quinta-feira, 29 de junho de 2006

Carta Aberta ao Pelé ou "Em boca fechada não entra mosca"

Prezado Pelé,

Você enquanto jogador foi o maior de todos. Isso não tem como negar.

Vi o filme "Pelé Eterno" e por mais que Maradona diga o contrário, você não tem parâmetro com nenhum outro jogador de futebol do mundo todo. Desde que o mundo é mundo.

Seus mais de mil gols, dezenas de títulos, a artilharia máxima da história da seleção brasileira, só mostram o seu valor como atleta.

Fazer o futebol ser popular num país que se acha diferente de todos os outros, como foi o caso dos EUA, só podia ser tarefa sua, Pelé.

Todavia, fora do campo, ao abrir a boca... hummmm... aí o buraco é mais embaixo.

Às vésperas da Copa de 94, inebriado pela campanha escandalosamente boa da Colômbia nas Eliminatórias, você apontou o time de Valderrama e René Higuita como... favorito ao título!

Ovo gorado... a Colômbia jogou o futebol de sempre, ou seja, nenhum. E foi eliminada.

Na Copa seguinte, Pelé, apostastes suas fichas em Michael Owen como a grande revelação da Copa. Você deu sorte: o moleque era muito bom de bola. Mas não jogou o suficiente para eliminar a Argentina. E a Inglaterra deu bye-bye na Copa da França.

Disparou um petardo em cima de Romário (logo quem!), dizendo que o baixinho já poderia ter pendurado as chuteiras sem passar por pagações de mico. Dono de uma língua ferina, metralhadora giratória pura, o artilheiro retrucou.

"Pelé calado é um poeta."

E é melhor pra você, Pelé, que continues calado.

Dois dias antes do decisivo jogo contra a França, eis que você, o atleta do século XX, diz que o Brasil vai perder para a França! E que é um "mau pressentimento"!

Mau pressentimento? E desde quando a França ganghou "os dois últimos jogos em Copas", como você mesmo diz?

Em 1986 foi empate. E a decisão foi para os pênaltis. E como todo mundo sabe, pênalti é loteria.

Em 98 de fato foi um desastre sem precedentes.

Mas na hora em que mais precisamos de torcida, você me sai com essa Pelé?

Torcendo contra?

Faça-nos um favor: prive-nos dos seus comentários idiotas.

E caso o Brasil derrote a França, como eu acredito que vai acontecer, recolha-se ao posto de atleta do século passado e volte pra casa.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Alcides Diniz (1943-2006)

Passeando como sempre faço no Blig do Gomes (link aqui ao lado), deparei com um tópico sobre a morte de Alcides Diniz.

Algo que já era mais ou menos esperado.

Em janeiro, quando estive em Interlagos acompanhando as Mil Milhas, se sabia que ele lutava contra um câncer e que dificilmente teria como sobreviver.

Tive muito pouco contato com ele. Sei que em 1970, ao lado do irmão Abílio (pai do Pedro Paulo), venceu as Mil Milhas com uma Alfa Romeo GTAM da lendária escuderia Jolly-Gancia.

Sei também que ele tinha uma pista particular em sua fazenda - aliás, uma bela pista, dizem - e vários carros de sonho. Entre as relíquias de seu acervo, um Ford GT40, diversos Mercedes DTM, um Lister Jaguar e um Aston Martin DBR9, comprado junto à Prodrive ano passado.

A única vez em que pudemos conversar alguma coisa e muito rapidamente foi em 2004. Naquele ano, ele venceu com Paulão e Pedro Gomes os 500 km do Rio de Janeiro, válidos pelo Brasileiro de Endurance. E ele foi muito atencioso com toda a equipe de reportagem do Sportv.

Muito diferente do homem que, dizem, ajudou Fernando Collor na famosa "Operação Uruguai".

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Injustiça em dobro

Por vezes ouvi dizer que o futebol é um esporte tremendamente injusto.

Faltava isso acontecer na Copa da Alemanha. Hoje, foram injustiças em dobro.

Pobres seleções da Austrália e da Suíça...

Guerreiras, limitadas tecnicamente, mas batalhadoras. Os Socceroos fizeram muito mais do que se esperava deles depois de 32 anos fora de um Mundial.

Os suíços se orgulhavam de seu paredão defensivo - nenhum gol sofrido em 270 minutos na primeira fase.

E eis que as duas equipes já compram as passagens de volta para casa.

Até gostaria de vê-las numa improvável partida de quartas-de-final. Onde estaria a graça do esporte se não houvesse uma zebra do tamanho do mundo? Se as duas seleções passassem adiante, poderíamos dizer que nesta Copa, sim, houve surpresas - que até agora não aconteceram e duvido muito que venham a acontecer.

Os australianos podem culpar o soprador de apito (ops... árbitro) Luis Medina Cantalejo, que inventou um pênalti em Grosso aos 48 do segundo tempo. Típica decisão pra matar o torcedor - italiano e australiano - do coração.


A imagem é clara quando mostra que o lateral da Azzurra tropeça nas pernas do zagueiro Lucas Neill. Totti cobrou a penalidade e fez o gol que classificou a covarde seleção italiana entre as oito melhores desta Copa. Um tremendo castigo para os australianos, que jogaram melhor mas não tiveram chances cristalinas de conclusão.

À tarde, a novela se arrastou até a prorrogação e depois para as cobranças de pênaltis - o que não acontecia desde a final da Copa dos EUA, quando exorcizamos nossos fantasmas derrotando a Itália.

A Suíça ampliou seu recorde para 390 minutos invicta. O goleiro Zuberbühler começou herói defendendo um pênalti cobrado por Andriy Shevchenko. Mas não pôde fazer mais nada diante da incompetência de Streller, Barnetta e Cabanas.

Um por um, os helvéticos desperdiçaram suas cobranças. E os ucranianos a seguir foram mais felizes. Gusiev executou o tiro de misericórdia que deixa de fora a única seleção que sai da Alemanha sem ter levado um gol sequer no tempo regulamentar.

"Contra os canhões, marchar, marchar!"

Não vou cair no lugar-comum.

Podia chamar a partida entre Portugal e Holanda, neste domingo, de "A Batalha de Nüremberg".

Uma comparação vã com a famosa Batalha de Berna - o jogo entre Brasil e Hungria na Copa de 54, quando enfim começamos a dar adeus ao nosso eterno complexo de vira-latas.

Portugal parece querer exorcizar esse complexo na Alemanha.

Com garra e coração na ponta da chuteira, os guerreiros de Felipão arrancaram uma vitória histórica contra a Holanda, que coloca a pátria-mãe frente a frente com a Inglaterra nas quartas-de-final.

Foi o jogo mais escamado e talvez o mais emocionante do Mundial.

O árbitro Valentin Ivanov cumpriu à risca o seu papel. Logo na primeira entrada duríssima, do holandês Van Bommel, cartão amarelo. Ele fez o movimento de tirar os cartões do bolso e exibi-los nada menos do que 20 vezes - foram dezesseis amarelos e quatro vermelhos, um recorde negativo nesta Copa.

A Holanda foi uma pálida sombra do futebol forte e competitivo que sempre exibiu desde o Carrosel de Rinus Michels em 74. Van Basten abdicou da técnica no meio-campo, expurgando do elenco vários jogadores negros, como Davids e Seedorf. Um, o coração. O outro, o cérebro de um time que podia fazer bonito e não fez.

Pior: engoliu Van Nistelrooy em péssima forma física e só teve coragem de tirá-lo do time no jogo de vida ou morte para os súditos de Guilherme de Orange. Não podia dar mesmo certo.

Para completar, o botinudo Bouhlarouz, que tirou Cristiano Ronaldo do jogo com uma entrada criminosa, resolveu equilibrar as coisas depois que Costinha foi expulso infantilmente ao cortar um passe com a mão. Deu uma porrada em Figo e foi embora do campo mais cedo.

A partir daí o jogo virou batalha campal. Ninguém economizava nas divididas e chuteiras com travas eram acessório indispensável. Novas expulsões aconteceram: Deco e Van Bronckhorst, que terminaram o jogo conversando - provavelmente com o holandês pedindo desculpas em razão de uma pegada duríssima em cima do brasileiro que defende a seleção portuguesa.

Felipão, desesperado no banco durante os acréscimos, torcendo para a Holanda não levar o jogo para a prorrogação, comemorou e muito a permanência de sua invencibilidade em Mundiais. Já são 11 vitórias para o antigo treinador da seleção brasileira, invicta em 2002, assim como Portugal nesta Copa.

Já pensaram se Felipão e o Brasil se cruzarem na semifinal para decidir quem chega à 13ª partida seguida sem perder?

Desde já, parabéns à seleção de Portugal pela brilhante classificação.

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!

Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que hão de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

sábado, 24 de junho de 2006

Copa é o catzo!


Adoro futebol... mas já estou cansado de bola.

Quero ouvir motor roncando, gasolina e pneu queimando.

Apesar do Sportv não chamar durante a Copa nenhum dos eventos paralelos, hoje teve o Mundial de Moto em Assen, na Holanda.

Como bem disse o Fausto Macieira durante a transmissão, transformaram a Basílica do esporte numa igrejinha meia-boca.

O circuito Van Drenthe era um dos mais espetaculares do mundo. Tinha 23 curvas, 6,049 km e era o teste definitivo para mostrar quem é ou não é do ramo.

Ano passado a pista já fora mexida. E em 2006, sofreu obras - para pior. O traçado ficou com 4,555 km - inócuo e sem grandes trechos de velocidade plena, pensei.

Mas queimei minha língua. O GP da Holanda manteve a tradição.

Primeiro em razão do grid bizarro, com a Suzuki na pole position e Valentino Rossi, o grande, em último.

Isso mesmo: Valentino em último - mas para isso acontecer, só mesmo de mão e pé quebrados, como foi o que ocorreu.

A corrida então foi atípica. Em dado momento, brigavam pela vitória três pilotos que ainda não atingiram o alto do pódio na MotoGP - Edwards, Nakano e Hopkins - contra Nicky Hayden, tido pela imprensa espanhola como 'medíocre'. Ora, ninguém é 'medíocre' sendo líder do campeonato - mesmo sem vencer este ano até então.

Enquanto Rossi fazia o possível com uma manete adaptada na mão direita, lá na frente o pau comeu solto e depois que os Bridgestone deixaram Hopkins na mão e Nakano distante, Hayden e Edwards partiram para o téte-a-téte.

Foi um espetáculo de tirar o fôlego. Hayden fez uma ultrapassagem corajosa no fim de uma reta e Edwards saiu pela escapatória. Mas o texano não se deu por vencido. Deu o bote na última volta, ultrapassou e... caiu!

Para seu azar, enquanto Hayden ia pela brita, Edwards beliscou a grama depois da zebra. E aí perdeu o controle, se estabacando no chão.

Imaginam a cena?

Hayden, o 'medíocre', venceu e é muito líder deste campeonato que, se não tem uma quantidade grande de pilotos na pista, tem emoção de sobra!

E querem mesmo saber?

Copa é o catzo!

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Socceroos nas oitavas!



