Não faz muito tempo, numa recente confraternização em torno do programa Linha de Chegada, do craque Reginaldo Leme, observei algo muito interessante e cheguei a uma conclusão: a geração da qual fazem parte monstros sagrados como o próprio Regi e outros tantos do naipe de Castilho de Andrade, Marcus Zamponi, Cláudio Carsughi, Lívio Oricchio, Wagner Gonzalez, Luiz Alberto Pandini, Lito Cavalcanti e Flávio Gomes está bem-servida de sucessores.
Isto não é um exercício de falsa modéstia. É a constatação de uma verdade absoluta pois, ultimamente, jornalistas entre 25 e 36 anos de idade vêm conquistando seu espaço dia após dia. E o caminho está pronto para que sejamos referência para a geração que vêm depois da nossa.
Muito bem. Aonde eu quero chegar com isso?
Simples: entre a turma do primeiro parágrafo, alguém chegou a presenciar alguma troca de farpas que seja, algum indício de guerra de egos? Eu creio que não.
Sei que às vezes A faz restrições a B e B para C (não vou citar nomes), mas isso pouco importa, diante do processo democrático de exposição de opiniões com justeza de argumentos.
Mas nas últimas semanas um debate acirrado está se desenhando tendo como protagonistas três colegas de profissão. Essa discussão permeia um adjetivo pouco em voga no país: a ética.
Eu tive esta matéria no currículo da universidade - Ética no Jornalismo - e confesso que dela pouco me recordo. Mas muito mais importante do que o conhecimento substancial que você adquire sentado numa cadeira quase podre de um prédio velho e caindo aos pedaços, é o seu caráter e como você vê a sua profissão, a vida, as pessoas que estão em torno de si, no seu ambiente de trabalho.
Sei que no Sportv tem gente que não gosta de mim. E vice-versa. Mas eu não estou lixando para a opinião alheia pois, desde que não interfiram no meu trabalho, na minha rotina diária, eu faço o meu, escrevo, edito, reviso, narro, comento. Termino tudo? Vou pra casa. Não faço social com ninguém. Raras são as pessoas que eu convidaria para um chope. Colega de trabalho não é sinônimo de amigo. E ponto final.
Voltando ao que eu queria dizer: o embate começou com uma crítica construtiva de um colega do Grande Prêmio sobre uma suposta falta de ética da Rede Globo e de seus demais órgãos filiados de comunicação - Sportv inclusive. O próprio autor do post (não preciso citar nome) fez questão de dizer que nada havia contra a minha pessoa ou qualquer outra do canal, até porque sobre a situação citada, fiz questão de citar a fonte.
A fonte! Outra palavrinha que arrepia! E que também está dando o que falar neste debate-quase-embate - e que, espero, não termine em porrada. Eu já fiz uso de várias para dar notícias e sempre as preservei. Inclusive, um dos amigos que tem blog, certa feita foi a fonte de uma informação bastante interessante sobre a Stock Car - que não pôde ser dada na hora porque não havia o ok do piloto ou da assessoria de imprensa. Mas aí alguém que também sabia da situação, sapecou a notícia e furou todo mundo. Ok... em nome do furo, até vale. Mas e quando pedem um pouco mais de tempo, não custa nada respeitar?
Agora a questão, além da ética e da fonte, chegou ao nível do plágio. É um tal de copia aqui, xeroca ali, autentica acolá e et cetera, que já dá na vista o seguinte: virou guerra de ego.
Exatamente. Uma guerra de egos desnecessária, infantilóide e ridícula pois, se somos parte de uma geração de jornalistas extremamente competentes e com jogo de cintura o bastante para corrermos atrás de boas pautas, reportagens e notícias, não precisamos ficar alfinetando-nos uns aos outros a ponto de queremos espalhar merda no ventilador.
Chacrinha até tinha razão quando dizia que na TV nada se cria e tudo se copia. Mas as coisas que se criam podem ser aperfeiçoadas, transformadas, transmutadas. Sem ferir egos, susceptibilidades ou qualquer coisa que o valha.
Este post não é para defender A, B ou C (não vou citar nomes de novo), até porque o escriba deste blog sempre se pautou por uma palavra chamada respeito. Eu respeito todas as pessoas envolvidas nesse debate-embate, mas também exijo que me respeitem na mesma medida. Afinal, não ofendi ninguém, apenas acho - do alto dos meus 11 anos de profissão e 36 de idade - desnecessária essa troca de farpas que vejo dia após dia entre eles.
Pois aí vai acontecer o seguinte: se a situação continuar do jeito que está, é uma pena. Essa rapaziada não pode seguir assim, alimentando ódios mútuos, onde se deseja beber a bílis do outro como se fosse coca-cola.
O mundo, meus amigos, dá voltas. E um dia, podemos precisar uns dos outros, quando certas portas se fecharem para nós no jornalismo.
Pensem nisso.
11 comentários:
Perfeito Rodrigo. Eles não precisam brigar, e não necessariamente foi uam cópia. Eu também não to no lado de ninguem, apesar de gostar mais de um site do que de outro.
Um abraço
Rodrigo, sabe o que é o mais complicado de tudo isso? Eu concordo com você. :)
Junto com folhas A4, muita merda foi espalhada pelo ar. Poderia ter sido evitado.
Entendo seu ponto de vista Rodrigo, mas não concordo em alguns aspectos com você.
Antes de mais nada afirmo que tenho por costume ler vosso blog e o dos demais envolvidos.
