguei na Praça do Lido em exatos 51 minutos. Nada mal, não é mesmo?

Comprei uma água mineral numa banca de jornal, andei sem pressa para o ponto de ônibus e voltei pra casa, onde tomei um banho revigorante.

Hoje, planejei nova caminhada, mas a chuva (sempre ela!) estragou tudo.

E eu volto a me perguntar: "Cadê o verão? Quando ele chegar, alguém me avisa?"

Há 27 anos...

... a Fórmula 1 era exibida não pela Rede Globo para o Brasil, mas sim pela TV Bandeirantes.

Este provavelmente foi o único ano em que a emissora paulista deteve os direitos de transmissão da categoria máxima, situação sem dúvida movida pelo desinteresse da Globo após um ano tenebroso de Emerson Fittipaldi com o Copersucar F6A e a pouca quilometragem (e os parcos resultados) de Nelson Piquet, com o Brabham-Alfa.

Achei no Youtube um ótimo vídeo com imagens da etapa inaugural, o GP da Argentina, disputado sob um fortíssimo calor em Buenos Aires. Eu assisti essa corrida e fiquei muito feliz com o Nelson Piquet chegando em segundo e o Keke Rosberg subindo ao pódio com o Fittipaldi F7.

A transmissão teve a presença "in loco" de Fernando Solera e Galvão Bueno narrando, com comentários do saudoso Giu Ferreira e reportagens de Álvaro José, um mestre dos esportes amadores - e gente finíssima, como pude conferir num rápido bate-papo na Stock Car em dezembro último, quando ele inclusive me deferiu rasgados elogios.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Aventura africana

Nenhuma surpresa: terminou a edição de número 28 do Rali Dacar, alcunhado de "Rali da Morte", com vitória da França nos carros e nas motos.

Stéphane Peterhansel, um mito da competição em duas rodas, agora se consagra novamente em quatro, com o Mitsubishi do Team Ralliart. Desta vez, ele não teve problemas e relegou o companheiro de equipe e campeão em 2006, o antigo campeão mundial de esqui Luc Alphand, ao vice.

Jean-Louis Schlesser, o interminável, fez um grande rali e terminou em terceiro com seu buggy de fabricação especial dotado de um motor Ford muito potente. Além dele, outro competidor independente, o americano Robby "Flash" Gordon, guiou muito nas dunas e inclusive venceu uma especial com seu super-Hummer H3 dotado de motor Chevrolet de 6,3 litros e mais de 530 HP de potência.

Os três carros com integrantes brasileiros pelo menos completaram a maratona: Paulo Nobre, em seu segundo Dakar, chegou em 37º na companhia do navegador lusitano Filipe Palmeiro; Riamburgo Ximenes, novato na prova, foi o 52º no carro tripulado por Lourival Roldan. E a dupla Kléver Kolberg e Eduardo Bampi, que inclusive foi roubada numa das madrugadas de descanso, concluiu em 57º.

Nas motos, o time brazuca tinha quatro pilotos - um recorde, que foi reduzido à metade em razão dos acidentes e abandonos de Dimas Mattos e Sylvio Barros. Mas a participação foi positiva: o novato Carlos Ambrósio foi muito bem e chegou em 50º na geral - bem diferente do carioca Bernardo Bonjean, que no ano passado sempre esteve entre os últimos.

Jean Azevedo sofreu uma quebra, foi penalizado com acréscimo de tempo, caiu para 79º e recuperou bravamente para chegar em vigésimo-quinto, não sem antes vencer pela segunda vez na carreira uma especial do Rali - a primeira fora na edição de 2005, quando completou a prova em oitavo.

A vitória em duas rodas ficou com Cyril Després, depois que o grande rival Marc Comá acidentou-se e não pôde continuar. David Casteu ficou com o vice, seguido pelo ótimo americano Chris Blais. Destaque também para a quinta posição do português Hélder Rodrigues e o sexto posto do lituano Janis Vinters, que a exemplo de Jean, saíram do Rali com uma vitória em especiais para cada um.

Como de hábito, as mortes ensombraram o evento. E neste ano foram duas: a do sul-africano Elmer Symons (num acidente) e do francês Eric Aubijoux, por infarto fulminante do coração.

Na categoria dos pesados, o favoritíssimo Vladimir Tchaguine deu adeus ao evento logo no início, abrindo caminho para a vitória do holandês Hans Stacey, o vice-campeão de 2006, com seu modelo MAN. O Tatra da equipe brasileira com André Azevedo e Maykel Justo, além do tcheco Jaromir Martinec, fechou em quinto e foi o melhor veículo com pilotos do país no evento.

Fiquei de todo modo desapontado porque ao contrário do que aconteceu em 2005 e no ano passado, não fizemos os boletins diários do Rali Dakar, o que pra mim era um grande prazer.

Mas, pensando bem, não foi ruim assim: afinal, minhas férias acabaram começando 48 horas mais cedo... hehehehehe!

sábado, 20 de janeiro de 2007

Koysestranha!

A trapizonga aqui abaixo foi um dos carros mais esquisitos que a Fórmula 1 já conheceu.


Trata-se do Eiffeland Caravan 21, projeto do designer italiano Luigi Collani sobre um chassi do March 721.

A Eiffelland é uma firma alemã fabricante de trailers e motorhomes, que apoiava Rolf Stommelen (falecido em 1983 num acidente em Riverside, numa prova da IMSA) na F-2 e depois na F-1. Ela era a patrocinadora pessoal do piloto na Brabham e depois na Surtees.