O Gato Mestre avisou e ninguém foi na dele.

E não é que a Austrália, contrariando toda sorte de prognósticos, chegou nas oitavas-de-final?

Os Socceroos não têm um time brilhante. Mas foram guerreiros o bastante para arrancar contra a Croácia um empate que parecia impossível.

Olho neles! Podem acabar se tornando a grande zebra desta Copa como foi a Coréia em 2002.

O treinador é o mesmo: o experiente e espertíssimo Guus Hiddink, que conta com bons jogadores como Kewell - que finalmente disse ao que veio, além dos grandalhões Viduka, Kennedy e Aloisi, as armas do jogo aéreo.

Afora uma defesa de pegada fortíssima e por vezes violenta.

Itália e Austrália promete ser um jogo escamadíssimo e os Socceroos terão a minha torcida!

***

O jogo entre Austrália e Croácia, mais do que representar uma inédita classificação para os Aussies, foi marcado pelo bizarro.

O árbitro Graham Poll cometeu a façanha de dar três cartões amarelos a um mesmo jogador!

Isso mesmo! O zagueiro Josip Simunic levou um segundo amarelo aos dezessete minutos do segundo tempo - e automaticamente deveria ser expulso.

Sem se dar conta, evidentemente, Poll seguiu o jogo e não mandou o croata para fora do jogo. Aí aos 48 do segundo tempo, mostrou um terceiro amarelo a Simunic, expulsou-o e em seguida encerrou a partida.

Afora que o inglês fez vista grossa para dois pênaltis claríssimos que os australianos têm toda razão em reclamar.

Carlos Eugênio Simon faz escola nesta Copa...

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Loser

Vejam só essa... Zico Eliminado tem treze letras!

E em homenagem a este pé-frio, vamos cantar em coro uma música que Beck Hansen compôs há quase oito anos - pensando no que viria em 2006.

LOSER

In the time of chimpanzees
I was a monkey
Butane in my veins
So I'm out to cut the junkie

With the plastic eyeballs,
Spray-paint the vegetables
Dog food stalls with the beefcake pantyhose

Kill the headlights
And put it in neutral
Stock car flamin' with a loser
And the cruise control

Baby's in Reno
with the vitamin D

Got a couple of couches,
Sleep on the love-seat
Someone keeps sayin'

I'm insane to complain
About a shotgun wedding

And a stain on my shirt
Don't believe everything that you breathe
You get a parking violation
And a maggot on your sleeve

So shave your face
With some mace in the dark
Savin' all your food stamps
And burnin' down the trailer park

(Yo. Cut it.)

Soy uno perdedor*
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(Double-barrel buckshot)
Soy uno perdedor*
I'm a loser baby, so why don't you kill me?

Forces of evil in a bozo nightmare
Banned all the music with a phony gas chamber
'Cuz one's got a weasel

And the other's got a flag
One's on the pole, shove the other in a bag
With the rerun shows

And the cocaine nose-job
The daytime crap of the folksinger slop
He hung himself with a guitar string
Slap the turkey-neck

And it's hangin' from a pigeon wing
You can't write if you can't relate
Trade the cash for the beef
For the body for the hate

And my time is a piece of wax
Fallin' on a termite
Who's chokin' on the splinters

Soy uno perdedor*
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(Get crazy with the cheeze whiz)
Soy uno perdedor*
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(Drive-by body-pierce)

(Yo, bring it on down)

Soooooooyy....[chorus backwards]
(I'm a driver, I'm the winner;Things are gonna changeI can feel it)
Soy uno perdedor*
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(I can't believe you)
Soy uno perdedor*
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
Soy uno perdedor*
I'm a loser baby, so why don't you kill me?
[repeat](Sprechen sie Deutches, baby?)
Soy uno perdedor*I'm a loser baby, so why don't you kill me?
(Know what I'm sayin'?)

Separados no nascimento

A ótima revista Mundo Estranho trouxe em seu endereço eletrônico a brincadeira dos "separados no nascimento". Tema: a Copa da Alemanha.

Só não concordo com o 'clone' do Leslie Nielsen. Quem é muito mais parecido com ele é o técnico da Itália, Marcello Lippi.

Como bem frisou o amigo Anderson Baltar em seu ótimo blog "Eu Sou Eu, Cara!" (que tem link aqui), o Karel Brückner está mais pro saudoso Costinha.

E eles não incluíram no rol o lateral da Inglaterra, Aaron Lennon, que é o Djalminha cuspido e escarrado.

Vejam os 'clones da Copa'. E divirtam-se.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Ah, o dia 21 de junho...

Mortos vão se levantar das tumbas para lembrar o que aconteceu há 36 anos.

Eu nem era nascido - vim para este mundo em 1971.

Mas sei e todos nós que gostamos de futebol ou torcemos pela seleção sabemos que em 21 de junho de 1970, ganhávamos da Itália por 4 x 1 no México para conquistar definitivamente a Taça Jules Rimet.

Foi uma exibição de antologia, especialmente no segundo tempo, quando Pelé e cia. aproveitaram que a resistência física dos italianos atingira o seu limite.

Ninguém esquece, naquele jogo, do gol de cabeça de Pelé, o "Deus de todos os Estádios", como bem definira o saudoso locutor Waldir Amaral.

O zagueiro Burgnich, certa vez foi perguntado sobre aquele gol e ele respondeu.

"Eu subi para cabecear e quando desci, Pelé ainda estava no ar."

Viu Dadá... não são apenas você, beija-flor e helicóptero a pararem no ar não...

***

Em contrapartida, quem é da minha geração viveu, dezesseis anos depois, um momento de tristeza do nosso futebol.

Brasil x França, no Estádio Jalisco. Um jogo dramático, com todos os ingredientes de um grande espetáculo de futebol. E que por conta da incompetência de alguns dos nossos jogadores (especialmente Zico e Sócrates) e dos franceses, que literalmente "cozinharam o galo", a partida foi para os pênaltis.

O mesmo Sócrates que perdeu um gol debaixo das traves, cobrou um pênalti de forma ridícula para Joël Bats defender.

A França seguiu em vantagem até que, ora vejam, o craque Michel Platini mandou uma bola para o espaço.

Aí veio o zagueiro Júlio César, no fulgor dos seus 23 anos, para cobrar o pênalti que seria decisivo.

Até ali o jogador do Guarani de Campinas fazia uma Copa impecável. E com uma bomba, na trave, nossas esperanças ficaram nas mãos do goleiro Carlos e num erro do meio-campo Luis Fernandez.

Nada feito.

Fernandez, mesmo cansado, cobrou bem e deslocou Carlos, eliminando o Brasil daquela Copa.

Era o fim de uma geração que já fracassara em 82 e que Telê Santana insistiu em pôr jogando no México.

Tal como em 5 de julho, quatro anos antes, choramos a dor de mais uma derrota.

E nos emocionamos com as lágrimas derramadas, em pleno Jornal Nacional, pelo então apresentador da Globo, Fernando Vannucci.

O gol 2.000

Suécia e Inglaterra protagonizaram um jogo histórico ontem na Copa da Alemanha.

Menos pelo empate em 2 x 2 que classificou as duas seleções para as oitavas-de-final.

É que saiu o gol de número 2.000 em dezoito edições do evento.

Não foi um gol sem emoção como o milésimo, onde Rensenbrink cobrou um pênalti pra diminuir o marcador na derrota da Holanda para a Escócia em 1978.

Tampouco como o de Cláudio Canniggia, que arrancou da linha divisória, evitou as botinadas dos nigerianos e fez o gol 1.500, há doze anos.

E o autor do gol de ontem era um dos atletas mais subestimados do elenco sueco.

Marcus Ällback, 33 anos, em sua terceira copa, entrou pra substituir o nulo Ibrahimovic, que em duas partidas nada fizera pelos nórdicos.

No jogo contra o Paraguai, Ällback fora decisivo quando deu um passe de cabeça para Ljungberg marcar o gol da vitória. E agora, contra os ingleses, o experiente jogador entra para a história dos Mundiais.

***

Por falar em Inglaterra, é pena que não veremos mais o talento de Michael Owen em campo.



O meia-atacante se lesionou gravemente no joelho direito logo no comecinho do confronto contra os suecos. Exames de ressonância indicaram ruptura de ligamentos cruzados e o jogador, que já retornou à Inglaterra, ficará cinco meses fora dos gramados. Um problemão para o Newcastle, atual clube de Owen.

Para azar dos súditos da Rainha, Wayne Rooney, que deixou o campo ontem chiando horrores por ser substituído por Gerrard (que logo depois que entrou fez um gol, de cabeça), o boneco de posto Peter Crouch vai assumir a posição de Owen no ataque inglês.

terça-feira, 20 de junho de 2006

Incógnitos e Velozes


Eu não sei de quem é a culpa.

Mas não consigo conceber o fato das provas de Endurance serem relegadas a segundo plano no Brasil.

Querem um exemplo? Sábado aconteceu a primeira etapa do Brasileiro, as 3 Horas de Tarumã, no autódromo localizado em Viamão, na Grande Porto Alegre.

E alguém aí ficou sabendo?

Alguém, exceto pilotos, a CBA e o organizador Toninho de Souza, tinham conhecimento?

Sabiam que uma Ferrari F550 estaria na pista? Além de bons protótipos nacionais, como os MCR fabricados lá mesmo no Rio Grande do Sul?

Perguntas que evidentemente ficarão ao léu.

O campeonato começou tímido em 2003, pareceu que ia explodir em 2004 e voltou à estaca zero no ano passado. A corrida no Rio, à qual estive presente, tinha quinze - isso mesmo - quinze carros. O último colocado no grid passou todo mundo na primeira volta e depois venceu com nove voltas de vantagem sobre o segundo colocado.

Isso não é automobilismo. É covardia.

Mas essa época de covardia chegou ao fim. À primeira vista, há vontade de se fazer uma competição bem mais interessante que nos últimos tempos. A gauchada deu sua parcela de contribuição e com uma forcinha do povo do Paraná, encheu o grid com 29 carros para um bom espetáculo de automobilismo.



Venceu o MCR Turbo de Christian Castro e Paulo Hoerlle (foto acima), três voltas na frente do Spyder de Luciano e Beto Borghesi, com outra dupla do Paraná, formada por Jair e Carlos Bana, fechando os três primeiros.

Quem sabe o exemplo não está aí?

Automobilismo não se faz apenas com dinheiro - ele é parte essencial do todo - mas há que existir tesão, garra, trabalho e braço, muito braço.

E sobretudo união.

É disso que a Endurance precisa no Brasil para deslanchar.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

O brilho verde-e-amarelo em Le Mans


Sim! Somos bicampeões em Le Mans!

Está certo: não necessariamente na classificação geral. A glória veio na categoria LMP2, a menos badalada dos Esporte Protótipos.

Mas é um feito e tanto. Cortesia de um ilustre desconhecido para muitos e um tremendo batalhador para quem já conhece o seu passado.

O nome dele é Thomas Erdos (para sua identificação, o último da esquerda para a direita).

