quinta-feira, 3 de maio de 2007

Façanhas do Panda

Eu tive o prazer de conhecer o Luiz Alberto Pandini pessoalmente no ano passado, quando da inesquecível edição das Mil Milhas vencida por Piquet pai, Piquet filho, Helinho Castroneves e Christophe Bouchut. Naquele calorento fim de semana, além de conversarmos muito sobre - claro - automobilismo em geral e Nelson Piquet, repartimos causos com outros colegas e lendas do esporte.

Como atento e ávido leitor de revistas automobilísticas desde muito, já sabia que ele trabalhara na Grid e inclusive testou (ah, quanta inveja!) um Dallara Mugen-Honda F-3 da Cesário Fórmula em 1994. Na época, o carro era o pincaro da tecnologia na categoria e foi campeão por aqui com Cristiano da Matta e depois com Ricardo Zonta, no ano seguinte.

Panda também reparte (acho que agora com muito menos tempo, em razão do trabalho incessante) com Eduardo Correa, o autor do excelente "Pela Glória e Pela Pátria", o não menos completo site GP Total, que já nos brindou com reportagens, causos e pitacos sensacionais de ambos e dos convidados que lá escrevem.

E como convém a um apaixonado por tudo o que se move a motor - e acredito que ele seja tanto quanto eu e outros que aparecem por aqui, nosso bravo Panda não dispensa uma brincadeira básica de kart.

Reparto com vocês, portanto, o relato que me chegou há pouco por e-mail, escrito pelo próprio.

Ontem, um grupo de 17 malucos que se conheceram graças ao Porsche Club esteve na Granja Viana para uma corrida de kart. Entre os presentes, nomes como Rodrigo Hanashiro, Manoel Rezende (sim, aquele mesmo, vencedor de uma etapa do Brasileiro de Corcel II em 1981 e campeão paulista de Grupo N com um Passat em 1988), Carlo Collet (piloto de rali de velocidade na década de 80) e... eu, euzinho.

A corrida faz parte de um campeonato maluco. As provas não têm treinos classificatórios: o grid é definido pela ordem inversa da classificação do campeonato - quem não correu as etapas anteriores, como era meu caso, larga entre os últimos, junto com todo mundo que esteja na mesma situação, com a ordem destes sendo definida por sorteio. Os karts também são sorteados. É uma volta para alinhamento e aquecimento de pneus e... pau na máquina!

Antes da largada, o Manoel ainda falou: "Quero ver você andando!". "Quéisso, Mané! Tudo isto aqui é só pose", respondi, apontando para meu capacete pintado e meu macacão Corsa.

Larguei em 14º ou 15º e, por estar no meio de um bolo de loucos e/ou braços duros, comprei uns quatro sauceiros prontos. A cada um eu perdia tempo e precisava sair remando. Fui fazendo isso, até que me vi logo atrás do Manoel Rezende. Pensei: "Não é possível que vou ultrapassar este cara...". Mas era: cheguei no Manoel e em duas voltas ultrapassei-o. Só a partir desse momento consegui fazer voltas limpas (o resto do pessoal já estava longe na frente...) e descobri que estava em sétimo lugar, posição na qual recebi a bandeirada.

Em defesa do Mané, devo dizer que o kart dele devia estar péssimo de motor, pois os pontos em que eu mais descontei dele foi nas subidas. Mas não importa: pela primeira vez, duelei com um piloto "de verdade". E ganhei! Depois da bandeirada, ele (gentilmente, creio) ainda elogiou minha tocada, dizendo que era limpa, redonda, aproveitando toda a pista. "Obrigado, mas na verdade o meu kart é que estava muito bom", respondi, entre modesto e sincero. "Sim, mas kart bom não adianta nada se o piloto não colaborar", respondeu o Mané.

Mais do que o resultado (que nem foi tão expressivo assim), o que me deixou contente foi que pela primeira vez corri bem na Granja. É o lugar em que mais corri, mas nunca havia pilotado bem ali. Ontem não: peguei um kart bom, andei legal, me diverti à beça com as recuperações que fiz a cada uma das quatro pancas que dei/levei e, principalmente, depois de muito tempo eu consegui fazer uma corrida inteira totalmente focado no kart e na pista. Fazia muito tempo que eu não conseguia isso, deixar os problemas fora da cabeça e acelerar. Foi muito bom!

Abração, e parabéns pela série sobre o Gilles.

LAP

5 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo,
O Panda, a Alesandra e o Edu representam com você e o FG, novos ares para a nossa imprensa que cobre o Automobilismmo, sem o imobilismo que domina atualmente os mais antigos.

Anônimo disse...

Curioso, eu tinha uma certa prevenção com relação ao Panda, talvez devido à uma das empresas para o qual profissionalmente presta serviços. Tive a oportunidade de conhecê-lo e conversar por duas oportunidades em Interlagos. Que nada!! O cara é gente finíssima e sabe um bocado de automobilismo. Tem um fino senso de humor e pessoalmente é uma das pessoas mais agradáveis com quem conversar. Mais uma vez fica provado que o hábito não faz o monge.

Anônimo disse...

Estive no Porsche Day semana passada, e falei muito rapidamente com o Pandini.
Estava ocupadíssimo por todo o dia, mal falei com ele.
Tambem, substituindo um certo narrador que não pôde estar presente por nobilíssimos motivos...
Engraçado... para essas provas na Granja nunca me convidam, só vou lá pra tomar nabo do Dany - atual recordista da Granja - e que andou pela primeira vez em Interlagos de carona com o Paulão Aidar naquela linda 993 Preta Bi-Turbo em 2 duro...
Claudio Ceregatti

L-A. Pandini disse...

Mattar, assim você me mata do coração, rapaz! Tomei o maior susto ao ver meu relato transformado em post... Valeu, obrigadão!

Caíque e Joaquim: obrigado pelos elogios! Mas não exagerem, porque senão eu vou ficar insuportavelmente esnobe...

Cerega: te espero na próxima corrida. Para acelerar...

Anônimo disse...

Panda eu tenho até hoje a matéria da Grid onde você testa o Fórmula 3 em Interlagos. Essa eu guardo com muito carinho.

Quando você e o Edu vão dão o prazer para a gente de voltarem a escrever periodicamente para alguma revista especializada de automobilismo? Até hoje nenhuma substituir a Grid do período de vocês.

Wallace Michel