terça-feira, 31 de julho de 2007

Triste epítáfio

Os eternos fãs do grupo estadunidense The Doors têm certeza que, em 3 de julho de 1971, quando Jim Morrison morreu (ou foi morto) num quarto de hotel em Paris, a magia do grupo chegou ao fim.

Afinal, muito do carisma da banda - formada, é verdade, por três músicos competentíssimos - se devia à performance de Jim no palco, dançando como um xamã, cantando como poucos, alucinando e aloprando como nunca se vira no rock and roll.

Morto aos 27 anos, Morrison deixou um legado de canções e poemas que ficarão para sempre. E na cabeça de muitos, dúvidas acerca de sua personalidade - complexa para uns, destrutiva para outros. Ele dizia que sua vida começou a mudar a partir de 1949, aos seis anos, quando presenciou um acidente de carro numa estrada e viu "a morte pela primeira vez de perto".

Os pais negaram a existência do incidente e Jim renegou-os. Quando saiu de casa, foi estudar cinema na UCLA, em Los Angeles, e foi lá que conheceu Ray Manzarek. Isto foi em 1965 e daí em diante os dois levaram a cabo a idéia de formar uma banda - "The Doors", cujo nome foi escancaradamente inspirado por um livro de Aldous Huxley - "The Doors of Perception".

Daí para diante, embora as histórias sejam bem contraditórias, a carreira do grupo foi repleta de sucessos e muitos percalços até a morte do cantor. O túmulo de Jim, no cemitério de Pére Lachaise, é a terceira atração turística de Paris, perdendo apenas para o Louvre e a Torre Eiffel.

E se como citei acima, muitos fãs crêem que o grupo e a magia terminaram ali, há 36 anos, o que dizer agora que a Elektra relança os dois últimos discos dos Doors, até hoje fora de catálogo - "Other Voices" e "Full Circle"? E, pasmem, em edição única!

As horrendas capas dos dois discos recém-lançados pela Elektra



Robbie Krieger, Ray Manzarek e John Densmore tentaram seguir - em vão - como trio, errando feio a mão em composições pouquíssimo inspiradas. Até que "Other Voices", segundo dizem, guarda lampejos do grupo no auge. Mas "Full Circle" (que como curiosidade tem participação do músico brasileiro Chico Batera, na percussão) é um acinte aos fãs e principalmente à carreira de Jim Morrison.

Os dois discos, mais do que um triste epitáfio, significaram também o fim do contrato dos Doors com a Elektra Records e depois disso nada mais restou a não ser sair de cena, em fins de 1972. Seis anos mais tarde, foi lançado um álbum póstumo - "An American Prayer", com poesias que Jim Morrison recitou em estúdio e cujas fitas de rolo ainda pertenciam à gravadora. Os três músicos remanescentes se reuníram para fazer o fundo musical e neste álbum também havia uma versão ao vivo de "Roadhouse Blues" que se tornou conhecida no polêmico filme "The Doors", de Oliver Stone.

5 comentários:

Alessandra Alves disse...

ouvi razoavelmente the doors entre 1988 e 1989, primeiros anos da faculdade, por isso sempre que ouço qualquer coisa deles, imediatamente a memória vai para esse canto da minha vida.

jim morrison foi o ídolo pop perfeito, morrendo no auge, sem tempo para perceber nem deixar os outros notarem que ele não era o poeta tão genial que achava. nossa, que maldade!

confesso certa decepção, achei que ia rolar o post até o final e encontrar alguma gravação do the doors de brinde. eu gostaria de ouvir, por exemplo, "touch me".

em tempo: se tiver oportunidade, baixe "raiders on the storm" e concentre-se no teclado da abertura. se, depois do longo fraseado, você sentir falta de rita lee entoando "meu bem, você me dá... água na boca", não terá sido mera coincidência...

Rodrigo Mattar disse...

Alessandra, é melhor não brincar com um fã de carteirinha do grupo. Inclusive vim trabalhar com uma camiseta preta, a cor preferida do Rei Lagarto, e com ele - Jim - na estampa.
E de mais a mais, tenho toda a coleção de CDs oficiais deles entre 1967 e 1971, afora dois CDs ao vivo e o show da Ilha de Wight pirateado em mp3.
E basta clicar em vídeos ali à direita e achar The Doors.

Alessandra Alves disse...

é, mattar, acho que tenho um problema pessoal com the doors, em função justamente dessa fase a que o grupo me remete. releve minha acidez com os rapazes, por favor.

mas não me diga que você nunca percebeu que aquele começo de "mania de você" é chupado quase na íntegra de "raiders on the storm"!

Rodrigo Mattar disse...

Nunca me dei conta da semelhança, mas deve fazer um certo sentido. Afinal, a especialista em Rita Lee é você... :)

Anônimo disse...

Rodrigo, beleza?

Só deixo o post pra falar que eu tenho os dois discos de vinil original ... o Full Circle realmente é bem ruim, ganhei de presente de um amigo meu, que o pai tinha ele guardado todo debaixo de poeira.

O Other Voices eu comprei mesmo, fechado, encomendado. Paguei 60 reais, em época de dólar R$1,50 ou coisa assim...