domingo, 24 de fevereiro de 2008

Ficou ruço pro Russo

Renato Russo - o outro, não o da Legião Urbana de um vídeo mais abaixo - soltou os cachorros para cima dos pilotos da Stock Car. Deu a cara para bater, dizendo que há uso de substâncias ilícitas como drogas e álcool antes das corridas. Depois desdisse e ficou, como disse o Flávio Gomes, com jeito de "bundão".

Ora... se o sujeito não é homem o suficiente para sustentar os argumentos que o fizeram dar uma declaração que estremeceu os alicerces da principal categoria do automobilismo nacional, que não a faça. Porque depois pega muito mal dizer uma coisa e depois desmentir de forma deslavada, dizendo que "estava generalizando".

Muito bem: é sabido que álcool e drogas não combinam com direção. Haja visto os casos de acidentes em decorrência do excesso de álcool e o uso de cocaína e outros psicotrópicos. Um piloto em sã consciência jamais "enxugaria" uma garrafa do bom scotch antes de disputar uma corrida. Os reflexos ficam alterados e um acidente seria iminente. O profissional, aquele que tem consciência dos riscos inerentes a qualquer corrida, JAMAIS cometeria um absurdo destes.

Eu e o camarada Pandini chegamos à conclusão que qualquer atitude neste sentido torna a pilotagem impossível. E também recordamos que os casos notórios de doping por substâncias ilícitas aconteceram semamas antes dos pilotos serem punidos: foi o caso de Tomas Enge, que perdeu o título da Fórmula 3000 para Sébastien Bourdais em 2002 por uso de maconha; e o do italiano Luca Moro, cujo antidoping deu positivo numa prova do FIA GT porque em sua urina foram encontrados traços de cocaína. É claro que Enge deu o seu tapinha numa festa qualquer e o transalpino cheirou sua carreira em algum outro lugar por aí.

Eu, você que me lê neste momento, nós todos, sabemos que as drogas lícitas ou não fazem parte do cotidiano. Pilotos como Alessandro Nannini e James Hunt foram notórios fumantes. O mesmo Hunt jamais deixou de tomar seus pifões, assim como o atual campeão mundial Kimi Räikkönen. E perguntem a qualquer um da Ferrari se o finlandês já treinou ou apareceu em Maranello alcoolizado... creio que ele tem responsabilidade de sobra para não fazer isso.

Voltando ao patropi, acho o seguinte: o Russo errou? Errou sim, e feio. Mas também estão erradas a Vicar e a CBA, respectivamente promotora do campeonato e a entidade que gere o esporte a motor no Brasil.

A Vicar tem sua parcela de culpa porque, enquanto organizadora da Stock Car, um evento que tem mais de 100 pilotos em suas diferentes categorias e que enche autódromos, JAMAIS promoveu qualquer ação no sentido de evitar supostos dopings autódromos afora. Afinal, diante da conhecida omissão da CBA, era de se esperar que Carlos Col e seus comandados tomassem uma atitude neste sentido.

Agora, após a casa arrombada é que todo mundo fala nisto? Em antidoping? Em exigir do Russo uma retratação pública? Até porque ele não foi o único que deu declarações "polêmicas" do gênero. A imprensa já amplificou e lembrou - muito bem - que houve mais um piloto que disse a mesma coisa (ou algo parecido) numa revista de grande circulação nacional. E cuja qual o presidente da CBA não se dá ao trabalho de ler.

Mas alguém próximo a Paulo Scaglione deveria ter lido e dito. Afinal, a entrevista em questão já foi dada faz quase um ano.

O problema é que quem deu a cara a tapa foi o Renato Russo, um piloto tido como "polêmico" desde os tempos de juventude no kart.

É... ficou ruço pro Russo.

Pior para o automobilismo brasileiro, já tão desmoralizado pela falta de categorias de base, de autódromos decentes e dirigentes que honrem o esporte.

3 comentários:

Anônimo disse...

minha vo ja dizia: onde tem fumaça tem fogo.

duas fumaças então não tem erro, é fogo na certa.

antidoping em todo mundo.

Anônimo disse...

Quanta m.e.r.d.a. no ventilador ao mesmo tempo. Acho que vai sujar um bocado de gente.

Anônimo disse...

Isso só demonstra novamente a falta de comando da Stock Car que deixa coisas desse tipo ocorrerem. Já basta o excesso de acidentes evitáveis que alguns pilotos-playboy cometem, a falta de segurança dos carros, a não punição de brigões que não respeitam os companheiros de profissão e o público ainda temos a desconfiança sobre o estado mental dos pilotos-playboy dentro da pista. Não admira que o Bernoldi e o Christian quando tiveram a oportunidade foram para os Estados Unidos, evitando se misturar só esses elementos nocivos.

Por isso que não perco mais meu tempo com essa porcaria de categoria chamada Stock Car. Vou torcer para que a GT3 Brasil dê certo.

Wallace Michel