Carioca com ascendência húngara, que foi tentar a sorte no automobilismo britânico lá pelos anos 80. Correu de tudo no início da carreira - Fórmula First, Fórmula Ford, Fórmula Renault, Fórmula 3. E depois se estabeleceu em categorias de turismo quando os tempos ficaram mais bicudos.

Timidamente, lá por 1996 ele começou a aparecer em Le Mans para disputar as 24 Horas. A primeira experiência decerto não foi boa, porque o carro era um Marcos - um GT holandês muito estranho, de motor dianteiro e aparência pesadona. Mas aí as coisas foram melhorando. Vieram convites pra correr de Lister, Dodge Viper e Saleen.

Até que em 2004 a sorte dele mudou.

Ray Mallock, antigo piloto de Fórmula 2, comprara um Lola MG oriundo do time oficial e queria alguém experiente para conduzir o carro ao lado do diletante Mike Newton, um boa-praça e, mais importante do que isso, um homem com patrocinadores - ou seja, dinheiro.

Erdos não precisaria levar um único tostão, coisa que sempre cobram dos pilotos para começar ou dar continuidade a um projeto. Era só fazer o que ele sabia: acelerar.

Depois de um primeiro ano de "estudos", de conhecimento do equipamento, ele e seu parceiro tiveram um ano cheio em 2005. Foram vice-campeões da Le Mans Endurance Series, perdendo o título por um ponto e em razão das constantes falhas do equipamento - leia-se o motor AER V8 aspirado, que sempre os deixava na mão quando tinham os melhores resultados a seu alcance.

Eles sobreviveram também à hecatombe de calor em Le Mans ano passado, conquistando o título da classe LMP2, o que os credenciou a uma vaga direta para a clássica prova francesa este ano.

A equipe fez melhorias no carro e trouxe um novo motor - ainda o AER, mas na versão Turbo, de 2 litros e 530 HP de potência - veloz e mais confiável, acreditem, que o propulsor atmosférico.

Depois de performances brilhantes em Istambul (terceiro no grid) e Spa, a equipe foi confiante em um grande resultado para a França. E ele aconteceu.

12º tempo no grid e oitavo no geral - algo que um protótipo da LMP2 jamais fora capaz de alcançar nos últimos seis anos. Erdos pilotou uma enormidade, ajudado pelo veterano Andy Wallace. Mas, mais do que isso: ele viu Mike Newton não cometer um único erro numa verdadeira maratona sobre rodas. O aprendiz pegou direitinho as lições do mestre.

E o resultado está aí.

Brasil, bicampeão em Le Mans.

domingo, 18 de junho de 2006

Mais valem seis pontos na mão...


Nada de oba-oba, por favor!

A atuação do Brasil contra a Austrália esteve longe, muito longe, do afamado "quadrado mágico", que hoje já virou um triângulo isósceles.

Ah... o Ronaldo melhorou? Melhorou. Mas não está em forma. Continua gordo, continua pesado, sem reflexos, e isso se reflete a cada jogo. Ele se empenha, mas se não conseguir ficar como gostaria, vai ser substituído em todas as partidas.

Ou então aceitar o banco numa boa.

Pode um jogador jovem, lépido, azougue como Robinho ficar no banco de reservas?

Pode um atacante oportunista, cheio de tesão pra jogar bola e mostrar serviço como o mineiro Fred, ficar no banco também?

Não, Parreira. Os dois não podem ficar no banco.

O jogo contra o Japão, quando já estamos classificados, poderia servir pra algumas experiências.

Que tal um Cicinho? Um Juninho Pernambucano? Fred e Robinho na frente em vez do Adriano e do gordo Ronaldo?

Entendo o pragmatismo do Parreira, mas a seleção precisa mostrar serviço. Nunca uma geração de jogadores vem sendo tão cobrada na mídia quanto esta. E se não ganharem a Copa, todos cairão de pau.

Mas vamos em frente. Já estamos nas oitavas. E a chave F, de onde sai o nosso adversário, está imprevisível toda vida. Não dá pra dizer quem vamos pegar.

E venha quem vier, temos que mostrar que este futebol ainda vale alguma coisa.

Universo Copeiro

Vida que segue, já dizia o mestre João Saldanha. E a Copa também.

Não esqueci dos outros jogos que já aconteceram - sexta, ontem e hoje.

E sem dúvida a Costa do Marfim merecia sorte melhor. A FIFA usou um critério equivocado de seleção de cabeças-de-chave e no grupo de Portugal pôs... o México, que sequer ganhou da incipiente Angola.

Deu no que deu. Duas derrotas dos africanos para Argentina e Holanda. Mas que ninguém se engane. Em ambas as partidas, Drogba e companhia deram muito trabalho. O time de Marco Van Basten levou sufoco no fim. Mas jogou um bom futebol e mereceu a classificação.

Assim como Portugal, que diante do Irã superou um tabu de quarenta anos para chegar às oitavas-de-final. E Luiz Felipe Scolari, ora vejam, alcança um recorde que mitos como Vittorio Pozzo, Gyula Mandi, Sepp Herberger, Alf Ramsey, Helmut Schöen, Rinus Michels e tantos outros jamais conseguiram alcançar: nove vitórias consecutivas em Copas como treinador.

O grande barato do sábado foi o show de bola da estreante Gana, que fulminou os tchecos numa belíssima atuação. Foi 2 x 0 mas poderia ter sido muito mais. O goleirão Petr Cech mostrou porque é um dos melhores do mundo - e os africanos também não tiveram muita paciência e principalmente pontaria.

Em contrapartida, EUA x Itália foi um jogo marcado por violência (três expulsos, dois do time americano), covardia tática e algum futebol. Enquanto se jogou bola, houve gols e a partida foi animada. Mas estamos falando dos italianos, ferrenhos adeptos do catenaccio, e que agora vão suar sangue e vinho para se classificar diante dos tchecos na próxima quinta-feira.

Japão e Croácia fizeram uma partida movimentada, mas os europeus desperdiçaram a chance de ouro quando Srna cobrou pênalti que Kawaguchi defendeu. Pior, muito pior, entretanto, foi o gol que um atacante oriental perdeu: com a meta escancarada, bateu pra fora e a bola passou por entre as pernas do goleiro!

A França hoje me trouxe duas certezas ao empatar com a Coréia do Sul. A primeira é que o técnico Raymond Domenech é covarde em não escalar um atacante do naipe de David Trezeguet pra jogar junto com Henry.

E a segunda é que dificilmente veremos Zidane em ação nas oitavas-de-final.

Mas isso está nas mãos - e nos pés - da seleção de Togo.

sábado, 17 de junho de 2006

Bussunda (1962-2006)

É... a vida prega de vez em quando umas peças bem tristes.

Assim como o sábado, que começa pálido.

Morreu na Alemanha o humorista Bussunda, do Casseta e Planeta.

Fazer as pessoas rirem e sorrirem neste país está cada vez mais difícil e ele, com suas aparições hilárias na TV era um dos poucos que conseguiam nos tirar do sério.

Não há muito o que dizer nessa hora. Então fico com as palavras, os versos deixados por uma amiga no Orkut.

Meu peito dói,
e a tristeza corrói.
A alegria chutou minha bunda
e levou para sempre o Bussunda.
Ficou um vazio
no meu semblante,
Roubaram meu sorriso
e nem me deram aviso.
Agora o céu,
vai se vestir de planeta,
se enfeitar de laços,
abrir os seus braços
e receber este casseta,
que distribui felicidade
para todos, de qualquer idade.
Me deixe chorar...
Deixe minha lágrima rolar.
Quero meu pranto esgotar.
Quero pagar cada gargalhada
que este ser me provocou,
com este sorriso triste
que em minha face ficou!

Adeus Bussunda,
a alegria me deu um pé na bunda!

(Liana Mautoni)

sexta-feira, 16 de junho de 2006

O melhor e o pior da Copa

A Copa do Mundo não é meramente feita de futebol.

Fora dos gramados, a torcida é um espetáculo à parte.

E que espetáculo!

Principalmente as torcedoras.

Isso mesmo, a mulherada anda pintando os canecos na Alemanha. Dois exemplos estão nas fotos abaixo.

A primeira é uma inglesa que pintou o corpo e que entrou seminua num estádio, vestindo apenas - isso mesmo - calcinha de renda.


E a segunda, para gáudio da moçada, é um selinho caloroso entre as liberais suecas, comemorando o gol de Ljüngberg contra o Paraguai.



Mas como não há bem que sempre dure, existem aqueles que não tem senso de humor. Aliás, nenhum.

Que o diga o "fenômeno" Ronaldo. Ao se julgar masscacrado e pressionado pela imprensa, o obeso atacante da seleção segue, dia após dia, dando pisadas na bola.

A resposta desaforada à pergunta do presidente Lula foi a primeira.

"Eu queria saber se é verdade se o presidente bebe."

E se o presidente beber, caro Ronaldo, não é da sua conta, não acha?

Mas o pior é o gesto feito para os fotógrafos no campo de treinamento da seleção, em Königstein, retratado na foto abaixo.


É, Ronaldo... você têm dado maus exemplos demais.

Mira! Qué chocolate!


Será que ainda há algo a dizer depois deste jogo da Argentina?

Uma goleada de 6 x 0 diante da Sérvia e Montenegro, a antiga Iugoslávia, outrora donos do futebol mais "brasileiro" da Europa, é pra deixar qualquer um de queixo caído.

E olha que era pra ser pior, porque de novo a arbitragem errou. Anulou mal um gol legítimo e em vez de seis era para os sérvios levarem de sete.

Perto do sufoco contra a Costa do Marfim, hoje em Gelsenkirchen, los hermanos passearam em campo.

O ataque só entrou em ação no segundo tempo (no primeiro os gols foram de Maxi Rodríguez - dois, aliás e Esteban Cambiasso, craque da Inter de Milão).

E que ataque, aliás!

José Pekerman tirou do jogo o próprio Maxi Rodriguez e Saviola.

Colocou o garoto Messi, tido como fenômeno e Carlitos Tevez, para alegria dos corinthianos e boquenses.

Resultado: um gol de cada e Crespo, o decano da turma, fez o seu também.

A Argentina está classificada para as oitavas-de-final e com uma tranqüilidade impressionante para quem se pelou de medo quando viu as bolinhas do sorteio ano passado, lembram-se?

E não sei não... mas acho que irão muito longe na Copa.

Ah... eu ia esquecendo.

Tem alguém que provavelmente ficou muito feliz com a goleada que os sérvios levaram:

Petkovic, camisa 10 do Fluminense, que foi descartado pelo técnico.

O castigo vem a cavalo...

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Duplo sufoco

Dois jogos muito ruins hoje no Grupo B da Copa, decididos nos últimos minutos.

A Inglaterra demorou exatos 83 minutos para furar a retranca quase inexpugnável de Trinidad e Tobago.

O boneco de posto Peter Crouch, a figura mais bizarra da competição com seu 1,97 metro e pernas que parecem mais dois gravetos, foi o autor do primeiro tento dos súditos da rainha.

E isso depois de errar tudo, mas tudo mesmo, o que tentou.