Digo, não seria chato amanhã, por exemplo, eu começar a retirar as informações que você apura e publica no seu blog e lançar no meu portal de informações e não lhe dar os creditos devidos. Imagino eu que você tenha tido muito trabalho em fazer os especiais sobre Le Mans ou sobre a morte do Villeneuve e imagine o quão revoltado você ficaria se horas depois de que eles foram publicados alguém lhe informar que os especiais estão em outro lugar sendo apresentados como de autoria minha e não sua. Não é ruim?? Eu acho péssimo, não acho correto, porque isto não passa de um "Stepney-Coughlangate", como você mesmo diz, só que em escala um pouco menor. Mas, no meu ponto de vista, é errado também. E o portal do GE tem erros demais para poder ter um respeito e uma credibilidade maior, já foi publicado por aquelas bandas que Mônaco tem a maior reta da F1, que o Rubinho já venceu em Monaco e que o Galvão neste ano estaria completando a narração de 1000 GPs.
Fala sério.
Um abraço,
Fabrício de Vasconcelos
São Paulo
Mattar,
O que ocorre no dias de hoje é que as pessoas - no geral (e toda generalização é ´perigosa, inclusive esta) estão usando mal seu direito de discordar. Críticas, mesmo as construtivas e feitas entro do limite da educação e civilidade, são logo encaradas como afronta pessoal, logo os envolvidos partindo para o revide, às vezes à ofensa pessoal. No caso de alguns citados sou amigo pessoal de Flávio Gomes e, embora muitas vezes não partilhe de suas opiniões, sejam no campo político ou profissional, tenho um imenso respeito por ele pelo mesmo fato que ele respeita as minhas, mesmo quando equivocadas.Quanto a briga de egos, aprendi desde cedo que humildade é uma qualidade que só os realmente grandes se permitem ter. E só um grande ego reconhece o outro. Abs.
Rodrigo , o problema não é ético ou simples guerra de egos, é a falta de opinião de quem copia , eu concorddo ou discordo de voce , mas subir no muro "copiando" o que voce acha fica mal , e depois se voce ,com todo direito , trocar de ideia como eu que copia as suas opiniões fico ??. Qaunto a egos , recentemente o livio e o flavio protagonizaram um verdadeiro diluvio a respeito da stock , em opiniões muito proprias de cada um.
Abraços sinceros
Sidão
Meu caro Fabrício, eu concordo - em parte - com seu comentário. Mas por outro lado, não cabe a mim julgar se o site Globoesporte.com cometeu diversos erros, o que de fato aconteceu, ao longo da cobertura automobilística em 2007. Está em jogo algo que vai muito mais além do que isso... é a defesa candente de que essa moçada não precisa dessa guerrinha toda para poder ter audiência em seus sites, blogs e et cetera.
Espero que você tenha entendido essa colocação, como eu entendi a sua.
Abraços
Volto ao assunto: no caso específico Oricchio versus Gomes, não vi polêmica nenhuma. Somente dois profissionais externando suas opiniões. O problema é que existe hoje dentro do capenga automobilismo brasileiro uma verdadeira subserviência à Stock Car, uma reverência desmedida e indevida por muitos (quase todos)daqueles que a cobrem jornalisticamente, como se a categoria fosse o vade mecum do automobilismo nacional. Pessoalmente, a considero somente uma categoria marqueteira, monopólio de uma familia de cosntrutores de chassis e fornecedores de motores e uma troupe de publicitários e marqueteiros, mas que, reconheço, fazem seu trabalho (mesmo que com fins apenas lucrativos)com bastante competência. Esta é minha opinião pessoal, portanto subjetiva.
Rodrigão na minha sinceridade que você já conhece muito bem, não acho que a galera mais antiga vá ser substituída à altura, pois tirando você o resto sofre de uma crise de arrogância estremada e irritante. Se acham melhores que os seus leitores, ouvintes, telespectadores, principalmente a turma de blogueiros que de uns dois anos para cá por verem o acesso dos seus blogs ou sites aumentando se acham os donos da cocada.
Nunca erram, não respeitam o trabalho alheio, são os donos da verdade (ao invés de emitirem opinião). A escola o mal jornalismo esportivo, bairrista, jabazeiro, oportunista e de mal-gosto, bem ao estilo “paulista” da Bandeirantes e do programinha do Milton Neves.
O pior de todas foi um blogueiro que resolveu queimar um outro colega através do seu blog. Se ele tivesse caráter mesmo teria entrando em contato com o seu colega ao invés de pousar de “anjo vingador”. Desse aí não se pode esperar nada de diferente mesmo é só ver como ele trata quem o critica ou o corrige, já que ele se acha uma enciclopédia ambulante.
A crise ética não é apenas na política meu estimado Mattar.
Wallace Michel
Entendo você sim Rodrigo. Estou certo de que você tem razão no assunto e realmente as pessoas não precisam desta querra toda para aumentar a sua audiência.
Abraço,
Fabrício de Vasconcelos
São Paulo
Acho que tem muita gente dando na história sem conhecer, falar que um queima o outro, que nao tem carater, que sabe mais que o outro. eu que tb não conheço não posso falar muito. mas acho válida a discussão da ética pq sabemos como a globo lida com essas coisas. é como li: se nao falar, é idiota e se fala, é arrogante.
olà, peço disculpa, mas eu tenho um irmao em italia que chama-se MArco zamponi e trabalha no journal de carro.. è o caso o todo os marco zamponi do munda trabalham para editora??
Alguem consigue ajudarme?
Abraços
Emanuele
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