Moco: pole e 2º lugar na sua única aparição em Le Mans
Trinta anos se passaram desde sua morte e José Carlos Pace continua sendo idolatrado por quem gosta de automobilismo com A maiúsculo. O piloto paulista, vítima de um acidente de avião em março de 1977 que lhe tirou não só a vida, como também a chance de se tornar campeão mundial de Fórmula 1, ficou na memória porque não guiava só com técnica. Tinha garra, raça e muita determinação.
Além disso, saía e entrava em qualquer carro e guiava todos eles com incrível perícia e velocidade. Moco era o tipo de piloto que se adaptava à qualquer situação e circunstância - e por isso mesmo foi vitorioso com carros de turismo, protótipos, F-3, F-2 e F-1.
Quando atingiu o sonho dourado da categoria máxima, correndo na então esquálida escuderia de Frank Williams, Pace pôde emprestar sua competência a diversos carros e categorias - até porque não tinha um contrato de exclusividade com a F-1 e o calendário lhe permitia correr onde conviesse.
Só entrou numa barca realmente furada: o projeto Pygmée de F-2, junto com Lian Duarte. Os dois foram engambelados por Marius e Patrick dal Bo, dois franceses que provavelmente fizeram escola na Máfia da Córsega. Os dois sugaram o dinheiro do patrocínio de Moco e Lian e os dois pouco - ou nada - fizeram com os carros franceses. Lian desistiu da aventura européia e Moco foi correr de Surtees.
Mas não acabou por aí. Andou de Can-Am com um Shadow MKIII, um protótipo negro equipado com um potentíssimo motor Chevrolet V-8 de quase 800 cavalos, mas que encrencava mais do que andava. Ainda assim, Pace conseguiu um terceiro e um quarto lugares com a "cadeira elétrica".
No Mundial de Marcas, esteve em nada menos que três equipes: AMS, nos 1000 km de Buenos Aires; Ferrari, na prova de Osterreichring e Gulf-Mirage, em Watkins Glen. Foi 2º na Áustria e o resultado chamou tanto a atenção de Enzo Ferrari e Franco Gozzi que os dois convidaram o brasileiro para correr para a casa de Maranello no Mundial de Marcas.
Moco teria como parceiro o folclórico Arturo Merzario, com seu indefectível chapéu de caubói adornado pelas cores da Marlboro. Os outros dois carros seriam partilhados por Jacky Ickx / Brian Redman e Tim Schenken / Carlos Reutemann.
O brasileiro e Merzario tiveram um início modesto. Estrearam em Vallelunga (a Ferrari não foi para as 24 Horas de Daytona) com um quarto lugar - mesma posição alcançada em Dijon-Prenois. Em Monza, o câmbio quebrou depois de sete voltas e nova falha na seleção de marchas os atrapalhou em Spa, onde terminaram novamente em quarto.
Moco não correu na Targa Florio, o enorme circuito de 72 km localizado na Sicília. Foi preservado para os 22 km do Nordscheleife de Nürburgring, onde deu um show. Pace guiou muito e apesar disso, respeitou a hierarquia da equipe, que determinou a vitória de Ickx / Redman. O brasileiro cruzou 0s1 atrás.
E veio a disputa das 24 Horas de Le Mans, nos dias 9 e 10 de junho. Mesmo com a competitiva 312P nas mãos, que na classificação os deixou na pole position, os dois não foram páreo para o time da Matra-Simca, especialmente a dupla Henri Pescarolo / Gérard Larrousse, que venceram a prova com seis voltas de vantagem sobre Moco / Merzario. O brasileiro, ao término de sua primeira - e única - 24 Horas, foi categórico.
"Le Mans, nunca mais."
Nas suas duas últimas aparições como piloto oficial Ferrari, Pace conseguiu ainda um sexto posto em Osterreichring e fechou o ano com um terceiro lugar em Watkins Glen. Num hipotético certame de pilotos (que não existia na época, pois só havia a disputa das marcas), a dupla teria somado 78 pontos ao fim do campeonato.
Moco nunca deu arrivederci para a Ferrari. Mas o fato é que tampouco voltou ao Mundial de Marcas, muito menos guiou novamente um carro da escuderia italiana. Sua única glória na F-1 foi ao volante de um Brabham branco com as faixas coloridas da Martini.