A Inglaterra decepciona porque, mesmo com tão bons valores individuais, insiste no chuveirinho quando tem potencial pra botar a bola pra correr e envolver o adversário. Mas além de Crouch, Owen não jogou nada e Lampard é outro que está devendo.

Menos mal que Steven Gerrard calibrou a pontaria e com um chutaço classificou o English Team para a primeira rodada de mata-mata.

Agora, louve-se o esforço dos trinitinos em não fazer feio em sua primeira Copa. Quebraram a cara e feio aqueles que pensavam que eles seriam o grande saco de pancadas.

Estiveram perto de seu primeiro gol, inclusive, mas o zagueiro John Terry evitou o vexame tirando uma bola em cima da linha.

***

Em contraponto com Trinidad e Tobago, o Paraguai é uma grande decepção.

Os guaranis voltaram a jogar um futebol medíocre contra a Suécia e apesar de boas atuações de alguns jogadores, como o atacante Valdez e o goleiro Bobadilla, estão eliminados da Copa.

Mas isso não exime os nórdicos de críticas, porque os suecos não mostraram nada digno do favoritismo com o qual os "especialistas" lhes contemplaram.

O atacante Ibrahimovic é uma pálida sombra do jogador que brilha na Juventus e seu reserva, Allback, cansou de perder gols hoje.

O time amarelo foi salvo por Ljungberg, que foi bastante oportunista para aproveitar um passe de cabeça e tirar o grito de gol entalado na garganta de seus compatriotas.

Justa classificação

Neste momento, o Grupo A da Copa do Mundo praticamente define seus dois classificados às oitavas de final.

Ontem, num tremendo sufoco, a Alemanha venceu a Polônia graças a um gol de Neuville nos acréscimos.

Aliás, este suíço naturalizado (um dos primeiros estrangeiros a vestir a camisa alemã) se especializa em quase matar o torcedor do coração em Copas. No ano passado, ele fez o gol contra o Paraguai aos 43 minutos do segundo tempo, classificando os teutônicos para as quartas-de-final.

Lamento unicamente pelo goleiro Boruc, que salvou os compatriotas de um placar mais elástico e agora já compra junto com toda a delegação a passagem de volta para Varsóvia.

Ontem em Dortmund, com certeza todo mundo bebeu.

Porre alemão de cerveja para comemorar.

E porre polonês de vodka para afogar as mágoas.

***

Não é nada, não é nada... mas o Equador é a boa surpresa da Copa até aqui.

Conseguem jogar um futebol eficiente sem a ajuda da altitude e a dupla de ataque formada por Carlos Tenório e Agustín Delgado faz o que se espera de quem é convocado para jogar na frente: gols.

Olho nos sul-americanos na próxima fase. Poderão causar estragos pra cima de suecos ou ingleses.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

A última da FIFA

Essa foi de doer.

O jogador Sami Al-Jaber, da Arábia Saudita, fez um belo gol contra a Tunísia na partida que terminou 2 x 2 entre as duas seleções.

Em vista disso, foi eleito por um Grupo de Estudos Técnicos - nome pomposo para definir a comissão que escolhe os melhores de cada jogo e da Copa em si - o craque da partida.

Mas a FIFA já definiu.

Nenhum jogador da seleção árabe vai ganhar a nomeação de melhor em campo.

Puramente por dois motivos: primeiro que o patrocinador do prêmio é a cervejaria Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser.

Segundo, porque há preconceito religioso. Os árabes são muçulmanos e o consumo e a venda de qualquer bebida alcóolica são proibidos pelo Alcorão.

Um canal de TV saudita já antecipara numa reportagem que o prêmio não sairia para nenhum jogador da Arábia. E a confirmação saiu via Agência Reuters, nesta quarta-feira.

Por isso o prêmio foi para o tunisiano Riad Jaziri, autor do primeiro gol de sua seleção.

Olé, Toro!


Uau!

Devo admitir: fiquei impressionado com a estréia da Espanha, no Grupo H.

A tunda de 4 x 0 sobre a estreante Ucrânia mostrou que a Fúria quer apagar a má impressão que sempre deixa na maior competição de futebol do planeta.

Uma coisa é certa, aliás duas.

A primeira é que jogaram um futebol pra frente, objetivo, com jogadas rápidas, toque de bola e muitas finalizações a gol. Destaque para Xavi, Xabi Alonso, Villa e Fernando Torres.

E, claro, para Puyol, o vigoroso zagueiro do Barcelona.

O que foi aquele drible na jogada do quarto gol?

Coisa de Ronaldinho, sem dúvida.

A segunda é que a época de Raul está definitivamente sepultada como titular da seleção espanhola. Ainda bem.

Pobre Ucrânia de Shevchenko, a andorinha que não conseguiu fazer verão na estréia do país em Copas.

A Espanha está viva e o fausto sangre y oro brilhou como nunca no Zentralstadion de Lepizig.

***

Enquanto isso, em Munique, onde a Copa começou, Tunísia e Arábia Saudita fecharam a primeira rodada.

Duas das candidatas a baba, levando mais de 40 mil torcedores ao estádio.

E o jogo foi surpreendente. Monótono no primeiro tempo, mesmo com o belo gol de Jaziri, que antes sofreu um pênalti não marcado pelo árbitro australiano Mark Shield (esse é candidatíssimo a voltar pra casa...).

A segunda parte, porém, foi movimentadíssima, com os árabes se esforçando para apagar o vexame da Copa da Japéia e se saindo muito bem, marcando dois gols em jogadas rápidas de contra-ataque.

Mas o jogo só termina quando acaba. E Jaidi, de cabeça, empatou para alívio do técnico Roger Lemerre.

O mesmo da França que em 2002 sequer fez gol.

terça-feira, 13 de junho de 2006

Pitacos Copeiros

Mais pitacos sobre a Copa, agora o Grupo G.

Foi interessante o jogo entre Coréia do Sul x Togo. Muita correria e movimentação no primeiro tempo, antes dos togoleses descobrirem uma brecha para abrir o placar.

Mas os coreanos, com uma equipe muito mais experiente e com alguma tradição em Copas (disputaram as últimas seis edições contando com esta), levaram a melhor depois que o zagueiro Abalo foi expulso.

Na cobrança de falta que se seguiu, Chun Lee fez o gol e a virada veio com o controvertido Ahn Jung Hwan - o mesmo que o Perugia demitiu em 2002 porque ele eliminou a Itália no gol de ouro.

***

Em contrapartida, França e Suíça fizeram o pior jogo da Copa até aqui.

Se o time helvético, que contou com grande torcida na sua estréia, tivesse um pouquinho mais de qualidade no meio-campo e um atacante matador, teriam vencido de lavada o time da Terra da Bastilha.

Por falar na França, quem gosta de bom futebol certamente lembra de Amoros, Bossis, Trésor, Janvion, Genghini, Giresse, Jean Tigana, Michel Platini, Six e Rocheteau.

Essa era a linha da equipe quarta colocada em 1982 - a melhor seleção francesa de sua história. E o que se viu hoje foi um arremedo de time, com figuras do nível de Abidal, Dhorasoo e Ribery - tudo isso com Trezeguet curtindo o banco!

Inacreditável...

Os bleus jogaram nesta terça um futebolzinho medíocre e nem o decantado talento de Zinedine Zidane é capaz de fazê-los sair da lama em que se encontram.

Sabem quando foi o último gol deles em Copas?

Pois é... o tento de Emmanuel Petit, no 3 x 0 que deu a eles o título em 98!

Não é à toa que venho dizendo: depois daquele dia, enterramos um sapo em Paris.

A praga brazuca é tão grande que já tem gente achando que a aposentadoria do Zidane vai acontecer no jogo contra Togo, quando o craque completa 34 anos.

Eu sou um deles, aliás.

Estréia magra


Sabe que eu acho ótimo o placar de 1 x 0 contra a Croácia na estréia do Brasil na Copa?

Sim, porque cai por terra a história de que temos obrigatoriamente que mostrar serviço com o chamado "quadrado mágico" pra vencer e chegar ao hexa.

Aliás, não houve quadrado hoje em Berlim. Tínhamos um triângulo totalmente escaleno em campo.

Kaká foi o único que jogou bola, se movimentou, mostrou desenvoltura e fez o nosso único e importante gol.

Ronaldinho foi muito marcado. Adriano não teve chances, praticamente foi neutralizado pela zaga croata.

E Ronaldo...

Aliás, o que é Ronaldo desde a Copa de 2002?

Um arremedo de jogador.

Gordo, lento, pesado, sem reflexos e que só está ali como titular porque o nome dele ainda pesa e os contratos da CBF com a Nike, da qual o "Fenômeno" (nem sei do que) é garoto-propaganda, devem obrigar sua presença como jogador da seleção.

Jogar pelo nome não adianta mais. Desculpas de bolhas nos pés não adiantam mais. O cara só está em evidência porque namora aquele graveto da Raica e fazer gols que é bom, necas de pitibiribas.

Parreira acertou em substituí-lo pelo Robinho, que se movimentou trocentas vezes mais. E por que não tirar o centroavante no intervalo em vez de aos 22 minutos do segundo tempo?

Excetuando o quarteto-que-virou-trio, gostei e muito da atuação do Cafu. Ele é sempre criticado e coisa e tal, mas quando veste a camisa do Brasil em Copas, se transforma. Foi um ótimo jogador hoje, um dos melhores em campo.

Agora, pra finalizar.

Não pensemos que o jogo de domingo vai ser fácil não.

A Austrália tem um time muito forte fisicamente, de pegada, duro e por vezes violento. E jogadores altíssimos.

Juan e Lúcio que se cuidem.

Depois dizem que é implicância

Não sou eu quem estou dizendo...

"Favoritos vencem. Zico perde"
(Jornal do Brasil, 13/06)

"Galinho vira sushi"
(Expresso, 13/06)

"Japão de Zico cai no fim"
(O Globo, 13/06)

"Zico: agora é correr atrás do prejuízo"
(O Dia Online, 13/06)

O perigo se faz presente

Depois de me divertir com a derrota dos japoneses e o desespero da Fla-Japão que murchou na estréia que nem balão mixuruca de festa junina, a segunda-feira reservava a estréia de duas seleções de verdade: República Tcheca e Itália, ambas do Grupo E.

Em sua primeira Copa depois de fracionado o território com a Eslováquia, os tchecos deram um passeio no time dos EUA. Cortesia do camisa 10 Rosicky, que fez um lindíssimo gol de fora da área (foto abaixo) e outras boas jogadas.


E não é só isso: eles têm bons valores individuais em todos os setores. Cech no gol, Grygera, Rozenhal e Ujfalusi na retaguarda, Nedved e Poborsky na meia. Sem contar o ótimo Milan Baros, que não jogou por se recuperar de uma contusão.

Mas os tchecos não tiveram tanta sorte, pois Jan Koller, o atacante de 2,02 m que fez o primeiro gol da seleção, se contundiu num lance fortuito e sofreu uma grave lesão na coxa, que provavelmente o deixará de fora do resto do Mundial. Eles ainda têm outro jogador alto - Lokvenc - mas não com a experiência do titular para poderem seguir adiante. De resto, estrearam bem e vão brigar com a Itália, salvo alguma zebra sem tamanho, pra escapar do Brasil nas oitavas-de-final.

