domingo, 27 de abril de 2008

Procissão veloz


Muito pouca coisa pode ser dita de uma corrida chatíssima como o GP da Espanha deste domingo, em Barcelona. Kimi Räikkönen construiu sua segunda vitória no campeonato no treino de classificação, superando Alonso no último suspiro para marcar a pole position. Com 50% do caminho percorrido, o atual campeão mundial fez tudo certo nas 66 voltas da corrida.

Felipe Massa, que fechou a dobradinha ferrarista, fez o que lhe foi possível. Passou Alonso na largada e conservou a posição até o final. Nunca teve possibilidade de alcançar o finlandês, embora tenha virado voltas bastante rápidas. E no final, com as variantes de aderência e o tráfego dos retardatários, ele teve que suar dentro do macacão para se manter à frente de Lewis Hamilton e Robert Kubica, que chegaram muito próximos dele.

O autódromo, que nos últimos cinco anos ficou absolutamente lotado em razão da Alonsomania, recebeu um bom público, que certamente ficou contente com o extraordinário 2º tempo de Alonso no treino. Mesmo "jogando pra galera", o asturiano mostrou que ainda é um grandíssimo piloto. Largou com o carro bem mais leve (quatro voltas de combustível a menos), sustentou a terceira posição e poderia ter marcado pontos se o motor não quebrasse.

Com duas entradas de Safety Car, a corrida proporcionou um grande susto: o acidente de Heikki Kövalainen, no primeiro terço de prova, em razão provavelmente do estouro repentino do pneu dianteiro esquerdo a mais de 220 km/h. O finlandês colidiu com uma barreira de pneus, o atendimento foi demorado, mas o piloto já foi trasladado a um hospital para exames mais detalhados. Espera-se que ele esteja fora de perigo e com o mínimo possível de lesões.

Para os outros brasileiros, a corrida foi pra esquecer. Nelson Ângelo Piquet, que fez seu melhor treino do ano, se envolveu em dois incidentes e deixou cedo a corrida. Rubens Barrichello, que segundo suas estatísticas igualou o recorde de corridas de Riccardo Patrese, também teve problemas e não completou.

As notas dos pilotos no GP da Espanha:

Räikkönen - Eficiente corrida do finlandês, que resolveu metade do resultado com a pole nos treinos. Na corrida, pilotou com tranqüilidade, administrando a vantagem e pisando forte quando foi preciso. Uma corrida digna do número 1 estampado na carenagem de seu carro. Nota 10

Massa - Fez uma excelente largada e com isso conseguiu a 2ª posição antes da primeira curva, superando Alonso. Sem nenhuma chance de atacar e passar Räikkönen, exceto por um erro do finlandês, uma quebra ou um erro no box, o brasileiro conservou-se rápido na pista e conseguiu um bom segundo lugar. Nota 8,5

Hamilton - O britânico que começou tão bem o campeonato segue se ressentindo de um carro mais competitivo. Hoje dá pra dizer que a McLaren está bem atrás da Ferrari e ligeiramente superada pela BMW. Lewis fez uma boa corrida, ultrapassou Kubica na largada e chegou a mais um pódio no ano. Nota 8

Kubica - Sem tanto brilhantismo quanto na Malásia e no Bahrein, o polonês somou cinco preciosos pontos na Espanha, o que mantém a BMW na briga pela ponta no Mundial de Construtores. Foi superado por Hamilton logo no início e não teve chances de recuperar a posição. Nota 8

Webber - É outro piloto em 2008. Faz menos "brilharecos" nos treinos, tem sido consistente e rápido em corridas e vem marcando pontos com regularidade. Vai ganhando uma boa sobrevida no seio da equipe RBR. Nota 8

Button - Excelente corrida do companheiro de Barrichello. Com paciência e regularidade, e sem ninguém a atrapalhar seu trabalho durante a corrida, somou os primeiros três pontos da Honda na temporada 2008, tirando a equipe de uma possível crise. Nota 8

Nakajima - Na primeira pista que conhecia dos testes da pré-temporada, fez uma corrida muito boa. O japonês também mostrou consistência e regularidade. Não cometeu nenhum erro ao longo da corrida e com alguns abandonos, foi premiado com o sétimo lugar. Nota 7,5

Trulli - Ficou devendo depois do bom resultado no treino classificatório. Precisou parar três vezes e por isso não conseguiu terminar entre os seis primeiros. Pelo menos salvou um precioso pontinho para ele e a Toyota. Nota 6

