Dois mil e sete terminou há pouco e o novo ano está estourando de fresquinho. Mas apesar de desejarmos uns aos outros aquele velho discurso "muito-dinheiro-no-bolso-saúde-pra-dar-e-vender" quando os fogos espoucam nos ares do Rio de Janeiro, lamentavelmente a violência continua dando o ar da graça. E não é só aqui não.
No Paquistão, mataram sem dó nem piedade a ex-primeira ministra Benazir Bhutto. Em Villavicencio, na Colômbia, três refugiados das FARC daquele país não conseguem ser libertados do cativeiro por - ora vejam - Hugo Chávez, o sub-ditador da Venezuela.
Pois bem... por aqui, a onda de violência que tanto assusta os cariocas fez três vítimas de rostos e sobrenomes conhecidos, num espaço exíguo de 48 horas. O cantor e compositor Paulinho da Viola foi assaltado em companhia da esposa Lila. Com medo, passou a virada do ano em casa, recluso e pensando na possibilidade de deixar a capital carioca.
A atriz Helena Ranaldi, que é paulistana, estava na Linha Amarela quando seu carro foi cercado por bandidos que o metralharam. O auto blindado salvou sua vida e a do músico Max Sette, seu namorado, que a acompanhava no banco do carona.
O pior caso estaria por vir: o assalto sofrido por Lídio Toledo Filho e esposa, nas imediações do Alto da Boa Vista. O rapaz sofreu sérios ferimentos e está em estado grave. Felizmente a mulher dele não corre mais risco de vida.
E aí cabe a reflexão.
Dá pra pensar em paz e menos violência com tudo isso que tem acontecido, especialmente por aqui?
Diriam os puristas que o Brasil é um país privilegiado. Afinal de contas, não existem grupos terroristas como o ETA e o IRA e militantes revolucionários como a turma das FARC e os Zapatistas do comandante Marcos.
Mas temos o tráfico a céu aberto, que invade dia após dia o asfalto. Temos um banditismo cada vez mais bem armado e uma polícia (com exceção do BOPE) ridiculamente preparada para enfrentar o crime no Rio de Janeiro - e acredito, no país inteiro.
Com todo o respeito, o morro desce cada vez mais e o reflexo disto é a invasão da "cultura" do funk que, lamentavelmente, dominou o reveillón em Copacabana, com o infame DJ Marlboro. Isto não é música. É uma piada. E num país que reinventou o samba através de um lance chamado Bossa Nova - que aliás completa meio século desde que João Gilberto, com toda sua genialidade, gravou "Chega de Saudade" - trata-se de uma piada de tremendo mau gosto.
Bom... nem tudo é ruim em 2008. Afinal de contas, estaremos vendo o fim de CEM como alcaide do Rio de Janeiro. O homem que diz que governa e nada faz. O parlapatão, o fanfarrão, o ridículo, o Nero de Catolé do Rocha. O destruidor do autódromo do Rio de Janeiro. O bufão do Pan. Onze anos em três períodos diferentes aturando este cidadão. Graças a Deus que essa infeliz saga está chegando ao fim.
4 comentários:
Complementando o Post, principalmente no ultimo parágrafo:
...AMÉM.
Ninguém gosta de violência nem de sentir medo, não gosto de ver uma pessoa violentada seja ela pobre, rica, branca, negra, amarela,azul,laranja...
Mas lendo seu texto, reparei naquilo que venho reparado sobre a classe média e rica do RJ, enquanto a pobreza não afetar vcs,como vcs mesmo se julgam do asfalto,estará tudo bem, o problema é que isso está começando afetavcs de maneira perigosa.Só gora é q vcs vão tomar realmente conciência do q é pobreza e medo, por mais q uma pessoa seja bem informada sobre pobreza, favela, medo, É só vivendo no meio disso que realmete sentimos o que é tudo isso. Não conheço o Rio sou de São Paulo, morei e morona peferiferia, aquinos já passamos por esse medo q vcs começam a passar agora por muito tempo. Agora vcs vão prestar atenção na dor da vendedora de chicletes (como dizia o carioca e classe média-alta Cazuza) ou na dor de quem trabalha mais de 8 horas por dia, faz hora extra não pq ele quer, mas sim pq se não fizer é mandado embora, depois pega um ônibus lotado volta pra casa come sua comida, que é a única coisa que o dinheiro dá. Uma pessoa dessa vê vcs da classe média com todo o conforto do mundo, e vcs ainda querem paz?. Como disse no começo não sou a favor de nenhum tipo de violência, mas é compriensível a violência. Talvez seja tarde demais pra vcs olharem pra esse lado da cidade, ou no caso do Rio virar as costas para o mar e olhar a favela.
Só no Rio de Janeiro?
No interior paulista, nas cercanias de Piracicaba, o funk também era o som mais tocado na festa da cidade.
Imagine a minha vontade de pegar uma viola, um violão e... arrebentar na cabeça dos funkeiros caipiras...
Discordo de duas colocações... Colocar os zapatistas do subcmt junto as farcs é injusto... Os métodos são diferentes...
O BOPE não está preparado para enfrentar a criminalidade. Quem mora em favela sabe muito bem o resultado de uma incursão dos "caveiras"
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