Tenho pena do Ron Dennis. Bem-feito pro Ron Dennis.
Tenho pena porque o casamento do cara acabou. Foram 22 anos de união com a estadunidense Lisa. Este blog nunca pretendeu ser um repositório de fofocas, mas comento isso com a autoridade de quem viu os pais (os meus, claro) se separarem depois de 17 anos de casamento e acho que três ou quatro de namoro. Qualquer coisa neste sentido não é benéfica para ninguém. Pra quem se separa e especialmente para os filhos. É deprimente, desgastante, é cruel.
E não tenho pena do Ron Dennis pelo seguinte: o jornal Marca veiculou ontem que a Mercedes-Benz, detentora da maioria do controle acionário da McLaren, "pediu a cabeça" do britânico.
O motivo? Ora... todo mundo sabe: o escândalo de espionagem que jogou o nome da equipe na lama e levou a Mercedes junto. Por causa daquilo, a McLaren perdeu os pontos no Mundial de Construtores (e conseqüentemente o título) e, pior, nenhum de seus dois pilotos foi campeão, primazia que coube a Kimi Räikkönen, da Ferrari.
A Mercedes, que aplica 200 milhões de euros na equipe, ficou "enojada" (zangada, em espanhol) com o episódio. E os alemães, liderados por Norbert Haug, começaram a costurar nos bastidores a saída de Ron. Também não foi digerida a contratação do finlandês Heikki Kövalainen: os alemães queriam um piloto da casa e as opções eram, pela ordem, Nico Rosberg, Sebastian Vettel e Adrian Sutil.
O cargo de diretor-geral deverá passar às mãos de Martin Whitmarsh e o anúncio deve ser feito dias antes do GP da Austrália. Se isto acontecer, é um infeliz canto do cisne para Ron Dennis no automobilismo. Ele começou como mecânico-chefe na Brabham, magrinho e com muito mais cabelo, trabalhando nos BT24 de Jochen Rindt e Jack Brabham. Ele ficou na equipe até o início dos anos 70, quando montou em sociedade com Neil Trundle a Rondel, para disputar provas de Fórmula 2.
Em 1976, montou a Project Four Racing, uma espécie de "time B" da BMW na F-2. Por ela, correram os brasileiros Ingo Hoffmann e Chico Serra. Com esta equipe, ele tentou chegar à F-1, já dispondo do generoso aporte da Marlboro como patrocinadora, uma vez que Andrea de Cesaris, filho do maior distribuidor Phillip Morris na Europa, era seu piloto. E a própria empresa tratou de resolver as coisas: ajudou Ron a comprar a McLaren, em situação pré-falimentar e que vinha muito mal das pernas no fim da temporada de 1980.
Daí pra diante, o resto é história: a McLaren foi a primeira equipe a investir na tecnologia do chassi em fibra de carbono, Ron Dennis tirou Niki Lauda da aposentadoria e o austríaco ainda foi campeão mundial, montou a dupla de pilotos mais competitiva e mais controversa da história do automobilismo, ganhou dezenas de corridas, muitos títulos, o respeito dos outros chefes de equipe mas... como tudo um dia tem seu fim, o ciclo de 26 anos do dirigente na categoria máxima parece estar se encerrando.
Podem apostar: tem quem esteja feliz com a notícia. Exceto, claro, Lewis Hamilton.
2 comentários:
Meus pais se separaram quando eu tinha 18 anos de idade tambem (meus irmãos com 17 e 14). Paulada viu. Algumas coisas voce pensa que não mudarão jamais...
A se confirmar a notícia, quem deve estar às gargalhadas é o Alonso. Pra lembrar, a letra de um velho samba:
"Eu assisti de camarote teu fracasso,
Palhaço, palhaço..."
Este mundo é uma bola....
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