terça-feira, 31 de julho de 2007

Lá vem a GT3

Com pompa e circunstância, foi lançada a versão nacional do FIA GT3 em São Paulo, com um almoço promovido pelos organizadores que se associaram à SRO (Stéphane Ratel Organisation). Os homens-fortes da nova categoria do automobilismo nacional são Antonio Hermann, que já gerencia as Mil Milhas, Walter Derani e Luís Roberto Souza.

A temporada 2007 do campeonato que na Europa foi ganho por Sean Edwards terá cinco datas em regime de rodada dupla, nos quatro principais autódromos do país: Tarumã, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo (única praça com duas etapas).

Os cinco modelos presentes na etapa inaugural são Ferrari (com o F430 GT3), Porsche (997 GT3 RSR), Maserati (Grandsport Light), Lamborghini (Gallardo) e Dodge (Viper Competition Coupé). Outros modelos homologados são os Ford Mustang e GT40, Jaguar XK3, Corvette Z06R GT3, Morgan Aero 8, Aston Martin DBRS9 e Ascari KZR1.

E para proporcionar mais equilíbrio, as provas duplas terão também divisão de pilotos e quatro qualificãções - Platina (caso de Roberto Moreno, o único dos inscritos com experiência internacional em monoposto), Ouro (Alceu Feldmann e Daniel Serra), Prata (Antonio Hermann, Xandy Negrão, Andreas Mattheis, Cláudio Ricci, Alencar Jr., Eduardo Souza Ramos, Leandro de Almeida, Lico Kaesemodel, Fábio Casagrande e Rafael Derani) e Bronze, para os chamados gentlemen drivers ou pilotos que tiraram carteira com mais de 30 anos. É o caso de Walter Derani, Paulo Bonifácio, Chico Longo, Sérgio Laganá, Amílcar Collares, Renato Cattalini e Abramo Mazzochi.

As combinações de dupla possíveis, de acordo com os organizadores são as seguintes: Platina / Bronze, Ouro / Bronze, Prata / Prata, Prata / Bronze e Bronze / Bronze. Ou seja: pilotos profissionais ou de grande currículo não se misturam na GT3.


Os inscritos para Tarumã são os seguintes:

Walter Derani / Cláudio Ricci - Ferrari F430 GT3

Rafael Derani / Alencar Jr. - Ferrari F430 GT3

Renato Cattalini / piloto a confirmar - Ferrari F430 GT3

pilotos a confirmar - Ferrari F430 GT3

Paulo Bonifácio / Alceu Feldmann - Lamborghini Gallardo

Antonio Hermann / Lico Kaesemodel - Porsche 997 GT3 RSR

Eduardo Souza Ramos / Leandro de Almeida - Porsche 997 GT3 RSR

pilotos a confirmar - Porsche 997 GT3 RSR

Chico Longo / Daniel Serra - Maserati Grandsport Light

Xandy Negrão / Andreas Mattheis - Dodge Viper Comp. Coupé

Roberto Pupo Moreno / Sérgio Laganá - Dodge Viper Comp. Coupé

Abramo Mazzocchi / piloto a confirmar - Dodge Viper Comp. Coupé

Fábio Casagrande / Amílcar Collares - Dodge Viper Comp. Coupé

Escusas

Antonio Pizzonia deu as caras hoje na gravação do Linha de Chegada, depois de sua estréia na Stock Car. De volta da Europa após o fracasso na GP2, o manauara largou no fim do pelotão em Londrina e ficou entre os últimos o tempo todo.

Sobre sua má experiência na FMS, ele veio com o discurso praticamente ensaiado: "Escolhi a FMS porque achei que seria a melhor equipe para poder voltar e entrei lá como piloto pago. A equipe vinha bem na pré-temporada, mas tinha gente que não queria fazê-la andar para a frente. O engenheiro que trabalhava comigo não agüentou a pressão e pediu pra sair", disse.

Ué... a BMW (de onde esse engenheiro era) não tinha pedido pro cara voltar?

E depois Reginaldo Leme lembrou: "A equipe continuou capenga, mas depois venceu uma prova com o (Adam) Carroll, seu substituto".

"É, mas é a pista do Adam Carroll", comentou Pizzonia, esquecendo-se que ele conhece a pista tão bem quanto o irlandês, assim como muitos outros pilotos: Giorgio Pantano, Lucas Di Grassi, Xandinho Negrão, Bruno Senna, Adrian Zaugg, Ernesto Viso, Pastor Maldonado, Timo Glock, Andreas Züber, Sakon Yamamoto e muitos outros.

Ou seja: tudo papo para boi hibernar.

Adio, Michelangelo

Bergman está em boa companhia.

Depois do sueco partir desta para melhor, morreu ontem o cineasta italiano Michelangelo Antonioni, 94 anos.

Mestre do chamado "cinema da angústia existencial", ele deixa como legado produções como "O Grito", "Blow Up - Depois Daquele Beijo" e "Zabriskie Point", que teria inclusive uma música dos Doors na trilha sonora - L'America, que foi considerada ofensiva e retirada de circulação até voltar no disco LA Woman, de 1971, o último com Jim Morrison.

Antonioni era tido como o fundador do cinema europeu de vanguarda e um "alquimista da intmidade, arquiteto do tempo e do espaço no cinema contemporâneo", como bem definiu Gilles Jacob, o presidente do Festival de Cinema de Cannes - que agraciou "O Grito" com a Palma de Ouro, em 1960.

Há 22 anos, Michelangelo sofreu um derrame, mas isto não o impediu de cometer sua última obra-prima: o excelente "Além das Nuvens", com co-direção do alemão Wim Wenders.

Como se vê, os gênios não se despedem da vida assim tão fácil. E deixam na sétima arte uma ponta de saudade.

Foi só elogiar...


A foto acima mostra o tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet placidamente sentado numa carteira daquelas de colégio, ao lado da esposa Viviane (à direita), fazendo um cursinho de reciclagem no DETRAN de Brasília.

Explica-se: Piquet acumulou multas suficientes para ter a carteira de motorista cassada. Foram 29 pontos em infrações que variaram desde a estacionar em local proibido a dirigir acima da velocidade máxima permitida - também pudera, com os carros que ele tem...

Por uma semana, ele vai freqüentar o curso e depois terá sua carteira devolvida.

"Alguma coisa a gente aprende. A gente começa a ver as imagens e fica impressionado. É muita imprudência no trânsito", comentou Nelson, de 54 anos de idade.

Em caso de nova reincidência, o tricampeão poderá ficar de seis meses a 2 anos com a carteira cassada.

E vamos e venhamos: em vez de apelar para a influência do seu sobrenome e dos três títulos mundiais que conquistou no automobilismo e deixar por isso mesmo, Piquet ganhou muitos pontos perante a opinião pública se apresentando no DETRAN para a reciclagem.

Tanto que ele saiu na primeira página de "O Globo" na edição desta terça-feira.

Triste epítáfio

Os eternos fãs do grupo estadunidense The Doors têm certeza que, em 3 de julho de 1971, quando Jim Morrison morreu (ou foi morto) num quarto de hotel em Paris, a magia do grupo chegou ao fim.

Afinal, muito do carisma da banda - formada, é verdade, por três músicos competentíssimos - se devia à performance de Jim no palco, dançando como um xamã, cantando como poucos, alucinando e aloprando como nunca se vira no rock and roll.

Morto aos 27 anos, Morrison deixou um legado de canções e poemas que ficarão para sempre. E na cabeça de muitos, dúvidas acerca de sua personalidade - complexa para uns, destrutiva para outros. Ele dizia que sua vida começou a mudar a partir de 1949, aos seis anos, quando presenciou um acidente de carro numa estrada e viu "a morte pela primeira vez de perto".

Os pais negaram a existência do incidente e Jim renegou-os. Quando saiu de casa, foi estudar cinema na UCLA, em Los Angeles, e foi lá que conheceu Ray Manzarek. Isto foi em 1965 e daí em diante os dois levaram a cabo a idéia de formar uma banda - "The Doors", cujo nome foi escancaradamente inspirado por um livro de Aldous Huxley - "The Doors of Perception".

Daí para diante, embora as histórias sejam bem contraditórias, a carreira do grupo foi repleta de sucessos e muitos percalços até a morte do cantor. O túmulo de Jim, no cemitério de Pére Lachaise, é a terceira atração turística de Paris, perdendo apenas para o Louvre e a Torre Eiffel.

E se como citei acima, muitos fãs crêem que o grupo e a magia terminaram ali, há 36 anos, o que dizer agora que a Elektra relança os dois últimos discos dos Doors, até hoje fora de catálogo - "Other Voices" e "Full Circle"? E, pasmem, em edição única!

As horrendas capas dos dois discos recém-lançados pela Elektra



Robbie Krieger, Ray Manzarek e John Densmore tentaram seguir - em vão - como trio, errando feio a mão em composições pouquíssimo inspiradas. Até que "Other Voices", segundo dizem, guarda lampejos do grupo no auge. Mas "Full Circle" (que como curiosidade tem participação do músico brasileiro Chico Batera, na percussão) é um acinte aos fãs e principalmente à carreira de Jim Morrison.

Os dois discos, mais do que um triste epitáfio, significaram também o fim do contrato dos Doors com a Elektra Records e depois disso nada mais restou a não ser sair de cena, em fins de 1972. Seis anos mais tarde, foi lançado um álbum póstumo - "An American Prayer", com poesias que Jim Morrison recitou em estúdio e cujas fitas de rolo ainda pertenciam à gravadora. Os três músicos remanescentes se reuníram para fazer o fundo musical e neste álbum também havia uma versão ao vivo de "Roadhouse Blues" que se tornou conhecida no polêmico filme "The Doors", de Oliver Stone.

Yankee, go home!

O mês de julho termina em pesadelo para o estadunidense Scott Speed. Após chegar às vias de fato com o chefe da Scuderia Toro Rosso, Franz Tost, no GP da Europa, o piloto foi informado hoje que está demitido e não corre mais em 2007.

A informação foi lida no excelente Blog do Ico, que também trouxe a notícia da contratação do jovem alemão Sebastian Vettel, de 19 anos, para as corridas restantes do campeonato, a começar pelo GP da Hungria, no próximo domingo.

Speed, um festeiro de carteirinha e piloto de temperamento difícil - beirando a arrogância, pouco mostrou na categoria máxima em 28 corridas disputadas. Não conseguiu nada melhor do que um décimo-primeiro lugar como melhor resultado em treinos e dois nonos lugares em corrida (GPs da Austrália 2006 e Mônaco 2007).

Isto significa duas coisas: que Heidfeld continua como titular da BMW em 2008; e que Gerhard Berger, em parte, deve concretizar seu plano de fazer uma equipe 100% Tião - ele já tem Vettel e Bourdais, tricampeão da ChampCar, vem testando constantemente para a escuderia austro-italiana.

Mas há uma ameaça: a Newman-Haas pode querer renovar o contrato do francês e levá-lo para a... Nascar! Pois é... a NHR se associa a partir do ano que vem com a Robert Yates Racing, tradicional escuderia da Stock Car que usa os carros Ford. David Gilliand, jovem revelação do automobilismo ianque, está confirmado. Falta o outro piloto, e será que Carl Haas e Paul Newman terão coragem de manter Ricky Rudd?

Aguardemos.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Homenagem


Dia 30 de julho de 1978.

Com este Ensign negro, modelo N177 número 22, equipado com motor Ford Cosworth DFV V-8, Nelson Piquet fazia sua estréia na Fórmula 1 durante o GP da Alemanha, no circuito de Hockenheim.

