Maluco x Cisco Kid

Coincidências norteiam a decisão da Copa do Brasil, hoje no Orlando Scarpelli.

A começar pelo banco de reservas. Em cada um deles, de Figueirense e Fluminense, estão dois antigos jogadores de personalidade no futebol brasileiro.

Ambos passaram pelo tricolor do Rio, com 20 anos de diferença entre um e outro.

Mário Sérgio, vindo do Vitória da Bahia, era um ponta com um pé esquerdo infalível e uma visão de jogo que lhe deu o apelido de "Vesgo", cortesia de Falcão. Jogou na Máquina versão-75 e depois foi para o Botafogo e de lá para o futebol paulista, brilhando no São Paulo.

Sempre polêmico, ganhou o apelido de Cisco Kid por andar armado. Silvio Luiz o chamava de Calibre 38.

Foi pego num exame antidoping quando jogava no Palmeiras, foi suspenso e algum tempo depois deixou os gramados. De conselheiro do Vitória passou a técnico do rubro-negro baiano certa feita, iniciando sua fase de treinador - onde não ganhou nenhum título.

Renato Portaluppi, o Renato Gaúcho, foi recebido com reservas pela nação tricolor, mas depois de marcar quatro gols (um deles histórico, de pança) contra a mulambada no Estadual de 95, tem gratidão eterna dos tricolores. E olha que ele jogou antes no Flamengo e no Botafogo, passando também pelo Cruzeiro.

Só não foi ídolo no alvinegro porque a torcida o defenestrou do clube: no dia seguinte à derrota para o Fla por 3 x 0 na primeira partida da final do Estadual, ele apareceu em imagens gravadas por uma emissora de TV num churrasco na casa do centroavante do rival, Gaúcho - amigo de Renato.

Ele começou a carreira de forma fulminante no Grêmio e suas atitudes intempestivas, alucinadas como suas arrancadas pela ponta-direita lhe valeram um apelido não muito nobre: Maluco. Mas foi o mesmo "maluco" que, aos 21 anos de idade, destruiu a ala esquerda do Hamburgo no inesquecível Mundial de 1983 conquistado pelo Grêmio. Onde, aliás, um certo Mário Sérgio jogou um bolão pelo lado canhoto do campo.

Como treinadores, os dois já têm uma história de confrontos em jogos decisivos. No Brasileiro de 2002, o último com "mata-mata", Renato treinava o Flu e Mário Sérgio o São Caetano. Este último desmereceu a razoável campanha do tricolor e chamou o time de Renato de "medíocre".

Erro fatal, pois com o São Caetano atravessado na garganta desde a JH de 2000, o Flu jogou de forma perfeita no Rio e fez 3 x 0. Só que no jogo de volta, levou uma blitz do "Azulão" e com dez em campo, segurou uma derrota por dois gols que classificou o time carioca para as semifinais, onde foi operado no jogo contra o Corinthians, no Morumbi.

Tal como Mário Sérgio, Renato não é um técnico com títulos no currículo. O que quer dizer que um dos dois, hoje, será campeão pela primeira vez fora das quatro linhas.

Meu palpite?

No duelo entre o Maluco e o Cisco Kid, sou mais o primeiro.