É... faz um tempão que eu não falo de política e políticos. E deste, me lembro bem. Afinal, em 1989 eu tinha 18 anos e ia votar pela primeira vez na minha vida, e logo para presidente. O pleito teve um sem-fim de candidatos, diversos deles de partidos "nanicos". E um deles imediatamente chamou a atenção pela verborragia e pela figura pitoresca que aparecia no vídeo: uma barba mefistofélica e uma calva inconfundível. Sem falar no bordão.
"MEU NOME É ENÉAS!"
Passaram-se 18 anos e da piada da eleição vencida por Collor, Enéas teve que ser levado a sério. Em 1994, conseguiu votação expressiva e maior que a de Leonel Brizola. Depois, conseguiu mais de 1,5 milhão de votos por São Paulo, puxando a legenda do seu PRONA (Partido da Reeedificação da Ordem Nacional) e trazendo consigo outra dezena de parlamentares que, mesmo com menos de 1.000 votos também garantiram uma cadeira no Congresso - culpa da legislação brasileira, que privilegia o quociente eleitoral.
Por trás de seus discursos inflamados, que remetiam ao fascismo de Mussolini ou ao nazismo de Hitler, havia uma pessoa muito inteligente. Físico e matemático formado, Enéas tinha mestrado em Cardiologia pela UFRJ.
Mas o Dr. Enéas não vinha com a saúde campeã há algum tempo. Sem a barba, parecia outro. E era. Com leucemia (câncer no sangue), o político não conseguiu fomentar as bases do recém-formado Partido da República (PR). E faleceu neste domingo, aos 68 anos de idade.
Queiramos ou não, vai ficar para sempre o seu bordão que, desculpem a licença poética, agora será assim.
"Seu nome era Enéas."
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