Não me recordo, honestamente, qual publicação expôs recentemente em capa o "drama" do Luciano Huck, que teve um relógio roubado em São Paulo e veio reclamar disto em público.
Pois bem: acredito que esta seja uma discussão inócua diante de tanta coisa que vemos por aí num país onde a desigualdade social grassa. Ele pode ter um Rolex, ok, trabalhou pra isto, mas e eu e a maioria da população, será que podemos?
Será que realmente nos importa saber se o relógio do apresentador-nareba foi roubado ou quanto vale o mesmo?
Quem bota a questão a público novamente é o cantor / compositor Zeca Baleiro, em lúcido artigo escrito para a Folha de S. Paulo neste fim de semana, criticando Luciano por ter exposto até o limite uma "indignação" que sem dúvida não lhe cabe.
"Eu também reclamaria caso roubassem algo comprado com o suor do rosto. Reclamaria na mesa de bar, em família, na roda de amigos. Nunca num jornal", escreveu Zeca.
Os argumentos do Luciano são meramente infantis, do tipo 'pago meus impostos, sou cidadão'. Eu também pago, também sou cidadão, ganho pelo menos 100 mil vezes menos do que ele e não reclamo. Levo minha vida numa boa, sou feliz com o que tenho. E escaldado por uma experiência anterior frustrante, eu evito andar com qualquer relógio no pulso.
Usar um episódio como este para se autopromover é o fim da picada. Não seria assim que faria, por exemplo, o Chacrinha, um gênio da comunicação que matava a pau nas tardes de sábado com seu programa misturando calouros e grandes atrações (cantando em playback), as chacretes, as macacas de auditório, os jurados - cada um mais figura que o outro, afora a anárquica performance do Velho Guerreiro, que até hoje deixa saudades.
O "caldeirão" do Luciano não ferve, só faz água. O programa dele é chato, pretensioso e por mais que ele tenha méritos pra chegar onde chegou como apresentador, não é digno mesmo de uma grande audiência.
E nem que demos ouvidos a um simples relógio roubado. Afinal, ele ganha suficientemente bem pra comprar outro igual.
Não é não?
5 comentários:
Sem duvida, Rodrigo, voce e o Zeca tem razão, quando saiu este artigo dele na FOlha tive o mesmo pensamento. Sem contar que o programa dele em si é uma porcaria e ele é antes de tudo, marqueteiro, inclusive antes de ser apresentador
.... e só estraga carros, com aquele quadro "Lata velha", antes velho do que aquelas coisas bregas e mal equipadas!
abraços
Eu também tive um relógio que batalhei duramente com o meu estudo e com boas notas em provas, roubado, e ele não era barato, e causou em mim o medo. Mas não escrevi nenhum texto na Folha pra reclamar, até porque não tenho dinheiro suficiente pra pagar para publicar um texto nesse jornal. E o Zeca Baleiro foi perfeito no texto, e criticou de forma bastante elegante a Veja e o Luciano Huck.
Não concordo: todo e qualquer brasileiro TEM SIM que reclamar não só por um Rolex mas até mesmo por um passe-escolar pois não é facil ter subtraído algo que se batalhou para ter e ver o cano de um 38 na sua cara ... E digo mais, se, como ele, todos reclamassem ou pussessem a "boca-no-trombone" alguma coisa poderia estar sendo feita para minimizar o problema!!!
Ludimar Menezes - Brasília
O luciano Huck tem direito de reclamar? Acho que tem... Não se decve andar com um relogio caro no Brasil? Acho que se deve sim, se vc pode ter algo que comprou honestamente, sem problema... O roubo foi por causa da situação social do Brasil? Acho que não.
O que fica evidente diante disso tudo, é que pobre pode ter um cano na cara na saida do banco ou no onibus que a Folha de S. Paulo e outros não se indignam, não pedem para eles escreverem artigos, etc...
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