Cinco meses. Foi tudo o que durou a TV JB, empreitada mal-sucedida de Nélson Tanure em trazer o Jornal do Brasil para a telinha. Com uma programação que ia de 18h até meia-noite, mais ou menos, ressuscitaram Boris Casoy e trouxeram mais uma vez o histrionismo de Clodovil para a TV - antes que este desse mais um piti e recebesse a enésima demissão da carreira. Outro pecado foi dar a Nelson Freire um programa sobre música erudita encravado na madrugada, afora outras sandices.
Pois bem: a emissora que entrou no ar em 17 de abril, saiu de cena também num dia 17 - mas de setembro. Antes parceiro e depois desafeto de Flávio Martinez, dono da CNT - Central Nacional de Televisão, Tanure ensaiou uma aproximação com a Rede Brasil de Televisão, que só durou uma semana. E a TV JB virou pó, num caso raro de vida curta como nunca se viu no país. Nem as extintas Tupi, Manchete, Excelsior e Continental duraram tão pouco.
Agora, falando sério. Tanure é um "sadim" dos piores. Sadim, para quem não sabe, é Midas ao contrário. Se este último fazia virar ouro tudo o que tocava, o empresário carioca faz o inverso: onde pôe a mão, vira merda. Outrora uma potência, o Jornal do Brasil hoje é um lamentável pastiche de si mesmo. Eu trabalhei lá por seis meses como estagiário de redação em 1996, passando por quatro diferentes editorias e tinha por aquela redação da Av. Brasil 500 - hoje inteiramente destruída, um carinho muito grande.
Nessa época, consegui emplacar uma pauta que foi pra capa. O Fluminense vivia a crise que culminaria no primeiro rebaixamento para a Série B e no dia do treino, o repórter escalado estava doente. Sobrou pro estagiário (eu) o tremendo rabo de foguete que era fazer matéria sobre o tricolor naqueles tempos. Antes disso eu já tinha proposto a pauta: com a ajuda de alguns alfarrábios, descobri que a defesa do Flu era a pior de toda a história do campeonato, na média de gols sofridos. E vendi essa estatística ao editor que estava lá, se não me engano o Roberto Falcão.
Fui para Laranjeiras com o fotógrafo Alexandre Durão e quando chegamos, nos deparamos com os jogadores sentados no meio do gramado e Renato, ainda de roupa esporte, conversando com eles. Não deu nem 20 minutos e o então treinador interino saiu da roda sob aplausos, chorando convulsivamente por trás dos óculos escuros.
Falei imediatamente para o Durão: "Corre que ele tá chorando!". Ele pegou a máquina e sapecou dezenas de fotos. A melhor delas, em cores, com o Renato se escorando no alambrado sob um pranto convulso, foi pra capa do JB.
Mais calmo, ele concedeu uma entrevista coletiva histórica ali mesmo no campo, onde ele prometeu que sairia pelado em Ipanema se o Fluminense fosse rebaixado, o que de fato aconteceu.
Renato nunca cumpriu a promessa. Mas a matéria, a pauta e a capa, no dia seguinte, encheram o reles estagiário de orgulho.
Onze anos depois, vendo o JB se reduzir a praticamente nada no mercado editorial brasileiro, me dá uma tristeza muito grande. Nelson Tanure caminha para ser o grande vilão do fim de uma era inaugurada pela condessa Maurina Pereira Carneiro, que certamente se revira de ódio na sepultura, diante do que fizeram com o jornal que com tanto carinho fez crescer e revelar tanta gente boa para a imprensa nacional.
2 comentários:
Afinal o Tanure é Laranja de quem? Aliás, Acyollis, Eikes (este acho que é do pai, né?) etc etc etc, são Laranjas de quem?
Bem que reparei que falta um canal aqui em casa...
Rodrigo, sobre as Mil Milhas: Mesmo com os protótipos e sendo uma corrida válida para a American Le Mans Series (era isso mesmo? Vivo me confundindo com as Le Mans Series), as chances de fracasso comercial e de público são altas?
Entre meus amigos fãs de automobilismo, acho que só eu que sei que os prtótipos vem para cá... Como eu moro ao lado de Interlagos, será que corro o risco de estar sozinho na arquibancada?
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