terça-feira, 7 de março de 2006

Esporte, sim... racismo, nunca!

O saco de gatos normalmente é brincalhão e divertido. Mas hoje vamos falar de um assunto sério: o racismo.

O esporte infelizmente vê a cada dia crescerem manifestações desse tipo - especialmente no futebol.

No último domingo, o zagueiro Antônio Carlos, veterano jogador com passagens por grandes clubes brasileiros, pelo futebol italiano e também seleção brasileira, foi o protagonista de mais um lamentável episódio.

Expulso de campo na derrota do Juventude para o Grêmio por 2 x 0 em Caxias do Sul, o jogador xingou o volante Jeovânio, do Grêmio, de "macaco", além de fazer com os dedos um gesto ostensivo ironizando o tom da pele do atleta ofendido.

Não adiantaram as desculpas esfarrapadas de Antônio Carlos, que em entrevista posterior disse ter 'amigos negros'. Jeovânio levará a ofensa às últimas conseqüências: vai entrar com uma ação judicial contra o zagueiro, cujo ato será investigado inclusive pelo Ministério Público. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) deve acolher a denúncia e Antônio Carlos, que acaba de ser suspenso preventivamente por 60 dias, vai ser incurso no artigo 253, de agressão física. Pena: 120 a 540 dias de suspensão.

Este (mais um) incidente remete ao ocorrido ano passado entre o centroavante Grafite, ex-São Paulo e o zagueiro Andrés Desábato, do Quilmes, que ofendeu o atleta do tricolor paulista num jogo pela Taça Libertadores da América. Preso por racismo, Desábato ficou 48 horas na cadeia até conseguir um habeas corpus e ser liberado.

Se aqui no Brasil o racismo engatinha no esporte, na Europa ele é latente. Samuel Eto'o, que é camaronês e negro, foi ofendido pela torcida do Zaragoza. Ameaçou deixar o campo mas foi impedido pelos jogadores. O clube foi multado em apenas 30 mil euros e até o presidente da FIFA, Joseph Blatter, concluiu que a pena da Real Federación Española de Fútbol (RFEF) foi "ridícula".

No fim do ano passado, Marc Zoro, da seleção da Costa do Marfim e atleta do Messina, clube da Série A da Itália, foi xingado pelos torcedores da Internazionale e quase tomou o caminho dos vestiários. Foi preciso que os jogadores negros do time de Milão - os atacantes Martins e Adriano, o acalmassem.

O radicalismo das torcidas, conhecidas como "Ultras", os mais perigosos do continente, não se restringe aos negros. A torcida da Lazio é tida como a mais violenta da Itália. Não raro, há torcedores empunhando bandeiras com a cruz suástica do exército nazista de Adolf Hitler. O jogador Paolo di Canio, um laziale de carteirinha, já foi suspenso duas vezes este ano por, quando marcou gols, saudar os "Ultras" com o braço estendido à la Benito Mussolini. Di Canio é fã dos nazi-fascistas, pois tem uma tatuagem no seu braço onde está escrito Dux (Duce), em referência ao ditador italiano.

O mesmo Antônio Carlos lá do começo do tópico, levou porrada a três por dois de torcedores da mesma Lazio depois de uma partida contra a Roma, fora do Estádio Olímpico. A discriminação, como eu disse, não é privilégio de negros. Sul-americanos, especialmente os que jogam nos clubes rivais do alviceleste da capital da "Bota", não são bem-vindos.

Jogadores e torcedores precisam ter consciência do seguinte: o esporte está muito, mas muito acima de castas, credos ou qualquer coisa que o valha. Atitudes como estas e várias outras que já aconteceram pelo planeta inteiro só fazem crescer um ódio desmedido que pode trazer sérias conseqüências a muita gente.

É preciso respeito e consciência para acabar de vez com atos covardes que mancham os noticiários esportivos.

Que se tomem, pois, as atitudes necessárias para punir os agressores e infratores.

2 comentários:

Anônimo disse...

é difícil esta questão; por exemplo, na ultima ediçao da veja (se nao estou enganado) saiu uma foto da torcida nazista da Lazio e suas bandeiras. Talvez uma aula de socialismo por professores de faculdades de educação física ajudariam os atletas, ja a torcida é uma incógnita....

Anônimo disse...

Esse Antonio Carlos é um idiota tamanho litro.

Antes desse episódio deprimente ele também já humilhou outro atleta, o Robsón do Paysandu de Belém do Pará.

O Robson disse ano passado que por mais que o Antonio Carlos pedisse perdão, ele nunca o desculparia por tê-lo insultado.

Na Espanha outro IMBECIL é esse treinador, o Aragonés. Ele disse que as pessoas estão "exagerando com essa história de racismo".

Engraçado que ele mesmo foi pego pelo áudio de uma emissora de tv quando ao dar instruções a um jogador de sua equipe num treino disse que o Henry "era um negro de m..."

Quem é o Aragonés pra dizer algo ?