sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

John Paul Jones: o Led subestimado

Há pouco mais de um mês, no dia 3 de janeiro precisamente, John Paul Jones completou 60 anos. Para quem não sabe, este homem nascido na Inglaterra com o nome de batismo de John Baldwin, foi baixista e tecladista do Led Zeppelin, um mito do rock and roll.

John Paul, cujo nome artístico foi sugestão de Andrew Loog Oldham, teve influências diretas na família. O pai era pianista e a mãe também estava envolvida no meio musical. E em 1961, ainda adolescente, tocou numa banda de jazz-rock chamada Jet Blacks. Quando atingiu 18 anos de idade, tornou-se figurinha fácil e músico requisitadíssimo de estúdio por artistas do calibre de Rolling Stones, Donovan, Cat Stevens, Jeff Beck, entre muitos outros.

Em 1968, quando Chris Dreja decidiu abandonar a carreira de baixista para se dedicar à fotografia, Jimmy Page, que já o conhecia, chamou John Paul para se juntar a eles num grupo que se chamaria New Yardbirds - que por sugestão direta do baterista Keith Moon, acabou rebatizado Led Zeppelin. O motivo? O som do grupo era pesado, tanto quanto um dirigível (zeppelin) de chumbo (led).

E por mais que a guitarra de Jimmy Page gritasse altíssima, Robert Plant exagerasse nas firulas vocais e John Bonham botasse pra quebrar com sua bateria, ainda havia John Paul Jones. Discreto e classudo.

A ponto de só "viajar" quando o assunto era um só - a música "No Quarter". Este era o palco perfeito para os improvisos do baixista / tecladista, incluindo enxertos de Rachmaninoff e até trechos de "Amazing Grace", tornando-a irreconhecível e com quase meia hora de duração.

Desde 1980, com o fim do Led Zeppelin em razão da morte do baterista John Bonham, John Paul continou requisitado para colaborar com os trabalhos de diversos artistas - variando do REM até os industriais Butthole Surfers e La Fura Dels Baus.

Eclético, gravou cinco discos solo, um deles com a cantora grega erudita Diamanda Galás, chamado "The Sporting Life". Uma das faixas, aliás, entrou na trilha sonora do filme Assassinos Por Natureza, de Oliver Stone.

O pior é que nem mesmo todo esse cartel conseguiu fazer com que Robert Plant e Jimmy Page lembrassem do talento de JPJ quando eles lançaram a turnê do álbum "No Quarter Un Led Ed", que chegou ao Brasil em 1996 via o festival Hollywood Rock.

Muito se diz acerca dessa história, sempre sem os fatos como eles realmente são. Dizem que Plant e Page não pensaram na participação de John Paul porque assim evitariam rumores sobre um possível retorno do Zeppelin - muito embora eles tenham se reunido quando o grupo foi indicado em 95 para o Hall da Fama do Rock and Roll.

JPJ teria aproveitado a ocasião da jam session do grupo para sabotar os solos que fazia, principalmente na melhor parte. Isso talvez tenha deixado Page irritado e dizem que foi ele quem vetou a participação do baixista nesse trabalho que desenvolveu com Robert Plant.

Marginalizado e subestimado. Este é John Paul Jones, um monstro do baixo que o rock and roll graças a Deus nos pôde ofertar.

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