Na época líder inconteste da F-3 inglesa, o piloto brasileiro recebeu um convite de Bob Sparshott para testar um McLaren M23 em Silverstone e seu bom desempenho resultou num convite para correr pela BS Fabrications em três provas - Áustria, Holanda e Itália.

Mas havia a chance de correr com o Ensign em Hockenheim e Piquet agarrou a oportunidade. Não precisou levar patrocínio e ainda classificou o carro em 21º, duas posições na frente do austríaco Harald Ertl, conhecido mais por sua barba cerrada e bigodes de Salvador Dalí do que propriamente por ser um bota.

Nelson ganhou duas posições de saída e passou a primeira volta em décimo-nono. Com os problemas de outros adversários, ganhou posições. Andou o tempo todo na frente de Rolf Stommelen, da Arrows e Keke Rosberg, com o ATS, e acompanhou Vittorio Brambilla até o motor quebrar na 31ª das 45 voltas previstas. Quando abandonou, ocupava a décima-segunda posição.

Piquet cogitou correr com a Ensign em 1979, quando andou com o BS-McLaren. Mas Bernie Ecclestone estava de olho nele e não tardou a oferecer um contrato daqueles leoninos, onde se comprometia a pagar apenas uma porcentagem de prêmios e as despesas de alimentação e hospedagem. Só com patrocínios conseguidos por Nelson - Caracu, Arno/Brastemp, Gledson, Hobby e Citizen - Bernie arrecadou US$ 300 mil.

Mas o investimento valeu a pena, porque em seu primeiro ano completo, Piquet já era tão rápído quanto veteranos do calibre de Scheckter, Regazzoni, Jabouille e Laffite, por exemplo. Em 1980, já estaria andando na frente de muitos deles. E na temporada seguinte, já era campeão.

Viva o vivo Piquet!

Vai-se um mestre

A sétima arte despede-se de um mestre. Morreu aos 89 anos de idade o diretor sueco Ingmar Bergman.

Poucos conseguiram transportar para a tela as dificuldades da vida pessoal como ele, que dirigiu obras-primas como "Persona", "O Sétimo Selo", "Morangos Silvestres" (um clássico dos chamados filmes-cabeça nos anos 70), "A Fonte da Donzela" e "Através de um Espelho". Estes dois últimos, aliás, foram agraciados com o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Mas o trabalho mais representativo - e também o predileto - de Bergman, é de 1984: "Fanny e Alexander", que ganhou quatro estatuetas do Oscar em 1984, inclusive mais uma como o melhor filme estrangeiro.

"Fanny e Alexander" é um panorama detalhado de uma família de classe alta de Uppsala (cidade natal de Ingmar Bergman) nos anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial. O garoto Alexander, 10 anos, e sua irmã Fanny, 8, são mental e fisicamente abusados por seu padrasto, o bispo local, inspirado no pai de Bergman. O tímido e fraco Alexander usa poderes sobrenaturais para vingar-se de seu padrasto de maneira sinistra. Simplesmente, um clássico.

Naquele mesmo ano, ele voltou ao Real Teatro Dramático, onde montou uma aclamada versão de "Rei Lear" e passou à produção de obras clássicas. Bergman foi casado com a atriz Liv Ullmann e influenciou fortemente diretores como Woody Allen, que se inspirou na linguagem cinematográfica do diretor sueco em algumas produções, entre elas "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa".

domingo, 29 de julho de 2007

Não é miragem... muito menos montagem...



... mas a foto acima (devidamente surrupiada do Blog do Capelli) me surpreendeu. Muito mais do que este 29 de julho marcar o aniversário de 26 anos do atual bicampeão mundial de Fórmula 1, fiquei com uma pergunta na cabeça:

O que catzo Fernando Alonso fez ao volante de um Jaguar?

Todo mundo sabe que desde que surgiu como um cometa na Fórmula 3000, vencendo de forma magistral em Spa com um carro da escuderia Astromega em 2000, ele assinou um contrato de longa duração com Flavio Briatore, que o encaixou na Minardi, onde estreou em 2001, com 20 anos incompletos.

O asturiano deixou ótima impressão, mas passou o ano de 2002 sem correr, só testando. E como é sabido que em 2003 ele já era piloto oficial da Renault, sucedendo a Jenson Button, a foto acima é mais estranha ainda.

Mas cabe uma explicação: num determinado período onde Alonso ainda não era o piloto da Régie para 2003, Briatore o liberou para fazer sessões de treinos com o Jaguar R3 - e a equipe britânica tinha seguidos problemas com seus pilotos de teste, que não ajudavam muito no desenvolvimento dos carros.

Não tenho a informação se Alonso fez bons tempos com o Jaguar. Mas Briatore tratou de segurar seu pupilo e o resto da história já é de domínio público.

Já pensaram?!?

Notícia tirada do Terra e publicada no último dia 24:


Brasileiro cria software e pode trabalhar na F1

Entre os finalistas para o estágio Altran Engineering Academy (Academia de Engenharia Altran), no Departamento de Engenharia da ING Renault F1 Team, está o brasileiro Gabriel de Paulo Eduardo, 27 anos. Concorrem com ele representantes de outros seis países.

Uma das tarefas mais difíceis nos carros de corrida é ajustá-los a diferentes pilotos e pistas para maximizar o desempenho. Eduardo, em sua tese de doutorado, desenvolveu o projeto de um software de otimização, capaz de encontrar valores numéricos para todas as relações de interface entre piloto e carro. A ferramenta auxilia os engenheiros de equipe na busca de soluções mais eficientes para o ajuste dos comandos do piloto.

Além da apresentação dos projetos à equipe, os finalistas serão avaliados por características essenciais como excelência, humanidade e competitividade. A proposta mais inovadora ganhará um estágio de seis meses, com direito a acomodação, carro da empresa e bolsa total de 6,5 mil libras (cerca de R$ 25 mil).

Livros... livros.. e livros

Na última sexta-feira, depois de dois dias de stress puro no trabalho, resolvi dar uma desanuviada. Eu precisava... e muito. Cheguei em casa, parei pra respirar um pouco e saí. Fui pro Centro da Cidade.

Tentei me desfazer de um relógio Giraud-Perregaux que eu ganhei certa feita, mas o funcionário de uma joalheria me informou que não havia hipótese de negociação pois tratava-se de uma cópia e meus planos de conseguir um $$$ em cima dele vieram por água abaixo.

Isto posto, fui pra uma conhecida livraria na Rua do Ouvidor, que não vende só livros, mas também DVDs, CDs, DVD-ROMs, artigos de escritório, revistas e et cetera. Como já sou cliente fiel de lá, fui às compras pensando no tradicional descontinho.

Recomendado por um amigo, eu queria comprar o livro "Eu não sou cachorro, não", de Paulo César Araújo, o mesmo que criou celeuma com Roberto Carlos, homenageado com uma belíssima biografia. Como não o encontrei, fui direto a uma campeã de vendas: a biografia da cantora Maysa, falecida há 30 anos e escrita por Lira Neto.

Não satisfeito, achei e peguei outro livro que eu queria - "A História Sexual da MPB", um calhamaço de autoria de Rodrigo Faour que, a julgar pelo texto da orelha e os comentários elogiosíssimos, vale muito a pena ser lido.

E arrematei descendo à seção de esportes, onde despretensiosamente procurei algo de bom. E achei: "O Berro Impresso das Manchetes", uma sensacional coletânea das crônicas do eterno Nelson Rodrigues quando escreveu de 1955 a 1959 para a revista Manchete Esportiva - uma espécie de Placar dos anos dourados.

Confesso que gosto de saborear cada livro que compro. Leio e releio muitos deles à exaustão, uma, cinco, dez vezes até. Mas tem aqueles que são apreciados a golfadas. Foi o caso da biografia que Lira Neto fez de Maysa.

O livro Só Numa Multidão de Amores é daqueles que provoca essa instantânea reação em quem o lê. É simplesmente arrebatador, com riqueza de detalhes sobre a vida, as dores e os amores de uma cantora que abandonou um sobrenome crivado de poder para brilhar nos palcos e incendiar corações com seu jeito sensual e olhos verdes que o poeta Manuel Bandeira bem definiu como "dois oceanos não-pacíficos".

Ou seja: a obra de Lira Neto é daquelas para ler, reler, re-reler e guardar na memória.

Desabafo

São 15 pras 5 da manhã.

Simplesmente não consigo dormir.

A chuva, presente com a frente fria que chegou com tudo ao Rio de Janeiro há uns três ou quatro dias - não tenho certeza - cai incessantemente. O vento sopra forte e as janelas aqui de casa tremem barbaridade. Meu quarto, que já é frio quando o calor não está presente, é a encarnação do Pólo Norte em dias assim.

E mesmo coberto até o pescoço, com as cortinas fechadas, simplesmente não consigo dormir.

Não sou insone. Acho que meu organismo está protestando contra a surra que lhe foi impingida por uma dose cavalar de trabalho onde infelizmente não pude, desde o dia 12 de julho, respirar o que mais gosto: automobilismo.

Nos últimos dois dias, quase explodi. Estive a ponto de mandar um "foda-se" ao primeiro incauto que me jogasse na cara qualquer tipo de gracinha. Felizmente tive o desplante de me controlar - afinal, não se pode jogar um emprego fora num país como o nosso. E toquei o barco. Afinal, o dia 12 foi há pouco e amanhã (ou melhor, hoje), é 29.

É o fim da tortura.

É a volta à realidade.

O Rio de Janeiro volta ao cenário habitual, ao status de Cidade-Maravilha-purgatório-da-beleza-e-do-caos. Usando e abusando das frases que constroem a música Rio Quarenta Graus de Fernanda Abreu, mais do que nunca esta é a capital do melhor e do pior do Brasil.

Ainda temos as nossas praias fantásticas, as mulheres de beleza estonteante, a cerveja e o chope geladinhos, a conversa fiada de botequim, as paqueras, ardentes beijos na boca, o Circo Voador, o Fluminense, o Maracanã, o carnaval - que está chegando...

Mas por outro lado temos o medo, a discórdia, a ganância, a arbitrariedade, a justiça lenta e morosa, os maus governantes e quetais da política, os aproveitadores de plantão, os pitboys, a fome, o descaso, a saúde, a educação e o transporte precários...

Durante duas semanas, exatamente estas duas últimas, quiseram fazer um Rio de Janeiro dos sonhos, tendo como pano de fundo o esporte e um evento tido como "grandioso e o maior da América Latina". Não se falou em violência, em confrontos de traficantes contra policiais, só de medalhas, glórias, títulos e futuros heróis do país em competições internacionais.

Se lembrarmos que países como Rússia, Sérvia, Polônia, China, Alemanha, França, Itália, Portugal, Quênia e outros, com atletas mais do que capacitados em diferentes modalidades não pertencem à Pan-América, então o que podemos imaginar que acontecerá no ano que vem em Pequim? Ora... nada diferente do que foi visto em Atenas, há quatro anos.

É por essas e outras que eu tenho um puta orgulho em gostar e fazer parte de um esporte (que dizem que não é esporte, mas enfim.... cada um com seus problemas, né?) que ofereceu ao Brasil, ironicamente um celeiro de desastres automobilísticos graças aos seus motoristas amadores, nada menos que oito títulos mundiais de Fórmula 1, cinco vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis, quatro títulos de pilotos na ChampCar, outro na IRL, quatro na Fórmula 3000 internacional, dois no FIA GT, um no Mundial de Endurance, um na World Series, duas vitórias nas 24 Horas de Le Mans (na subcategoria LMP2), dezenas de títulos internacionais de Fórmula 3 na Inglaterra, no Japão, EUA e aqui na América do Sul, afora outras incontáveis glórias que mal cabem neste tópico.

