terça-feira, 8 de maio de 2007

Bravo!

Mais uma pérola televisiva do tempo do preto-e-branco, a abertura da novela Bravo!, descrita no caracteres como sendo de Janete Clair e Gilberto Braga.



Naquela época, os melodramas de Janete Clair tinham cansado os telespectadores e a própria Globo, preocupada com a superprodução que estrearia em cores o horário das 20 horas - Roque Santeiro, alvo de citação em dois posts anteriores. Mas a novela, como se sabe, foi censurada e precisou-se produzir às pressas um novo folhetim. E Janete, que enfrentava o limbo do horário das sete, foi chamada para escrever Pecado Capital em tempo recorde.

Bravo! foi então finalizada por Gilberto Braga, hoje um consagrado autor de novelas, mas que na época era apenas o auxiliar da novelista já famosa. E a história girava - para variar - em torno do romance do maestro Clóvis di Lorenzo (Carlos Alberto) com a humilde e pobre Cristina (Aracy Balabanian). Uma situação que não agrada à possessiva irmã do músico, Fabiana, interpretada por Neuza Amaral.

Clóvis "compôs" ao longo da passagem de três anos na qual se situou a novela, cinco peças eruditas: Romanza, Adagio, Allegro, Fuga e Gran Finale. Foi a volta triunfal de Carlos Alberto à TV após dois anos afastado e as cenas de concertos tinham músicos de verdade - 88 ao todo - e gravadas no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a preciosa a ajuda de Júlio Medaglia, diretor musical da novela, Carlos Alberto dispensou o uso de dublês - uma vez que estudou passo a passo todas as marcações das obras que seriam tocadas nas cenas gravadas.

Júlio é o autor do belíssimo tema de abertura, apropriadamente chamado "Bravo!" e além disso, foi o responsável pela arregimentação da trilha sonora 'popular', com direito a Rita Lee em seus primeiros sucessos-solo - "Esse Tal de Roque Enrow" e "Agora Só Falta Você" - e em especial do disco erudito que tinha gênios como Brahms, Villa-Lobos, Bach, Chopin, Tchaikowsky, Beethoven e Rachmaninoff. Esse LP vendeu mais de 200 mil cópias e fez sucesso, gerando para a Som Livre outros três volumes, lançados respectivamente em 1977, 1979 e 1985.

Um comentário:

L-A. Pandini disse...

Além da abertura e do maestro, a única coisa que me lembro dessa novela é do personagem vivido pelo Claudio Cavalcanti perguntando a alguém, na rua, se havia visto uma pessoa qualquer com "um Corcel GT marrom".