terça-feira, 6 de março de 2007

Mulheres inesquecíveis - II


A segunda homenageada da série de "Mulheres inesquecíveis" era aquela que podemos chamar de da pá virada.

Maysa Monjardim Matarazzo viveu intensamente e, como ninguém, cantou as dores de amores até o fim de sua breve vida.

Ela herdou o sobrenome Matarazzo ao casar-se com o industrial André Matarazzo, descendente da família do Conde italiano (por conseguinte, ele é parente de Eduardo Suplicy) aos 18 anos de idade. André tinha trinta e oito. Com 20, Maysa engravidou de Jayme - seu único filho, o hoje conhecido diretor de telenovelas da Globo. E assim que pôde, foi contratada pela RGE para integrar o cast da gravadora então dirigida por Roberto Corte Real e José Scatena.

André era um forte opositor à carreira da esposa e o casamento durou muito pouco: somente dois anos. Ela trocou São Paulo pelo Rio, entrou pra "turma da Bossa Nova", mas destacou-se junto com Tito Madi, pelas canções mais românticas e de dor-de-cotovelo, o que foi chamado por alguns de Fossa Nova.

Uma música que diz tudo no rol de canções de Maysa é "Meu Mundo Caiu".

Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim

Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí

Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar

O mundo da cantora não caiu, mas ela procurou abrigo na bebedeira. Maysa era pródiga em porres homéricos e escândalos, como quando tentou provocar Elis Regina, outra que não levava desaforo pra casa. "Sua gauchinha de merda, você não canta nada", disparou, antes de jogar uma garrafa de uísque na rival - devidamente aparada por Roberto Menescal.

Ela também era "de fases". Largava temporariamente a bebida, perdia peso e voltava a ser a mulher desejada por dezenas de homens. Quando pintou o cabelo de platinum blonde, num perfeito contraste com seus olhos azuis, aí é que ela deitou e rolou. Namorou Ronaldo Bôscoli, foi amante do presidente João Goulart e, ao que consta no livro de Paulo César de Araújo, foi pra cama com Roberto Carlos no dia de uma eliminatória do Festival da Record em 1967. E na época, Maysa tinha 31 anos, contra 26 do Rei.

Apesar de todas as atribulações de sua vida profissional, ela fazia turnês longas pela Europa e numa delas, conheceu seu segundo e último marido, o espanhol Miguel Azanza. Um relacionamento pouco duradouro, como o primeiro. Ela ainda se envolveria com o ator Carlos Alberto e com o maestro Júlio Medaglia antes de, no dia 22 de janeiro de 1977, em pleno verão carioca, bater com seu carro na Ponte Rio-Niterói e falecer aos 40 anos de idade.

Sua breve vida, ceifada há 30 anos, vai ser celebrada por duas biografias cujo lançamento é praticamente simultâneo. Lira Neto escreveu "Maysa - só numa multidão de amores" (Editora Globo) e Eduardo Logullo traz, com prefácio de Gal Costa, a obra "Meu Mundo Caiu - a bossa e a fossa de Maysa" (Editora Novo Século). Vamos ver qual dos dois é melhor elaborado e que vai ter melhor aceitação dos críticos de livros por aqui.

Enquanto isso, uma merecida homenagem...


"A gente leva da vida a vida que a gente leva.

Você, Maysa, talvez tenha sido - dentre todos nós - quem mais perto chegou lá.

Maysa chegando - já partindo - dizendo adeus - quando tudo apenas começava.

Você foi sempre assim.

Se as coisas estão no mundo, Maysa, você nunca precisou aprender nada.

Sempre soube de tudo.

Por isso aquela ternura imensa, aquela doçura-triste-tristeza-doce dos seus olhos azuis - nas suas canções.

Por isso você é tão importante, Maysa-nova.

Maysa.

Um sonho a menos, um desabafo a mais.

Mas, enfrentando.

A tudo e a todos.

E dizendo a que vinha se di-la-ce-ran-do in-tei-ra.

Num fiapo de voz, às vezes.

Num grito lancinante, em outras.

Es-gar-çan-do os versos.

Mas enfrentando.

Sempre tão perto da gente.

Mesmo longe, tão ligada.

Ninguém vai esquecer você.

É claro que deve existir por aí um mundo melhor do que este.

Só que a gente não sabe a distância que fica a cidade e nem a que horas fecha.

Você sempre soube disso tudo. Maysa de todos nós."


(Eduardo Moreira)

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu me lembro de uma fase dela, a última, em que sua aparência já não era Campeã e todos comentavam que ele bebia muito e seu semblante era sempre de amargura e infelicidade.

Anônimo disse...

uma idéia pra uma próxima mulher inesquecível (pelo menos pra mim), Tatiana Gratcheva, russa do voleibol anos 90. Tem até comunidade pra rela no orkut, mas como to fora do orkut nao faço mais parte! abrs
*Sara Jane musa da MINARDI tb é outra uahuahuahUHUAhaUHa

Lira Neto disse...

Olá, "Saco de gatos".
A biografia de Maysa está nas livrarias. Confiram o "blog da biografia":
www.sonumamultidaodeamores.blogspot.com

Abração!