terça-feira, 3 de abril de 2007

Os F-1 que nunca correram - XV

Após um hiato de quase dois meses, a série que apresenta as maiores "bombas" da história da Fórmula 1 está de volta.

E o retorno triunfal é cortesia de um tradicional construtor do automobilismo, mais precisamente a Lola e seu modelo T97/30.

A marca de Huntingdon, para quem não sabe, fez os primeiros carros da Honda na categoria máxima. Também construiu chassis para Graham Hill e, depois de um longo hiato, associou-se primeiro à Larrousse e depois aos italianos da Scuderia Italia, num retumbante fracasso.

Em fins de 1996, Eric Broadley fez uma nova tentativa, associando o nome de sua escuderia à MasterCard. O esquema de patrocínio parecia interessante: havia um clube da administradora de cartões de crédito onde a mensalidade paga pelo associado seria revertida em verba direta para a Lola. Pouca gente sabia, mas mesmo com tanto sucesso e carros vendidos em diversas categorias, dos protótipos à ChampCar, passando pela F-Nippon, a Lola estava em situação pré-falimentar.

Broadley contratou o brasileiro Ricardo Rosset, que estreara na Arrows em 96 com pouco destaque, e o italiano Vincenzo Sospiri. Os dois correram juntos, inclusive, na Fórmula 3000, pela equipe Super Nova. E Andrea Montermini era o reserva.

A imprensa foi convidada em peso para o lançamento do carro. Lembro que eu era estagiário do Jornal do Brasil na divisão de Esportes e os textos chegavam via fax, enviados pelo jornalista Vicente Dattoli, que fora convidado pelo patrocinador. Eu transcrevia as matérias e editava de acordo com o tamanho determinado pelo editor.

Em suma... a Lola tinha mídia, um pretenso bom patrocinador, mas não tinha carro. Talvez não tivesse pilotos à altura, também. O certo é que, quando o carro apareceu na primeira prova do Mundial de 1997 em Melbourne, na Austrália, foi um retumbante fracasso.

Rosset: carreira 'queimada' e fim da Lola na F-1


Havia 24 carros inscritos e na classificação, Sospiri ficou 11,603 segundos atrás da pole position cravada por Jacques Villeneuve, da Williams. Ricardo Rosset foi ainda pior, a 12,717 segundos do mais rápido. Como efeito, os dois foram alijados do grid e não correram.

Mal sabiam, os dois, que seria a única aparição da escuderia Lola/MasterCard na Fórmula 1. No intervalo entre a prova de Melbourne e o GP do Brasil, em Interlagos, o patrocinador anunciou que o "clube de associados" mal conseguira 20% da verba necessária. E resolveu se retirar da empreitada.

Vincenzo Sospiri, ao chegar no Brasil, veio cumprimentar Ricardo Rosset pela grande quantidade de matérias que saíam na imprensa tupiniquim sobre ele e o GP do Brasil. Mas aí ele se surpreendeu: a Lola estava falida. E fora da corrida, do restante do campeonato.

Sem lugar para correr, Rosset afastou-se e voltou em 98 na Tyrrell, numa escolha terrível que o "queimou" definitivamente para o automobilismo. Vincenzo Sospiri foi correr na IRL e Andrea Montermini enveredou de novo pelas provas de protótipos e grã-turismos, onde corre até hoje.

Eric Broadley foi afastado por medida judicial do comando da Lola. A marca foi resgatada do estado falimentar por Martin Birrane, que revitalizou a companhia. Hoje, a Lola Cars resgatou sua identidade. Faz esporte-protótipos, todos os chassis da F-Nippon, carros de F-3 e ainda recondiciona modelos antigos, tal como fazem suas concorrentes.

A Lola nunca mais voltou à F-1. E talvez não precise mais dela para continuar na ativa. Mas que sua última experiência foi ridícula ah... isso foi!

3 comentários:

Anônimo disse...

Me lembro ainda que a equipe falava que correria as primeiras provas com motor ford v8 e depois eles passariam utilizar um motor v10 desenvolvido por eles mesmos !!!!

se os caras já estavam ruins de grana só para manter a equipe imagina ainda por cima desenvolver o prório motor ?

O mico que já tinha sido grande iria virar um gorila !

abs

Filipe W

Anônimo disse...

Bem lembrado F.WWW!
Este V10 da lola realmente foi feito ,tenho até uma foto,não sei se era operacional.
Mas voltando ao carro Lola ,foi um fiasco de gente grande ,pega muito mais, uma coisa é um mico da Dywa,Krauhsen ,Arno e tantos outros aventureiros ,mas ,da Lola.
E olha que em 93 a escuderia Italia deu um vexame quase igual justamente quando trocou o chassis Dallara pelo Lola,que mais parecia uma adaptação grosseira de seu chassis F3000 para F1.
F1 deve ser uma palavra proibida dentro da Lola cars.

Jonny'O

Ivan Valério disse...

Esse chassi, o T97/30, tinha toda a tecnologia dos chassis desenvolvidos pela Lola para a CART, ou seja, nenhuma tecnologia comparada a Benetton, McLaren e Willians.