Os transalpinos jogaram em Hannover contra o estreante selecionado de Gana, que se especializou em distribuir pancada. Foram 22 faltas contra apenas oito infrações dos italianos em 90 minutos - fruto da ausência de Gattuso em campo. Com o botinudo do Milan de fora, a Itália bateu menos e jogou um futebol de boa qualidade técnica.

A seleção adversária não era ruim - tem Essien, Kuffour, Muntari e Appiah, jogadores que atuam na França e na própria Itália - mas esbarrou no peso da estréia e tanto técnica quanto psicologicamente, a Azzurra dominou as ações.

E graças a gols de Pirlo (acima na foto) e do estreante em Copas Iaquinta, um em cada tempo, somaram três pontos valiosos. Afinal, uma simples vitória contra os EUA já os coloca nas oitavas.

O problema para o Brasil é o seguinte: Itália ou República Tcheca, um dos dois, será o nosso adversário no mata-mata. E é aí que mora o perigo. Os italianos são uma pedra no sapato e os tchecos, embora não tenham tradição na hora H, já mostraram que têm time pra vir pras cabeças.

E aí? Quem será que vai pintar pra gente hein?

Agora nem quero pensar... só vou torcer, e muito, nesta terça-feira.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

GO AUSSIE, GO!!!


O grupo do Brasil deu a largada com Austrália x Japão.

E como torci, vibrei e comemorei com a virada dos Aussies, que conquistaram sua primeira vitória numa Copa do Mundo!

Por motivos óbvios, aliás, um: Zico.

Eu não sou Flamengo. Não acho que ele seja um Deus da bola como a torcida rubro-negra apregoa. E se ele é Deus dessa seita fanática, eu sou ateu.

Pela seleção brasileira, embora tenha feito muitos gols, o que ele ganhou em 10 anos?

Perdemos duas Copas com ele em campo, diversas edições da Copa América e outros torneios menos votados. Ele só jogou bem em amistosos e partidas sem muita importância.

Idolatrado no Japão, ele foi escolhido para orientar uma seleção com bons valores individuais, mas que tem grandes deficiências - especialmente a zaga, de estatura baixíssima e o goleiro Kawaguchi, que é bom em bolas rasteiras e fraco nas saídas de gol.

Do outro lado, a Austrália tem um técnico respeitado e consagrado. Guus Hiddink levou a Holanda e a Coréia à quarta posição, respectivamente, nas Copas de 98 e 2002. Treina o PSV, um dos times mais importantes da Europa. E ainda tem como auxiliar o craque Johan Neeskens, que já assinou com o Barcelona para trabalhar ao lado de outro holandês, Frank Rijkaard.

É verdade que o estilo de jogo da seleção da Oceania mais se assemelha ao inglês, com o uso do famoso "quick and rush" (o chuveirinho), centrando bolas para os grandalhões Viduka e Kennedy. Mas há jogadores inteligentes, com bom toque de bola, como Bresciano e Kewell, o craque do time, ainda meia-bomba em razão de uma recente contusão.

A vaca da Austrália estava indo para o brejo até os 39 minutos do segundo tempo - e o gol japonês, marcado por Nakamura, foi irregular pois houve falta dupla de ataque no goleiro Schwarzer - quando Kawaguchi, autor de duas ótimas defesas em cobranças de falta, caçou borboletas (provavelmente até agora) e a bola vadia sobrou para Cahill empatar o jogo.

Cahill foi uma das apostas de Hiddink para a segunda etapa, entrando no posto de Bresciano e o gol mostrou que o técnico fora muito bem-sucedido. E ficou ainda melhor quando o mesmo Cahill soltou uma bomba que bateu na trave e entrou, fazendo a torcida Aussie ir ao delírio em Kaiserslautern.

Com os japoneses entregues, Aloisi fechou o caixão aos 48 minutos, decretando a primeira virada da Copa, os três primeiros gols da seleção e a primeira vitória australiana num Mundial.

E não é que o amigo Gato Mestre tinha razão?

Eles têm a jogadinha canguru!

Abre o olho Brasil!

Meia-boca

Três partidinhas meia-boca neste domingo. A Copa ainda não explodiu, mas é questão de tempo.

Sérvia e Holanda fizeram o primeiro confronto 100% europeu da primeira fase e confesso que fiquei decepcionado. A seleção dos balcãs não mostrou nada digno de sua ótima participação das Eliminatórias, quando relegou a Espanha para a repescagem.

E cá pra nós... com aquele meio-campo sem vergonha, a gente só tem a lamentar que o Petkovic não estivesse lá com a camisa 10, ditando o ritmo, com lançamentos e passes precisos. As chances de eliminação deles são bem grandes.

A Holanda revelou um jogador candidato a astro: Arjen Robben, do Chelsea. Chamou o jogo pra si, fez um belo gol numa arrancada fulminante e ainda deu três bons chutes a gol - um deles defendido espetacularmente pelo goleiro Jevric.


O time dirigido por Van Basten pode engrenar e ganhar moral no confronto contra a Argentina, uma velha rival que já foi derrotada em 74 e 98.

A segunda partida tinha tudo pra ser uma pelada. Porém, México e Irã surpreenderam e fizeram um bom espetáculo, equilibrado na posse de bola e até pelo menos os 31 minutos do segundo tempo, quando os asiáticos mostraram a ingenuidade costumeira depois de arrancarem um empate com um tento de Golmohommandi.

O segundo gol foi um exemplo disso. Após a falha do goleiro Mizrapour, que repôs mal a bola, o zagueiro Rezaei quis sair jogando e, sem nenhuma categoria, entregou de bandeja a bola para o brasileiro Zinha, que passou para Omar Bravo marcar seu segundo gol na partida.

E foi o jogador nascido no Rio Grande do Norte que, com uma bela cabeçada, fechou o placar e deu ao México a segunda vitória do país em Copas disputadas na Europa - aliás pelo mesmo placar da primeira - um 3 x 1 contra a Coréia na França, em 1998.

Portugal e Angola fariam um confronto esperadíssimo em razão de ser o primeiro jogo entre países de língua portuguesa depois de 40 anos e, especialmente, porque Angola foi o país colonizado pelos lusos que mais teve que suar sangue pela sua independência.



Estreantes em Mundiais, os africanos ganharam um cartão de visitas no primeiro ataque dos encarnados e aos quatro minutos, Pauleta fez o primeiro gol e muitos imaginavam assistir à primeira goleada da Copa. Porém, Portugal puxou o freio de mão no primeiro tempo e deixou até os angolanos sentirem o gostinho de algumas chances de gol, rechaçadas pelo bom goleiro Ricardo.

Figo bateu um bolão, foi o melhor em campo. Mas Cristiano Ronaldo, estrela do Manchester, não justificou a fama. Jogou o primeiro tempo com uma estranha camisa cortada nas mangas e como se não bastasse, levou um cartão amarelo de graça, o que fez Felipão tirá-lo no segundo tempo para a entrada de Costinha, reforçando o meio.

O atacante (ou avançado, como o chamam além-mar) mostrou seu desagrado com caretas no banco. O certo é que Felipão tem estrela. Chegou ao recorde de oito vitórias consecutivas e levou a seleção à 200ª vitória de sua história. Mas o time português ainda precisa melhorar muito se quer sonhar terminar entre os oito primeiros.

E eu fico por aqui. Afinal, daqui a pouco é hora de secar o Japão!

Nem preciso dizer o porquê...

domingo, 11 de junho de 2006

João Gilberto Prado Pereira de Oliveira

Digam o que quiserem.

Que ele é mala, que falta aos shows (que nem Tim Maia fazia) ou que reclama de tudo.

Para mim, João Gilberto, o baiano que sintetiza a existência da Bossa Nova, é um dos maiores gênios da música popular brasileira.



Nascido em Juazeiro em 10 de julho de 1931, alimentou-se de música desde os 14 anos, ouvindo Tommy Dorsey e Duke Ellington, passando por Dorival Caymmi e Dalva de Oliveira. Veio para o Rio com 19 anos e por aqui se fixou, cantando num grupo chamado Garotos da Lua - de onde foi posto para fora por, adivinhem por que?

Indisciplina gerada por faltas e atrasos.

Genioso, obcecado ao extremo, conheceu Tom Jobim e com ele começou a formatar a estética de uma nova forma de expressar-se com o violão, fora das tendências conservadoras da época. Com seu violão unindo harmonias com uma percussão sincopada de samba, surgia a revolução da música nacional dos anos 50.

Ele tocou no disco Canção do Amor Demais, de Elizeth Cardoso, com músicas de Tom e Vinícius de Moraes. E naquele mesmo ano de 1958, o mesmo onde o Brasil seria campeão do mundo na Suécia, João lançou seu primeiro LP - Chega de Saudade.

Mais dois LPs depois, agora com novas parcerias (Carlinhos Lyra e Roberto Menescal) além de recriações de clássicos da música brasileira, que ganharam na sua voz interpretações marcantes e definitivas, João Gilberto já era realidade na MPB e no mercado internacional, onde a Bossa Nova fora incorporada ao cool-jazz e ícones como Charlie Byrd, Herbie Mann e Stan Getz faziam versões das canções que o público da época aqui já conhecia de cor.

Não foi surpresa então que em 62, na esteira desse sucesso, João fosse convidado para fazer o histórico álbum Getz / Gilberto, onde Astrud (a primeira esposa do baiano) despontou como cantora e 'The Girl From Ipanema' - a versão americana de 'Garota de Ipanema' - estourasse como um foguete fazendo desta a música mais regravada da história.

Os shows no Carnegie Hall e os quatro Grammys ganhos com o disco só comprovavam que a Bossa Nova era uma realidade.

Mas as coisas mudaram no Brasil. Surgiram a Jovem Guarda, o Movimento Tropicalista, cantores e cantoras poderosos como Wilson Simonal e Elis Regina. E João passou a fazer parte, ao menos naqueles anos, de um passado remoto. Sua música era um "objeto não identificado" nos anos 60 e ele, que já era arredio, ficou ainda mais recluso e reticente - entrevistas com ele eram raríssimas.

Apesar disso tudo, ele tinha muitos devotos no seio do Tropicalismo, especialmente Caetano Veloso, que naquela época demonstrou na canção 'Saudosismo' (gravada com os Mutantes) todo o seu apreço por João Gilberto. Sem deixar de dar aquela cutucadinha básica na Bossa.

Eu, você, nós dois
Já temos um passado, meu amor
Um violão guardado
Aquela flor e outras mumunhas mais

Eu, você
João girando na vitrola sem parar
E o mundo dissonante que nós dois
Tentamos inventar

A felicidade... a felicidade...
A felicidade... a felicidade...