Com um reforço no orçamento, a empresa comprou um carro para Stommelen e Collani transformou o March nessa autêntica "koysestranha" da fotografia.

As linhas insólitas não são o único detalhe que chama a atenção do Eiffelland. Notaram o espelho retrovisor central, e em que altura ele ficava? Além da tomada de ar?

Realmente, um carro como poucos já vistos na F-1.

E a propósito: o Eiffelland largou em oito provas, tendo como melhor grid um 14º no GP da Alemanha, em Nürburgring; e dois 10ºs como melhor posição em corrida, no dilúvio de Mônaco e em Brands Hatch, na Inglaterra.

Recarregar a pilha

Hora de recarregar a bateria. Pelos próximos 30 dias, nada de trabalho. Estou de férias, merecidíssimas por sinal.

Vou fazer o que mais gosto: escrever no blog, navegar sempre que possível no Orkut, ler muitos livros, ver muitos filmes, sair, me divertir... e se der tempo, vou dar uma fugidinha do Rio de Janeiro.

Não uso Rider, aquela coisa horrorosa, um must de nove entre dez aposentados... sou da turma das 'legítimas' Havaianas. Mas é hora de dar férias à cabeça, aos pés, enfim, ao corpo todo.

Batente, só depois do carnaval.

E vamos em frente, moçada!

Encoleirados

A dupla-dinâmica da Seita Cheque "Renascer em Cristo", Sônia e Estevam Hernandes, está de volta à terra natal.

Mas não terão a vida facilitada, pelo que li hoje em "O Globo": andarão com tornozeleiras que, se retiradas, acarretarão em prisão imediata dos dois - acusados de remessa ilegal de dólares ao exterior.

Como já postei anteriormente, os dois espertinhos tentaram entrar em Miami com mais de 50 mil doletas espalhados em malas e até em Bíblias. O limite legal é de US$ 10 mil.

Tem mais: andar na rua depois de 5 da tarde? Nem pensar! Cadeia neles!

Os "bispos" respondem a dois crimes nos EUA - lavagem de dólares e falsificação de documentos; e outros quatro por aqui - lavagem de dinheiro (que lavanderia a deles, hein?), estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

Se este fosse um país mais sério, há muito tempo essa farsa chamada "Renascer em Cristo" já teria sido desmascarada. E estas duas figuras estariam acostumadas com o sol nascendo quadrado.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Um top 100 (muito) discutível

A F1 Racing em seu próximo número vai trazer a lista dos 100 pilotos mais rápidos da Fórmula 1, comparativamente com seus companheiros de equipe. Deu Senna em primeiro... e muito pano pra manga também.

Como também vai dar essa listinha aqui, dos 100 melhores de todos os tempos, elaborada por alguns especialistas e diversos bicões, como o cantor Chris Rea e o empresário de Michael Schumacher, Willi Webber. Entre os votantes, nenhum sul-americano, o que também acho discutível.

Vejam o lote, do centésimo ao primeiro, e tirem suas conclusões.

Derek Warwick
Jochen Mass
Bruno Giacomelli
Ivan Capelli
Stefan Johansson
Trevor Taylor
Jean-Pierre Jabouille
Johnny Herbert
Peter Gethin
Jean-Pierre Beltoise
Vittorio Brambilla
Eddie Irvine
Lodovico Scarfiotti
Alessandro Nannini
Johnny Servoz-Gavin
Luigi Musso
Gianni Morbidelli
Giancarlo Baghetti
Jo Bonnier
Eddie Cheever
Harry Schell
Roger Williamson
Hans-Joachim Stuck
Ricardo Rodríguez
Maurice Trintignant
Thierry Boutsen
Mika Salo
Richie Ginther
Lorenzo Bandini
Patrick Tambay
Martin Brundle
Gunnar Nilsson
Peter Arundell
Olivier Panis
H-H Frentzen
Tony Brise
Mike Hailwood
Jean-Pierre Jarier
Mike Spence
John Watson
Froilán González
Tom Pryce
Mika Hakkinen
David Coulthard
Michele Alboreto
Peter Revson
Piers Courage
René Arnoux
Innes Ireland
José Carlos Pace
Riccardo Patrese
Phil Hill
Pedro Rodríguez
Jean Behra
Wolfgang Von Trips
Peter Arundell
Jo Siffert
Jacques Laffite
Patrick Depailler
Didier Pironi
Jean Alesi
François Cévert
Peter Collins
Elio de Angelis
Bruce McLaren
Denny Hulme
Giuseppe Farina
Gerhard Berger
Clay Regazzoni
Chris Amon
Stefan Bellof
Jacky Ickx
Jacques Villeneuve
Mike Hawthorn
Jody Scheckter
Carlos Reutemann
Tony Brooks
Alan Jones
Keke Rosberg
Dan Gurney
Damon Hill
James Hunt
Mario Andretti
Graham Hill
Jochen Rindt
Jack Brabham
Emerson Fittipaldi
Ronnie Peterson
Alberto Ascari
Gilles Villeneuve
Nigel Mansell
Nelson Piquet
Niki Lauda
Stirling Moss
Jackie Stewart
Michael Schumacher
Alain Prost
Jim Clark
Juan Manuel Fangio
Ayrton Senna

Muito bem...

Cadê Alonso? NÃO TEM!

Cadê Raikkönen? NÃO TEM!

E Barrichello? E Button? MUITO MENOS!

Não dá pra acreditar nessa lista, dá?!?

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Inovar e não copiar... eis a questão

Saudade dos tempos em que os projetistas de Fórmula 1 inovavam...

