segunda-feira, 15 de outubro de 2007

15 de outubro

Dando uma olhada descompromissada no Blog do Capelli, me deparo com o seguinte:

15 de outubro no automobilismo:

1983 - Riccardo Patrese vence o GP da África do Sul

1983 - Nelson Piquet conquista seu segundo título mundial

Às vésperas de uma decisão de campeonato onde nenhum brasileiro tem chance e um deles caminha para encerrar o ano sem qualquer ponto marcado, lembrar deste título de Piquet é um bálsamo para a alma.

Ele era o autêntico exército brancaleone na ocasião, pois guerreava pela taça contra nada menos que três franceses: Alain Prost (Renault), Patrick Tambay e René Arnoux, ambos da Ferrari.

Quando Nelson enfrentou uma quebra inesperada no GP da Alemanha, a terra da BMW, e muitos quiseram colocá-lo carta fora do baralho, ele disparou o petardo: "Vou ser campeão mundial de novo. As modificações que o Gordon (Murray) fez deixaram o carro ótimo, invencível. Pode conferir daqui pra frente." Os jornalistas franceses, há quem diga, rolaram de rir diante da pérola.

Tal profecia não se concretizou na Áustria, onde a versão B da BT52 não foi além de terceiro, numa prova em que Prost triunfou. Em Zandvoort, houve a famosa corrida onde Nelson e o anão tiveram uma escaramuça na curva do Tarzã. Piquet bateu e Prost, voltas depois, também. A vitória caiu no colo de René Arnoux, que subiu para 43 pontos e assumiu a vice-liderança. Prost tinha 51 e Piquet era terceiro ao lado de Tambay, com 37.

Os tiffosi lotaram Monza e saíram frustrados com o show de Piquet, que derrotou Arnoux por 11 segundos para voltar a vencer depois do triunfo no Brasil. Melhor: Prost abandonou e Tambay foi só quarto. O brasileiro voltaria a ganhar em Brands Hatch, por ocasião do GP da Europa, graças a um acidente entre os italianos Elio de Angelis e Riccardo Patrese, que lideravam a corrida. Prost foi segundo e os dois pilotos da Ferrari bateram.

Assim, o campeonato chegou a Kyalami com o francês somando 57 pontos contra 55 de Piquet e 49 de René Arnoux. Tambay já estava fora da briga. Na prova de classificação para o GP da África do Sul, surpreendentemente, o francês fez a pole position com 1'06"554 contra 1'06"792 de Piquet. Arnoux sairia em quarto e Prost em quinto. Entre eles, Riccardo Patrese com o segundo carro da Brabham - que sem dúvida faria corrida para ajudar Nelson.

Especulou-se nos bastidores que o carro do italiano estaria com o tanque bem vazio para que ele forçasse a quebra de Prost e Arnoux. O que a francesada não contava é que a Brabham invertesse a tática, colocando pouca gasolina no carro de Piquet, que largou muito melhor que Tambay e disparou na frente, trazendo consigo Patrese. De Cesaris, que não tinha nada a ver com isso, levou a Alfa para terceiro, enquanto Prost permanecia em quarto.

A primeira baixa foi a de Arnoux. Após nove voltas e nunca melhor do que sétimo durante a corrida, o piloto da Ferrari saiu da disputa. Menos um na briga.

Faltava nocautear Prost. Este chegou à 3ª posição ultrapassando Andrea de Cesaris e depois acabou superado por um redivivo Niki Lauda, que fazia corrida sensacional com o McLaren-Porsche TAG. Na 36ª volta, enfim, acabava a angústia: ao parar para reabastecer, Prost bateu nos cintos e abandonou, com problemas mecânicos.

Piquet seguiu na frente até a 59ª volta, quando tirou o pé por vontade própria. Afinal, com seus adversários fora de combate, até o quarto lugar lhe dava o título - por um ponto. Resolveu ser menos cruel do que fora em 1981 com Carlos Reutemann: deixou Riccardo Patrese assumir a liderança e permitiu também que Lauda fosse para segundo, até a quebra do motor da McLaren.

Na antepenúltima volta, Nelson trocou de posição com De Cesaris e assim, com uma dobradinha italiana e ele em terceiro, o bicampeonato chegou. Aos 31 anos, Piquet atingia o ápice da carreira num momento descrito por ele como "de sonho".

Abraçado à holandesa Sylvia Augusta, mãe de Nelson Ângelo Piquet e sua companheira da época, ele deu uma histórica entrevista a Reginaldo Leme que entrou quase ao vivo no Globo Esporte daquele sábado, num tom confessional e diria até, embalado pela champagne que sorvera com gosto no pódio.

"Estou nas nuvens. Me sinto como se não fosse humano."

Preciso dizer mais?

5 comentários:

Anônimo disse...

Pergunta ao Piquetitas de plantão: onde vocês estavam no dia 15/10/1983?

Eu estava em Umarizal/RN assitindo aquela corrida na TV com meu velho. Só fui sentir emoção igual com o esporte somente quando veio o tri do Nelsão em 87 e o tetra da seleção em 1994.

Wallace Michel

Rodrigo Mattar disse...

Eu vi a corrida pela Globo e vibrei, comemorei feito um doido naquela manhã de sábado como se fosse um título do Fluminense.

Rodrigo Nunes Yoshihara disse...

Eu estava dormindo, provavelmente, dentro do berço (sou de dezembro de 1981). Meu pai, Piquezista convicto, viu a corrida...

Anônimo disse...

Eu estava em casa,foi incrivel ,que campeonato!
Mas tem uma coisa estranha aqui,o Mattar contou detalhes demais,só pode ser uma coisa,ele tem a corrida toda ,possivelmente em DVD.
Pode dar as dicas ai Mattar!

Jonny'O

Rodrigo Mattar disse...

Parafraseando Elis Regina, é tudo de memória, meu caro.
Momentos como estes não saem da mente, nunca jamais.
Abraços