sábado, 14 de abril de 2007

Rede de intrigas e injustiças

Estou naqueles dias em que acordo no pique, então vai post atrás de post nessa manhã de sábado.

Em dois dias praticamente consecutivos, nos deparamos com notícias muito parecidas nos jornais, internet e televisão.

Duas crianças morreram praticamente da mesma maneira, abandonadas por seus pais dentro de carros trancados.

Policiais e - pior - magistrados participavam de rede de corrupção envolvendo bicheiros e uma deputada que foi inspetora no Rio foi flagrada em conversa comprometedora após grampeamento do seu telefone.

Há do leitor dizer... "é, faz parte do nosso cotidiano, tudo isso que está escrito aí acima".

Não. Não está. Ou melhor: não deveria.

Que pais são esses que negligenciam seus próprios filhos e acabam lhes tirando a vida em situações no mínimo insólitas? Esquecer criança dentro de carro?!? Como pode um negócio desses?

Não tem desculpa: nenhuma criança, por mais rebelde que seja, não merece isso, nem sob punição, castigo ou qualquer coisa que o valha.

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Quanto à corrupção, lamentavelmente esta é uma instituição universal. Não é só privilégio do Brasil. E vira e mexe, algum desses nichos de ladroagem é desbaratado. Ontem, a operação chamada de "Hurricane" (Furacão) varreu de baixo do tapete uma rede que fazia negociatas a fim de obter liminares à máfia dos caça-níqueis.

Entre os 25 presos, despontam três magistrados, um titular do Ministério Público, alguns advogados, vários policiais e os bicheiros Turcão, Anísio e Capitão Guimarães.

Que vem a ser presidente da Liga das Escolas de Samba. E Anísio é o presidente de honra da Beija-Flor... se bobear, vão descobrir também que houve compra de jurado pro carnaval desse ano.

Enfim, voltando ao assunto anterior. Além das prisões, alguns bens e muito dinheiro foram arrestados. Os 30 carros - quase todos importados - foram para um armazém do Cais do Porto, porque na Polícia Federal não cabia tanta máquina junta. A frota é avaliada em US$ 2,5 milhões - mesma quantidade de dinheiro que foi achada na casa de alguns dos envolvidos.

Bom, não estamos mais no tempo do vovô, que guardava dinheiro no colchão. Mas... não é suspeito ter US$ 47 mil em casa, com tanto banco para guardar essa grana toda?

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A Polícia do Rio não participou da operação. Dizem que pra não vazar a informação de que o "Furacão" passaria, pois temiam a fuga de alguns dos indiciados.

Sábia decisão, porque por aqui a situação vai de mal a pior.

Lembram de Álvaro Lins (de triste memória) e o chamado "grupo dos inhos"?

Eles voltaram à tona como merda que bóia na água, através de novas e importantes denúncias de desmandos e escândalos.

A inspetora e hoje deputada federal pelo Estado do RJ, Marina Maggessi (PPS), foi flagrada numa conversa altamente comprometedora, onde ela sugeria que um policial desse um tiro no meio das fuças de um delegado. Isso foi em 31 de outubro, antes que assumisse o seu mandato como parlamentar. E o policial da conversa grampeada é ligado ao grupo de Álvaro Lins.

"Vontade de matar não é crime", teria dito a inspetora.

Olha... se eu sou o Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara, mandaria a sra. Marina Maggessi já, para o Conselho de Ética.

Matar não é crime?

É... pensando bem, num país como este, onde o ladrão de galinha é quem vai pra cadeia e gente como Maluf, com provas mais do que evidentes de que o hoje deputado federal é um tremendo ladrão, continua solta por aí.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mattar,

Li, tempos atrás, que o Maluf tinha/tem uma equipe afinadí­ssima de advogados. No Brasil e no exterior. Li também que o gasto médio mensal dele com essa equipe é de mais de 100 mil dólares. O triste é ver um profissional como o Adilson Laranjeira escrevendo o tempo todo: "O Maluf não tem e nunca teve contas bancárias no exterior". Mas deveriam procurar o dinheiro com os filhos, netos e filhas. O tesouro está por ali.