O pessoal tem muita razão no post aqui embaixo. Tá todo mundo numa mesmice federal na hora de apresentar seus novos projetos. Revolução não! Conservadorismo sim!

Um saco...

Diferente, muito diferente do que acontecia nos anos 70, quando diversas rupturas de conceitos aconteceram.

Aqui embaixo, dois exemplos espetaculares.
O primeiro é o Brabham BT45, projeto do genial Gordon Murray para a temporada de 1976. A foto é cortesia do blogueiro e amigo Jonny'O, sempre presente.


Pensando na mudança do regulamento a partir de maio daquele ano, Gordon desenhou o carro com duas tomadas de ar laterais e bem baixas, conforme o pedido da FIA, que extinguia o chamado "periscópio".


O BT45 era sem dúvida um belíssimo carro e a dupla de pilotos, se não era excepcional, tinha pedigree: José Carlos Pace e Carlos Reutemann.

Infelizmente, com toda a potência de 520 HP do motor Alfa Romeo Boxer de 12 cilindros, os dois pilotos foram mal. Moco só marcou sete pontos no Mundial e Reutemann, que saiu da equipe no fim do ano de 76, apenas três.

Uma revolução no estilo do carro-asa, sem dúvida alguma, foi o Arrows A2 de 1979.


A pequena equipe inglesa investiu pesado em pesquisa aerodinâmica e encomendou a Dave Wass o substituto do bom modelo A1 que surpreendera no ano de estréia. E mesmo com soluções interessantíssimas, como os side-pods ligeiramente curvados e a asa traseira no limite mínimo da altura permitida pelo regulamento, o A2 foi um dos mais ineficazes modelos daquele ano, numa duríssima disputa com o Copersucar-Fittipaldi F6 pelo título de pior carro da temporada.

Mas que era bonito... ah! isso era, viu?!?



As novas máquinas de 2007

Surgem pouco a pouco os novos carros da Fórmula 1 para 2007.
O primeiro a vir foi o da Toyota, sábado passado. Sinceramente, não vejo nada demais na escuderia japonesa. Primeiro, porque investem um caminhão de dólares e não ganham nada. Aqui e alhures conseguem uma pole, um pódio... e só.

Pilotos? Quem há de achar que Jarno Trulli e Ralf Schumacher são capazes de fazer algo? Se eu sou da diretoria da equipe, invisto no Montagny (o piloto de teste), que é jovem, rápido e aguerrido.

No mesmo dia, pintaram na grande rede fotos do teste 'secreto' do Renault R27 comandado por Nelson Ângelo Piquet. Pelas imagens já deu pra perceber nítidas diferenças com a máquina do ano passado, que vão desde a seção dianteira até o posicionamento dos espelhos retrovisores. Viram como na F-1 muito se copia e pouco se cria, ultimamente?



O novo layout com o patrocínio da financeira holandesa ING, no entanto, será apresentado em breve, no lançamento oficial em Amsterdã.

Na esteira, veio a Ferrari com a F2007, um novo carro com grande parte dos conceitos aplicados na 248 F1, bico largo bem parecido com o da Renault e, surpreendentemente, muito mais vermelha do que nos últimos 10 anos.

O resgate da cor tradicional da escuderia de Maranello é um indicativo de que o patrocínio da Marlboro (que inclusive saiu do nome oficial da equipe) estaria com os dias contados? Veremos...

Felipe Massa andou com o carro nos primeiros testes. Kimi Raikkönen só o fará no dia 21, mas algo me diz - ainda - que o brasileiro será jantado pelo finlandês nesta temporada.

Ontem (segunda) foi a vez da McLaren apresentar com pompa e circunstância o novo MP4/22.

Estética e estruturalmente, o carro é muito semelhante ao modelo do ano passado. Mas há diferenças básicas. Uma: a nova dupla de pilotos - o bicampeão Fernando Alonso e a revelação Lewis Hamilton; outra: a troca das cores, predominando o cromado, mas com o toque vermelho do antigo patrocinador da Ferrari, a Vodafone.

O campeão e sua nova máquina: a caminho do tri?

A ida de Alonso para o time de Ron Dennis representará à McLaren e Mercedes uma faca de dois gumes: da responsabilidade de entregar ao espanhol um carro que lhe seja capaz de manter o número 1 na carenagem; e o aumento da visibilidade que a equipe terá principalmente com os patrocinadores espanhóis - e dois deles são fortíssimos (o Banco Santander e a companhia de seguros Mutua Madrileña).

Nesta terça, a BMW não fez muito alarde e lançou o modelo F1.07, que guarda muitas semelhanças com seu antecessor. A equipe que mais evoluiu em 2006 tem tudo para fazê-lo este ano, principalmente porque a dupla de pilotos já estará muito mais entrosada e a retaguarda dos ótimos test-drivers Sebastien Vettel e Timo Glock vai dar a Mario Thiessen e seus asseclas o suporte necessário para brigarem por muito mais pódios ao longo do ano.


segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Siga o meu dedo!

O gesto aqui abaixo diz tudo.


Fabio Capello perdeu a paciência com uma meia-dúzia de torcedores do Real Madrid que estenderam faixas de apoio a Gornaldo no Bernabéu, neste domingo contra o Zaragoza.

A turma, que pedia a cabeça do treinador italiano, é a mesma que há 12 anos atrás o perseguia em sua primeira passagem pelo clube madrilenho.

"Lembro até de suas vozes", garantiu Capello, que depois do jogo pediu desculpas pelo gesto obsceno em entrevista coletiva.

Em tempo: o Real venceu por 1 x 0, gol de... Van Nilsterooy.

Cada vez mais me convenço que Capello tem razão.

