segunda-feira, 26 de março de 2007

Culto aos dinossauros

Sinto uma má-vontade enorme dos “críticos” quando o assunto é a volta de artistas e / ou bandas que fizeram muito sucesso num passado não muito remoto. Lendo a última Rolling Stone de forma não muito detida, confesso, deparei-me com a coluna de Miguel Sokol onde ele metia o sarrafo na reunião dos Mutantes.

Não gostei porque, mesmo sendo fã do grupo no tempo em que a Rita Lee ainda fazia parte da banda, é desmerecer demais o esforço de Sérgio Dias em querer reunir parte da primeira formação, no que ele quase foi 100% bem-sucedido, não fosse a má-vontade de Rita e a briga com Liminha. De forma que qualquer besteira que foi dita ali naquele quarto de página cai no esquecimento rapidamente, ainda mais pra quem – como eu – viu um dos shows da volta.

E por que estou escrevendo mais uma vez sobre a turma das antigas? Ora... primeiro porque gosto muito de rock antigo, bem-feito, de primeira. Segundo porque, mesmo com a ausência de Elton John (é, CEM, gastaste todo o dinheiro do Rio pro Pan e não sobrou um níquel pra pagar o cachê do Reginaldo...), a velha guarda nunca esteve tão bem representada por aqui.

Vieram o Asia, grupo paralelo de trabalho de gente do naipe de Carl Palmer, lendário batera do progressivíssimo Emerson, Lake and Palmer. E veio Rogério Aquático, ou melhor, Roger Waters, desfilar os grandes hits do Pink Floyd – inclusive o álbum “Dark Side of The Moon” na íntegra, para dois shows – um no Rio, outro em São Paulo.

Não fui por absoluta falta de grana. Quem compareceu, sabe que música boa não faltou. Com pontualidade britânica até demais, Roger abriu o espetáculo no Rio às 21h30 e desfilou sua competência para mais de 35 mil espectadores, que deliraram ao som do disco que é uma lenda do rock and roll e também com músicas do calibre de “Comfortably Numb”, “Wish You Were Here” e a sensacional “Another Brick In The Wall”.

Eu não sei o que David Gilmour pensa a respeito disso tudo. Aliás, não me interessa o que ele acha. Foi graças a este sujeito que um dos maiores grupos da história da música foi pro espaço. A partir do momento em que ele começou a se achar o dono da marca e das músicas, o Pink Floyd perdeu o sentido e o carisma natural de Roger Waters.

Enfim, fecho este post lembrando que outra lenda da música deve aportar por aqui muito em breve: o Genesis, para alegria do meu amigo Maurício Noriega (que vai a Chicago ver um dos shows da turnê), volta depois de algum tempo sem se reunir. Muitos lamentarão que Peter Gabriel, membro original e performer da mais altíssima qualidade, não estará presente. Mas o carequinha Phil Collins, tido como “aposentado” musicalmente, é quem está no comando dessa reunião. Mike Rutherford e Tony Banks, outros membros originais do grupo, também estão no projeto.

Há quem diga que Gabriel, mesmo estando afastado do projeto, vai fazer um ou outro show com o grupo. Afinal, se há um grupo onde não houve ressentimento de ninguém em relação à saída de um de seus integrantes, este foi o Genesis.

É melhor arrumar lugar na sala para mais alguns dinossauros do rock. Também pudera: depois que voltaram Cream, Mutantes, Black Sabbath (ok, com outro nome e outra formação), The Police e agora o Genesis, nada mais na música me surpreende.

6 comentários:

Gustavo Castro disse...

Legal este post, mostra que o Rodrigo entende de tudo. Meu tio foi no show de Sampa do Roger Walters, e disse que foi um grande show, mas a nota negativa ficou pela falta de organização. Mas o Nori deve ser fanático mesmo, para ir aos USA ver um show do Genesis.

Anônimo disse...

parece que agora o waters gostaria de voltar para o pink floyd, mas acho que foi o próprio que começou a acabar com a banda, rodrigo.
com o seu post agora fiquei na dúvida, mas lembro de ter lido que o waters demitiu o wright na época do "the wall", e este só tocou na turnê por influência do gilmour e do mason. no álbum seguinte, "the final cut", o waters trabalhou sozinho, deixando os 3 como uma banda de apoio. tem gente que diz até que este é o primeiro álbum solo do waters. e em 86, quando os 3 quiseram se reunir para gravar outro álbum(a momentary lapse of reason), o waters se recusou, entrando na justiça proibindo os 3 de usarem o nome pink floyd.
só acho que muita gente pensa que gilmour é o vilão de toda esta história, que é um intruso na banda, só um substituto do syd barret, e que não fez nada de bom no pink floyd.
o mesmo acontece com o phil collins. o vilão por ter levado o genesis para um lado mais pop, e que puxou o tapete do peter gabriel para pegar o lugar deste.
PG saiu porque quis, tanto é que não saiu brigado, como acontece com todas as outras bandas. os fundadores do genesis são tony banks e mike rutherford, então dizer que o PC foi o único responsável pelo genesis dito "comercial" acho que é simplificar muito as coisas.
enfim, se o genesis vier até o brasil, vou dar um jeito de ir vê-los tocar, e apreciar igualmente as músicas da fase PG e PC!

Carlos Garcia disse...

É meu caro...

Só assim mesmo pra ver se nossos ouvidos tem uma trégua em relação à música... e o que me deixa mais triste é que algum tempo atrás eu poderia criticar a música pq tinha muito funk, axé, pagodinho mela-cueca... e hoje não, sou obrigado a criticar o Rock e principalmente a nova música Black (cá pra nós, a nova música black é um "Ctrl+C" "Ctrl+V" discarado onde todo mundo se copia)... justamente os dois maiores estilos de outrora...

Nem sou tão fã do Pink Floyd assim, acho que é a única banda da época (que eu não vivi diga-se de passagem) que não me faz a cabeça... de resto eu gosto de tudo!!

Vale ressaltar que nos próximos dias teremos aqui no Morumbi o show do Aerosmith, uma banda que se soube ser pop mesmo nos anos 2000 jamais perdeu sua característica Hard Rock ao longo de seus discos... dane-se o que toca em rádio, risos...

Grande post!!!

Unknown disse...

Grande Rodrigo. Estarei lá, essa eu não perco por nada.
E um viva aos dinossauros!!!!!
E não tem nada mais chato que 99% dos críticos de música.

Anônimo disse...

Ninguém substitui o Roger Walters no vocal do Pink ,assim como é insuperavel o David Gilmour no solo, todos nós perdemos.

Jonny'O

Anônimo disse...

Oi Rodrigo,

acho que hj em dia o ressurgimento dos dinossauros é propício, pelo menos na minha lógica, devido ao grande numero de bandas pasteurizadas que o "sistema" cria, coloca no "topo" e explora até sobrar só o bagaço, sendo descartados logo em seguida pois não tem sustenção, são descartáveis e desprovidos de qualquer conteudo e esse ciclo é feito em um ritmo alucinante, sendo quase não há mais grandes bandas como na época dos "dinossauros" com musicas bem feitas, arranjos bem pensados ou seja eles tem ou tiveram tudo que a maioria hj é desprovida e contra uma boa qualidade musical não tem com essas "bandecas" lutarem.

bem essa é a minha teoria maluca, acho que estou filoso hj. hehehe

abs

Filipe W