Eu, você
Depois
Quarta-feira de cinzas no país
E as notas dissonantes se integraram
Ao som dos imbecis

Sim, você, nós dois
Já temos um passado meu amor
A bossa, a fossa, a nossa grande dor
Como dois quadradões

Lobo lobo bobo... lobo lobo bobo

Eu, você
João girando na vitrola sem parar
E eu fico comovido de lembrar
O tempo e o som

Ah! Como era bom
Mas chega de saudade, a realidade
É que aprendemos com João
Pra sempre ser desafinados


Desafinado ou não, João partiu para um auto-exílio nos Estados Unidos. Já casado com Miúcha, irmã de Chico Buarque e mãe de Bebel Gilberto, fez o disco auto-intitulado que só foi lançado em 1973, cinco anos depois de gravar 'Ela é Carioca' no México.

Foi a primeira guinada visível em seu repertório depois de tanto tempo. Fez o álbum The Best of Two Worlds em 1976 e no ano seguinte assinou aquele que é considerado o seu mais perfeito trabalho - Amoroso.

A partir daí, suas aparições no Brasil, onde mantém um apartamento no Rio de Janeiro, no prédio onde fica o Rio Design Center, no Leblon, ficaram cada vez mais raras. Nos anos 80, participou da série "Grandes Nomes" da TV Globo, cantando - acredite quem quiser - com Rita Lee, clássicos dos anos 40 como 'Juju e Balangandãs' e sucessos da Rainha do Rock como 'Mania de Você'.

Em 86, ele foi protagonista de um episódio onde felizmente tudo terminou bem.

Graças a uma gripe violenta, cancelou diversos shows previamente agendados na Europa. Em Veneza, um empresário quase partiu para a porrada ao saber que João não cantaria no dia previsto. O baiano viajou para Antibes, na França e depois partiria para o consagrado Montreux Jazz Festival, na Suíça. Melhor da gripe, fez um show fenomenal em Antibes, onde o italiano já o esperava pronto para o primeiro bofete.

Na primeira fila, porém, ao ouvir os clássicos de João, se emocionou, chorou e até foi ao camarim depois para abraçá-lo e confirmar que o esperava em Veneza depois de Montreux, onde fez um espetáculo fantástico - que se tornou um dos mais belos discos ao vivo já gravados no Festival.

E o polêmico, excêntrico e perfeccionista João de fato voltou à Itália e emocionou de novo o dono do bar de Veneza.

Muito tempo depois, com produção de Caetano Veloso, lançou João, Voz e Violão, recriando clássicos do passado e despertando reações de amor e ódio na crítica. O gênio difícil do baiano não bateu com o de Caetano, que também não é nenhuma maravilha e por pouco este não abandonou o comando do barco. Mas o álbum saiu e ganhou relativo sucesso, embora em alguns shows o público reagisse com vaias.

Mordaz, numa das apresentações realizadas em São Paulo no Teatro Municipal, soltou uma de suas pérolas: "Vaia de bêbado não vale... vaia de bêbado não vale..."

Este é João Gilberto. Polêmico, genioso, genial, temperamental, introspectivo, excêntrico, perfeccionista. E único.

sábado, 10 de junho de 2006

Pequenos exercícios de gatomestrice

É, a Copa começou... como diz um conhecido locutor, "haaaaaaaaaaaaja coração amiiiiiiiigo!"

E que os torcedores do país anfitrião se preparem, porque vão sofrer com o time de Klinsmann.

A zaga formada por Mertesacker e Metzelder é muito ruim! E conseguiram a façanha de levar dois gols do time mais limitado dos quatro que estiveram em campo na rodada inaugural.

A Costa Rica respeitou demais a Alemanha. Se houvesse um jogador criativo, com lampejos de lucidez, hummmm... sei não viu?

Talvez os ticos pudessem sair de Munique comemorando um histórico empate.

Enfim, como nada nessa vida é perfeito, a vitória da Alemanha serviu para a imprensa cair matando menos em Klinsmann, que enquanto técnico foi um grande jogador da seleção.

E ele há que agradecer a Miroslav Klose, o matador dos teutônicos e, principalmente, aos golaços de Lahm e Frings.

Aliás, sobre o gol deste último, o antigo lateral da seleção Nelinho, dono de um canhão respeitável no pé direito, disse que ele "errou o chute".

- Porque não vai fazer um gol como esse tão cedo.

Já o outro jogo disputado ontem, entre Polônia e Equador, foi muito meia-boca.

Os polacos invadiram Gelsenkirchen e, como muitos que gostam de futebol, certamente saíram desapontados da Arena da Modernidade.

Falta à seleção treinada por Pawel Janas o necessário para se praticar um bom futebol: objetividade, improviso, criatividade e finalizações - embora duas bolas explodissem nas traves do goleiro Mora - que só se destacou pela pintura da bandeira em seu rosto.

Longe vão os tempos de Lato, Boniek, Smoralek, Szarmach e Deyna, expoentes de uma fabulosa geração que entre três Copas do Mundo chegou em duas nas três primeiras posições.



O Equador, que não é essa coca-cola toda como seleção, venceu jogando pro gasto. O forte deles são as jogadas pelo lado direito, com o lateral Ulises de la Cruz arriscando subidas e batendo laterais como se fossem cobranças de escanteio. Foi assim que saiu o primeiro gol da equipe sul-americana, marcado por Carlos Tenório.

O técnico Luis Suarez é inteligente. Usa a base da LDU, que está nas quartas-de-final da Libertadores e é um time tinhoso de ganhar.

Sei não, mas a classificação do Grupo A está próxima de se definir a favor de Alemanha e Equador.

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Filmes Velozes IV

Depois de um tempinho, os filmes mais velozes que eu assisti estão de volta.

O próximo é safra nacional. E muito bacana.

É o terceiro e último filme da curta carreira de Roberto Carlos como ator - Roberto Carlos a 300 km por hora.

Para variar com direção de Roberto Farias, a produção deste longa veio no vácuo da primeira vitória de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1 e o sucesso que os pilotos brasileiros conheciam na Europa. E foi a única vez em que Roberto despiu-se da porção "artista" para interpretar um personagem.

Ele era o mecânico Lalo, que junto com seu colega Pedro 'Navalha' (Erasmo Carlos) iam para Interlagos com carros de uma revenda Chrysler para testar as habilidades de Lalo como piloto. Ao mesmo tempo, o dono da revenda, Rodolfo Lara (Raul Cortez) inscreve um protótipo para a Copa Brasil.

Lalo tem uma paixão platônica por Luciana (Libânia Almeida - aliás, onde andaria ela?), namorada de Rodolfo e que batiza o protótipo que, ao ser testado pela primeira vez em Interlagos, faz vir à mente do empresário o grande acidente que quase pôs fim à sua carreira. Os dois brigam, Rodolfo viaja para Londres e, surpresa das surpresas, o carro vai para a pista de última hora para correr. E com Lalo ao volante.

Tudo isso depois de diversas desculpas para o chefe Alfredo (Mário Benvenuti) e com a ajuda inestimável da loirinha Neusa (Cristina Martinez), apaixonada por Pedro e dos grandes amigos Luigi (Flavio Migliaccio) e Mane (Otelo Zeloni).

O resto, todo mundo deve imaginar. Lalo acelerou forte a barata e derrotou os estrangeiros inscritos na competição. O folclórico e já falecido Antonio Carlos Avallone incorporou um piloto italiano, correndo com a Lola T70-Chevrolet. E José Renato Tite Catapani fez um inglês, que duelou com Lalo até a bandeira quadriculada a bordo de outro Lola, só que o modelo T210.

O protótipo de Lalo era o lendário Avallone-Chrysler, cópia do Lola T222 da série Can-Am.

Outro detalhe é que em nenhum momento Roberto cantou suas músicas. Elas apareciam como trilha incidental, como "De Tanto Amor" nos momentos românticos ou então na abertura, a cargo da excepcional "Todos Estão Surdos".

O filme foi lançado no Natal de 1972 e rapidamente estourou no circuito nacional, totalizando mais de 2,7 milhões de espectadores.

quinta-feira, 8 de junho de 2006

A morte dos cinemas de rua

"Cinema é a maior diversão".

Quem não se lembra do slogan do grupo Luiz Severiano Ribeiro?

Toda a minha geração foi influenciada por ele e cresceu com a febre dos cinemas espalhados pelo país.

Estranha e incrivelmente, num processo de reversão, uma a uma começaram a fechar as salas de rua.

O Metro-Boavista, pra mim o Maracanã da sétima arte, onde passava o inesquecível Canal 100, pereceu e nunca mais foi reaberto.

Na esteira, tantos outros se perderam. O cine Baronesa de Jacarepaguá, o Carioca na Praça Saenz Peña, as salas Largo do Machado 1 e 2 e o Pathé, tradicional sala da Praça Floriano, no Centro, viraram templos da Igreja Universal.

O cine Veneza virou bingo. O Comodoro, na Haddock Lobo, agência do Banco Itaú. O Art-Copacabana, loja da Di Santinni. O cine Copacabana, mais uma academia Body Tech. O Rian virou hotel de luxo na Av. Atlântica. O Art-Palácio na Tijuca, mais uma filial da Casa & Vídeo. O América, no mesmo bairro, tornou-se mais uma loja da Drogaria Pacheco.

Essa estranha transformação de antigas salas de cinema em tudo o que já existe nesta cidade assusta porque cada vez mais somos impelidos a assistir os filmes em cartaz nas salas multiplex dos shopping centers, com ingressos, refrigerante e pipoca cada vez mais caros.

Felizmente ainda existem exceções honrosas. Como o Roxy, tradicional sala da Nossa Senhora de Copacabana com Bolívar que, mesmo partida em três, ainda resiste. E com uma boa pedida pra depois da telona: um chope bem gelado no Belmonte que abriu na esquina com Domingos Ferreira.

E, claro, os cines Leblon 1 e 2, no meio da ferveção do Baixo e em frente ao tradicional bar Clipper, onde a torcida do Fluminense comemora suas gloriosas conquistas, sempre regadas a muito chope e cerveja.

Fica aqui a minha sugestão: conheça um cinema de rua. E rápido.

Antes que ele acabe. E com direito a um chope de saideira.

Fecham-se as cortinas...

Em tempos de Copa, mais uma notícia chata.

Aos 77 anos, faleceu nesta madrugada um dos maiores locutores do rádio esportivo brasileiro: Fiori Gigliotti.

Com treze copas no currículo, sem dúvida era respeitadíssimo e um grande profissional, deixando sua marca nas diversas emissoras em que trabalhou - Jovem Pan, Bandeirantes, Record, Tupi de São Paulo e Capital, sua última casa.

Dono de um estilo único, também influenciou sobremaneira dezenas de profissionais que vieram na esteira de suas narrações.

O rádio e o esporte brasileiro perdem mais uma referência.

E fecham-se as cortinas do espetáculo...

terça-feira, 6 de junho de 2006

Perdemos a Capacidade de Indignação

Finalmente o Movimento de Libertação dos Sem-Terra, uma dissidência do MST, fez o que já devia ter feito há muito tempo.

Foram protestar no lugar certo, o Congresso Nacional, onde estão os ladrões, os vigaristas e os representantes das oligarquias que vilipendiam o direito à reforma agrária.

Mas como todo protesto tem um limite, a turma deu uma exagerada.

