segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Um filme que pode se repetir

A disputa pelo título mundial de pilotos de 2007 tem cheiro de filme repetido. Faltam três provas para o fim e três nomes aparecem com chances reais de chegar lá - uns com mais, outros com menos. E enquanto muitos se remetem ao já distante ano de 1977 - onde Mario Andretti venceu quatro etapas e James Hunt, Jody Scheckter e Niki Lauda, três - para celebrar um pretenso "equilíbrio" neste ano, ninguém até agora se deu conta de que este campeonato guarda mais semelhanças com 1986 do que parece.

Duvidam? Então vamos lá...

Tal como há 21 anos, existem dois pilotos da mesma equipe, visivelmente em pé de guerra e com um deles decidindo não passar mais informações de acerto ao outro. Na Williams, também foi assim: Piquet entrou em guerra psicológica contra Mansell, que era muito rápido e queria ganhar um campeonato a todo custo. O brasileiro passou a sonegar informações de acerto e ao mesmo tempo evoluiu no campeonato, vencendo corridas e somando pontos.

Hoje, na McLaren, tirando o fato de que Hamilton é um estreante, coincidentemente trata-se de um inglês correndo numa equipe inglesa. Alonso, latino como Nelson Piquet, também já possui dois títulos, tal como o brasileiro naqueles tempos. E depois de estar 14 pontos atrás de Lewis no campeonato, o espanhol hoje está a apenas dois do "companheiro" de equipe.

Tal como há 21 anos, existia um piloto com menos chances - de acordo com sua pontuação até então. Só que este piloto, que já havia expurgado a pecha de azarado em 1985, teve a sorte a seu favor e foi campeão - aliás, bicampeão. Este personagem era Alain Prost.

Lógico que ele não guarda semelhança alguma com Kimi Räikkönen em muitos aspectos - principalmente porque ele já era campeão e o finlandês ainda não o foi. Mas, pensem bem: com 13 pontos de desvantagem para Hamilton e com 30 em disputa, não é impossível sonhar com um título inédito.

E agora fica uma questão martelando a minha cabeça: a Ferrari, que tanto proclama a "igualdade" entre os pilotos desde que o campeonato começou, não vai determinar ordens para que Felipe Massa - carta fora do baralho - ajude o finlandês a ser campeão?

Nos tempos de Schumacher e Barrichello, era uma atitude bem típica e a equipe não tinha pudores em mandar Rubens ajudar o alemão - e o brasileiro era obediente às ordens. E agora? Massa será um novo Barrichello?

Pois se for... terá dois problemas pela frente: um - conviver com um campeão mundial dentro da própria equipe, no caso, claro, de Räikkonen reverter a vantagem e contar com sua colaboração; e dois - ser relegado ao plano de segundo piloto, e acho que esta não era a sua pretensão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não vejo problema nenhum,até porque o Massa fez uma boa temporada ,muito equilibrada com o Kimi,muitos duvidavam .
Acho que a Ferrari deve sim ,fazer jogo de equipe no proximo GP .

Jonny'O

Gustavo Castro disse...

Não só pode, como deve. O Kimi tem chances, então façam isso com ele. Até a parte ufanista da imprensa, desde o começo do campeonato, dizia que faltando três provas, a equipe de Maranello teria que escolher um dos dois para brigar pelo título.