Heidfeld - Entrou nos boxes quando estavam fechados e foi punido com time penalty de 10 segundos. Pelo menos saiu com luz verde quando cometeu a infração, escapando da desclassificação. Depois, lutou muito para conseguir uma ultrapassagem sobre a Force India de Fisichella. Com tanto tempo perdido, só chegou em nono. Nota 5

Glock - O alemão vinha bem, mas foi otimista demais numa tentativa de ultrapassagem sobre Coulthard. Com o bico quebrado, também precisou de um pit stop extra. Acabou mais uma vez fora da zona de pontos. Nota 5

Fisichella - O experiente piloto italiano deu trabalho no pelotão intermediário. Chegou a andar na zona de pontuação antes da segunda parada e foi um osso duríssimo para Heidfeld numa disputa por posição. Vai dando regularidade e desenvolvendo bem o carro da Force India. Nota 6

Coulthard - Desta vez, não teve culpa no acidente com Timo Glock. Tentou defender sua posição e acabou tocado pelo alemão. Com o pneu traseiro esquerdo arrebentado, fez também um pit extra e no final, conseguiu uma boa ultrapassagem sobre Takuma Sato. O tempo do escocês na Fórmula 1 está praticamente esgotado. Nota 5

Sato - Conseguiu o milagre de terminar a corrida com o carro da pré-falimentar Super Aguri. Mesmo com o pior carro da Fórmula 1, anda forte e não raro aparece entre os 10 primeiros nos períodos de reabastecimentos. Mas depois volta ao normal: último entre os que terminam. Nota 5

Rosberg - O alemão da Williams não brilhou tanto nos treinos, mas fez uma boa corrida até o motor Toyota o trair, explodindo em plena reta dos boxes. Nota 6

Alonso - Foi simplesmente brilhante na classificação, treinando com o carro bem leve para conquistar a pole position e fazer bonito para a torcida. Superado por Räikkönen no último instante, o bicampeão mundial largou em segundo mas perdeu a posição para Massa antes da primeira curva. Andou bem, dentro das limitações do carro, até quebrar. Mas a fase não é boa: a Renault nem de longe tem capacidade de lhe fornecer um equipamento à altura do seu grande talento - que está lá, escondidinho esperando por um bom carro. Nota 8

Barrichello - Na corrida onde supostamente igualou o recorde de 256 GPs disputados, que pertencia a Riccardo Patrese, não largou bem, mas conseguiu chegar até o sexto lugar, quando o Safety Car entrou na pista em razão da batida de Kövalainen. Depois, se envolveu num estranhíssimo incidente na sua segunda parada de box, quando o bico quebrou. Voltou à pista, mas abandonou depois. Nota 5

Kövalainen - Largou em sexto, vinha bem e liderava antes do seu pit stop até ser traído por um estouro repentino do pneu dianteiro esquerdo. Bateu forte e precisou de atendimento médico ainda na pista. Foi transportado a um hospital onde será examinado com maiores detalhes, em busca de possíveis fraturas. Pelo menos está consciente e em estado estável. Nota 6

Davidson - Pouco fez com a precária Super Aguri. Largou em penúltimo, pegou as sobras do acidente entre Piquet e Bourdais e com o carro danificado, desisitiu. Nota 3

Bourdais - Conseguiu passar com o STR para a Q2, mas largou mal e vinha tentando se recuperar quando dividiu uma curva com Piquet e a suspensão dianteira esquerda quebrou. Nota 4

Piquet - Vinha num ótimo fim de semana até antes da largada. Depois, quando a corrida começou, o azar tomou conta do piloto brasileiro. Numa curva, saiu reto e caiu para antepenúltimo. Quando vinha para ultrapassar Bourdais, tocou rodas com o francês e não pôde mais voltar. Nota 4

Sutil - Precipitou-se ao ultrapassar um adversário na quarta curva do circuito, rodou e foi acertado em cheio por Vettel. Nota 1

Vettel - Classificou-se mal de novo e na corrida, nada pôde fazer. "Comprou pronta" a rodada de Sutil e acertou o compatriota, quebrando a suspensão e o bico da STR, que aposenta de forma melancólica o carro do ano passado. Nota 1

Um comentário:

Anônimo disse...

Prova extremamente chata, previsível.
Valeu "apenas" pela ultrapassagem "por fora" do Heidfeld sobre o Fisichella.