Na falta de túneis de vento...

... olhem só como é que as equipes de F-1 se viravam.

A foto abaixo mostra o Tecno-Martini passando por um teste de aerodinâmica. É isso mesmo. Os filetes brancos adesivados no monoposto mostram a eficiência (ou ineficiência) do trabalho dos designers que projetaram o carro.

Entre 1972, ano do seu lançamento, e o ano seguinte, o Tecno-Martini passou por cinco diferentes combinações aerodinâmicas. E o carro era ruim mesmo - marcou só um ponto, com Chris Amon, no GP da Bélgica de 1973, terminando três voltas atrás do vencedor, o escocês Jackie Stewart.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Un ricordo di Italia


Saudades da viagem para Milão em março do ano retrasado. Essa foto, que não foi conservada como deveria, devo admitir, é um registro da nossa passagem pelo centro de treinamento da Internazionale: Appiano Gentile.

O escudo enorme está na sala de conferências onde técnico, jogadores e eventualmente o presidente Massimo Moratti dão entrevistas. Ao fundo, parte do painel onde revezam-se em diversas linhas os muitos patrocinadores do clube.

E o sorriso evidencia a paixão pelo clube neroazzurro, cultivada com o título conquistado pelo time liderado por Matthäus e Brehme, o último do clube antes da mais recente temporada, onde a Juventus perdeu o scudetto no tapetão para a Inter.

Londres aos pés dos Mutantes

Diversas vezes já expressei em mal traçadas linhas minha extrema admiração pelos Mutantes.

E afinal, que outro grupo conseguiu mesclar em seus trabalhos a universalidade do rock com a MPB, a tropicália, o progressivo e outras vertentes?

Confesso que fiquei surpreso no ano passado quando rolou um rumor de que o grupo voltaria. E imediatamente imaginei: será que a Rita toparia? Liminha? E o Dinho?

Mas o que me preocupava mais era Arnaldo Baptista. Afinal, o antigo líder natural do grupo sofrera um acidente em 1982 e para muitos, nunca deu mostras de total recuperação - sinceramente, nem para mim.

Arnaldo topou de saída o convite de Sérgio Dias, irmão dele e responsável pela reunião do grupo. Dinho, que não tocava bateria havia 30 anos, também. Liminha foi junto.

E Rita?

A rainha do rock, envolvida com o programa "Saia Justa" na época, delicadamente disse não. Mas depois, por outros veículos de imprensa, mudou de atitude e desceu o verbo na reunião, dizendo que se tratava de um 'congresso de geriatria'.

Azar o dela, porque Sérgio Dias convidou Zélia Duncan para fazer parte do projeto e ela prontamente aceitou.

Liminha seguiria o mesmo caminho de Rita quando, com toda a experiência adquirida com o estúdio "Nas Nuvens" (que é dele), sugeriu que as primeiras bases dos ensaios fossem gravadas com o uso do Protools - um programa de computador que cuida da mixagem e do que mais o freguês quiser. Fã de outro tipo de tecnologia, mais artesanal, Sérgio não topou e os dois bateram de frente. O baixista saiu do projeto.

Sérgio, Arnaldo, Zélia e Dinho entraram com fôlego nos ensaios. E salvo ressalvas, parece que nada havia mudado. A saga mutante voltava com a mesma força que ganhou o país de 1967 a 1972.

E como o Movimento Tropicalista completava 40 anos de sua existência no ano passado, organizou-se uma série de shows com artistas nacionais. Os Mutantes foram convidados - e aceitaram - tocar em Londres no Barbican Hall e fazer o show da volta, que seria gravado para posterior lançamento em DVD e CD.

No último sábado, passeando num shopping aqui do Rio, encontrei o DVD à venda. Trouxe um pra casa e acho que demorei para assisti-lo. Foram três longos dias (alguns ocupados por "Anos Rebeldes") até que eu pusesse o disco no aparelho e assistir o show.

Putz! Valeu a espera!

Eles abrem com "Dom Quixote", a admirável sacaneação pra cima do personagem de Miguel de Cervantes, sem esquecer da citação ao Velho Guerreiro Chacrinha. Depois vem "Caminhante Noturno", "Ave Gengis Khan" - onde Sérgio faz misérias com a velha Régulus construída pelo outro irmão dele e de Arnaldo, Cláudio César, "Tecnicolor" - onde brilha a backing vocal Esmérya Bulgari e a balada "Virgínia".

Em "Cantor de Mambo", onde Sérgio Dias sacaneia Bush, Tony Blair e Sérgio Mendes (o sacaneado-mor) na abertura, acontece o milagre: Arnaldo Baptista canta - não com o brilhantismo de outrora, é claro - e leva a platéia ao delírio.

Violão na mão, Serginho comanda "El Justiciero", para emendar depois em versões de "Baby" e "Desculpe Babe" em inglês.

"Top Top" é a primeira música que tira a bunda da galera da poltrona, e onde na minha opinião o velho de guerra Dinho Leme (que é irmão do Reginaldo, comentarista de F-1 da Globo) mata a pau mostrando que 30 anos sem tocar bateria não foram problema nenhum para ele.

Arnaldo reaparece, agora sim de forma brilhante, em "Dia 36", com direito a distorção vocal semelhante à do disco onde foi gravada em 1968. E daí até o final, todas as outras músicas são um deleite aos olhos e ouvidos dos seres mais privilegiados da Terra - quem comprou o DVD e quem assistiu, in loco, a reunião mutante.