Não precisavam de todo o espetáculo triste que ocorreu hoje em Brasília, onde uma Fiat Uno foi capotada, dezenas de vidros estilhaçados, o sistema de auto-atendimento ao público foi completamente depredado, afora a destruição de luminárias, vasos, lixeiras e cinzeiros.

O grupo queria entregar ao presidente da Câmara, Dep. Aldo Rebelo, uma carta de reivindicações para acelerar o processo de reforma agrária no país. Uma história que, diga-se, se arrasta há décadas. Um governo marcado por inúmeras celeumas a respeito foi o de João Goulart - que como a história conta, não chegou ao fim graças aos militares.

Liderados por Bruno Maranhão, os manifestantes botaram literalmente pra quebrar e Rebelo mandou prender todo mundo. Foram 23 feridos na confusão e ao todo a polícia já fichou 497 entre mais de mil invasores. Alguns foram autuados em flagrante como autores de agressões ou danos ao patrimônio público.

A imprensa já abriu manchetes dizendo que Bruno Maranhão é da executiva nacional do PT. Sabedor disto, o candidato a presidente Geraldo Chuchu Alckmin tratou de responsabilizar o governo pela manifestação e os atos de "selvageria" que ele presenciou - pela TV, é claro, confortavelmente aboletado na sede do partido.

Ora, Alckmin e todos os pré-candidatos dos outros partidos sabem que vão perder a eleição de 1º de outubro. E ainda assim colocam a culpa no PT? Francamente!

É como se o governo Lula precisasse de mais um empurrãozinho rumo ao abismo, no qual nunca vai se meter porque quem é povo está do lado dele.

Duvidam? Como é que agora o Ibope aponta um empate técnico entre ele e o Chuchu EM SÃO PAULO, onde é sabido que o PT tem alto índice de rejeição?

O povo brasileiro, infelizmente, perdeu sua capacidade de indignação.

Não seria a hora de darmos uma resposta a quem acusa o governo de patrocinar mais este espetáculo que foi lamentável, mas fruto também de uma inexistente política agrária e de uma discussão necessária - e que se arrasta há longos anos?

Eu não posso responder pelos outros. Mas respondo por mim. Quem acha que o PT sai do governo federal vai quebrar a cara.

E o piano desafinou...

Mais uma notícia entristece o mundo da música.

O homem que tão brilhantemente coadjuvou trabalhos dos Beatles e dos Rolling Stones não está mais entre nós.


Morreu nesta terça o brilhante Billy Preston.

Prodígio do blues e com trânsito excepcional no mundo da música, ele despontou aos 23 anos, em 1969, gravando seu primeiro disco pelo mesmo selo dos Fab Four, a Apple. "That's The Way God Planned It" era tão bom que George Harrison, apesar de exercer muito pouca influência nas decisões dos Beatles - já em fase final de existência - o convidou para participar de gravações do álbum "Let It Be".

A marca de Preston ficou evidenciada em 'Get Back' e no lado B do compacto, 'Don't Let Me Down'. Com uma sonoridade única, Preston deu um molho a mais nas duas composições e inclusive a imprensa passou a tratá-lo de "quinto Beatle". Em "Abbey Road", deu uma canja em 'Something', de George Harrison.

E depois que o grupo de fato acabou em 1970, encontrou abrigo em outra potência do rock and roll: os Rolling Stones.

Por cinco álbuns consecutivos, Preston sucedeu o tecladista Ian Stewart, antigo colaborador do grupo e desfilou o seu talento em composições como "Can't You Hear Me Knocking", "Wild Horses", "Brown Sugar", "Tumblin' Dice" e "It's Only Rock And Roll".

Em 1977, encerrou sua colaboração devido a problemas financeiros e se meteu em fria três anos mais tarde, quando foi preso e acusado de fraude fiscal. Também enveredou pelo submundo das drogas, se empapuçando de cocaína e bebendo muito. Ao se desintoxicar, foi tocar com outra lenda da música: Eric Clapton. E em 97, colaborou no disco "Bridges To Babylon", dos Stones e, mais recentemente, com (ora vejam) os Red Hot Chili Peppers, no álbum "Stadium Arcadium".

Ao longo de 30 anos, gravou dezoito discos solo e em 1973 levou o Grammy de melhor álbum instrumental por "Outta Space". No ano seguinte, compôs a lindíssima "You Are So Beautiful", sucesso na voz rascante de Joe Cocker.

Sua última aparição antes de entrar em coma graças a uma doença renal da qual nunca se curou - mesmo depois de receber um rim novo em 2002 - foi numa homenagem a Ray Charles no Grammy do ano passado.

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Tragédia no Deserto

Como se já não bastasse a triste morte do australiano Andy Caldecott no Rali Dakar deste ano, o deserto volta a pregar peças no mundo do esporte a motor.

Nesta segunda-feira, aconteceu o falecimento do francês Henri Magne, durante a etapa de Tagdoute a Ouarzazate no Rali do Marrocos, válido pelo Campeonato Mundial Cross Country.



Magne, de 53 anos, era o atual navegador do espanhol Joan Roma, vencedor do Dakar em 2004 entre os motociclistas - e que saiu ileso do acidente.

O francês também dividiu o cockpit com feras do naipe de Jean-Louis Schlesser, Luc Alphand (atual campeão do Dakar), Bruno Saby e Hiroshi Masuoka.

Pescarolo x Audi - O Duelo!

Aqui ainda não se fala de Copa, pelo menos enquanto rolar a bola na Alemanha.

Então vamos ao que interessa. Neste domingo, rolou o primeiro "ensaio geral" para a 74ª edição das 24 Horas de Le Mans.

E a julgar pelo que aconteceu na lendária pista de Sarthe, estamos para assistir talvez a um dos maiores duelos pela vitória em toda a sua história.

Desde a Peugeot com seu projeto 905C, os franceses anseiam por uma vitória de uma equipe e um carro da casa. E os únicos que parecem capazes de proporcionar essa alegria são os recrutas de Henri Pescarolo, quatro vezes vencedor como piloto e que participou em nada menos que 34 edições da prova.

Com o rapidíssimo protótipo Pescarolo Judd (na verdade um Courage C60 completamente modificado graças ao enorme talento dos engenheiros André de Cortanze e Ricardo Divila - só de ter um brasileiro ali já é motivo de orgulho), a turma bleu-blanc-rouge fez o que muita gente achava que seria impossível: assustou - e muito - o pessoal da Audi.


Franck Montagny que, coitado, não consegue mostrar o que vale na F-1 com o tétrico carro da Aguri, apresentou armas com um tempo fantástico na tarde de ontem na França. Ao virar em 3'30"195, enfiou quase dois segundos no Audi R10 TDi onde está ninguém menos que o heptacampeão da prova, o dinamarquês Tom Kristensen.

"O carro está ótimo. A equipe trabalhou duro e o resultado veio nas últimas 15 voltas. Eric (Hélary) ajudou muito no acerto e temos pneus ótimos para a sessão oficial de classificação", comemorou Montagny.

A Audi se limitou a dizer que os treinos foram positivos para a "aquisição de dados", mas eles devem estar sem entender duas coisas.

Primeiro, como um carro projetado em 2001 pode derrotar um modelo zero-bala concebido com toda a confiabilidade da marca dos quatro anéis de Ingolstadt.

Segundo, a diferença de velocidade entre os carros prateados e os Pescarolo, além do surpreendente Dome de Jan Lammers e do malaio Alex Yoong, sexto mais rápido do dia.

A resposta pode estar nos 650 HP do motor Judd GV de 10 cilindros e cinco litros de capacidade cúbica, capaz de fazer o carro japonês andar a 330 km/h e ser o mais veloz no trecho de medição de velocidade máxima da pista.

O Pescarolo de Hélary e Montagny alcançou 326 km/h e o carro de Bouchut, Collard e Comas foi um quilômetro por hora mais lento. O Audi mais rápido foi de Biela, Pirro e Marco Werner - 324 km/h.



Na categoria LMP2, que promete também duelos muito interessantes, o trabalho começou bem para a equipe RML. Thomas Erdos (foto acima), brasileiro radicado na Inglaterra há 19 anos, fez uma ótima volta em 3'41"873 - um segundo e meio mais veloz que o surpreendente protótipo Radical SR9 Judd (foto abaixo), numa ótima performance do português João Barbosa. A Intersport Racing, onde corre Liz Halliday, a única mulher entre 150 pilotos inscritos, ficou com o terceiro tempo.



Neste grupo, ficou evidenciado que salvo qualquer zebra, a vitória ficará com um destes três carros. Aos outros competidores falta carros confiáveis ou pilotos capazes. Às vezes, as duas coisas.

Na GT1, os Aston Martin mostraram que vêm fortes. Tomas Enge, veloz e louco como sempre, fez o melhor tempo da divisão e pelo menos neste domingo, os carros da equipe de David Richards assustaram os Corvette.



A competição este ano está cada vez mais acirrada e nenhum dos dois brasileiros estreantes em Le Mans terá moleza.

Christian Fittipaldi veio direto de Nova York, onde correu sábado pela Grand-Am. Pegou um avião para Paris e de lá um jatinho até Le Mans - o mesmo que levou também para o circuito os pilotos Jörg Bergmeister, Tracy Krohn e Nic Jönsson - para fazer suas primeiras voltas com o Saleen da equipe americana ACEMCO. Ele e seus companheiros Johnny Mowlem e Terry Borcheller fecharam o dia com o oitavo tempo no grupo.

Nelson Ângelo Piquet, recrutado de última hora pela equipe Cirtek, deu suas primeiras voltas mas o trabalho da equipe inglesa foi prejudicado em razão de uma falha na caixa de câmbio. O tempo de 3'58"935 não foi considerado ruim, mas o Aston Martin poderia estar bem mais à frente não fosse o defeito mecânico.


O solitário Ferrari F430GT (acima) da Scuderia Ecosse mostrou do que pode ser capaz na GT2, derrotando pelo menos no primeiro teste o esquadrão Porsche. Andrew Kirkaldy virou em 4'04"252, sete décimos adiante do carro alemão pilotado por Romain Dumas. Nesta classe, a surpresa pode ser o Spyker C8, que andou bem e livre de problemas mecânicos. A decepção pode estar nos Panoz Esperante - o do Team LNT foi atrapalhado por uma quebra e ficou com o pior tempo do dia.

Rodrigo Netto (1976-2006)

A violência no Rio de Janeiro não pára.

Ninguém está impune e toda a sorte de acontecimentos continuam assustando a população.

Neste domingo, foi a vez do rock carioca e nacional perder um de seus integrantes.

Rodrigo Netto, guitarrista do Detonautas, foi assassinado numa tentativa de assalto na Av. Marechal Rondon, nas imediações do Rocha, zona norte do Rio de Janeiro.

Os bandidos emparelharam com o carro do músico, um Vectra preto, onde estavam além dele, o irmão mais velho e a avó, de 87 anos.

Vejam bem que nem senhoras de idade os ladrões respeitam mais.

O erro de Rodrigo foi o de todo motorista que não quer perder o carro: acelerou.