Agora sim, feito este desabafo, posso dormir feliz.

Gênio

Muita gente imagina ou pensa que o festival de Woodstock foi o primeiro grande evento musical envolvendo nomes consagrados - ou não - do rock and roll. Quem diz isso está enganado, pois há 40 anos existiu o Monterey Pop Festival, na cidade de mesmo nome, na Califórnia.

Naquela ocasião, o público assistiu extasiado a grandes performances da diva Janis Joplin - então no ápice de sua carreira - assim como outro monstro (coincidentemente, amigo da cantora) que tinha começado a colher os frutos do sucesso de seus primeiros discos tocando com dois brancos: o baixista Noel Redding e o baterista Mitch Mitchell, que ele conheceu quando se asilou na Inglaterra.

Seu nome? James Marshall Hendrix.

O gênio da guitarra, que tocava uma Stratocaster como nunca se viu igual ou então a Gibson Flying V, detonou em Monterrey. Literalmente levou às últimas conseqüências um de seus sucessos ("Fire"), ateando fogo ao seu instrumento quando tocou "Wild Thing". E além de suas próprias - e excelentes - músicas, tocou covers que entraram para a história.

Como esta aqui debaixo, de uma canção escrita por um tal de Bob Dylan.

Supertramp: fábrica de hits

Vivemos um constante revival de bandas e artistas que andaram sem tocar juntos ou fazendo discos durante anos. Tem sido assim com o Cream, passando pelo Police, o Genesis e também o The Who - mesmo com 50% da formação original já no andar de cima.

Sincera e honestamente um grupo que eu gostaria de ver reunido é o Supertramp. Os caras começaram bem - e não é sacanagem da minha parte, não - tocando no Festival da Ilha de Wight em 1970, na mesma noite onde se apresentou um certo Gilberto Gil.

Com Roger Hodgson à frente, eles detonaram uma saraivada de hits nos anos 70 e 80 que fica até difícil lembrar os nomes de muitas de suas canções, como "The Logical Song", "My Kind Of Lady", "It's Raining Again", "Dreamer" e "Give A Little Bit".

Mas o frontman do grupo saiu para fazer carreira-solo lá por 1988 e daí pra diante a magia se desfez. Rick Davies assumiu os vocais e a única música que tocou no Brasil - "Free As a Bird" - foi um fracasso.

Melhor ficar com o que há de melhor do grupo, não é mesmo? É por isso que eu posto hoje essa música aqui debaixo.

sábado, 28 de julho de 2007

Sobrevida

Scott Speed ganha uma sobrevida na Scuderia Toro Rosso. O piloto estadunidense, que está com um pé fora da Fórmula 1, vai correr pelo menos no GP da Hungria, no próximo dia 5 de agosto. Depois de chegar às vias de fato com Franz Tost, chefe da equipe austro-italiana, Speed já deixou claro que não quer ficar na equipe e que Gerhard Berger, com a influência que lhe é peculiar, já estaria "mexendo os pauzinhos" para ter em 2008 os Sebastiões - Vettel e Bourdais - guiando para ele.

Porém, aos que (como eu) achavam que Vettel é quem vai suceder Speed na Toro Rosso, veio a notícia: falta $$$ ao jovem piloto alemão, para ocupar a vaga.

Agora, lendo o blog Continental Circus, há um forte rumor de que Sébastien Bourdais é quem vai pegar o lugar de Speed - senão na Bélgica, pelo menos a partir do GP da Itália, até o fim do campeonato.

E para pôr mais lenha na fogueira: não há coincidências de datas entre F1 e ChampCar, onde o piloto francês é o atual tricampeão. Além do mais, Bourdais já treinou bastante com o carro e conhece o modus operandi da escuderia. Vettel, nem tanto.

Boa notícia

Não se sabe se o Renato Gaúcho leu a matéria paga que entrou na penúltima página do Caderno de Esportes em O Globo.

Nela, "Hélio Sussekind" - coloco entre aspas pois pode ser um nome fictício - urgia pela necessidade do fim do esquema 3-6-1, que foi vitorioso contra o São Paulo e deu muito errado contra o Atlético Mineiro. "Luiz Alberto atuou como condutor de jogadas e ele nunca teve cacoete para isso", ralhou. "Time que tem atacantes velozes como Soares e Jean, além de Alex Dias, não pode deixar um homem isolado na frente", dizia o informe publicitário.

Certo é que "Sussekind" tem razão. Se o Fluminense quer e sonha com o título brasileiro que não consegue desde 1984, não pode jogar de forma covarde fora de casa contra nenhum adversário.

E o treinador já decretou: o 3-6-1, por hora, está banido.

Melhor assim.

E o portuga chegou lá!

Tenho grande simpatia pelo piloto português Tiago Monteiro - e acho que são poucos os que não têm. Não só pelo inédito pódio conquistado no "GP de Seis" em Indianápolis, mas principalmente porque ele não se furtou em criticar o mascaradíssimo holandês Christijan Albers, que há poucas semanas foi demitido da Spyker.

Sem qualquer chance na Fórmula 1, o luso foi para o WTCC, na estratégia de "é melhor dar dois passos para trás do que não ter onde pisar". Com atuações muito boas, especialmente nas etapas de Zandvoort e Pau, Tiago conquistou alguns pontos que o deixam no bolo intermediário da classificação do campeonato.

E depois de uma performance decepcionante diante de seus fãs no circuito de rua do Porto, eis que Monteiro faz a pole position para a décima-terceira etapa do Mundial de Carros de Turismo, no circuito sueco de Anderstorp molhado pela chuva que cai na Suécia.

Aliás, a prova apresenta um sem-número de novidades e um lote muito bom de pilotos do país - notadamente Fredrik Ëkblom, que sai em terceiro com uma BMW e Rickard Rydell, quinto com um quarto carro da Chevrolet.

Entre os carros, a Seat trouxe dois Leon com motores TDI (diesel) para Jordi Gené e Yvan Müller participarem da prova. Gené foi muito bem e fez o sexto tempo na classificação. Outra aparição interessante é do Volvo S60 Flexfuel - bicombustível movido a gasolina e bio-etanol - guiado por Robert Dahlgren, que fez um bom 12o. tempo entre 28 inscritos.

O brasileiro Augusto Farfus, vice-líder do campeonato, classificou-se mal e sai em décimo-oitavo, muito melhor que os russos (que não guiam nada... ou melhor, Lada, como gostaria o bravo Flavinho Gomes) Alexander Lvov e Andrey Smetsky. Os dois alinharam modelos Honda Accord Euro R e o primeiro se classificou para a prova. O outro, não.

Ah! E para gáudio da audiência, o Grid Motor volta segunda - não com o WTCC, mas com a velocidade que andou represada vocês sabem por quem.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Deu de três, levou de três

Domingo passado, o Fluminense fez uma partida quase perfeita contra o Goiás, em Cariacica - com o estádio, diga-se, tomado pela torcida tricolor. Venceu por 3 x 0 com dois gols de Thiago Neves e um de Somália, e sem nenhum exagero podemos dizer que poderia ser de seis ou sete, caso os dois gols anulados fossem validados e as duas bolas de Romeu e Jean que explodiram na trave tivessem outro destino.

Aí nesta quinta, quando todo mundo aguardava algo igual ou semelhante contra o Atlético Mineiro, o desastre: derrota por 3 x 0, fazendo jus ao "Galo forte e vingador" aclamado no hino do clube das Gerais.

Mas e por que o Flu perdeu, depois de boas e convincentes apresentações contra São Paulo e Goiás?

É simples: além do time não jogar o que sabe costumeiramente, houve o detalhe básico da turma atleticana querendo mostrar serviço para o novo treinador. Sim... Emerson Leão estava assistindo o jogo e viu os onze titulares se matando em campo para garantir uma vaga de titular. E nada mais perigoso do que um time mordido por uma goleada (4 x 0 diante do Vasco) como a que o Atlético levou no último sábado. Aí aconteceu o que vimos ontem no Magalhães Pinto.

Nada está perdido, no entanto. O campeonato está nivelado - por baixo, é verdade - e qualquer duas vitórias do Flu o recolocam na linha de frente. Eu estou é achando graça da euforia do torcedor do Botafogo, que lidera o campeonato com 28 pontos e venceu com portões fechados o Juventude. Como em todo ano tem sempre um "cavalo paraguaio", então o cavalinho da vez é o Fogão.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

E tome clássicos da música brasileira...

O post sobre twist e The Clevers rendeu até a lembrança de uma música d'Os Incríveis, o grupo que surgiu quando Manito, Mingo, Netinho, Nenê e Risonho resolveram deixar de ser os Clevers.

A música "El Relicário" foi uma das primeiras deles, lançada em 1963 pela Continental em compacto de 78 rotações. Dois anos depois, o quinteto mudava o nome do grupo para ficarem na história da música brasileira. Foram eles que cantaram "Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones", na versão em português para a canção de Gianni Morandi.

Mas a postagem é sobre uma música citada quando falei dos Clevers: é a instrumental "O Milionário".

Vai uma pizza quentinha aí?


Repare na imagem acima.

É uma pizza de pepperoni saindo do forno, prontinha pra ser apreciada.

Pois bem: acabou assim - em pizza - o julgamento da McLaren perante o Conselho Mundial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).

Não houve multa, nem exclusão de resultados, suspensão da equipe ou, até como se aventou, a eliminação do campeonato. Houve sim uma vitória política da McLaren, que sai fortalecida do episódio apesar de considerada "culpada" pelo egrégio conselho.

Mas que porra de culpa é essa que não cabe qualquer tipo de punição?

A pizza embalada pela FIA com cheiro de vergonha, com certeza não será bem digerida pela Ferrari. Antes com o beneplácito da entidade, desta vez o time italiano se vê numa posição extremamente desconfortável. Em comunicado oficial, qualificam a decisão como "incompreensível". Com alguma boa dose de razão, aliás.

Certo é que este é um episódio - mais um - vergonhoso para o automobilismo. E punir tardiamente a McLaren, que é algo que poderá acontecer se evidências surgirem, não é a melhor das soluções.

A história da equipe de Ron Dennis e Mansour Ojjeh fica manchada pela primeira vez em 41 anos de trajetória, embora tenham saído sem arranhões no plano financeiro. E a Ferrari sofre a sua maior derrota política dentro do automobilismo.

Uma coisa, porém, é certa: Nigel Stepney e Mike Coughlan vão ter que arrumar outra coisa pra fazer na vida.

Porque NUNCA mais vão trabalhar com automobilismo, em nenhuma categoria, em nenhum país.

A não ser que venham para o país onde a pizza é instituição... aí já é demais...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

O dia D

Vinte e seis de julho de 2007, quinta-feira. Nesta data, a McLaren receberá do Conselho Mundial da FIA o veredito no caso "Stepneygate", onde Mike Coughlan, projetista-chefe da equipe inglesa recebeu de bandeja de Nigel Stepney um dossiê com 780 páginas de informações técnicas detalhadas da Ferrari.

O escândalo foi o maior caso de espionagem industrial já revelado na história do automobilismo e, pior, com a anuência de integrantes da McLaren - embora Ron Dennis jure de pés juntos que não. Ou então, porque será que Martin Whitmarsh, braço direito do diretor geral da equipe e o engenheiro Paddy Lowe, subordinado a Coughlan, foram afastados?

A McLaren está sendo julgada por infração ao artigo 151, item C do Código Esportivo Internacional, que se refere à "conduta fraudulenta, ou qualquer ato prejudicial aos interesses de qualquer competidor ou ao esporte a motor em geral".

