terça-feira, 16 de maio de 2006

Normalidade?

Preparem-se porque este será um post sob o signo da indig(nação).

E poderia ser diferente depois de três dias de terror em São Paulo, a maior metrópole da América Latina?

Onde eu, confesso a vocês, todas as vezes em que estive lá, me senti mais seguro do que aqui no Rio de Janeiro?

A facção criminosa denominada PCC (Primeiro Comando da Capital) botou literalmente pra quebrar e mostrou o quanto estamos despreparados em todos os níveis.

Polícia? Incompetente... Políticos? Arrivistas e ridículos figurantes de um espetáculo deprimente.

Foram nada menos que 251 ataques dos terroristas (sim, isso tudo pode e DEVE ser chamado de ação terrorista), concentrados na Capital, que viveu dias e noites de terror como nunca aconteceu em 452 anos de história da cidade. Saldo da barbárie: 115 mortos (entre eles 32 policiais e 4 civis - pessoas inocentes, portanto) e outros 115 suspeitos presos.


Números que afrontam, que assombram, que indignam. Tanto quanto a postura escrota do governador de São Paulo, Claudio Lembo, que como convém a um oposicionista do PT, negou ajuda federal para controlar a situação, confiando na própria polícia do estado, que durante as primeiras 48 horas de terror levou uma sova dos terroristas.

Ora... não era nem questão do político supracitado sequer se manifestar! E muito menos da polícia conversar com bandido. Nos bons tempos, polícia conversava com bandido na base do tiro.

Bastava ao ministro da justiça, Dr. Márcio Thomaz Bastos, tomar a palavra. "A partir de agora, este assunto é de segurança nacional. O governo federal coloca o exército na rua e quem afrontar, leva bala." Era assim que tinha que ser, mas não foi.

E por que não foi? Ora... quem era o governador anterior? O Chuchu, candidato a presidente, adversário de Lula. O mesmo que, enquanto esteve no cargo, disse que não negociava com bandido. E que agora está mais calado do que múmia em sua tumba.

São Paulo parou, se horrorizou, se apalermou. Não houve aulas na segunda-feira, os ônibus não circularam, pessoas foram dispensadas mais cedo dos seus empregos, todo mundo rezando para nada acontecer diante dos seus olhos. Acredito que uma sensação de alívio tomou conta de todos quando chegaram em suas casas. "Estamos vivos."

Até quando?

Até quando o governo e a polícia vão se curvar diante do poder paralelo?

Sabiam que o PCC arrecada dinheiro para financiar campanha política? Para ter pelo menos dois deputados no Congresso Federal?

Hoje a cidade voltou à calma. Trânsito incrivelmente calmo. E um sol surpreendentemente radioso.

Até quando?

Bagdá, infelizmente, é aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estamos no nível da Colômbia, só faltamos ficarmos como Israel ou o Iraque.

Tenho medo de uma revolução acontecer no meio dessa crise toda. Nunca é bom esquecer o nosso passado ditatorial não tão distante, que foi instituído aproveitando-se de um clima de terror como esse.

Antes eram os comunistas, hoje a violência.