domingo, 7 de outubro de 2007

O segredo é a base

Muitas vezes nos perguntamos o porquê do sucesso dos pilotos brasileiros no exterior desde que Emerson Fittipaldi lhes abriu as portas no fim dos anos sessenta. Invariavelmente, a resposta é a mesma: além do imenso talento dos nossos representantes, a base também contribuía, com campeonatos fortes de kart e monopostos, que preparavam bem a turma de baixo para chegar à F-1 com um bom currículo.

Hoje, lamentavelmente o panorama é inverso. O kart ainda é uma excelente escola, mas é caríssimo. Minguaram TODAS as categorias de monoposto que tivemos de 1970 para cá: Fórmula Ford, Fórmula Vê, Supervê, Fórmula 2 Brasil, Fórmula Chevrolet e Fórmula Renault. A Fórmula 3 "sul-americana" é a única que sobrevive, só com pilotos brasileiros, carros construídos em 2001 e motores Berta de cilindrada superior à usada nas similares internacionais.

Por isso, é cada vez menor o número de pilotos que fazem as categorias ditas nacionais e vez por outra somos surpreendidos com a aparição de um ou outro nome. Por exemplo: eu não conhecia um menino chamado Tiago Geronimi, que hoje está na Fórmula BMW alemã. E mesmo as portas nas categorias internacionais não se abrem para todos. Por isso mesmo, vemos talentos como João Paulo de Oliveira e Roberto Streit ralando no automobilismo japonês.

Vivemos um contraste com o momento que passa, só a título de exemplo, o automoblismo alemão, cada vez mais florescente. E a isso, não chamemos de "efeito Schumacher". Os teutônicos sempre investiram em automobilismo, têm marcas tradicionais como Porsche, Mercedes-Benz, Audi, Opel e BMW, e com dinheiro jorrando, não é difícil imaginar que lá surjam tantos nomes bons.

Taí a nova turma que representa o país na Fórmula 1, com Adrian Sutil, Nico Rosberg e esse extraordinário Sebastien Vettel, como coadjuvantes do redivivo Nick Heidfeld. Há ainda Timo Glock, que após uma boa passagem pela ChampCar não desistiu do sonho da categoria máxima e está muito próximo de realizá-lo. E não esqueçamos dos jovens Christian Vietoris e Nico Hülkenberg, que representaram o país na campanha vitoriosa da A1GP e com grande brilhantismo, já marcam bons resultados na F-3 apresentando armas para a GP2 ano que vem.

Enquanto isso, a nossa fonte vai secando e eu vou perguntando: até quando?

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é...
Mas a Stock Car com transmissão da Globo vai muito bem! Alias, muitíssimo bem.

abs

Anônimo disse...

Sem querer ser saudosista acho que falta um certo "espírito Fittipaldi" hoje. Certo que os tempos são outros, mas repare na lista que você fez:
Kart: saiu da era do "cortador" de grama aqui no Brasil, quando os irmãos Fittipaldi fizeram os Minis;
Fórmula Vê: durante anos foi dominada pelos Fitti-Vês;
Fórmula Ford: só surgiu no Brasil depois que Emerson correu na Europa, veio no final do ano para participar e ganhar o Torneio BUA e lançou a Fórmula Ford no Brasil;
Fórmula Super Vê: o primeiro Super Vê foi um Fitti-Vê lançado pelo Wilsinho. Não chegou a correr, mas nos anos seguintes a categoria foi criada.
Sem contar o Fitti-Porsche, o Fusca de dois motores etc etc etc, que provocaram o aparecimento de protótipos como Fúria, Lorena, Amato e o outros.
E olha que naquela época os dirigentes conseguiam ser piores que os de hoje quando, infelizmente, temos muito Circo (Stock, Truck, Pick-up) e poucas corridas.
Acho que mais triste do que o fim das categorias de Fórmula, é a inexistência das categorias de Estreantes e Novatos e, por consequência, do automobilismo regional, que revelou toda a geração que ainda está por aí.
Vale ainda lembrar, que desde a época do Senna as categorias de Fórmula não existem de forma competitiva (tanto que ele só correu no Brasil de Fórmula 1).