Punições são aguardadas. Os tiffosi esfregam as mãos e anseiam solenemente pela eliminação sumária da equipe britânica da temporada 2007, abrindo caminho para um embate solitário entre Kimi Räikkönen e Felipe Massa.

A eliminação, tal como aconteceu com a Tyrrell em 1984, é uma possibilidade, mas só se o egrégio Conselho Mundial - do qual inclusive faz parte o presidente da CBA, Paulo Scaglione - julgar as acusações da Ferrari num nível que só caiba a eles próprios decidirem pela exclusão da McLaren.

Outras hipóteses são:

a - multa pesadíssima para a equipe de Ron Dennis;

b - perda dos pontos somados a partir do GP de Mônaco, quando o escândalo começou a tomar forma e Nigel Stepney foi afastado do seu cargo - e posteriormente demitido;

c - suspensão por no mínimo dois GPs para a McLaren.

Mas a gente sabe que existe outra alternativa, aquela que todo mundo que nasceu aqui já conhece:

d - tudo acaba em pizza e o campeonato segue o seu rumo.

Qualquer que seja a decisão (e tomara que não se pense em não punir a McLaren, nem que seja com multa), estamos diante de uma temporada das mais conturbadas dos últimos anos - e sem Prost, Senna, Jean-Marie Balestre ou Michael Schumacher.

Aqui, os trapalhões são outros...

Bomba!

Não, não é nenhuma notícia espalhafatosa. É uma explosão de rock and roll, cortesia dos australianos do AC/DC, com o infernal Angus Young na guitarra. Aqui, o grupo - ainda com Bon Scott no vocal - esmerilha em apresentação ao vivo para a TV australiana na música "TNT".

Enjoy!


A pessoa do Pessoa

Gosto de versos, prosas e poesias. Então vai uma recheada de uma bela mensagem, pelo mestre Fernando Pessoa.


APRENDIZ DE AMIGO

Quero ser teu Amigo
Nem demais e nem de menos...
Nem tão longe e nem tão perto
Na medida mais precisa que eu puder
Mas amar-te como próximo, sem medida...
E ficar sempre em tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber
Sem tirar-te a liberdade
Sem jamais te sufocar
Sem forçar a tua vontade
Sem falar quando for a hora de calar
E sem calar quando for a hora de falar
Nem ausente nem presente por demais...
Simplesmente, calmamente, ser-te paz
É bonito ser amigo, mas confesso:
É tão difícil aprender...
Por isso, eu te peço paciência
Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças...
Dê-me tempo
De acertar nossas distâncias.

Fernando Pessoa

Jerez, dia 2

Lewis Hamilton assumiu o comando do McLaren MP4-22 no segundo dia de treinos em Jerez de la Frontera, no lugar de Pedro de la Rosa. E o domínio dos "Flechas Prateadas" continua, pois o líder do campeonato fez o melhor tempo do dia: 1min19s670, depois de 96 voltas completadas.

O britânico foi nove décimos mais rápido que Ralf Schumacher, com a Toyota. Kazuki Nakajima, piloto de testes da Williams, foi o terceiro dos oito que treinaram, com Robert Kubica em quarto. Kovalainen e Webber vieram a seguir.

Na rabeira, o de sempre: Rossiter, de Super Aguri, foi um décimo mais rápido que Barrichello, que fechou a quarta como o último colocado.

***

Ah... e se Nelson Ângelo Piquet não quis a vaga, a Spyker já conseguiu um piloto para as sete últimas provas do ano: Sakon Yamamoto, que fez 11 GPs pela Super Aguri ano passado sem muito destaque. Neste ano, ele vinha disputando a GP2 com a escuderia BCN Competición, de Enrique Scalabroni e Jaime Pintanel, sem resultados concretos.

Alguém está ouvindo o som da caixa registradora?!?

***

Para finalizar: Jorge Lorenzo, a marra em pessoa, foi confirmado pela Yamaha como piloto oficial de fábrica na MotoGP em 2008 - e possível companheiro de equipe do multicampeão Valentino Rossi.

Como diria um antigo conhecido de TV Globo, "vai dar merda".

No mercado de pilotos, dois outros já confirmaram a troca de escuderia. John Hopkins vai da Suzuki para a Kawasaki. E Marco Melandri assinou com a Ducati, que propôs uma terceira moto a Loris Capirossi - que não foi receptivo à idéia...

Recusa

Acabo de ler no Grande Prêmio que o piloto Nelson Ângelo Piquet, que hoje faz 22 anos, recusou uma oferta da Spyker para ocupar a vaga em aberto com a demissão de Christijan Albers.

Abaixo, aspas para a negativa do filho do tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet:

“Com esse carro, você só pode perder. É um carro muito difícil de pilotar e o (Adrian) Sutil sabe disso muito bem. Seria o último até atingir seu nível de experiência”, confessou o brasileiro. “Nesse período de tempo, meu valor de mercado poderia ser destruído, pois neste jogo, infelizmente, as pessoas são de visão muito curta”, completou.

Piquet pai fez pressão para que Piquet filho aceitasse o convite. E com a autoridade de quem sabe do que está falando. Afinal, foi com um carro de uma modesta escuderia - a britânica Ensign - que disputava as últimas filas do grid de largada, que Nelson Piquet estreou na Fórmula 1 em 30 de julho de 1978, no circuito alemão de Hockenheim.

Engraçado como são as coisas: naquela época, a Ensign não era tão ruim quanto a Spyker - mas quase. Só que nos anos 70, existiam possibilidades razoáveis de pilotos de times pequenos marcarem um ou outro ponto, coisa hoje improvável.

E quanto a Piquet, o resto, o mundo inteiro já sabe: na quinta corrida, Piquet já estava na Brabham. Com pouco mais de 30 GPs no currículo, era vice-campeão mundial e com exatos 49, tinha um título nas mãos.

Definitivamente, o jogo é bem diferente do que era há quase 30 anos atrás.

terça-feira, 24 de julho de 2007

"Eu quero dizer... agora o oposto do que eu disse antes"

Esta frase de Metamorfose Ambulante, clássico "raulseixista" cai como uma luva para a declaração proferida hoje pelo todo-poderoso da Fórmula 1 Bernie Ecclestone, que pode ser lida aqui abaixo.

É a transcrição literal da matéria do Grande Prêmio que acabei de ler.

Bernie cede. E aprova volta de Magny-Cours
Warm Up
24/07/2007 - 13:51


Esqueçam todos os "au revoir, Magny Cours" que foram ditos nos dias que antecederam e se sucederam ao GP da França deste ano. Pois, segundo um político francês, Bernie Ecclestone concordou em manter a pista francesa no calendário do ano que vem. O mesmo Bernie que foi retumbante e convicto em anunciar o fim das atividades da F-1 no circuito pastoril.

O autódromo cravado na pacata Nevers nunca foi do gosto de Bernie, que nunca teve seus desejos atendidos pelos promotores e organizadores do GP e prometeu nunca mais voltar a ele após o término do contrato com a Federação Francesa de Automobilismo. "Nunca deveríamos ter ido correr lá", comentou. Tanto nunca para nada.

Nesta terça (24), o primeiro-ministro François Fillon encontrou-se com Ecclestone. Um assessor controu à agência "Reuters" que o dirigente aceitou usar o circuito em pelo menos mais um ano. "Ele (Bernie) concordou, a princípio, manter a corrida em Magny-Cours em 2008, e até 2009, se não houver alternativa", afirmou.

O GP da França deste ano teve dobradinha da Ferrari, com Kimi Raikkonen ultrapassando Felipe Massa nas paradas nos boxes.

Convenhamos, esperava-se que o dirigente cumprisse a palavra empenhada e tirasse Magny-Cours, que é uma pista chatíssima, do calendário. Sei que muitos já esperavam pelo retorno triunfal de Paul Ricard.

Mas lamentavelmente eu e todos os que desejavam isso caíram do cavalo.

Rodízio à holandesa

Os testes da Fórmula 1 antes do GP da Hungria começaram hoje em Jerez com sete equipes: McLaren, Toyota, Williams, Super Aguri, Renault, Honda e Red Bull. É esperada a presença da BMW a partir de amanhã, enquanto Ferrari e Toro Rosso andam em Mugello e a Spyker vai ficar "em casa", na pista de Silverstone.

E é da equipe de origem holandesa que pode vir a novidade para a próxima etapa do campeonato. O japonês Sakon Yamamoto vai andar com o Spyker-Ferrari F8-VIII na pista britânica e ao que tudo indica o cockpit que foi ocupado por Markus Winkelhock no último GP da Europa ficará com o piloto nipônico.

Um indício disto é que Christian Klien está em Jerez como piloto de testes da Honda, pela qual fez o 5º melhor tempo do dia na Espanha. O mais veloz foi Pedro de la Rosa, de McLaren, enfiando 1s015 em Franck Montagny, da Toyota. O espanhol, aliás, andou sem controle de tração no MP4-22 - já que o artefato será banido da categoria em 2008.

Nelson Ângelo Piquet andou com o Renault e foi o sexto colocado, à frente de Sebastien Buemi, que deve receber a superlicença de F1 após percorrer 78 voltas com o carro da Red Bull.

Detalhe: Buemi já esteve no lugar de Michael Ammermüller no carro da ART Grand Prix na GP2 em Mônaco e no recente GP da Europa. E agora desempenha o papel de piloto de teste, que seria do alemão.

Alguém pensou o mesmo que eu?

segunda-feira, 23 de julho de 2007

De lixo a gênio

O futebol faz do torcedor o ser mais passional do universo.

Aqui no Brasil, os jornalistas dos anos 40 a 60 nunca se furtaram em declarar abertamente suas preferências. Todo mundo que via a lendária Resenha Facit da TV Rio e depois da Globo, sabia que Nelson Rodrigues era tricolor ardente; José Maria Scassa, rubro-negro; e Armando Nogueira e Luiz Mendes, botafoguenses.

Mas um hiato se formou entre esta as gerações futuras, que preferiram manter suas preferências no "anonimato". Alguém, por exemplo, sabe de fato pra qual time torce o Cleber Machado?

Bom, isto não vem mais ao caso. Vou descrever uma história contada por um amigo jornalista, cujo nome vou manter anônimo, que ilustra bem como são as coisas.

O ano era 1976, um dos piores da história do Santos FC. Na ocasião, o Peixe contratara Nílton Batata, um pontinha direita revelado pelo Atlético Paranaense e durante o Campeonato Paulista, o reforço ainda não tinha justificado o investimento. Certa feita, o nosso personagem e um grupo de amigos foram a um jogo do Santos contra o Noroeste de Bauru. Da praia foram direto pra Vila, de sungão, camiseta e sandália havaiana.

Os bares para a torcida ficavam bem abaixo das escadas e quem já foi no alçapão santista sabe do que estou falando. E o grupo ficou bebendo cerveja até o jogo começar. Aí o nosso amigo sugeriu: "vamos ver o jogo do lado onde ataca o Santos."

Eles ficaram no alambrado que dá para as sociais, onde também ficam as cabines de rádio e TV. E exatamente na extrema-direita onde Nílton Batata tentava suas jogadas. Já calibrado pela cerveja, começou a berrar, a plenos pulmões:

"Ô Nilton Batata... você é um merda!"

Tamanha revolta começou a surtir efeito contrário no atacante, que partia pra dentro do defensor do Noroeste e nada... nenhuma jogada saía direito.

"Ô Nilton Batata... você é um merda... um bosta!"

E assim foi. Nisso, o Noroeste fez um gol e o Santos, que já tinha péssima campanha, saiu de campo vaiado no fim do primeiro tempo.

Na volta pra etapa final, eles foram lá para o lado oposto pentelhar o Nílton Batata, especialmente o bravo amigo, que continuou provocando o ponta.

