Luiz Antônio Greco deixou saudade no automobilismo brasileiro. O "Trovão", homem que impunha respeito pela voz de baixo profundo, sabia tudo do métier. Aprendeu com Christian Heins como se gerenciava uma equipe de corridas e quando este faleceu tragicamente em Le Mans, no ano de 1963, assumiu a condução de uma das maiores escuderias deste país: a Willys.
Estrategista nato, o "Trovão" só não fazia chover. Por suas mãos passaram vários dos melhores pilotos da história, muitos dos quais mostraram sua categoria com os Alpines e Berlinetas pintados de amarelo. Luiz Pereira Bueno e Bird Clemente que o digam...
Em 1967, com a absorção da Willys pela Ford, Greco continuou cuidando do departamento de competição da marca estadunidense no Brasil. Ele foi o responsável pela distribuição dos 25 chassis Merlyn - que aqui se transformaram em Bino - para a criação do campeonato da Fórmula Ford em 71. Também chefiou equipes de Rali, Protótipos, Divisão 1 e Divisão 3. Excetuando o Corcel e o Bino Mark II, os outros carros eram de grande potência e cilindrada: Maverick, Ford GT40, Avallone Ford e por aí vai.
No fim de 1976, o automobilismo brasileiro vivia uma séria crise. Alguns equipamentos importados, como pneus, tiveram sua entrada vetada no país. Carros de fora, nem pensar. A Classe B onde os Maverick D-3 corriam foi extinta. Na D-1, o carro da Ford perdia espaço para o Opala. E Greco silenciosamente se afastou do automobilismo.
Não por muito tempo: quando o Brasileiro de Marcas e Pilotos foi anunciado para 1983, lá estava ele se preparando para a volta - que aconteceu em 1984, trazendo o colorido característico de azul e amarelo aos Ford Escort que preparou com carinho. Sob sua batuta, estiveram nessa época os pilotos Waldir Florenzo, Luiz "Pitoco" Rosenfeld, Edmar Ferreira, Lian Duarte, Ingo Hoffmann, Arthur Bragantini e outros, além de... Fábio Greco.
Sim... o filho do lendário "Trovão" foi aprender tudo e mais um pouco com o velho pai. E recompensou à altura, vencendo junto com Lian Duarte o campeonato de 1985. A equipe continuou sendo uma pedra no sapato (é só lembrar do que ela fazia nas 12 Horas de Goiânia), mas nunca mais foi campeã - nem mesmo quando, para completo choque da comunidade automobilística - trocou a eterna parceria pela Volkswagen para o certame de 1991.
Infelizmente ele não permaneceria entre nós para presenciar o surgimento da Fórmula Uno, gerida com competência por seu filho Fábio a partir de 1992. Foi-se a lenda, ficou o sobrenome para sempre.
E no ano em que a lendária equipe Bino completa 50 anos de surgimento, eis que a Greco Competições vai voltar ao automobilismo brasileiro e na companhia de outro mito do esporte-motor: a Ferrari.
Com duas F430, Fábio Greco e sua equipe disputarão a GT3 Brasil. Um dos carros já tem dupla definida: Sérgio Laganá / Antonio Jorge Neto. Renato Cattalini está - por enquanto - sem parceiro.
Para quem como eu, que curte automobilismo, assim como muitos outros visitantes do blog, trata-se de uma novidade repleta de emoção e respeito. Sentimentos que se misturam ao lembrarmos de um sobrenome que é História neste esporte.
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