Neste domingo, a Fórmula 1 se despede do circuito de Magny-Cours. Nos últimos 16 anos, o GP da França sempre foi disputado ali, deixando nos fãs da velocidade uma sensação de saudade imensa em relação a Paul Ricard.
Aliás, a troca de um dos mais modernos autódromos do mundo por outro insípido, no meio do nada, foi pura e exclusivamente por questões políticas. Guy Ligier, ainda envolvido com a escuderia que levava seu nome, tinha construído sua nova fábrica - Technopóle de la Niévre - praticamente ao lado do circuito. E juntou a fome com a vontade de comer: como sua escuderia tinha patrocínio da Gitanes, diretamente negociado com o governo francês, contou com o lobby escancarado de François Mitterrand e de Jean-Marie Balestre para levar a F-1 para lá.
A pista, que nunca foi essas coisas, no estágio em que se encontra a F-1 atual tornou-se palco de verdadeiras procissões. Magny-Cours fica para a história por ocasião do pentacampeonato de Michael Schumacher, em 21 de julho de 2002, conquistado com uma antecedência nunca antes vista em qualquer campeonato. E até por uma ou outra corrida movimentada, como a de 1999, disputada com pista molhada onde Barrichello fez a pole e Frentzen, numa estratégia inteligente da Jordan (parou apenas uma vez), venceu.
Há que se dizer que o GP da França é uma pedra - literalmente - no caminho dos pilotos brasileiros. Em apenas uma ocasião, no já distante ano de 1985, Nelson Piquet levou a bandeira nacional ao topo do pódio. Emerson Fittipaldi, que foi terceiro colocado na inauguração da pista de Paul Ricard, em 1971, foi protagonista de um episódio tão inusitado quanto trágico na edição seguinte, em Clermont-Ferrand: uma pedra jogada pela roda de sua Lotus atingiu a viseira do austríaco Helmut Marko, da BRM, deixando-o cego de um olho.
E nem mesmo Ayrton Senna, tão decantado pelos seus fãs, jamais venceu na França. Passou perto em 1988, quando foi segundo e só. Provavelmente, mais do que a pedra, há um sapo enterrado na Terra da Bastilha por um tal de Alain Prost - o anão que se agigantava quando o assunto era vencer na França. Não por acaso, faturou a corrida em 81 (na pista de Dijon), em 83 e de 88 a 90 (em Paul Ricard) e em 93 (já na pista de Magny-Cours).
A retirada de Magny-Cours do calendário sugere duas coisas: uma primeira, que a França estaria definitivamente fora da F-1 em 2008 (como se por enquanto seus pilotos não estivessem, pois o último a correr foi Franck Montagny, ano passado).
A outra é que Paul Ricard, mais de uma década depois, poderia voltar. Hoje rebatizada como uma pista de testes de alta performance, usada vez ou outra para competições, ainda conserva seu espetacular traçado de 5,810 km contemplando a reta Mistral, com seus intermináveis 1,8 km de extensão. E há mais um detalhe: o complexo, que pertencia a Bernie Ecclestone, acabou de ser vendido.
Alguns dizem que este é um bom sinal. Eu diria que a potencialidade comercial deste baixinho não tem limites. E me impressiono como Bernie faz dos seus negócios verdadeiros rios de dinheiro.
Um comentário:
o legal de paul ricard era a mistral com seus 1,8km, onde em 85 o piquet de bmw deixou o rosberg de honda comendo poeira...
mas, com a "emocionante" f1 de hoje, tenho certeza que dariam um jeito de cortar a reta pela metade, se a pista fosse incluída no calendário...
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