José Carlos Pace, nosso eterno Moco, o campeão mundial sem título, quase fez história também na mais tradicional prova de longa duração do planeta. Pena que o destino não o recompensou como ele merecia.
Além disso, saía e entrava em qualquer carro e guiava todos eles com incrível perícia e velocidade. Moco era o tipo de piloto que se adaptava à qualquer situação e circunstância - e por isso mesmo foi vitorioso com carros de turismo, protótipos, F-3, F-2 e F-1.
Quando atingiu o sonho dourado da categoria máxima, correndo na então esquálida escuderia de Frank Williams, Pace pôde emprestar sua competência a diversos carros e categorias - até porque não tinha um contrato de exclusividade com a F-1 e o calendário lhe permitia correr onde conviesse.
Só entrou numa barca realmente furada: o projeto Pygmée de F-2, junto com Lian Duarte. Os dois foram engambelados por Marius e Patrick dal Bo, dois franceses que provavelmente fizeram escola na Máfia da Córsega. Os dois sugaram o dinheiro do patrocínio de Moco e Lian e os dois pouco - ou nada - fizeram com os carros franceses. Lian desistiu da aventura européia e Moco foi correr de Surtees.
Mas não acabou por aí. Andou de Can-Am com um Shadow MKIII, um protótipo negro equipado com um potentíssimo motor Chevrolet V-8 de quase 800 cavalos, mas que encrencava mais do que andava. Ainda assim, Pace conseguiu um terceiro e um quarto lugares com a "cadeira elétrica".
No Mundial de Marcas, esteve em nada menos que três equipes: AMS, nos 1000 km de Buenos Aires; Ferrari, na prova de Osterreichring e Gulf-Mirage, em Watkins Glen. Foi 2º na Áustria e o resultado chamou tanto a atenção de Enzo Ferrari e Franco Gozzi que os dois convidaram o brasileiro para correr para a casa de Maranello no Mundial de Marcas.
Moco teria como parceiro o folclórico Arturo Merzario, com seu indefectível chapéu de caubói adornado pelas cores da Marlboro. Os outros dois carros seriam partilhados por Jacky Ickx / Brian Redman e Tim Schenken / Carlos Reutemann.
O brasileiro e Merzario tiveram um início modesto. Estrearam em Vallelunga (a Ferrari não foi para as 24 Horas de Daytona) com um quarto lugar - mesma posição alcançada em Dijon-Prenois. Em Monza, o câmbio quebrou depois de sete voltas e nova falha na seleção de marchas os atrapalhou em Spa, onde terminaram novamente em quarto.
Moco não correu na Targa Florio, o enorme circuito de 72 km localizado na Sicília. Foi preservado para os 22 km do Nordscheleife de Nürburgring, onde deu um show. Pace guiou muito e apesar disso, respeitou a hierarquia da equipe, que determinou a vitória de Ickx / Redman. O brasileiro cruzou 0s1 atrás.
E veio a disputa das 24 Horas de Le Mans, nos dias 9 e 10 de junho. Mesmo com a competitiva 312P nas mãos, que na classificação os deixou na pole position, os dois não foram páreo para o time da Matra-Simca, especialmente a dupla Henri Pescarolo / Gérard Larrousse, que venceram a prova com seis voltas de vantagem sobre Moco / Merzario. O brasileiro, ao término de sua primeira - e única - 24 Horas, foi categórico.
"Le Mans, nunca mais."
Nas suas duas últimas aparições como piloto oficial Ferrari, Pace conseguiu ainda um sexto posto em Osterreichring e fechou o ano com um terceiro lugar em Watkins Glen. Num hipotético certame de pilotos (que não existia na época, pois só havia a disputa das marcas), a dupla teria somado 78 pontos ao fim do campeonato.
Moco nunca deu arrivederci para a Ferrari. Mas o fato é que tampouco voltou ao Mundial de Marcas, muito menos guiou novamente um carro da escuderia italiana. Sua única glória na F-1 foi ao volante de um Brabham branco com as faixas coloridas da Martini.
José Carlos Pace, nosso eterno Moco, o campeão mundial sem título, quase fez história também na mais tradicional prova de longa duração do planeta. Pena que o destino não o recompensou como ele merecia.
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