sexta-feira, 6 de julho de 2007

Para Lennon e McCartney

Ótima e oportuna a matéria escrita por Fernando Duarte, antigo colega de UFRJ, celebrando o início da parceria entre John Lennon e Paul McCartney, no Segundo Caderno de O Globo.

Há exato meio século, os dois se conheceram e daí para diante começaram a tocar juntos. John tinha 17 anos e Paul, dois a menos. Do Quarrymen, a bandinha que os projetou na música até o estouro dos Beatles foram cinco anos e até o conjunto terminar oficialmente, ou melhor, "o sonho terminar" em 1970 - ano da dissolução dos Fab Four, no total foram 13 anos de parceria.

Os dois saíram brigados e ressentidos com o fim da banda, mas depois de 72, já tinham feito as pazes e há quem diga que Paul ficou verdadeiramente chocado com o brutal assassinato de Lennon por Mark David Chapman em 8 de dezembro de 1980.

Além de relembrar o início da dupla em Liverpool, a matéria abriu espaço para que 125 pessoas, entre artistas, intelectuais e até políticos como o alcaide CEM, votassem qual foi a melhor música da parceria Lennon-McCartney, que ao contrário do que muita gente pensa, não significava que as canções fossem totalmente deles. "Hey Jude", por exemplo, é a típica música que McCartney faria sozinho. E fez. Assim como "Glass Onion", só para citar uma das muitas, é muito John Lennon para ser dividida com alguém.

Na votação do periódico, ganhou "Yesterday", com 12 indicações, seguida por "A day in the life", com dez e "She's leaving home", com oito. Duas músicas do álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band e duas de Paul McCartney.

E como eu também sou um fã dos Beatles, vou discorrer sobre aquelas que acredito serem as 10 melhores canções não da dupla - mas de cada um deles - e não necessariamente na ordem devida.

Começando por John Lennon, evidentemente.

"Revolution" - Não dá pra deixar de ficar eletrizado com o riff de guitarra que abre a canção onde Lennon proclama que 'nós podemos mudar o mundo', citando inclusive o 'camarada Mao' e outras instituições. Um tapa na cara de quem prefere ficar sentado no trono de um apartamento esperando a morte chegar.

"Glass Onion" - Canção com a típica crueza vocal de Lennon, uma das primeiras do White Album de 1968, marcante pela batida de Ringo Starr e a ótima interpretação de John na gravação.

"I Am The Walrus" - Viagem lisérgica total gravada no Magical Mystery Tour, que rendeu um fracassado filme do grupo. Letra divertidíssima.

"Lucy In The Sky With Diamonds" - A melhor música feita sob efeito de LSD, em qualquer tempo. Sem mais comentários.

"Dear Prudence" - Mais uma sensacional canção de John Lennon para o White Album, daquelas baladinhas que dá gosto de ouvir dezenas de vezes.

"Tomorrow Never Knows" - Encerra o álbum Revolver, que é um dos marcos da virada estética das canções dos Beatles e traz um efeito vocal que só valoriza a música e a interpretação de John Lennon.

"If I Fell" - Baladinha dos primeiros tempos, melodia quadradinha, mas bem-construída e com um vocal sensacional de Lennon contando com Harrison e McCartney no suporte do refrão.

"Norwegian Wood" - Pra mim, uma das mais belas músicas dos Beatles, no sentido de letra e especialmente de harmonia, com direito a cítara na abertura. Sensacional!

"Being The Benefit For Mr. Kite" - Mais uma do Sgt. Peppers e deliciosa de se ouvir.

"Come Together" - Faixa de abertura do último disco gravado (penúltimo lançado), Abbey Road. Dispensa pormenores.

As de McCartney, voltando a dizer que aqui a ordem não importa

"Eleanor Rigby" - Grande canção composta por Paul, com arranjo excepcional de George Martin e um quarteto de cordas que encorpou a música.

"When I'm Sixty-Four" - Como eu já disse no meu post falando dos 40 anos de lançamento de Sgt. Peppers, a melhor música sobre envelhecer que já existiu.

"Yesterday" - Não acho a mais marcante das canções dos Beatles e muito menos de Paul McCartney, mas não pode faltar na listagem porque já está na história da música.

"Hey Jude" - Quem a ouviu / viu ao vivo - como eu - cantada por Paul mesmo em carreira-solo, nunca deixará de se emocionar com a música. Das que ele compôs pro grupo, é a que gosto mais.

"Lady Madonna" - Sensacional canção lançada apenas em single e que tem performances inspiradíssimas dos quatro durante a gravação.

"Michelle" - Belíssima balada dos primeiros anos do conjunto com excelente interpretação de McCartney. 'Son le mots qui vont trés bien ensemble... trés bien ensemble... I need you... I need you... I need you'... impossível não cantar.

"Lovely Rita" - Não sei bem explicar o porquê, mas eu gosto muito dessa música.

"We Can Work It Out" - Outro dos rockinhos pré-66 que eu acho bem legal.

"Penny Lane" - Uma das últimas músicas que os Beatles fizeram sobre um específico lugar de Liverpool. Há um quê de melancolia e nostalgia que cativa sem dúvida o ouvinte. E McCartney por vezes sabia ser nostálgico e melancólico como ninguém.

"The Long And Winding Road" - A mais pungente balada já gravada pelo grupo. Ótimo arranjo e vocal excelente de Paul, ao piano.

5 comentários:

Vasconcelos disse...

Para mim, "The Long And Winding Road" é a mais bela música do Quarteto de Liverpool, até minha esposa que é pagodeira, argh, gosta desta música. Todas as músicas citadas são boas. Os Beatles são muito bons e é duro saber que Lennon foi assassinado. Ainda mais nos EUA por alguém que se dizia seu fã. A vida tem cada ironia...

Fabricio de Vasconcelos

Alessandra Alves disse...

mattar, dois pitacos.

na célebre entrevista dada alguns dias antes de morrer à playboy, lennon analisa várias canções da dupla e faz mais ou menos isso que você fez, dizendo quem fez o quê. sobre "we can work it out", ele revelou algo que eu não sabia. a música é, de fato, prioritariamente de paul, mas é de john o trecho "life is very short... etc.". e, nas palavras de lennon, ele achava que esse trecho, mais sombrio e introspectivo, era a cara dele, enquanto o resto da canção, mais solar e pra cima, era a cara de paul.

segundo pitaco: você já ouviu "the long and winding road" na versão naked, sem o arranjo de cordas que por tanto tempo revoltou paul? cara, eu prefiro com as cordas! a canção é naturalmente bela, ficaria bem só com o piano, mas as cordas a tornaram grandiloqüente, preenchedora de espaços! sinto muito paul, mas eu fico com a versão turbo!

Blog F1 Grand Prix disse...

Rodrigo, acho que o saudoso George Harrison merece uma listinha também, não? Afinal, além de ser um grande fã de automobilismo - quem ouviu "Faster" sabe disso - ele ainda compôs clássicos como "My Sweet Lord" e "While my guitar gently weeps".

Grande abraço!

Anônimo disse...

Nao tem For No One nesta lista!?!?!?!

Nao vale entao... :-P

Anônimo disse...

Bom, primeiramente, eu acho o paul infinitamente melhor em termos de composição do que o john, e acho que os Beatles decolaram mais por ele do que pelo John, porque ele compunha o que tinha que compor na hora certa, e sem maluquices como I am The Walrus :p
E Yesterday é a melhor canção da história, triste e emocionante, faz-nos lembrar de nossa infância...