segunda-feira, 14 de maio de 2007

O "Fusca" vai bem, obrigado

A Fórmula 1 anda para trás.

Querem uma prova? Basta comparar a perfomance dos carros da categoria máxima com a GP2, na primeira pista européia da temporada: Barcelona.

Mesmo com uma chicane que aumentou a pista para 4.655 metros de extensão, o avanço técnico dos monopostos do campeonato de acesso da F-1 é evidente. O melhor tempo no grid, de Timo Glock, foi 6"292 mais lento que o da pole de Felipe Massa. É uma diferença de 2"864 em relação ao ano passado, que traduzida em quilometragem significa que a cada 10 voltas percorridas, os GP2 ganharam 1,6 km em relação à F-1. Ano passado, a pole position cravada por Nelson Ângelo Piquet foi 9"156 pior que o melhor tempo de Fernando Alonso, numa pista que tinha 4.628 metros e evidentemente era muito mais rápida.


O Dallara de Jimenez: a GP2 se aproxima da F-1. É mole?

E estamos comparando dados e desempenho de um campeonato onde as equipes mais ricas investem somas vultosíssimas, ao redor de US$ 700 milhões/ano na F-1 contra US$ 8 milhões/ano na GP2. A GP2 não realiza testes semanalmente, tem apenas treinos coletivos determinados pelos organizadores, anda 45 minutos de treino livre e depois meia hora de qualificação, antes de suas provas.

Tem mais: a GP2 hoje usa pneus slicks, tem motores padronizados (Renault-Mecachrome) com potência de cerca de 600 HP, câmbio seqüencial com acionamento paddleshift - por borboleta atrás do volante - e efeito-solo, o que é vantajoso no equilíbrio em curva.

A F-1 tem carros com motores V-8 de 2,4 litros e potência de 800 HP a 19 mil rpm, pneus com frisos horizontais diminuindo a área de contato com o solo, controle de tração, câmbio semi-automático e um refinamento aerodinâmico constante e fora do comum.

Diante de tamanha comparação, é como se a GP2 fosse um Fusca e a F-1 um Mercedes último tipo. Só que "o Mercedes último tipo" precisa urgentemente de se reinventar - não pela aerodinâmica, mas pela parte técnica, sem controle de tração, com câmbio manual e a volta dos pneus lisos.

Só assim o abismo para a GP2 pode aumentar e, enquanto isso, "o Fusca" vai bem, obrigado.

5 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo,

A F1 este ano teve uma substancial piora nos Pneus, agora Monomarca, coisa que a GP2 não sofreu, por isso a diminuição do tempo entre as Poles, mas acho a GP2 muito chata, já que também é monomarca e não tem treinos.

Anônimo disse...

Rodrigo,

Não vejo por esse lado. Uncle Max quer fazer da F-1 um esporte mais seguro - e barato -, e por isso, faz de tudo para que os carros fiquem mais lentos. A GP2 evoluiu com as novas introduções aerodinâmicas para esta temporada. Além do mais, acho de substancial importância para os pilotos da categoria-escola virarem voltas próximas dos F-1. É uma categoria que, pela proximidade, melhor prepara os pilotos.

Forte abraço,
CLEBER BERNUCI

Rodrigo Mattar disse...

Cleber, seu raciocínio é em parte correto. Mas nos anos 70, a Fórmula 2 usava motores de 1600cc que debitavam 215, 230 HP de potência. Os Cosworth V-8 da F-1 tinham 3 litros e 440 a 450 HP. Como se explica então que pilotos como Cévert, Reutemann, Emerson, Moco, entre outros, tenham se adaptado tão rápido a um Fórmula 1?

Rodrigo Mattar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo Mattar disse...

Cleber, seu raciocínio é em parte correto. Mas nos anos 70, a Fórmula 2 usava motores de 1600cc que debitavam 215, 230 HP de potência. Os Cosworth V-8 da F-1 tinham 3 litros e 440 a 450 HP. Como se explica então que pilotos como Cévert, Reutemann, Emerson, Moco, entre outros, tenham se adaptado tão rápido a um Fórmula 1?