Quando Sérgio ataca ao violão os primeiros acordes de "A Minha Menina", todo mundo já está de pé e só falta virar baile. Em "Bat Macumba", o riponga-mala Devendra Barnhart aparece com outro amigo barbado para pular e gritar no palco, uma participação dispensável.

E o show fecha com a faixa 1 do primeiro disco do grupo: "Panis Et Circensis", evidentemente.

A platéia, embevecida, hipnotizada, pede bis, grita "We Love You".

Londres aos pés dos Mutantes.

Um fecho de ouro para uma reunião que foi ironizada, classificada por Rita Lee (que acabou não fazendo nenhuma falta - até gosto muito dela, mas não fez falta mesmo) como um 'congresso de geriatria', mas que no fim de tudo foi uma grande curtição.

Ver Arnaldo de volta, mesmo que seqüelado, foi demais. Zélia não tentou ser Rita Lee - foi ela mesma, Zélia Duncan, sem exageros. Serginho é um cracaço na guitarra e no violão e assumiu a postura de frontman do grupo, que já vinha mostrando em entrevistas. Mas emocionante mesmo foi ver Dinho Leme mandando MUITO bem nas baquetas. Eles estavam afiados e os músicos de apoio contratados para os shows foram muito bons também.

Nota 10 para a volta dos Mutantes!

E agora a dúvida cruel... em que show eu vou?

Do Museu do Ipiranga, dia 25? Ou o do Vivo Rio, em 3 de fevereiro?

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Já deu o que tinha que dar

Fabio Capello: o algoz de Ronaldo no Real


No último domingo, o Real Madrid perdeu de novo no Campeonato Espanhol. Levou um vareio do Deportivo La Coruña, na casa do adversário e o placar de 2 x 0 foi muito pouco perto do que dizem que aconteceu na partida.

A campanha do time até que não é ruim: estão em terceiro, com 32 pontos, a três do Barcelona e cinco do líder Sevilla.

Mas o desempenho pífio do time acabou com a paciência do italiano Fabio Capello.

O técnico sabidamente teve que engolir a seco alguns jogadores com os quais nunca se deu bem. A contratação de Van Nistelrooy foi um bálsamo para ter de evitar escalar o gordo e decadente Ronaldo como titular.

Beckham está exilado no banco de reservas, sem chance num meio-campo onde reina a inapetência do brasileiro Emerson. Pode parar em Milão, na Internazionale, já que o português Luís Figo foi ganhar um caminhão de dólares na Arábia Saudita.

Cassano, cansado de não ter chances, já xingou Capello em público e sua venda já foi recomendada.

E para quem pensa que alguém é intocável no Real, outros cinco jogadores estão na mira: Raúl, o queridinho da torcida; Fabio Cannavaro (quem diria!); Guti;Robinho (a imprensa cobra que o brasileiro vive seguidamente na noite); Michel Salgado e o próprio Emerson, cujas péssimas prestações estão pondo a paciência de Capello abaixo do sapato.

Francamente, muitos jogadores já deram mesmo o que tinham que dar. Especialmente Ronaldo.

Desinteressado, lento, gordo, sem pegada, só quer saber de comer menininhas, ir para boates, fumar, viver uma vida mansa, sem compromisso com o futebol.

Suas atitudes de anti-profissional não surpreendem. Na Copa da Alemanha todo mundo viu o quão ele estava diferente de 2002. Naquela época ele tinha vontade de mostrar que era o matador Ronaldo dos tempos de PSV, Barcelona, Inter e do próprio Real.

Agora não. Ele não tem interesse dentro de campo. E pegou um treinador que não admite indisciplinas - como era Vanderlei Luxemburgo.

Os dias de Ronaldo no Real estão mais do que contados.

Sorte ou azar dele?!?

Veremos...

O fim da "seita cheque"?

A Justiça brasileira não prendeu ... mas a americana...

Ah, os americanos pegaram nesta terça-feira a bispa Sônia Hernandes e seu marido Estevam.

Os dois vêm a ser os fundadores da duvidosa igreja Renascer em Cristo, uma seita religiosa evangélica que está mais para "seita cheque" do que pra qualquer outra coisa nesse mundo.

Foram eles que casaram o jogador do Milan e da seleção brasileira Kaká, que é adepto da Renascer - assim como a esposa dele, Caroline Celico.

O casal Hernandes entrou nos EUA com nada menos que US$ 56 mil não declarados. Havia grana escondida em um porta CDs, numa mochila e até numa das bíblias que levaram na bagagem...

Eles estão faz tempo na mira do FBI, no que se chama de "alerta azul". E terão que permanecer à disposição da justiça americana para prestar esclarecimentos, mesmo liberados pela polícia da Flórida sob fiança de US$ 100 mil.

A alegação do advogado do casal é que eles "foram pregar nas igrejas que têm nos EUA."

Sei...

Ah, para quem não sabe, a Renascer em Cristo tem 1.500 templos espalhados pelo Brasil desde que surgiu (do nada, claro) em 1986.

E como qualquer organização religiosa do país, não paga imposto de renda.

Mas devem lavar dinheiro que é uma maravilha, né não?

Será que Deus poderia pelo menos fazer as vezes de Pôncio Pilatos e soltar um "lavo minhas mãos"?

Pra acabar com essa "seita cheque"?

Villeneuve e o Leão

Parece que Jacques Villeneuve arrumou algo pra fazer na vida.

Em 2007, ele pelo menos vai correr a maior prova de longa duração do mundo: as 24 Horas de Le Mans.

O canadense campeão mundial de pilotos em 1997 foi convidado por Serge Saulnier para integrar o sexteto que vai tripular os dois novíssimos protótipos Peugeot 908 HDi - o primeiro projeto dentro do novo regulamento da LMP1, que prevê carroceria fechada para os bólidos a partir de 2008.

