A sexta-feira passada foi especial. Pra começar, era o primeiro dia das minhas merecidas férias, que vão durar até 25 de fevereiro.
Estava eu "pilotando" meu notebook quando pisca no meu msn a querida amiga Inez. Depois do oi de sempre ela me pergunta:
- O que você vai fazer hoje?
E eu respondi com naturalidade:
- Eu pretendia ir ao aniversário de um amigo.
O amigo em questão é Rafael Lopes, do Globoesporte.com. E certamente o "rachador" Fred Sabino estaria lá. Mas o convite da Inez era irrecusável: ir digrátis pro Morro da Urca ver a Noite da Bossa Nova.
Nada mais justo: afinal, eu gosto do gênero, que é um dos símbolos do Rio de Janeiro e que em 2008 completa exatos 50 anos. E cá pra nós, milhões de anos-luz melhor que essa bosta chamada funk.
E tinha mais: fazia 31 anos que eu não subia no bondinho pra ir ao Morro da Urca. Fui ao Pão de Açúcar com seis anos de idade e só. No auge do Noites Cariocas que Nelsinho Motta inventou e revolucionou a vida noturna carioca, eu não tinha idade pra poder assistir os históricos shows de Tim Maia, Titãs, Blitz e outros.
Quando chegamos, Mariana de Moraes (a neta de Vinícius) já tinha encerrado seu show num espaço anexo ao anfiteatro principal, onde as atrações principais se exibiriam.
Por volta de meia-noite entrou no palco o Bossacucanova, grupo que tem Marcelinho da Lua nas picapes e Cris Delanno esbanjando simpatia nos vocais. A banda reinventa - como seu próprio nome denuncia - clássicos da Bossa em versões mais aceleradas, dançantes e muito boas de se ouvir.
E eles contaram com a participação de diversos convidados: a própria Mariana de Moraes deu sua canja, seguida por Roberto Menescal (um dos precursores da Bossa), Marcos Valle - que apareceu de surpresa quando o grupo começou a tocar sua versão para "Samba de Verão", Fernanda Takai e também Carlinhos Lyra.
Destaco a ótima versão do Bossacucanova para "Essa moça tá diferente", clássico de Chico Buarque gravado em disco com a participação do Simoninha. E o final apoteótico, quando eu já estava lá fora, pegando um copo de cerveja, foi regado por "A minha menina", dos Mutantes. Saí correndo em delírio e fui acompanhar a música, cantando alto e com alegria.
Intervalo e por volta de 1h30 entrou Celso Fonseca, liderando uma ótima banda com um senhor naipe de metais, um antigo tecladista da banda Black Rio e dois gaúchos no baixo e na bateria. Nomes, por favor, não me perguntem: não lembro deles.
Celso, que é guitarrista fixo dos discos de Gilberto Gil há anos, interpretou e tocou com grande competência para uma platéia já meia-boca, mas animada. Ele fez uma ótima versão para "Surfboard" do mestre Antônio Carlos Jobim e arriscou até a infame "Se ela dança eu danço", do não menos infame MC Marcinho. Depois de uma ótima participação de Marcos Valle, que voltou para dividir com Celso três ou quatro músicas, o show foi encerrado com uma excepcional cover de "Maria Fumaça", clássico da Banda Black Rio.
Ainda encarei a discotecagem de Nado Leal, mas aí se havia 80 pessoas era muito. Caí fora e vim dormir, exausto mas feliz porque graças a Deus tenho certeza de que gosto de música. De música de verdade, diga-se.
E olhando o meu Rio lá do alto do morro, com aquela visão sem igual da orla carioca, fico pensando como é que tem gente tão incapaz para comandar esta cidade de beleza ímpar e indescritível...
Boa semana a todos!
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