Em 1982, a Ferrari não tinha primeiro piloto embora, aparentemente, Gilles Villeneuve tivesse a predileção especial de grande parte da equipe. E finalmente os italianos apresentaram um bom carro: o 126 C2, projeto de Harvey Postlethwaite, que tinha saído da Fittipaldi no auge da crise da escuderia brasileira.
Na estréia, em Kyalami, a Ferrari passou longe do pódio e em Jacarepaguá, Villeneuve deu show. Por 29 voltas, o canadense se manteve no pelotão da frente, e numa defesa de posição mal-calculada na curva Norte, estatelou-se nas telas de proteção.
Com a desclassificação de Piquet e Rosberg, Pironi subiu para sexto e marcou o primeiro ponto da equipe. Em Long Beach, polêmica - mais uma: Gilles terminou em terceiro a bordo de uma Ferrari com dois aerofólios. Juntos, eles somavam mais de 1 metro de largura, fora do regulamento. E o canadense foi desclassificado.
Aí estourou a bomba: a já citada desclassificação de Piquet e Rosberg (onde eu estava com a cabeça quando escrevi Nigel Mansell?) no GP do Brasil. E em protesto, as equipes inglesas se recusaram a disputar o GP de San Marino - exceto a Tyrrell e a Toleman, que pertencia ao chamado "bloco dos legalistas", de Jean-Marie Balestre.
O que ninguém imaginava é que esta corrida se transformaria num dos últimos momentos de Gilles Villeneuve na F-1. E ele fez tudo para vencer o GP de San Marino. Mas Didier Pironi não deixou. O semblante fechado do canadense disse tudo: ele é quem deveria vencer, não o francês.
Indignado, ele foi para o GP da Bélgica, em Zolder, para tentar superar Pironi mais uma vez. A folha de tempos era o parâmetro e o canadense não gostou do que viu: o francês era 0s1 mais rápido do que ele. Por isso, a pouco mais de 10 minutos para o fim da classifcação, Gilles saiu com um jogo de pneus "zero-bala" em busca da volta perfeita.
Às 13h51, porém, aconteceu o pior.
O vôo. A tragédia. A morte.
Gilles Villeneuve, 30 anos de idade, desaparecia para sempre das pistas de Fórmula 1, exatamente no mesmo circuito onde, em 1978, fizera seus primeiros pontos na categoria máxima.
Um fato que me fez chorar. E ao meu pai também.
Quanto mais lembro do canadense, mais me entristece saber que existem poucos pilotos no automobilismo capazes de fazer o que ele fazia. Seus espetáculos de pilotagem, a guiada agressiva que emocionava, que enchia os olhos.
O esporte nunca mais foi o mesmo depois da partida do baixinho.
Obrigado Gilles, por ter existido. Obrigado a Deus por ter me permitido conhecer um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1.
8 comentários:
Felizmente vi o que de melhor a F1 mostrou em todos estes anos... ...Lembro-me de Gilles, dos seus shows, do seu carisma e deste momento de grande tristeza.
Parabéns Mestre Mattar por esta homenagem prestada a um dos maiores pilotos de todos os tempos...
Adhiero a tus palabras, la F1 ya no fue igual sin Gilles.
Só digo isto: excelente!
Parabéns, Rodrigo! Bonita homenagem! O Gilles tinha um estilo próprio, muito agradável de se ver. Muito dificilmente surgirá alguém parecido. Uma pena não ter conquistado nenhum campeonato. Fatalidades acontecem, a gente lamenta mas não tem jeito. Pena...
Só uma pequena correção: Gilles tinha 32 anos quando morreu, e não 30.
A data de nascimento dele é alvo de controvérsias, mas diversos sites o colocam como tendo nascido em 1952, portanto com 30 anos na época de sua morte.
Oi, Mattar. Dois livros indispensáveis sobre Gilles Villeneuve ("Gilles Vivo", de Cesare de Agostini, e "Villeneuve - a racing legend", de Allan de la Plante) informam que ele nasceu mesmo em 1950.
Parabéns pela série! Abração. (LAP)
Ganhou poucas corridas, Nunca foi campeão, mas o carisma que ainda hoje tem junto dos amantes do automobilismo é único! Simplesmente o mais ousado, e apaixonante piloto de sempre.
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