Os outros cinco pilotos são: Nicolas Minassian, Stéphane Sarrazin, Sebastién Bourdais (todos franceses, sendo que Bourdais correrá apenas em Le Mans), Marc Gené (liberado pela Ferrari graças às boas relações de Jean Todt dentro da Peugeot) e o português Pedro Lamy.

A marca francesa vai correr também na Le Mans Series, e a princípio pediu reserva de inscrição de dois carros.

Será que veremos Villeneuve em ação nas Mil Milhas de 10 de novembro?

Quem viver, verá.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Caminhando contra o vento... nada no bolso ou nas mãos...

Eu sei, eu sei... comecei 2007 em marcha lenta no blog, diferente do ritmo alucinante do início (opa... ainda vou falar sobre um filme que tem esse nome, mas isso fica pra depois).

Vamos então atacar de... tchanan... Anos Rebeldes!

Pois é, moçada. Comprei o box com três DVDs contendo o créme de la créme desta minissérie (muito) bem escrita por Gilberto Braga e Sergio Marques. Sobre a qual, de saída, revelou-se uma curiosidade: o autor principal assumiu que era um alienado sobre tudo o que acontecia no país no período que norteia a atração: de fins de 1963 a 1972, mais ou menos.

Acredito que a história muitos já conheçam: um grupo de secundaristas do Pedro II, cheios de sonhos e de idéias na cabeça, querem mudar o mundo com as próprias mãos. São o que se chama hoje de idealistas. De revolucionários, talvez.

E um deles, João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) se envolve com Maria Lúcia (Malu Mader), filha do jornalista Orlando Damasceno (brilhante participação do grande Geraldo Del Rey). O triângulo amoroso é completado por Edgar (Marcelo Serrado), que também é apaixonado pela menina e engole a decepção de ver João chegar na frente e ganhar Maria Lúcia.

Mas surgem os problemas: a revolução de 64, o Ato Institucional I, seguido do II, o choque do AI-5, cassações, prisões, tortura e a luta armada. Militante ferrenho de esquerda, João deixa o amor de lado, as diferenças ideológicas que o separam de sua amada e parte em busca de uma luta inglória contra um inimigo feroz e imperdoável: a ditadura militar. E deixa Maria Lúcia à mercê do amor de Edgar, com quem se casa por pura compaixão.

João não está sozinho na luta, pois além dos "companheiros" de militância e de faculdade, a amiga Heloísa (Cláudia Abreu), filha de um magnata que ajudou a patrocinar o golpe de 64, também entra na guerrilha. E acaba morta numa das mais comoventes cenas de toda a minissérie.

Em 11 horas e 20 minutos de conteúdo, conseguiu-se compilar o melhor e o pior de uma época que marcou a vida de todos nós. Uma época de atrasos, violência, arrocho, opressão e de luta por condições dignas.

Realidade e ficção se misturam a todo instante, como as citações ao show Opinião, os ensaios da Portela que viraram moda entre os jovens de Ipanema na época, a passeata dos Cem Mil, e principalmente a morte do estudante Edson Luís, que foi baleado no bandejão do Calabouço, no Rio de Janeiro. Nem poderiam ficar de lado as perdas de Che Guevara, Lamarca e Marighela.

Um personagem sensacional é Galeno Quintanilha (Pedro Cardoso), amigo intelectual e multimídia de João Alfredo, Edgar e Valdir (André Pimentel) - este um delator no fim da trama. Com sua lábia, simpatia e perspicácia, Galeno se infiltra nas melhores bocas, arruma trabalhos temporários, conhece todo mundo do meio artístico e... desbunda! De uma hora para outra, vira hippie, total. Mas sem esquecer a amizade que o unia à antiga turma. E nos anos 70, em plena época de chumbo, vira autor de novela das seis! É... o que o dinheiro não faz.

Não faltam também os tipos característicos daquela época: o executivo bem-sucedido - Fábio (José Wilker); o reacionário - Abelardo, pai de João Alfredo (Ivan Cândido); um quarteto de solteironas fofoqueiras e praieiras - Zuleika (Geórgia Gomide... e que pernas!), Adelaide (Terezinha Sodré), Glória (Sônia Clara) e Dolores (Denise del Vecchio); um bobalhão que morre de amores pela mocinha rica - Olavo (ótima performance de Marcelo Novaes); a dondoca - Natália (Betty Lago, estreando em TV) que muda de vida e atitude, largando o dinheiro do marido para viver com um professor de história - Avelar (Kadu Moliterno), exilado em Paris.

Destaque para a trilha sonora, um show à parte, com citações de "Tropicália" (Caetano Veloso), "Sá Marina" (Wilson Simonal), "Pata Pata" (Míriam Makeba) e "Sun King" (Beatles). No disco, o carro-chefe era a música de abertura, "Alegria Alegria" (também de Caetano), coadjuvada por pérolas como "Mascarada" (Emílio Santiago), "Baby" (Gal Costa), "Carta ao Tom" (Toquinho e Vinícius), "Senza Fine" (Ornella Vanoni), "There's a Kind of Hush" (Herman's Hermits), "Monday Monday" (The Mamas & The Papas), "Call Me" (Chris Montez) e a canção dos apaixonados, "Can't Take My Eyes Of You" (Frankie Valli).

Mas nem tudo é tristeza na minissérie. Afinal de contas, no ano de sua exibição - 1992 - o impacto de tudo aquilo que passava nas nossas telinhas foi tão forte, tão pungente, que o Brasil saiu às ruas e exigiu o fim do mandato de Fernando Collor de Mello como presidente da república.