"Ô Nilton Batata... você é um merda... não joga nada..."

Ele ficava olhando para ver quem é que o xingava tanto e quando descobriu, virou o capeta em campo. Resolveu jogar bola e aí a situação mudou.

Quarenta e um do segundo tempo e Nílton Batata cruzou uma bola pra área e o atacante santista mandou pras redes. Gol do Peixe, comemoração nas arquibancadas.... e o atacante esperando pela reação do nosso personagem, que não veio.

Perto dos acréscimos, Nílton pegou a bola na extrema direita, passou por um, dois, três e chutou com força, cruzado, no canto. Gol do Santos e vitória de virada por 2 x 1.

O atacante foi em direção à torcida, precisamente para responder ao outrora irado amigo, que respondeu na lata.

"Nilton Batata... você é um gênio!"

E o jogador do Santos, sem entender patavina, retrucou:

"Ah... porra... vai tomar no cu!"

O torcedor de futebol é ou não é o ser mais passional do universo?

Regra três

Não será surpresa se já para daqui a duas semanas, a Scuderia Toro Rosso promover uma troca de pilotos. É que Scott Speed, que de novo abandonou mais uma prova em 2007, quase foi às vias de fato com Franz Tost, chefe da equipe austro-italiana.

É sabido que tanto o dirigente quanto Gerhard Berger querem ver pelas costas o estadunidense e o italiano Vitantonio Liuzzi. Os seguidos erros de ambos os têm feito perder a paciência e as coisas podem se precipitar, começando pela demissão de Speed.

Berger não esconde de ninguém que a equipe deve ter dois pilotos novos em 2008 - Sébastien Bourdais, atual tricampeão - e líder - da ChampCar, e o jovem Sebastian Vettel, alemão de 19 anos de idade e cria de Dietrich Mateschitz.

Será que é Vettel que estará ao volante do Toro Rosso-Ferrari em Hungaroring?

A conferir.

Let's twist!

Eu gosto de música antiga, mesmo. Pesquiso, caço coisas interessantes na internet e sempre com base no que leio e ouço falar deste ou aquele grupo.

Claro que aqui no Brasil, antes do rock and roll realmente explodir nos anos 80, já havia grupos que tinham experiências no gênero, vide O Terço, Casa das Máquinas, Som Nosso de Cada Dia, Mutantes, O Peso, A Bolha - entre outros - e artistas-solo como Rita Lee e Raul Seixas.

Antes disso tudo, houve o iê-iê-iê, corruptela para o yeah yeah yeah usado à larga nas músicas dos Beatles, e também o twist.

Foi nessa praia que grupos como The Jet Blacks, The Jordans, The Rebels e The Clevers navegaram e fizeram muito sucesso. O último por mim citado foi o embrião de outra lendária banda nacional - Os Incríveis.

E a musiquinha de hoje é um clássico do twist nacional, "El Relicario".

Divirtam-se.

domingo, 22 de julho de 2007

Trilhas sonoras de novelas - um celeiro de raridades

É notório que a telenovela virou instituição no Brasil, desde que a Globo incorporou-as no seu horário e investiu pesado em superproduções, o que começou nos anos 70 e vem se desenvolvendo até hoje.

Nos bastidores, o trabalho de figurino, pesquisa, edição, sonoplastia e montagem é hiper frenético e quem vê um capítulo superbem produzido na telinha não faz idéia do quanto é possível aquilo com tanto esforço.

Um item que hoje pode não ter lá tanto destaque, mas que ganhou importância fundamental especialmente nos anos 70, foram as trilhas sonoras.

A primeira desenvolvida para a Globo, por exemplo, foi da novela "Véu de Noiva", exibida em 1969. Com produção de Nelson Motta, a trilha teve dois clássicos instantâneos - Teletema, de autoria de Antônio Adolfo, e Irene, composta por Caetano Veloso e brilhantemente interpretada por Elis Regina.

Boni, que já era um diretor influente e formava com Walter Clark os homens de confiança da família Marinho na emissora, gostou e o trabalho seguiu, com a Philips prensando e distribuindo os discos. Em "Verão Vermelho", as estrelas eram Elis (sempre ela), Luizinho Eça, o grande Wilson das Neves e o maestro Erlon Chaves, todos - claro - contratados da gravadora.

O terceiro álbum foi o de "Pigmalião 70", sempre com produção de Nelsinho Motta onde dominavam faixas instrumentais executadas pelas orquestras de José Briamonte e Erlon Chaves. Sobrou espaço para o quase-estreante Egberto Gismonti, para o grupo The Youngsters e também para Wilson das Neves.

A saga continuou com "Irmãos Coragem", com Jair Rodrigues interpretando o inesquecível tema de abertura composto por Nonato Buzar. E em "Assim na Terra Como no Céu", Nelson Motta dividiu a produção do disco com Roberto Menescal, sempre com o auxílio luxuoso do cast da Philips, que incluía neste disco nomes como Tim Maia, Claudette Soares, Ivan Lins, Maria Creuza e Roberto Menescal.

A Philips vendia horrores e à Globo cabia apenas uma parcela ridícula de royalties na vendagem, o que fez os executivos da emissora chegarem à conclusão de que dava para se criar uma gravadora exclusiva para a arregimentação das trilhas sonoras de todas as suas novelas. Isto posto, Boni determinou que Nelson Motta seria o produtor de todos os discos - como já o era desde 1969. Mas como ele já desempenhava papel semelhante na Philips como produtor, declinou do convite, esperando ouvir do irascível diretor a expressão característica dele.

"Tá na rua, seu merda!"

Mas Boni desta vez não demitiu Nelsinho e respeitou sua decisão. Afinal, ele era um ótimo jornalista de entretenimento que a Globo não podia se dar ao luxo de mandar embora. E foi procurar outros nomes para a empreitada, que começaria com o disco da novela "O Cafona".

E não foi fácil para a recém-criada gravadora Som Livre, pertencente à Sigla (Sistema Globo de Áudio), reunir artistas e músicas para sua primeira experiência. Nonato Buzar amealhou neófitos como Jacks Wu e Betinho, passando por Carlinhos Lyra e até Marília Pera, que cantou a música de sua personagem, Shirley Sexy.

Em "O Cafona", houve também a primeira trilha sonora internacional, com canções estrangeiras e todas de nomes do segundo escalão. Mas a experiência não foi de todo má e continuou em "Minha Doce Namorada" (onde despontou Maria Creuza cantando Você Abusou, de Antônio Carlos e Jocafi), "O Homem Que Deve Morrer" e "Meu Pedacinho de Chão".

A emissora, no entanto, ansiava por um LP que vendesse como água - mas atrelado a uma produção que caísse no gosto popular. "Bandeira 2", de Dias Gomes, se prestou a este papel e o disco nacional foi um sucesso, com o sambão da Imperatriz Martim Cererê e excelentes participações de Cláudia, Maysa, Marlene e também do cantor regional Catulo de Paula.

Mas o espanto foi o disco internacional, com a fina flor da música da gravadora Motown - Rare Earth (I just want to celebrate), Michael Jackson (Got to be there), Marvin Gaye (Mercy, Mercy Me), Diana Ross (Remember Me), Stevie Wonder (Think of me as your soldier) e Jackson 5 (Going back to Indiana) - misturada a nomes como a francesa Mirelle Mathieu e o grupo argentino Los Hermanos Castro, participante do FIC em 1970.

Foi em "Selva de Pedra", no entanto, que uma música estrangeira estourou nas paradas de sucesso. A melosa Rock And Roll Lullaby, de B. J. Thomas - que de rock não tem nada - servia como pano de fundo para o amor de Simone (Regina Duarte) e Cristiano (Francisco Cuoco). Não por acaso, a canção foi escolhida para a cena de encerramento da novela, um grande sucesso de audiência.

Depois de produções pouco inspiradas nas trilhas de "Uma rosa com amor" e "A Patota", a Globo resolveu encomendar a autores específicos o score nacional de suas trilhas sonoras. De novo, lá ia a emissora fazer experiências às custas do seu próprio dinheiro, e com a primeira produção do horário das 22h - "O Bofe".

E a tarefa coube a ninguém menos que Roberto e Erasmo Carlos, que mesmo sendo contratados de outras gravadoras (CBS e Philips, respectivamente), escreveram e compuseram 12 músicas que, evidentemente, foram gravadas por outros artistas - entre eles Elza Soares, Djalma Dias e Os Vips. Sobrou até para Nelson Motta, que interpretou a canção Madame Sabe Tudo.

Para "O Bem-Amado!" foram convocados outros dois cracaços da MPB: Toquinho e Vinícius de Moraes. Eles escreveram pérolas como a censurada Paiol de Pólvora, que seria o tema de abertura, substituído por O Bem-Amado, além de Patota de Ipanema e Meu Pai Oxalá.

Mas, sem dúvida, uma das duplas mais improváveis que a Globo convocou foi Raul Seixas e Paulo Coelho. Juntos, os dois aprontaram um bocado no disco da novela "O Rebu", de 1974. Primeiro, escreveram a provocativa Como Vovó Já Dizia, que continha versos que incomodaram a censura. No entanto, o debochado refrão cantado em coro pelos Golden Boys foi liberado...

Quem não tem colírio... usa óculos escuros, diziam o magro abusado e seu então parceiro.

Raulzito aparece no disco em mais outras três faixas - Um Som Para Laio, Trambique e Água Viva. A estreante Alcione gravou Planos de Papel, o grupo Trama interpretou Vida a Prestação e Betinho deu voz à censurada Murungando. Outro clássico da parceria foi cantado por Fábio, aquele que quer escrever uma bombástica biografia de Tim Maia. A ele coube a música Se o rádio não toca, que parte na defesa da recusa do banal.

Olhando detidamente a lista das músicas, há um porém: nem todas as canções foram da dupla. Basta lembrar de Salve a Mocidade, a música-símbolo da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, cantada anos a fio por Elza Soares.

Amanhã, eu continuo com mais.

Já que não deixaram a gente ouvir...

O solerte Ivan Capelli, dono de um blog com link aqui no Saco de Gatos, já colocou uma postagem com a transcrição da discussão. E foi como eu supunha: com um "na próxima tem troco", desferido por Felipe Massa para Fernando Alonso.

Vejam só como foi:

Massa entra no recinto e Alonso está se arrumando. Os dois se aproximam, fazem alguns cumprimentos e o espanhol diz algo em volume baixo, de costas para a câmera. Faz gestos sobre os toques entre os dois e Felipe começa a falar mais alto: "Na briga pela posição?", e o espanhol responde: "Eu mostrei a todos os espectadores. Assista".

O brasileiro fica revoltado: "Vai à merda! Você vence e faz uma coisa dessas? Você vence e diz uma coisa dessas?".

Alonso responde de forma mais dura: "Você bate em mim, você bate em todo mundo! Isso não se faz".

A réplica de Felipe: "Vê se aprende!! Vê se aprende!", e sai do quadro da câmera. O bicampeão do mundo continua falando com ele: "Vê se aprende você! Bate com todo mundo, faltavam três voltas...", enquanto o piloto da Ferrari volta e senta-se em uma cadeira próxima.

Depois de alguns segundos de silêncio, fazendo gestos irônicos de concordância, Massa levanta novamente, bate nas costas de Alonso e fala algo que não pôde ser totalmente entendido, mas pareceu ser: "Como você fez na primeira corrida, na largada! Aprende, aprende!". Possivelmente, o brasileiro estava se referindo ao toque entre ambos na largada do GP da Espanha deste ano. Neste momento, Herbie Blash, delegado da FIA, se aproxima e pede calma aos dois. Alonso começa a vibrar para a câmera e a discussão se encerra.

