sábado, 12 de maio de 2007

Marmelagem

O título do tópico é uma mistura básica de marmelada com sacanagem.

Que foi o que rolou há cinco anos, num Dia das Mães (como este domingo de Fórmula 1), em 12 de maio.

Foi o dia do GP da Áustria. Dia em que eu vi, depois de 24 anos acompanhando a categoria máxima, a maior prova de falta de ética que uma equipe automobilística foi capaz de conceber.

Não havia cabimento para tanto. A corrida era, salvo engano, a quinta de um total de 17 previstas para um campeonato que, como se sabia de antemão, iria ser ganho com um pé nas costas por Michael Schumacher.

Mas pra que mandar o Rubens, que dominara aquele fim de semana inteiro, de forma incontestável, deixar o alemão passá-lo na última curva da última volta? Pra fazer os torcedores austríacos, brasileiros e não sei mais de onde se sentindo feito palhaços?

Eu estava na produção da corrida pela Globo na época, e tudo já estava engatilhado para o Tema da Vitória, para um Feliz Dia das Mães para D. Idely, mãe do Rubens Barrichello.

E aí entrou a mão maquiavélica do baixinho Jean Todt, a mesma que em 1989 jogou para os ares em Gao, no Mali, uma moeda que definiu o Paris-Dakar em favor de Ari Vatanen, que se matava diariamente para superar Jacky Ickx como tinha que ser: no braço, na disputa. Mas prevaleceu o bom senso e Ickx, para mostrar que poderia (e deveria) vencer, liderou até o último metro da última especial.

Sabem o que ele fez?

Saltou do carro, fez a típica mesura de "passe por favor" e Vatanen venceu.

Ou seja: o que o francês praticara enquanto dirigente da Peugeot, veio à tona como todo-poderoso da Ferrari. Via rádio, ele encheu os ouvidos de Barrichello de abobrinha. Nelson Piquet, com sua autoridade de tricampeão, teria dito que "se fosse ele, mandaria todo mundo à merda". Típico dele, é verdade. Mas Barrichello merecia responder algo do tipo:

"Fui melhor durante todo o fim de semana e quem tem que vencer sou eu."

Seria uma demonstração de personalidade e de força psicológica que ele nunca foi capaz de demonstrar enquanto piloto Ferrari. E se valorizaria diante dos demais chefes de equipe. Afinal, não foi o próprio Rubens que disse que a Williams quis contratá-lo mas ele recusou?

E recusou por que? Provavelmente porque ganharia muito menos do que ganhava na Ferrari. Afinal, é muito melhor ser esparro do Schumacher do que ir pra um téte-a-téte com Montoya - que era o que lhe sobraria em 2003.

Rubens pagou caro pelas escolhas. Por ter deixado Schumacher passar e por não ter saído da Ferrari na hora em que deveria. E o resultado está aí escancarado para quem quiser ver.

Enquanto isso, acho que vale viajarmos no tempo para rever a vergonhosa chegada do GP da Áustria. E já fazem cinco anos... como o tempo passa rápido, rapaz!

Um comentário:

Anônimo disse...

Há 5 anos atrás eu deixei de torcer para o Rubens Barrichelo... O que foi feito naquela corrida, foi a maior decepção que eu já tive vendo f-1... já me preparava para a bandeirada com minha mãe ao lado, quando aquela palhaçada ocorreu... Quando o Piquet falou que mandaria todos a merda, eu tenho certeza que sim, e como tenho certeza que ele ganharia o respeito de todos aqueles que assistiam a corrida e torceram por ele... Hj tanto tanto tempo depois, me faço a pergunta se valeu a pena "ter seguido o contrato"...