Aquilo sim foi a vitória da democracia.

Foi a vitória do Brasil.

sábado, 6 de janeiro de 2007

Eu nasci assim... eu cresci assim...

Não, não vou cantar a "Modinha para Gabriela", tema de Dorival Caymmi para a novela homônima da Globo, exibida em 1975.

É uma brincadeira com dois modelos de Fórmula 1 que passaram por incríveis transformações desde o seu lançamento até quando foram para a pista.

O primeiro é o lendário Brabham BT46, o carro que fez Niki Lauda deixar a Ferrari.

A concepção do primeiro modelo apresentado por Gordon Murray (em agosto de 1977) tinha como principal mote os painéis de arrefecimento montados sobre o capô do motor. Estes painéis eram semelhantes aos dos foguetes produzidos pela NASA e o engenheiro da Brabham tinha confiança de que esta seria uma inovação que revolucionaria a F-1.


Mas não foi o caso. O Brabham com painéis de arrefecimento tinha problemas de... superaquecimento no motor Boxer 12 cilindros da Alfa Romeo. E o jeito foi reestruturar a aerodinâmica do carro, com os radiadores passando para a seção dianteira.

Com o BT46, Lauda foi o quarto colocado no campeonato de 1978, vencendo os GPs da Suécia (este com um polêmico modelo dotado de ventoinha na traseira) e da Itália, com as punições a Gilles Villeneuve e Mario Andretti.

Abaixo, vemos a primeira geração do Toleman TG183. Projeto de Rory Byrne, este carro estreou no Grande Prêmio da Itália de 1982 e foi nocauteado por um acidente na variante Della Roggia, sofrido por Derek Warwick junto com Brian Henton, então na Tyrrell.


O TG183 ainda correria o GP de Las Vegas e, por ter alguma quilometragem a mais, já podia se considerar o carro melhor desenvolvido para o ano seguinte.

Porém, a FIA mudou o regulamento de forma radical, baixando o peso mínimo e pondo um fim ao carro-asa. Byrne rabiscou algumas linhas na prancheta e, como todos os outros engenheiros da época (ou quase todos), trouxe para a pista um dos carros mais interessantes daquele ano.

O Toleman TG183 na versão B aparece aí como o conhecemos, com Bruno Giacomelli ao volante. E notaram bem a coincidência da parte dianteira do carro britânico com o Brabham BT46?


Na Fórmula 1, tudo se transforma. E às vezes, se copia.



quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Sangue Latino

Muita gente pode ter achado estranho o fato de encerrarmos o Especial do Michael Schumacher com uma música dos Secos & Molhados.

Mas a letra de João Ricardo e Paulinho Mendonça para a música cantada por Ney Matogrosso casava perfeitamente com a proposta do encerramento do programa.

E além do mais, Secos & Molhados foi um grupo que marcou época na música popular brasileira, por sua atitude de palco, as máscaras, as excepcionais canções e seus espetáculos que lotavam ginásios, teatros e o que viesse, onde quer que fosse.

Num período curtíssimo, entre 1973 e 1974, Ney, João Ricardo e Gérson Conrad, auxiliados por uma excelente banda formada por John Flavin (guitarra - que depois tocaria na Patrulha do Espaço de Arnaldo Baptista), Willy Verdaguer (baixo), Emílio Carrera (teclados) e Marcelo Frias (bateria), venderam como água e foram disco de platina - acho que além deles, só o Rei Roberto Carlos.

No youtube, onde mais?!?, achei aqui um registro exato da dimensão do que era o grupo: um show gravado no Maracanãzinho em 1973, para um especial de fim de ano da Globo.

A música é a fantástica Rosa de Hiroshima, de Gerson Conrad e Vinícius de Moraes.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

1967 - o ano da psicodelia

Se 1968 é o ano que não terminou, como diz o título de um livro de Zuenir Ventura, o ano anterior - e lá se vão quatro décadas a contar deste primeiro de janeiro de 2007 - marcou um estilo de ser, estar e viver que marcou época na cultura, principalmente na música.

A psicodelia.

Um exemplo disto é o disco de um dos maiores "power-trios" da história do rock: Disraeli Gears, do Cream.

O título do álbum veio por sugestão de um roadie que já trabalhava com Ginger Baker no tempo da Graham Bond Organisation, uma banda de jazz da qual ele e Jack Bruce fizeram parte lá por 1964. Durante uma viagem de carro, rolava um papo entre Baker e Eric Clapton sobre bicicletas e o dito cujo soltou: "Estão falando das bicicletas de corrida com marchas disraeli?" Pronto... imediatamente o nome foi escolhido.

O Cream lançara um ano antes o álbum de estréia, 'Fresh Cream', flertando muito mais com as raízes do blues e isso provavelmente se deve à influência de Clapton, que fora guitarrista dos Yardbirds e dos Bluesbreakers de John Mayall. Ele tocava tanto e tão bem para um músico branco, que um belo dia impressionou o fundador da Atlantic Records, Ahmet Ertegun, recentemente falecido.

"Achei que fosse um músico do grupo de Wilson Pickett, mas ele estava tomando um trago no bar. Quando me virei, deparei-me com um menino tocando um blues maravilhoso, de olhos fechados e um rosto perfeito."

Para o disco de 1967, Ahmet Ertegun cuidou diretamente para conseguir um trabalho ainda melhor que o da estréia. Chamou Tom Dowd para cuidar da engenharia de som e o músico de estúdio Felix Pappalardi, baixista de formação, para produzir o LP.