E aí, quem tem razão? Massa? Alonso? Ambos? Ou nenhum dos dois?

Vitória de campeão

Fernando Alonso precisava mostrar a Ron Dennis e especialmente a seus três adversários que tamanho investimento em sua contratação valeu a pena. E de suas vitórias neste ano de 2007, como piloto da McLaren, foi sem dúvida a mais saborosa de todas.

Especialmente pelas circunstâncias do chove-pára-chove e muito mais pelo comportamento do asturiano no fim da prova, quando sem dúvida tinha um conjunto melhor que o de Felipe Massa - além de sem dúvida guiar bem mais nesse tipo de condição de piso - o que já se provou em outras ocasiões.

O piloto da Ferrari segurou o quanto pôde e o filme de Barcelona se repetiu. Os dois foram dividir uma curva e ao contrário do que aconteceu em casa, Alonso desta vez trincou os dentes e disse "hoje, não!". Não deu mole a Felipe, acelerou, abriu e venceu. E comemorou muito. Afinal, com o nono lugar de Lewis Hamilton, que hoje errou tudo o que não tinha errado ao longo do ano, a diferença entre os dois pilotos da McLaren é de apenas 2 pontos.

A corrida maluca do GP da Europa colocou a Red Bull no pódio com Mark Webber - o primeiro dele pela nova escuderia; Alex Wurz com um ótimo quarto posto pela Williams; Coulthard marcando quatro pontos depois de sair numa apagada vigésima posição; a BMW marcando mais cinco pontinhos com Kubica e Heidfeld e Kovalainen salvando o último ponto do dia.

Mas o melhor - ou pior - dependendo da ótica, ainda estava por vir: antes da cerimônia de premiação, Felipe Massa e Fernando Alonso discutiram asperamente sobre o incidente. O brasileiro ficou chateado porque a imagem recuperada da TV mostrou o bicampeão fazendo sinal de negativo e balançando a cabeça, quando viu a marca do pneu da Ferrari na lateral de sua McLaren.

Lamentavelmente não deu pra entender o teor da discussão, porque alguém não deixou o telespectador ouvir. Mas ficou clara a irritação de Massa, dando tapinhas nas costas de Alonso como quem dizendo "na próxima, já era pra você". O espanhol deu de ombros, vibrou, deu beijinho na câmera e sua alegria no pódio contrastava com a fisionomia enfezada do brasileiro.

Que fique claro: as relações entre os dois nunca foram muito amistosas, mas a tal rivalidade que insistem em propagar, nunca existiu. Até porque Massa só chegou ano passado ao posto de piloto de grande equipe, enquanto Alonso já tinha brilho próprio desde 2003. E vale lembrar o seguinte: daqui a duas semanas, tem o GP da Hungria, e lá em Hungaroring o espanhol guia como poucos.

É bom Hamilton abrir o olho, senão...

sábado, 21 de julho de 2007

Double dose

Saiu hoje o primeiro calendário da Federação Internacional de Motociclismo (FIM) para o Mundial de Motovelocidade 2008. O formato segue quase o mesmo: estréia no Catar em 9 de março, no circuito de Losail, no meio do nada; encerramento em 2 de novembro na sempre lotada pista de Valência.

Mas há novidades: o GP da Turquia e o espetacular circuito de Istambul lamentavelmente estão fora - dizem que por obra e graça do contrato que foi celebrado há poucos meses e que faz de Bernie Ecclestone o dono do complexo. E como Bernie brigou com o pessoal da Dorna... onde há fumaça, há fogo.

No lugar da prova turca, entra o GP de Indianápolis, marcado para 14 de setembro. E assim, os estadunidenses terão duas etapas do Mundial, tal como a Itália, com os GPs disputados em Mugello e Misano Adriático. A Espanha segue como a maior privilegiada, com três dos 18 eventos, nos circuitos de Jerez, Barcelona e Valência.

E para quem acha que só a MotoGP é que vai correr tanto em Laguna como em Indy, o recado. Nesta última, vão estar as três categorias.

Ah... e neste domingo tem GP dos EUA, com Casey Stoner na pole, dividindo a primeira fila com Dani Pedrosa e Chris Vermeulen. Alexandre Barros, com a mão direita castigada por um ferimento de 18 pontos, larga em 17º, no sacrifício.

Um dia para não esquecer

Ontem, dia 20, celebrou-se o "Dia do Amigo".

Amizade é algo que eu prezo e tenho como prioridade na minha vida, tanto quanto comer, respirar, dormir, tomar banho, beijar na boca e trabalhar - não necessariamente nessa ordem.

Mas foi nessa mesma data, em 2005, que eu tive uma das maiores perdas da minha vida.

Sei que não devemos ficar ralentando as coisas, que isto aqui é apenas um "rito de passagem". Somos mandados a este mundo e quando cumprimos a nossa missão, nos chamam de volta.

Foi assim com o meu pai, que nasceu em 17 de março de 1940, casou-se com minha mãe em 12 de novembro de 1966, foi pai em 19 de maio de 1971, saiu de casa em 13 de junho de 1983 e morreu, aos 65 anos de idade, em 20 de julho de 2005.

Morreu triste, amargurado, porque quis ser um homem solitário. Não tinha amigos - nem o próprio filho poderia ser considerado assim, porque se distanciou tanto dele que por três anos os dois não se falavam mais. Não cortaram relações... houve um mal-entendido qualquer e por teimosia, isto não foi resolvido.

Quis o destino que no leito de morte os dois tivessem uma conversa de tamanho entendimento e emoção que o velho Manoel foi chamado para um plano superior.

Deus quis assim. E só ele sabe o quanto é difícil digerir uma perda sem tamanho e o rosário de coisas que aconteceram depois - e acontecem, até agora.

Clássico!

Quero ver alguém que ainda não tenha ido a uma festa onde toca aquele medley do "Jive Bunny Mastermixes" onde tem Little Richard, Jerry Lee Lewis, Trashmen, Chubby Checker, Big Bopper e outros, dançar e cantar a música do vídeo aqui abaixo.

O cantor é Dion Di Mucci, um dos ícones do doo-wop nos anos 50 e 60, mandando ver em "Runaround Sue". A música é um clássico, uma delícia e eu adoro!

Alguém postou um comentário no Youtube, aliás, sugerindo uma versão punk, mais acelerada.

Será que cabe?

sexta-feira, 20 de julho de 2007

MÓR-REU!

Melhor do que qualquer medalha de ouro que o Brasil ganhou no Pan 2007!

Antonio Carlos Magalhães, ACM ou Toninho Malvadeza, foi desta para pior!

Com certeza não dá pra dizer o contrário, pois quem tem o mínimo de consciência política sabe do quanto esta pessoa foi nociva para o país e principalmente para a Bahia, desde 1954, quando começou como deputado estadual.

Ele ocupou todos os cargos que lhe foram possíveis nas esferas municipal, estadual e federal - incluindo a presidência da república como interino, além de ocupar o Ministério das Comunicações no governo Sarney. Aliás, algo questionável, pois ACM - que começou como jornalista, tinha um conglomerado de jornal, rádio e TV, esta última retransmissora da Globo na Bahia.

Diversas vezes eleito senador, exercia a liderança entre seus pares e conterrâneos com punho de ferro, fazendo crescer o "Carlismo" como tentáculos de polvo. No entanto, sua vida pessoal sofreu dois enormes abalos: o suicídio da filha mais nova e o infarto fulminante de LEM, considerado seu sucessor.

ACM continuou aprontando onde lhe convinha e em 2001, envolveu-se junto com o atual governador do DF, José Roberto Arruda, no rumoroso escândalo da fraude do painel de votação do senado. Orgulhoso, renunciou para não ser cassado por oito anos e ficar inelegível.

Reelegeu-se em 2003 para oito anos de mandato, mas o "Carlismo" sofreu dois rudes golpes: Lídice da Matta (PPS) foi eleita prefeita de Salvador. E seu aliado político Paulo Souto foi derrotado, ainda no primeiro turno das eleições para governador, pelo petista Jacques Wagner.

Desde março, ACM vinha com a saúde bastante abalada, com problemas gastrointestinais e cardíacos. E hoje, 20 de julho, aos 79 anos, o político baiano sai da vida e entra - lamentavelmente - para a história.

Os aliados o reverenciam. Os inimigos não deixam transparecer a alegria e fazem média, como convém nessas situações. Parte da Bahia chora e muitos outros com certeza comemoram.

Mas é bom tomar cuidado. Como uma metástase, a tradição do "Carlismo" continua.

Com ACM Neto.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

É MIL!

Não me dei conta. Mas o post anterior é o de número 1.000 da história deste blog, que começou em fevereiro do ano passado, de forma despretensiosa, para se tornar leitura obrigatória de muita gente.

E como a data merece uma comemoração, que tal um tópico com algumas coisas alusivas ao número?

Por exemplo: o gol 1.000 do Pelé... o milésimo gol do meu Fluminense em campeonatos brasileiros e, claro! - o gol 1.000 do Romário.

Esses dois últimos eu vi.

E o Pelé é o Pelé.





Falcatruas e incertezas

Escândalos não são novidade na Fórmula 1 e todo mundo que acompanha automobilismo sabe disso.

Alguns são acobertados, outros não.

Em 82, Brabham e Williams corriam com os carros abaixo do peso mínimo de 580 kg, exigidos pelo regulamento da época, e nas laterais dos chassis, havia tanques de água que eram enchidos ao fim de cada corrida, justamente para que não fossem desclassificados. A falcatrua foi descoberta e tanto Nelson Piquet quanto Keke Rosberg foram excluídos do GP do Brasil. A crise resvalou na categoria como um todo e os times britânicos - exceto a Tyrrell - boicotaram a corrida de San Marino, que correu o risco de não ter o quorum mínimo de carros exigido na época - que era de 12.

Um ano depois, os franceses da Renault levantaram suspeitas - nunca confirmadas - que a Brabham foi beneficiada no fim do ano, graças ao desenvolvimento de um combustível exclusivo desenvolvido pela Wintershall em colaboração com a BMW, com materiais usados para a propulsão de foguetes. O fato é que a equipe inglesa realmente fez muito mais pontos que Renault e Ferrari nas provas finais, mas não é levado em consideração que Nelson Piquet foi competentíssimo em sua tarefa e os pilotos das escuderias rivais cometeram erros cruciais.

Em 84, outro vexame: a Tyrrell, uma das únicas equipes que começara aquele campeonato usando o vetusto motor Ford Cosworth DFY, remando contra a maré da tecnologia dos turbocomprimidos, foi excluída sumariamente do campeonato, sob a alegação de que seus carros tinham um tanque suplementar com água. Foi descoberto também que o conjunto pesava nada menos que 80 kg a menos que o peso mínimo regulamentar e os pontos de Martin Brundle e Stefan Bellof foram cassados. No ano seguinte, Ken Tyrrell e sua trupe estavam de volta.

Agora, vivemos o rumor do que chamam de "Stepneygate". Eu gosto de ampliar e batizei a confusão de "Stepney-Coughlangate", uma vez que não é só o antigo chefe de mecânicos da Ferrari que tem culpa no cartório. O projetista chefe da McLaren, que teve acesso ao dossiê, também.

Depois da casa arrombada, começam a pulular notícias sobre uma possível exclusão da McLaren do campeonato deste ano - o que Ron Dennis veementemente rechaça. O jornal "As" garante que há uma cláusula no contrato de Fernando Alonso que permite a ruptura do acordo do bicampeão mundial com a escuderia inglesa se sua imagem for arranhada pela má conduta do time inglês. E na próxima quinta-feira, se a McLaren for mesmo punida na reunião do Conselho Mundial da FIA, pode ser que o asturiano esteja livrinho no mercado.

