sábado, 5 de maio de 2007

Semana Gilles - parte 5

O ano de 1979 foi de sonho para a Ferrari. Jody Scheckter foi campeão, Gilles Villeneuve vice. A equipe também ganhou o Mundial de Construtores e foi aquela festa em Maranello. Afinal, todo mundo viu que a Ferrari nem de longe tinha o melhor carro daquele ano: a Ligier tinha o melhor conjunto nas primeiras corridas e depois caiu de rendimento. Foi aí que Scheckter e Villeneuve tomaram conta da situação - antes das Williams FW07 aparecerem para conquistar uma inacreditável série de vitórias.

Villeneuve outra vez foi o showman do ano, como comprovado em seu fantástico duelo com René Arnoux em Dijon, além da alucinada tentativa de seguir no GP da Holanda em Zandvoort com uma roda totalmente dilacerada, bem como o passeio em Watkins Glen, virando em média quatro segundos mais rápido do que qualquer outro piloto em pista, no piso molhado.

Mas ao sonho seguiu-se o pesadelo. Em 1980, o modelo 312 T5 tinha insolúveis problemas de aderência e, seguindo o estilo do antecessor, era um semicarro-asa, com painéis de alumínio montando com a estrutura tubular o chassi do carro. As demais escuderias já trabalhavam com monocoques inteiramente de alumínio e possuíam conjuntos mais eficientes.

No começo daquele ano até que Villeneuve e Scheckter vinham no ritmo da turma, em classificação. Mas a coisa começou a degringolar a partir do GP da Bélgica, em Zolder. Raramente, os dois pilotos classificavam-se entre os 12 primeiros, invariavelmente dividindo as últimas filas com ATS, Osella, Arrows e Fittipaldi.

Villeneuve ainda fazia alguns milagres. Em Mônaco, por exemplo, cometeu duas ultrapassagens antológicas POR FORA na curva Ste. Devote sobre Riccardo Patrese (que não era de levar desaforo pra casa) e René Arnoux, que deixaram um certo locutor falando o seguinte: "O Villeneuve vai lá e passa". Quem diria que hoje o discurso fosse outro... aquela cantilena chata de "chegar é uma coisa..."

Mas enfim, Gilles salvou dois pontos nessa corrida de Mônaco e mais um em Hockenheim - já tinha sido sexto na Bélgica. E no Canadá, saiu de 22º para quinto. Foi tudo o que conseguiu fazer: míseros seis pontos no Mundial de Pilotos. E Scheckter, que se retirou das pistas ao fim do ano, apenas dois.

Perdidas as esperanças, a Ferrari concentrou esforços no desenvolvimento do carro com motor Turbo, a 126CK. O carro faria seu batismo de fogo no GP da Itália e Villeneuve treinou todo o fim de semana com ele, fazendo inclusive o oitavo tempo no grid. Mas de última hora, a equipe trocou de carro e Gilles entrou para a largada com a velha T5.

Não foi uma sábia decisão. Por falta de sorte, ou não, foi com ela que Villeneuve sofreu até então o acidente mais espetacular de sua carreira, que você revê agora nas imagens da transmissão da TV inglesa, com o inconfundível Murray Walker na latinha.

2 comentários:

Anônimo disse...

Foi pura sorte mesmo, pois se ele bate de frente como estava encaminhando para ser ele tinha morrido em 80. Pena que o destino não deixou ele disputar toda a temporada de 82, junto com o Pironi.

Wallace Michel

Alexandre Carvalho disse...

No dia da morte do Senna, vi na TV um comentário do Edgard Mello Filho sobre este acidente com o Gilles, onde ele diz que o piloto canadense, depois da batida, ficou cego por cerca de três minutos. Alguém aí sabe se isso é verdade?