quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Stones em Copa: por que pode dar errado?

Eu não preciso me dilacerar todo por causa de um show dos Rolling Stones.

Afinal, quando eles vieram tocar aqui pela primeira vez, em 1995, eu fui no Maracanã e é um espetáculo que nunca mais sairá da minha memória.

Você, quando ler este tópico, há de pensar que estou sendo um pouco ranzinza na minha convicção. Não é verdade. Quanto mais grupos de rock do naipe dos Stones vierem ao Brasil, melhor. E é uma honra que o Rio de Janeiro esteja incluído na última turnê do grupo que já está na estrada há 42 anos.

O problema dos Stones tocarem no Rio é o lugar: a Praia de Copacabana. E todo o esquema que está sendo montado para o próximo sábado.

Esquema que tem tudo para ser um fracasso. Os trens do metrô com certeza vão superlotar e as composições não vão atender a demanda de pessoas, uma vez que depois das três da tarde (isso mesmo!!!) todos os acessos ao bairro serão fechados.

Tá... mas peraí... e quem não curte rock? E quem nem quer saber das pedras rolando em Copacabana? Há que se pensar nessa porção de pessoas que, se é bem menor que o 1,5 milhão de espectadores calculado para assistir ao show, tem outras coisas pra fazer - inclusive trabalhar.

O efetivo de policiais para tamanha multidão é ridículo. Serão menos de 3 mil, entre civis e militares, para tentar conter furtos, arrastões, consumo de drogas e outros baratos. E para complicar ainda mais as coisas, a PM anunciou que no palco B - montado no mesmo esquema do show realizado em 1998 na Praça da Apoteose - banda e público ficarão separados por apenas quatro metros de distância.



Na primeira hipótese, os fãs veriam os Stones a mais de 100 metros de seu campo visual, o que deixaria o espetáculo "frio" e inviável para qualquer artista. Em depoimento ao jornal O Globo, o vocalista Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, diz que Mick Jagger tem que fazer o papel de "maestro das multidões".

- Ele precisa estar perto do público. Bandas como Stones e U2 começaram a fazer shows em arenas para chegar mais perto do público. A idéia de colocar um palco menor no meio da platéia ou aquele coração do U2 que o público ficava no meio é sempre o de diminuir a distância entre palco e platéia. É curioso que no Brasil se faça o contrário. Só vai ter gente de verdade muito longe porque VIP eu não sei o que é - afirma ele, que não vai ao show porque não foi convidado.

Aliás, pra que privilegiarem tanto os VIPs? Há necessidade de os aboletar em dois espaços distintos, um de cada lado do palco?

Podem escrever aí... o que mais vai existir de irritante no domingo e na segunda serão pseudonotinhas e pseudoreportagens sobre artistas que foram lá ver Rolling Stones como se fosse o primeiro show de suas vidas.

O Saco de Gatos vai parar por aqui antes que ele encha de tanta mediocridade...

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Rodrigo, concordo plenamente com sua colocação.
Em primeiro lugar é injusto fazer tanta 'confusão' com quem mora ou trabalha nas redondezas, e em segundo, privilegiar um bando de PSEUDOESTRELINHAS que PSEUDOPENSAM que são grande coisa é demais...
Abração