E no que acelerou, covardemente foi atingido, morrendo na hora. O irmão dele também foi baleado e, operado no Hospital do Andaraí, está fora de perigo. Sobrou também para uma senhora de 55 anos, acompanhada de uma netinha. Felizmente ela foi ferida apenas de raspão no supercílio e foi levada ao Hospital Souza Aguiar, de onde já foi liberada.

Lamentavelmente este é o retrato de um Rio de Janeiro outrora maravilhoso de se viver, hoje abandonado à própria sorte e nas mãos de políticos venais, ladrões e interesseiros.

Acorda povo! É hora de botar essa corja na rua!

sábado, 3 de junho de 2006

Crise de Identidade

Estou puxando pela memória e não consigo me lembrar de quando foi a última vitória de um piloto brasileiro na Fórmula 1.

Que foi do Barrichello, não tenho dúvidas. Mas em que ano e em que corrida, juro que pra ter certeza, só consultando o anuário AutoMotor do Reginaldo Leme.

A entressafra de vitórias na categoria máxima e a pouca quantidade de pilotos brasileiros com potencial de campeões no automobilismo europeu denota a crise em que está mergulhado o esporte a motor por aqui.

Louve-se o esforço da CBA em fazer um produto interno forte. Mas sem autódromos, não há sonho que dure.

O de Jacarepaguá, tido e havido como o melhor da América do Sul, foi pego de boi de piranha pelo Pan-2007 e pelo que sei, as tais obras não acontecem por falta de dinheiro e condições do solo - impróprio para erguer prédios do tamanho que a megalomania de CEM e suas comparsas empreiteiras insistem em construir.

Goiânia, que tem outra pista maravilhosa, não recebe a visita da Stock Car, nossa principal categoria, há seis anos. Eu disse seis anos!

Cascavel, ótima praça do esporte a motor graças ao esforço de Pedro Muffato nos anos 70 nem é lembrado. Guaporé, que tem uma boa pista, idem. E o Autódromo de Brasília é alvo de uma crise política sem precedentes no Distrito Federal.

Enquanto os novos empreendimentos (Canelinha, Cabreúva e outros) não saem do papel, nos contentamos com Interlagos, Curitiba, Santa Cruz do Sul, Campo Grande, Tarumã e, vá lá, Londrina.

É muito pouco autódromo para um país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

Com poucas pistas de nível e a base para o automobilismo - o kart - cada vez mais custosa para pais e pilotos, que compram os equipamentos dos preparadores, não é à toa que as categorias de monoposto no Brasil estão à míngua.

Longe vão os tempos da saudosa Super Vê, que em 75/76 era capaz de reunir, sem brincadeira, 45 carros no grid. Eu vi isso em exemplares antigos da boa e velha Auto Esporte e fiquei de queixo caído.

Hoje o panorama é outro. Comemora-se quando uma categoria supostamente de alto nível como a Fórmula 3 Sul-Americana larga com 14 carros e mais da metade consegue chegar ao fim de uma corrida.

Comemora-se quando a Fórmula Renault, em vez dos 15 carros em média por etapa do ano passado, alinha vinte, graças à substituição dos pneus franceses Michelin pelos Pirelli produzidos no Brasil.

Mas pilotos e equipes reclamam, com razão, da falta de exposição na mídia. Como vão dar retorno aos seus patrocinadores se não existe televisionamento direto por TV?

O automobilismo de hoje é muito mais exigente que o dos anos 70 e mesmo da década de 80 quando, mesmo demorando 30 dias para sair a matéria de cada corrida, os patrocinadores sabiam que lá estaria a foto do seu patrocinado.

A Fórmula Renault hoje vive um drama porque, com a adoção da rodada dupla, as corridas do sábado são esquecidas não só pela TV como pela organização do evento, a cargo da PPD Sports de Pedro Paulo Diniz.

Por isso, dez dos 19 carros que alinharam na prova de Brasília neste sábado, traziam em suas carenagens o adesivo da foto abaixo (devidamente "surrupiada" do site Grande Prêmio, do Flavinho Gomes).


Tá mais do que na hora do automobilismo brasileiro ser grande novamente. Vamos espantar fantasmas do passado e lutar para que ele não agonize e os detratores, as hienas, os pascácios e os lorpas (by Nelson Rodrigues) venham a público dizer que a destruição de Jacarepaguá lhes dava razão.

Sabe a Última do Piquet?

Não, este tópico não é sobre nenhuma declaração bombástica de Nelson Piquet.

Embora houvesse uma surpresa de minha parte com a notícia de que Nelson Ângelo, o filho mais promissor do tricampeão, vai correr as 24 Horas de Le Mans com o Aston Martin da Cirtek Motorsports (fruto da boa atuação dele nas Mil Milhas de janeiro, eu presumo), a sexta-feira marcou uma importante ocasião para o automobilismo.

Dia 2 de junho, há quinze anos, marcou a última vitória de Nelson Piquet na Fórmula 1.

E que vitória!

Conquistada justamente em cima do maior rival dos anos 80, o britânico Nigel Mansell.

Aquele GP do Canadá marcou o fim da relação tempestuosa entre Alain Prost e Cesare Fiorio, com a demissão deste último. A Ferrari vinha em crise, a McLaren dominava o campeonato e a Williams, mesmo com o carro mais rápido, não tinha competência para vencer corridas.

Apesar disso, Mansell dividia a primeira fila do grid com Riccardo Patrese, o pole position. Na fila seguinte, os eternos rivais Senna e Prost. Piquet era um discreto oitavo colocado e Roberto Moreno classificou-se num ótimo quinto lugar.

A Benetton também tinha problemas desportivos e técnicos. John Barnard lançou o B191 com bico "tubarão" e pulou fora do barco, alegando problemas particulares. Gordon Kimball assumiu o desenvolvimento do carro. Para piorar, Flavio Briatore trouxe para trabalhar com ele o britânico Tom Walkinshaw, cujo caráter à época já era tremendamente duvidoso.

Afora isso, os pneus italianos Pirelli não tinham bom rendimento em classificação - só eram mais resistentes que os Goodyear e permitiam a pilotos como Piquet ficar sem trocar pneus ao longo das corridas.

Enfim, a Williams começou dominando como quis a situação, com Patrese e Mansell fazendo a dobradinha. Berger parou logo, com problemas elétricos e Senna, vítima de uma prosaica falha de alternador, abandonou também.

Prost deixou a prova com falha no sistema de câmbio semi-automático e com 40 voltas a Williams fazia fácil a dobradinha, com Mansell liderando adiante de Patrese e Piquet. Um furo de pneu no carro do italiano mudou a situação da prova e o Leão passou a liderar o velho rival, que já se contentava com a segunda posição.

Mas a volta final reservaria uma grande surpresa...

Crente que estava abafando ao liderar de ponta a ponta, Mansell iniciou a 69ª passagem acenando para o público que o aplaudia. Mas ao deixar o carro em baixa rotação, o alternador passou a funcionar sem força suficiente e ao engatar uma marcha para cima, a Williams, uma jóia da tecnologia - ora vejam - morreu.

Mansell deu o espetáculo característico, esmurrou o volante e deve ter xingado um monte quando viu o carrinho azul e amarelo passando por ele, cujo piloto tinha aquele capacete que Mansell cansou de ver nos retrovisores, fungando em seu cangote, no auge da rivalidade.

A 23ª vitória de Nelson Piquet foi recheada de sorte? Claro que sim.

Mas um campeão não se faz sem sorte.

Inspiradíssimo pela cagada de Mansell, Piquet soltou o verbo. "Quase gozei no final quando vi o carro dele parado."

Perguntado se ele tinha pena do britânico, o tricampeão mandou mais uma. "O automobilismo não é um esporte onde se pode ter pena. Vence quem chega primeiro."

Outra curiosidade dessa corrida é que o nosso conhecido narrador das transmissões para o Brasil exagerou no gelado no calor canadense e transmitiu a corrida completamente afônico. Vocês nem têm idéia como ficou o "Neeeeeeelson Piquet, do Brasiiiiiiil" que ele soltou na chegada.

Que coisa, não?

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Senhores de Engenho

Vou dar uma pausa na série de filmes velozes para dar aquela porradinha básica na politicalha brasileira.

Esta semana, em O Globo, o atual governador de São Paulo e múmia ambulante, Cláudio Lembo, comparou ACM (não vou perder meu tempo digitando o nome dele por completo) a um senhor de engenho.

Tem toda razão, vossa excelência.

ACM é o típico político do século retrasado. Ou acha que pertence ao século retrasado. Seu modus operandi de agir com políticos e principalmente com seus eleitores data da época em que os senhores de engenho dominavam com mão de ferro as glebas onde exerciam influência.

Lamento pelo povo baiano que, assim como o fluminense, escolhe muito mal seus governantes e políticos.

A saga populista no Estado do Rio teve início com o biônico governador Antonio Chagas Freitas, que foi dono do jornal O Dia e indicado ao cargo pelos milicos. Seguiram-se dois governos de Leonel Brizola (um deles desastroso), já restabelecida a democracia.

E o caos se completou com Anthony e Rosinha Garotinho.

Pode ser que piore, porque ao que constam as pesquisas, Sérgio Cabral Filho é o candidato que lidera as primeiras simulações para a eleição de outubro próximo.

Já na Boa Terra, ACM distrbui seus tentáculos na própria família. LEM, o filho pródigo, tinha tudo para ser, se não como o pai, sem dúvida um articulador melhor e um político menos ladrão. Morreu tragicamente, jovem, de um infarto fulminante.

Infelizmente, o neto de ACM, apropriadamente chamado ACM Neto, saiu igual ao avô. Gosta de uma baixaria, posa como defensor da 'moral e da ética', mas como qualquer um da espécie rapina, tem telhado de vidro.

Primeiro porque é do PFL, a Arena da ditadura travestida de legenda democrática e 'liberal'.

Segundo porque o avô dele participou do escândalo do Painel do Senado, renunciou para não ser cassado e voltou, pelos braços do povo, ao Congresso Nacional!

É desses absurdos que o Brasil não precisa.

Como homenagem, posto aqui a letra da música "Nome aos Bois", dos Titãs, que aliás é um tópico do blog do excelente jornalista e grande amigo, Luiz Alberto Pandini.

Vejam se entre cada um dos citados não há uma correlação entre sacanagens, mentiras e outros desmandos.

Se alguém sugerir uma letra "Nome aos Bois II" será bem-vindo.

Garrastazu
Stalin
Erasmo Dias
Franco
Lindomar Castilho
Nixon
Delfim
Ronaldo Bôscoli

Baby Doc
Papa Doc
Mengele
Doca Street
Rockfeller

Afanásio
Dulcídio Vanderley Boschilla
Pinochet
Gil Gomes
Reverendo Moon
Jim Jones

General Custer
Flávio Cavalcanti
Adolf Hitler

Borba Gato
Newton Cruz
Sérgio Dourado
Idi Amin
Plínio Nogueira de Oliveira
Plínio Salgado

Mussolini
Truman
Khomeini
Reagan
Chapman
Fleury