E para piorar as coisas, soube-se hoje que o "número 2" da McLaren, Martin Whitmarsh e o engenheiro Paddy Lowe, tido como o mago da recuperação da escuderia de Woking e do MP4-22, foram afastados de suas funções.

Sei não... mas está me cheirando a vitória da Ferrari no domingo. Isto se não chover, porque aí arrisco uma zebra sem tamanho: a primeira bandeira quadriculada para a BMW.

Será?

"Bolachadas" na Lagoa

Um passarinho dos grandes me cantou a pedra, mas é claro que não vou contar quem são os personagens.

Reza a lenda que um repórter de uma emissora de TV saiu no pau com um funcionário da ISB - a produtora internacional do evento, no último dia de competições do remo, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Os dois teriam discutido asperamente e aí voou porrada pra todos os lados.

Com a finesse que lhes é particular, integrantes da Força Nacional de Segurança entraram no meio, separaram e enquadraram os dois, sendo que o repórter quis dar uma de macho e entrou na "caçapa" graças a uma chave de braço.

Foram parar na delegacia.

Rubens, 16

Agora é oficial. O décimo-sexto ano de Rubens Barrichello na Fórmula 1 foi confirmado nesta quinta-feira, às vésperas do primeiro treino livre para o GP da Europa em Nürburgring.

Não tenho nada - nada mesmo - contra o Rubens. Como pessoa, embora não tenhamos trocado mais do que um "oi" e um "como vai" em alguns eventos em que nos encontramos - principalmente no "Capacete de Ouro" da revista Racing, tenho boas impressões dele. Mas acho que a hora dele na Fórmula 1 já passou - e faz tempo.

A carreira dele é permeada por uma série de equívocos. Ter recusado a ida para a Williams no lugar deixado vago por Ayrton Senna, talvez tenha sido o maior de todos. E dizer não a outra proposta em 2002, para correr junto com Juan Pablo Montoya no ano seguinte, porque na equipe inglesa ganharia muito menos que na Ferrari, outro.

No entanto, quando apostou que daria a volta por cima ao trocar quatro anos de Jordan por uma equipe estreante - Stewart - de reconhecido peso principalmente por ser um empreendimento do tricampeão Jackie Stewart em conjunto com a Ford, foi muito bem-sucedido, embora não tenha sido o piloto que deu à escuderia sua única vitória - em 1999.

Quando assumiu a vaga na Honda depois de seis anos de bons e maus momentos na Ferrari, exagerou no otimismo de quem se auto-intitulou o líder natural em uma escuderia onde era apenas um recém-chegado, enquanto Button por lá estava desde 2003. O resultado foi que o inglês fez mais pontos que Barrichello, além de vencer pela primeira vez - uma alegria que os japoneses não tinham desde 1967.

Agora, o que vai restar a ele?

O que acredito que nenhum piloto da atualidade gostaria de levar consigo... perguntem ao Riccardo Patrese e vocês saberão do que estou falando.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Piloto-tampão

O jornal alemão Bild tinha cantado ontem a pedra e a notícia foi confirmada: Markus Winkelhock corre com o carro #21 da Spyker no GP da Europa neste fim de semana em Nürburgring. Porém, a princípio trata-se de um acordo celebrado somente para essa corrida. Colin Kölles e a turma da equipe holandesa pretendem escolher o piloto que vai guiar para eles até o fim do ano, no intervalo de três semanas até o GP da Hungria.

A família Winkelhock, portanto, está em sua segunda geração na Fórmula 1. O pai de Markus, Manfred, correu em 48 GPs entre 1982 e 1985 pelas equipes ATS, Brabham e RAM, falecendo tragicamente aos 32 anos de idade numa prova do Mundial de Endurance em Mosport, no Canadá.

O tio Joachim, nascido em 1960, entrou na Fórmula 1 em 1989 para fazer figuração na escuderia francesa AGS. Nunca se classificou para correr e abandonou a categoria para correr no DTM, no Superturismo alemão e nas 24 Horas de Le Mans, como piloto oficial BMW. Hoje, aos 47 anos, ele acompanha com carinho a carreira do sobrinho.

Ah... quem escreveu um ótimo artigo sobre a Família Winkelhock foi o companheiro Luiz Fernando Ramos, o Ico. Quem é do meio e acompanha o esporte sabe que ele é o correspondente da revista Racing e colaborador especial do anuário do Reginaldo Leme. Agora, ele vai nos brindar com ótimos "causos" e seu imenso conhecimento com o blog que tem link aqui do lado.

Ico, eu te saúdo. Seja bem-vindo!

terça-feira, 17 de julho de 2007

A campeã das campeãs

Resolvi finalizar a enquete sobre a melhor música campeã de Festivais e já abri outra sobre Beatles. Isto posto, vamos ao resultado final depois de 135 votos somados.

Em décimo - e último lugar - ficou a música "Porta Estandarte", de Geraldo Vandré e Fernando Lona, interpretada por Tuca e Airto Moreira no Festival da Excelsior em 1966, com 2% do total.

"Saveiros", de Dori Caymmi e Nelson Motta e "Sabiá", dos mestres Tom Jobim e Chico Buarque, empataram no oitavo lugar com 4%. Ambas as músicas foram campeãs no FIC - o Festival Internacional da Canção. A primeira foi vitoriosa em 66 e a seguinte em 68.

"Arrastão", de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, que ganhou vibrante interpretação da eterna Elis Regina, ficou em sexto na preferência dos amigos do blog, empatada com "Sinal Fechado" (a minha favorita), de autoria de Paulinho da Viola. A campeã do Festival da Excelsior em 1965 e a última vitoriosa da história dos Festivais da Record, quatro anos depois, somaram 7% cada.

A balada-soul "BR-3", campeã do FIC de 1970 com Tony Tornado e o Trio Ternura ficou em quinto. A canção de Tibério Gaspar e Antônio Adolfo caiu no gosto de 10% dos votantes.

Em quarto, a vibrante "Ponteio", campeã do Festival da Record em 67 derrotando "Roda Viva", "Domingo no Parque" e "Alegria, Alegria", no evento que marcou a consolidação da música popular brasileira como um grande produto de consumo e o surgimento de uma excepcional geração de cantores e compositores. A música de Edu Lobo e Capinam teve 12% do total de votos.

O pódio tem outro empate, agora pelo segundo. A colocação foi dividida entre a marchinha "A Banda", de Chico Buarque, e a música de Jorge Ben, vencedora do FIC de 1972 - "Fio Maravilha". A homenagem ao atacante João Batista Sales, o Fio - do Flamengo, clube do qual Jorge é torcedor fanático, teve 13% - assim como a música que Chico fez pra ver a banda passar.

E a grande campeã, com sobras, é "Disparada", considerada por 27% dos votantes a melhor música vitoriosa em Festivais, entre as 10 propostas por mim. Composição de Geraldo Vandré, "Disparada" foi muito bem interpretada por Jair Rodrigues, que com emoção e segurança levou a música ao título do Festival da Record num empate com "A Banda".

Com vocês, "Disparada".

Esse cara tem muita coisa pra contar...


Olhando assim a foto acima, não dá pra lembrar dele hoje, aos 38 anos de idade.

Mas quem viu um certo filme que do nada sumiu das locadoras, sabe do que e de quem estou falando. Ou não?

Bem... o cara da imagem é Marcelo Ribeiro, que nunca mais teve chance na carreira artística depois de fazer parte de alguns filmes do polêmico diretor Walter Hugo Khouri (1929-2003) e hoje trabalha com treinamento de técnicos de informática.

Pronto. A dica acima ajudou? Se não, então lá vai:

Marcelo era o menino que tem cenas, digamos, fora do padrão, com Matilde Mastrangi, Vera Fischer e especialmente com Xuxa - ela mesma, a auto-intitulada Rainha dos Baixinhos, em Amor Estranho Amor.

Não fora o primeiro filme de Marcelo, que um ano antes fez cenas sensuais (segundo ele) com a atriz estadunidense Kate Lyra em Eros, o Deus do Amor, do mesmo Khouri. Como houve grande repercussão na época, ele foi aproveitado na produção seguinte.

São clássicas as cenas dele com Xuxa, que lhe dizia coisas do tipo "eu sou uma ursinha macia... olha como eu sou macia..." e daí pra diante. Mas Marcelo se sente privilegiado por ter visto despidas ou quase, duas das mulheres mais desejadas da época.

- A Matilde Mastrangi, meu Deus do Céu, era um mulherão! - lembra.

Na produção, que tinha entre outros atores, nomes consagrados como Tarcísio Meira, Moacyr Deriquém e Walter Forster, a personagem vivida por Marcelo relembra sua infância nos anos 30, onde a mãe (Vera Fischer) era dona de um bordel de luxo onde Xuxa e Matilde Mastrangi faziam duas das prostitutas que trabalhavam na casa.

Segundo o próprio Marcelo, os cartazes promocionais do filme tinham alusão ao incesto - o que era o que de fato o filme preconizava. Mas quando Xuxa explodiu na Rede Manchete como "Rainha dos Baixinhos", Amor Estranho Amor foi imediatamente lançado em vídeo o e o cartaz tinha a loira seminua, em primeiro plano em relação aos outros artistas.

Como resultado, as fitas foram varridas do mapa e o filme nunca mais pôde ser exibido no Canal Brasil, da Globosat.

Mas com alguma sorte, dá pra achar as peripécias do então menino Marcelo com tanta mulher gostosa junta, nos eMules e Soulseeks da vida.

Ecos da vaia

O sempre atento Bruno Vicaria deu a dica: Gilberto Dimenstein, conhecido e respeitado articulista da Folha de S. Paulo escreveu sobre a vaia ao presidente Lula na última sexta-feira.

Reproduzo aqui o artigo, na íntegra.

Lula merecia essa vaia?

O problema da vaia no Maracanã foi a falta de foco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não merecia recebê-la sozinho.

O que merecia mesmo uma vaia (ainda muito maior do que a que deixou o presidente constrangido) é o desrespeito com o dinheiro público, esporte no qual somos campeões. Previa-se, inicialmente, gastar R$ 409 milhões nos jogos Pan-Americanos, que seriam bancados, diziam, em boa parte pela iniciativa privada. A conta saiu no final por R$ 3, 7 bilhões. É daquelas situações que mostram como fazem dos contribuintes um bando de tontos.

Simbolicamente, qualquer esfera de governo --federal, estadual e municipal-- envolvida nessa conta merecia a vaia, por estar, digamos, trapaceando ou, no mínimo, jogando pessimamente mal. Como o presidente participou dessa jogada, uma vez que o dinheiro saiu dos cofres federais, ele deveria mesmo ter levado uma vaia. Só que precisariam, na mesma medida, constranger os representantes dos governos estadual e municipal.

Deveriam aplicar uma vaia coletiva. Só fico imaginando quanto sairá o custo se a Copa do Mundo for aqui em 2014.

Faz sentido.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Coisa "do Demo"



O vídeo postado aqui em cima não nos deixa dúvidas. A vaia direcionada ao presidente Lula já estava "prevista" no "roteiro" da Cerimônia de Abertura do Pan. Obra e graça do odioso CEM, o prefeito que abraçou a causa dos jogos como um bêbado abraça uma garrafa de pinga e fez deles a sua plataforma de campanha para se reeleger para mais um mandato como alcaide da Cidade Maravilhosa.

Os paraibanos não têm culpa e os respeito muito, porque como eu são brasileiros. Mas, honestamente, por que um cidadão nascido em Catolé do Rocha vem fazer carreira política numa das locomotivas do poder no país? CEM teve um "professor" à altura pois seu padrinho no meio é um gaúcho que se fixou aqui: Leonel Brizola.

