quinta-feira, 11 de maio de 2006

A arte de se esconder por pseudônimos

Raras são as profissões onde as pessoas se "escondem" usando pseudônimos - nomes falsos ou supostos, como bem define o dicionário Aurélio em sua versão eletrônica.

Nas artes isto é comum. Mas nos esportes não é uma prática rara, não.

Lembro de ter visto há algum tempo um vinil de um artista chamado L'Angelo Mysterioso, cujas composições eram feitas em parceria com Eric Clapton. O personagem em questão era George Harrison, que não podia assinar com seu nome verdadeiro um trabalho solo porque ainda era dos Beatles.

No Brasil, muitos cantores usaram desse expediente nos anos 70 para 'faturar um' enganando os fãs e se apresentando com letras e músicas em inglês. Foi assim que surgiram Mark Davis, Chrystian, Julian e Morris Albert - este sim um fenômeno (que vai merecer, com certeza, um tópico à parte).

Mark Davis, para quem não sabe, era o pseudônimo do popularesco Fábio Júnior.

No esporte, o automobilismo nos traz exemplos muito divertidos.

Em uma entrevista à revista Auto Esporte, em janeiro de 1981, quando abandonara a Fórmula 1, Emerson Fittipaldi foi questionado pelo repórter Marcus Zamponi - o brilhante Zampa - sobre quem foi o piloto mais grosso que ele vira guiando na categoria máxima.

O Rato não teve dúvidas. "Foi um tal de Gimax, que tentou classificar um Surtees no GP da Itália de 1978. Ele era muito engraçado porque tirava a balaclava e a peruca caía. Ele punha de volta e a peruca tornava a cair. Uma figura bizarra... fora o que guiava mal."

Aliás, os italianos eram pródigos em pilotos com pseudônimos. Lembro de alguns: Spartaco Dini, Pam, Pooky, Pal Joe, Tango, Gero e Frank McBoden. Haja criatividade!

Aqui no Brasil, confesso, conheço pouquíssimos, mas houve um piloto que entrou para o folclore do nosso automobilismo: o Volante 13.

Primeiro porque foi um dos raríssimos a correr com o famoso número do azar e com ele virar referência.

Segundo porque, além de guiar bem, seu carro era uma carretera DKW apelidada de Mickey Mouse porque o seu entre-eixos tinha apenas 2,10 m de comprimento contra 2,45 m do sedã normal. O carrinho era bom e eficiente em pistas de rua - mas não em Interlagos, com seus 8 km de extensão e curvas de raio muito longo.



O Volante 13, cujo nome vim descobrir recentemente (chamava-se Frodoaldo Arouca), conseguiu bons resultados, inclusive participando de duas edições das Mil Milhas Brasileiras. Em 1966, ganhou na classe Turismo até 1300cc dividindo um DKW com Walter Hahn. E no ano seguinte, com a carretera Mickey Mouse, conseguiu um excelente quinto lugar junto com Roberto dal Pont.

Note-se que em 67, a equipe de Luiz Antonio Greco fez a dobradinha com o Mark I, seguida por um Porsche 911 S do Team Palma, de Portugal, e por um Karmann-Ghia Porsche alinhado por uma dupla do Rio de Janeiro. Por si só, o resultado do Volante 13 na ocasião merece todo o nosso respeito.

Infelizmente Frodoaldo, ou melhor, o Volante 13, não está mais aqui há muito tempo. Morreu jovem, em 1969, vítima de um mal súbito que tirou das pistas e da vida um piloto que além de competente faz parte, até hoje, do folclore do automobilismo brasileiro.

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