Essa semana teve um aniversário muito mais importante para mim do que o que foi lembrado nos sites e fóruns de automobilismo da vida: neste 21 de março, Ayrton Senna teria completado 47 anos.
Para mim, um dia como qualquer outro. Não pertenci à geração que o viu ser tricampeão. Graças a Deus.
Cresci vendo Nelson Piquet subir como foguete para preencher o vácuo deixado pelos sete anos sem título depois do bicampeonato de Emerson Fittipaldi. O piloto nascido no Rio e radicado em Brasília entrou na F-1 em 78 com cinco corridas, fez uma temporada razoável em 79, vice em 80, campeão em 81. Se não me falhe a memória, foram quarenta e nove GPs até que Nelson comemorasse seu merecido primeiro título.
O paulistano Senna estreou em 1984 pela Toleman. Até vencer seu primeiro Mundial, quatro anos e cinco temporadas mais tarde, demorou 79 provas.
Uma diferença e tanto, não?
Enfim, o que quero dizer é o seguinte: nunca moldei minha personalidade baseado em "modismos". Se torcer para Senna era bacana (para muitos) porque ele empunhava a bandeira brasileira, isso me remete a um patriotismo chinfrim que nosso povo só demonstra quando convém.
Meu pai, que no último dia 17 teria feito 67 anos de idade, era desses homens que nunca se dobraram a casuísmos como esse. Também pudera: viveu como poucos as agruras de ser trabalhador e depois chefe de família no auge do governo militar. A exemplo de muita gente inteligente, ele era de esquerda, uma característica que com o tempo passou de pai para filho.
Torcemos juntos durante 33 anos pro mesmo time, gostávamos do mesmo piloto durante todo esse tempo e votamos no mesmo partido. Isso só me enche de orgulho.
Há quase dois anos, num dia 21 de julho - quando o Fluminense do nosso coração completou 103 anos, meu pai deixou esta vida e partiu para o andar de cima. Mesmo com tantas coisas em comum, também tínhamos nossas diferenças. Isso pouco importa. Sinto falta do velho Manoel e de sua contumaz ranzinzice, que só fez aumentar com o tempo e sua implicância com tudo - do governo FH até o Flamengo.
9 comentários:
Mattar ,o teu Fluminense me deixou uma grande lembrança, os 70.000 Corinthianos que invadiram o Maracanã em 1976.
Foi a maior debandada de uma torcida de futebol da historia!
Tb sou Piquetista,Ferrarista e Scheila Carvalho é perfeita!
Jonny'O
Yo si tuve la suerte de ver los campeonatos de Ayrton. Con toda honestidad puedo decir que por esa absurda rivalidad que tenemos argentinos y brasileños, no simpatizaba demasiado con Ayrton. Hoy me arrepiento de eso, porque luego de su muerte no hubo piloto que le igualase, ni siquiera Schumacher.
También ayer 21-03 se cumplieron 25 años de la última carrera del Lole Reutemann en Fórmula Uno. Y nosotros no hemos tenido quien le reemplace.
Saludos a todos
PD: estoy aprendiendo portugués, de modo que espero en unos meses podes comentar en vuestro idioma
Tenho saudades do Senna. Tenho saudades do Piquet.
Não é pq gosto de um que deixarei de gostar do outro. Conheci apenas o crepusculo do Piquet e achava Senna excepcional!!!
Não temos o que fazer. O tempo passa...e como disse o Johny O, saudades tb do meu timão de antigamente. Hj vou ao Pacaembu e não vejo nem sombra do time que já tivemos.
Mattar,
Só para ficar nos citados, tive a sorte de conhecer os dois, Piquet e Senna, ambos no início e no decorrer das carreiras.Do Piquet, cheguei a comprar peças dele no balcão da Camber quando ainda era só o Nelsinho dos pegas e das corridinhas de kart no estacionamento da Torre de Tv, passando pelas corridas em volta do Pelézão, a estréia na Super Vê e Divisão Um em 74 e por aí vai.
Do Senna, lembro-me dos campeonatos brasileiros de Kart realizados em Brasilia e Uberlândia, daí o garoto prodígio foi para a F-Ford inglesa e quejandos. Sempre gostei mais do Piquet - aquela mania do acerto ideal, o desenvolvimento do carro, a extrema inteligência no desenrolar das corridas, a malandragem-.Do Airton, inegável o imenso talento ao volante, a espantosa habilidade, as manobras quase impossíveis.Mas não suportava nele aquela fixação da vitória a todo custo, muitas vezes superando as barreiras do bom senso e a honestidade de propósito. Negar suas conquistas e o talento pessoal só um desvairado o faria. Também acho que sua imagem foi muito usada e abusada num período que nossa auto estima como povo - refiro-me aos negros anos da hiper inflação - estava mais baixa que sola de sapato.Daí aquela exploração do brasileirinho que dava certo, contra tudo e todos, bandeiras acenadas, etc, etc. Sempre desconfiei das unanimidades, mas gosto é coisa pessoal, portanto subjetivo.
Lendo esse seu texto Rodrigo, eu me lembrei da saudade que eu tenho de uma pessoa muito especial que por um problema familiar (que nada teve a ver com a essa pessoa) fiquei dez anos sem vê-la (mas sempre conversando pelo telefone quase toda semana): a minha avó paterna.
Ela era daquelas pessoas que não tinham ódio de ninguém, e era uma brincalhona de primeira em que qualquer um (inclusive os netos) poderiam ser vítimas das suas molecagens.
Então, como eu tinha dito antes, ficamos sem visita-lá por dez longos anos e três meses depois desse último encontro ela faleceu aos 67 anos (em outubro de 1998).
Quando a gente perde alguém tão querido, parece que uma parte nossa vai junto. Só assim eu consigo tentar explicar essa dor para o pessoal que ler essa mensagem e não perdeu ninguém importante em sua vida.
Wallace Michel
Juca,
Me manda sua foto autografada?
Mandou bem!!!!
Perfeito Rodrigo. Eu não vi nenhum dos dois correr, mas quem eu conheço que gosta de automobilismo(e você é um deles), diz que ele foi melhor que o senna. Então fico contigo.
Um abraço
Gosto muito do Piquet e Senna, mas percebo uma tendência de q todos q preferem o Nelson, tem alguma implicância com o Ayrton!!!!E Flamengo campeão da libertadores esse ano!!!!!!!!!
Eu sempre gostei do Senna, ele carregava uma coisa triste no jeito de olhar que me sensibilizava (vc vai dizer 'mulheres...'hahah).
Parabéns ao seu pai, que vive através de você agora.
*Abraço.
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