A vaia foi um dos muitos instrumentos dos quais CEM se valeu para poder massacrar o presidente em seu "território", pois é sabido que nas duas eleições para presidente que Lula venceu, no Rio ele teve mais votos que Serra e Alckmin e o eleitor carioca e fluminense sempre lhe teve simpatia. O problema é que com o apoio popular a Lula e especialmente ao governador Sergio Cabral, é mais conveniente que o candidato a prefeito apoiado por ambos seja neutralizado exatamente por este instrumento de manobra que foi a claque montada para vaiar Lula.

E se não basta essa prova, outros questionamentos surgem para nos colocar mais pulga atrás da orelha. Que o diga o artigo que transcrevo do Blog do Gadelha (sem nenhum trocadilho!).

Já não existem muitas dúvidas de que foi realmente o Prefeito Cesar Maia (DEM, ex-PFL) que orquestrou a vaia anti-Lula e os aplausos para ele mesmo. Inúmeros jornalistas presentes perceberam o movimento, inclusive correspondentes estrangeiros. Eduardo Guimarães, no cidadania.com, mostra os índícios:

Aos poucos, vai ficando mais claro o por que das vaias a Lula na abertura dos Jogos Pan-Americanos. Tenho a esperança de que algum órgão de imprensa independente vá fundo nesse assunto, porque os indícios de que o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), usou dinheiro público para tentar desmoralizar Lula, são gritantes. Há testemunhas que relatam indícios que precisam ser investigados. (...).

Vamos aos indícios: 1º - A mídia está divulgando que os preços dos ingressos para a cerimônia de abertura do Pan ficaram entre R$ 20 e R$ 250. O objetivo é claro: pretende-se insinuar que os que vaiaram Lula são de todas as classes sociais. Não é bem assim. Segundo o portal Globo.com, os preços das entradas da Abertura do Pan foram de R$ 20, R$ 100, R$ 150 e R$ 250. Contudo, já no dia de abertura da venda de ingressos nas bilheterias do Maracanã, os de R$ 20 já estavam esgotados. Só havia os mais caros. Não se sabe, ainda, onde foram parar os ingressos “populares”. Mas há indícios, como vocês verão no 2º item.

2º - Estão me chegando incontáveis relatos de que o prefeito Cesar Maia (PFL) promoveu ampla distribuição dos convites mais baratos para funcionários da prefeitura do Rio, sobre os quais ele detém poder de coação. Uma boa investigação descobrirá facilmente se o povão carioca não pôde assistir a cerimônia de abertura do Pan porque os ingressos de preços populares, que custam dinheiro público, foram entregues à claque de Maia.

3º - Estou recebendo vários relatos de que no dia da cerimônia de abertura do Pan, uma expressiva quantidade de ônibus lotados de funcionários da prefeitura do Rio saíram dessa mesma prefeitura rumo ao Maracanã. Com que ingressos os servidores públicos foram ao estádio se tais ingressos estavam “esgotados”? E por que saíram DA PREFEITURA?

4º - Há, no Youtube, um vídeo (postado ali acima) que mostra que as vaias a Lula foram “ensaiadas” um dia antes da cerimônia de abertura do Pan. Luiz Carlos Azenha divulgou em seu site o link para o vídeo.

Desde o começo, Cesar Maia tratou de transformar o PAN 2007 em sua bandeira política. Sem ter o que transferir para seu apadrinhado na próxima eleição municipal, ele se agarrou ao PAN com unhas e dentes. E fez um bom trabalho. Mas ele precisava ir além. Não podia permitir que Lula continuasse com aprovação crescente no Rio. Todas as pesquisas mostravam que Lula, junto com o Governador Sérgio Cabral (PMDB), era o nome que detinha maior confiança do eleitorado na indicação do candidato a Prefeito em 2008.

E a presença de Lula, com todo o peso do investimento Federal, só contribuiria para aumentar essa força, exatamente no terreno de Cesar Maia. A vaia a Lula era uma necessidade, principalmente porque teria todo o apoio da mídia conservadora. Está na cara que ela foi planejada, e muito bem planejada. Mas o autor deixou rastro.


Não só deixou rastro, como merece ter seu nome trocado para Cesar Vaia.

Realmente, uma armação que é coisa "do Demo".

Em parafuso

A Honda é uma equipe sem rumo. Nesta segunda-feira, foi anunciada a saída de Gil de Ferran do posto de diretor esportivo, que ele ocupava desde 2005.

Naquela época, a equipe enfrentava problemas de confiabilidade, ainda sob a égide da British American Racing (BAR). Houve o escândalo da desclassificação no GP de San Marino, quando os carros correram com o peso mínimo abaixo do limite estipulado pelo regulamento - episódio que custou à escuderia uma suspensão de duas corridas. Depois aconteceu a recuperação que levou a escuderia ao sexto lugar no Mundial de Construtores.

Ano passado, com Rubens Barrichello e Jenson Button formando a dupla e já com a Honda inteiramente no comando, as coisas melhoraram - mas não muito. Só no segundo semestre a equipe evoluiu e Button conquistou a vitória no GP da Hungria. As performances do britânico foram geralmente melhores que as de Barrichello e os japoneses fecharam o ano com um desempenho ainda melhor que em 2005 - quarto lugar.

Mas na atual temporada, o desencontro é total. Em nove provas disputadas, um solitário ponto - a Super Aguri, time B dos japoneses, soma quatro. O modelo RA107 é deficiente e considerado um dos piores carros do ano. E ainda é alvo de constante chacota por causa da pintura imitando o planeta terra. Dizem que é o "Eca-Honda", que o carro sofre com o aquecimento global, e por aí vai...

Para piorar, consta que Nick Fry seja o vértice do rumoroso caso do "Stepney-Coughlangate" onde o engenheiro da McLaren teria recebido um dossiê de 780 páginas sobre a parte técnica da Ferrari.

O certo é que, sem comando, a Honda não vai a nenhum lugar. Fry afastou Geoff Willis, o projetista-chefe (que depois pediu demissão) e o substituiu pelo inexpressivo Shuhei Nakamoto. Vários nomes têm sido chamados para ingressar o corpo técnico da escuderia com sede em Brackley, entre eles Loic Bigois (ex-Williams) e Jörg Zander (ex-BMW). Mas se esquecem que sem um homem com um mínimo de experiência e vivência no meio automobilístico, não irão a nenhum lugar.

Gil era esse homem, sem dúvida. O problema é que ele esteve sempre no cargo certo, mas no momento e na equipe errados.

domingo, 15 de julho de 2007

Não sou eu quem está dizendo isso...

... mas o companheiro Américo Teixeira Júnior, assessor de imprensa da Confederação Brasileira de Automobilismo já soltou essa em seu blog, na sexta-feira 13 - que vocês sabem bem teve o quê.

AUTÓDROMO DO RIO
Essa história ainda não acabou

Às vésperas do início das competições dos Jogos Pan-americanos, no Rio de Janeiro, o desejo de sucesso para os atletas brasileiros é total, mas nem por isso devemos nos esquecer de algumas coisas, o Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá, por exemplo.

A Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro assinou um acordo judicial que exigia a liberação do autódromo para provas regionais e nacionais. Depois de tanto atrasar o cumprimento dessa etapa, a pista, enfim, foi liberada em novembro do ano passado.

Passados os Jogos, há os outros itens a serem cumpridos. Vale lembrar que a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por intermédio de seus representantes em audiência realizada em 23 de março de 2006 no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, aceitou oficialmente a proposta conciliatória da Juíza da 6ª Vara da Fazenda Pública, Dra. Jacqueline Montenegro.

Eis a íntegra:

A - O Município se compromete a realizar a licitação e iniciar a execução das obras até junho de 2008, relativamente à variante A e todas as obras constantes do projeto na parte que diz respeito à recuperação do autódromo naquilo que for necessário à realização de competições automobilística de nível internacional, especialmente Fórmula 1, tal como autorizado na Licença de Instalação LI nº FE009525, que fora inicialmente objeto de licitação vencida por Rio Sport Plaza e que foi devidamente autorizada pela CBA;

B - O não início da execução das obras até o dia 1º de julho de 2008 acarretará aplicação de multa diária de R$ 1.000,00, valor que deverá ser corrigido a partir da data da formulação da proposta;

C – O Município se compromete a concluir as obras em 14 meses;

D - O atraso na conclusão das obras implicará na obrigação do Município em apresentar justificativas;

E – O Município se compromete a deixar as pistas do Autódromo Internacional Nelson Piquet em condições de realizar competições regionais e nacionais até o início das obras relativas à Variante A, reservando-se, contudo, ao direito de avaliar a possibilidade de realização de cada uma das competições previstas.

Portanto, àqueles que consideram esse "jogo" perdido, fica a certeza de que ele está apenas começando.

Ansioso, esfrego as mãos esperando pelo que vai acontecer...

É... quem diria!

Alguns dias atrás, malhei mesmo a seleção brasileira depois da derrota na estréia da Copa América contra o México.

Também pudera: atuação medíocre, medrosa, sofrível, de um time já limitado dentro e fora de campo e altamente questionado pelas opções táticas do treinador Dunga.

Com dificuldade, este time foi para as quartas-de-final onde de forma impiedosa mandou o Chile para casa.

Com dificuldade, classificou-se para a decisão depois de um empate contra o Uruguai e uma sofrida decisão nas penalidades máximas.

E eis que com uma facilidade impressionante, esta mesma seleção de Dunga, repleta de jogadores limitados tecnicamente - com as honrosíssimas exceções do craque Robinho e do bom Júlio Baptista - passeou neste domingo em Maracaibo contra a eterna rival Argentina e pela terceira decisão consecutiva contra eles, fomos campeões.

Ah... a Argentina! Tida como a melhor seleção da Copa América, com cracaços do nível de Riquelme, Messi, Carlitos Tevez, Verón e, vá lá, Mascherano - que é um excelente volante.

Mas eles têm um calcanhar de aquiles e dos grandes: o setor defensivo.

Não foi à toa que, excetuando os jogos em que não sofreram gols com o time completo - contra Peru e México, pois contra o Paraguai entrou um time misto - a Argentina sempre saiu perdendo. Virou contra EUA e Colômbia e achou que na hora que quisesse faria o mesmo na decisão.

Afinal, depois do golaço de Júlio Baptista aos 4 minutos de jogo, os gringos devem ter pensado o seguinte. "Carajo... solamente con nuestro toco y me voy, ganamos este partido".

Doce ilusão: Riquelme mandou um canhão na trave e alguns minutos depois, chutou uma boa bola para Doni defender. E só.

Messi? Ninguém viu em campo...

O que se viu foi a linha defensiva formada por Ayala e o limitadíssimo Gabriel Milito batendo cabeça a ponto do primeiro se antecipar num cruzamento de Daniel Alves e jogar contra o próprio patrimônio, para o total desespero do goleiro Pato Abbondanzieri.

A Argentina acusou o golpe e no segundo tempo foi presa fácil para o terceiro gol, saído de uma inteligente jogada de Vágner Love - a única coisa útil que ele fez em seis partidas em todo o torneio - que serviu para o gol de Daniel Alves.

Dunga conquista em pouco mais de um ano como treinador da seleção um importante título, sem nenhuma dúvida. Mas se ele se acha inteligente o bastante para manter o seu emprego, é bom que ele deixe de implicar com jogadores de exceção como Kaká e Ronaldinho Gaúcho, mantidos constantemente na reserva sob seu comando, em diversos jogos amistosos.

Porque aturar gente do nível de Elano, Fernando e Josué vestindo a amarelinha, não dá.