quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

De novo?

Já está ficando chato.

Pelo quinto ano em seis, a Beija-Flor leva o carnaval carioca. E este ano, foi uma lavada. Quase dois pontos de vantagem para o Salgueiro, que deu a volta por cima após o injusto sétimo lugar do ano passado.

Mais uma vez levando à avenida dos desfiles um enredo incompreensível, agora sobre a capital do Amapá, a agremiação de Nilópolis não fugiu do padrão. Carros repletos de penduricalhos e adereços sem-fim, um samba de melodia extremamente semelhante aos dos últimos anos e fantasias pesadas. E num ano de apresentações irregulares, quando pisaram na avenida, já sentiam que poderiam ser de novo campeões.

Deu no que deu. Com apenas 0,7 perdidos, a Beija-Flor venceu fácil, despertando novamente a suspeita dos que acharam que no ano passado o carnaval tivera seu resultado fraudado, face às injustiças que ocorreram.

E que mais uma vez se repetiram: a Grande Rio passou como nos dois últimos anos arrastada, com carros imensos que criaram problemas mais uma vez. Uma das alegorias desacoplou e a escola perdeu 0,1 por infringir o regulamento. Num outro ano, o estouro do tempo deu à Vila Isabel um inesperado título. A Portela, quarta colocada, tentou ser um protótipo de Beija-Flor: veio monocromática em um terço do seu desfile, depois abusou de cores berrantes e de alegorias com a colaboração do pessoal que faz o carnaval de Parintins. O resultado, o melhor da tradicional agremiação desde 1995, resgatou o orgulho ferido dos portelenses, mas não foi justo.

Injusto foi o quinto lugar da Unidos da Tijuca, que com um interessante enredo sobre coleções, mostrou porque continua merecendo figurar entre as principais escolas do Rio de Janeiro - mesmo após a saída do furacão Paulo Barros, que fez barulho na Viradouro - insuficiente porém para colocar os niteroienses no Sábado das Campeãs.

O desfile que encerra o carnaval de 2008 terá também depois de dois anos o retorno da Imperatriz Leopoldinense. Com um carnaval bem ao estilo Rosa Magalhães, a Rainha de Ramos fez uma apresentação competentíssima e merecia melhor sorte. Estranhamente, os jurados tiraram pontos preciosos em enredo (considerado o de mais fácil compreensão em todo o desfile) e alegorias (talvez o carro da Revolução Francesa, com bandeiras esfarrapadas, não tenha agradado).

Certo é que a escola mostrou força, que pode voltar aos velhos tempos de campeonatos se a diretoria investir em mais alas da comunidade, numa diretoria de harmonia que não faça a escola perder 0,8 pontos e talvez numa outra comissão de frente - considerada muito aquém das últimas apresentadas pela Imperatriz.

De resto, palmas para os compositores do ótimo samba; para o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcílio e Verônica, que fizeram disparado sua melhor apresentação desde que assumiram o lugar de Chiquinho e Maria Helena; e a Mestre Marcone, que calou a boca de Dudu Nobre com a condução impecável de uma bateria literalmente nota 10.

O maior desastre, evidentemente, ficou por conta do décimo e antepenúltimo lugar da Mangueira. Esperava-se que toda a turbulência pela qual a verde-e-rosa atravessou nos últimos meses jogasse a favor na hora de cantar o enredo sobre o frevo. Mas para uma escola com uma história tão rica, foi o castigo perfeito para a diretoria, que não quis abrir mão de um patrocínio de R$ 3 milhões para deixar de contar a história de Cartola, fundador da escola e autor do samba com o qual a Mangueira foi campeã no primeiro desfile da história do carnaval carioca.

E já que nem tudo foi notícia ruim na quarta-feira de cinzas, é sempre bom ver o Império Serrano de volta ao Grupo Especial - ainda que, como se sabe, correndo o sério risco de voltar de novo para o Acesso.

Aliás, não só a decisão da LIESA em limitar a 12 agremiações o Grupo Especial, como também a presença de Beija-Flor, Grande Rio, Viradouro e Porto da Pedra - que não são do município do Rio de Janeiro, afasta de vez a possibilidade de vermos baluartes como União da Ilha, Estácio e Unidos de Lucas, com histórias tão bonitas no carnaval carioca, de volta à elite. Nada contra o pessoal de Nilópolis, Caxias, Niterói e São Gonçalo, mas enfim... o que está feito está feito.

Uma pena.

4 comentários:

Anônimo disse...

se bem entendi,a LIESA vai limitar o desfiles apenas as agremiações do município...é isso mesmo?
eu pessoalmente,sempre achei que deveria ser assim,nem nunca entendi o pq de escolas de outros municípios concorrerem aqui,mas confesso que estou sem informação a respeito do assunto,e procurei no site da LIESA não encontrei nada...vc teria mais informação sobre isso?
um abraço

Anônimo disse...

Ainda acho que 14 escolas era o ideal. 12 é muito pouco, e 16 é exagero.

Ah, e o Carnaval Carioca está tão surpreendente quanto o Campeonato Francês de Futebol...

Rodrigo Mattar disse...

Anônimo, o que eu quis dizer é que se temos 12 escolas no Especial, sendo quatro delas de outros municípios do Estado, a participação das agremiações do subúrbio às quais me referi fica cada vez mais limitada.
Abraços!

Anônimo disse...

entendi...
minha vontade enorme que se faça o desfile só com as do município me fez entender errado...rsrsrs
obrigada pelo esclarecimento,e concordo plenamente com vc