Jack Bruce tinha como parceiro Pete Brown, que concebia a maioria das letras em dupla com o baixista. Clapton normalmente não tinha quem pusesse versos em suas melodias - e a salvação da lavoura veio com um... artista plástico.

Martin Sharp foi indicado por meio de Charlotte Martin, uma linda francesa que era a namorada do guitarrista do Cream na época. Ele não só escreveu uma letra, das mais belas do disco, como também compôs a capa do LP, fazendo uma colagem com fotos de Robert Whitaker, abusando de cores fluorescentes, asas de Albrecht Dürer e inspirações provindas de outros artistas.


Sharp viajara por algumas ilhas como Ibiza e Formentera, na Espanha, e graças à esta viagem escreveu de estalo "Tales Of Brave Ulysses" - para a qual Clapton já tinha uma melodia. E incrivelmente letra e melodia se fundiram de forma perfeita. Foi também a primeira canção do Cream onde Clapton usou o pedal wah-wah de distorção.

O disco abre com "Strange Brew" e sua característica levada de guitarra, herdada de "Lawdy Mama", uma faixa que fora lançada em compacto simples na época do 'Fresh Cream'. A música não agradava Clapton, que a achava pop demais. Mesmo assim, ele botou voz e o grupo invariavelmente se apresentava no lendário programa Beat Club cantando "Strange Brew".

Em seguida vem "Sunshine Of Your Love", um grande momento de inspiração de Pete Brown, que fez a letra, de Jack Bruce, que tinha a harmonia de baixo na cabeça e de Clapton, que construiu a levada que amarrou as duas partes da música. Nascia aí aquela que é provavelmente a maior música do grupo.

"Sunshine..." foi tão impactante que o Experience de Jimi Hendrix tocava a música em diversos shows, conforme registrado no BBC Sessions onde o lendário guitarrista pára de tocar "Hey Joe" e faz uma homenagem ao Cream. E detalhe: a música fora um pedido da apresentadora Lulu - aquela mesma que canta o tema de 'Ao Mestre Com Carinho', o filme em que Sidney Poitier desponta para o estrelato. Afora que os shows do power-trio invariavelmente encerravam com a canção e o palco era invadido pelos fãs que queriam abraçar Jack Bruce, Ginger Baker e Eric Clapton.

Terceira faixa, "World Of Pain" é uma contribuição de Felix Pappalardi e Gail Collins, que fizeram juntos letra e melodia. O baixista Jack Bruce confessa não gostar da letra, achando-a pesada demais. Mas a música é bastante interessante, como "Dance The Night Away" - claramente inspirada em grupos da época, como o Byrds e o Lovin' Spoonful, na levada da Gibson Les Paul de Eric Clapton na divisão da primeira para a segunda parte da canção.

Pete Brown, que na época estava se livrando do álcool e das drogas, fez a canção pensando nas noites dos cabarés, que exalavam exatamente estes dois itens, com um componente ainda mais ruidoso - o sexo.

O álbum fecha o 'lado A' com a subestimada "Blue Condition" e abre triunfalmente o 'lado B' com "Tales Of Brave Ulysses", já citada algumas linhas acima.

Em "Swlabr", mais uma canção de Jack Bruce e Pete Brown, de título esquistíssimo, a perfeita celebração do que eram os anos do Flower Power, de amor livre e paz. Afinal, o Cream tinha milhares de adeptos dos EUA - costa a costa - e um público muito cativo no oeste, em Los Angeles e São Francisco, que gostava muito das músicas do disco.

A melhor delas, sem sombra de dúvida, é "We're Going Wrong", composta e escrita por Jack Bruce depois de uma briga com a esposa. Não pela letra forte, pela pegada da melodia, mas especialmente pela inspiração dos três músicos na gravação.

Clapton produz uma rascante linha de guitarra, Bruce segura as pontas com seu baixo e Ginger Baker simplesmente mata a pau com suas intervenções de bateria. É ele quem carrega "We're Going Wrong" do começo ao fim.

"Não conheço outro baterista tão brilhante quanto Ginger", reconhece Jack Bruce, mesmo com todas as brigas que tiveram em mais de quatro décadas de convivência.

"Outside Woman Blues", composição de Arthur Reynolds que ganhou um arranjo de Eric Clapton, revela todo o fulgor do britânico, mostrando que ele era definitivamente do primeiro time, cantando e conduzindo um legítimo blues ao estilo das faixas do primeiro álbum.

E em tempos de protesto contra a Guerra do Vietnã, o Cream se aliou aos que não queriam ir para a Ásia, escrevendo e gravando uma canção de protesto. "Take It Back" virou um dos hinos dos que se recusavam a atender a convocação do Exército Americano, rasgando e queimando seus certificados, além de cerrar os punhos da mão direita, numa alusão aos Panteras Negras.

"Por um momento temi que fôssemos convocados para a Guerra, de tanto que íamos aos EUA para fazer turnês que duravam meses", confidenciou Bruce certa vez. Vale lembrar que os três são ingleses.

O bom astral ainda imperava no Cream e o disco é fechado com uma brincadeira chamada "Mother's Lament", sugestão de um amigo de Clapton e Ginger Baker, que assumem o vocal com Jack Bruce ao piano. A música foi gravada em um take apenas e foi o fecho perfeito para aquele que é celebrado até hoje como um marco da psicodelia, do blues rock e do hardcore - algo que ninguém de fato fazia na música até então.

Daí vieram The Who, Led Zeppelin e tantos outros grupos. E como costumo escrever, o resto é história.