Não, este tópico não é sobre nenhuma declaração bombástica de Nelson Piquet.
Embora houvesse uma surpresa de minha parte com a notícia de que Nelson Ângelo, o filho mais promissor do tricampeão, vai correr as 24 Horas de Le Mans com o Aston Martin da Cirtek Motorsports (fruto da boa atuação dele nas Mil Milhas de janeiro, eu presumo), a sexta-feira marcou uma importante ocasião para o automobilismo.
Dia 2 de junho, há quinze anos, marcou a última vitória de Nelson Piquet na Fórmula 1.
E que vitória!
Conquistada justamente em cima do maior rival dos anos 80, o britânico Nigel Mansell.
Aquele GP do Canadá marcou o fim da relação tempestuosa entre Alain Prost e Cesare Fiorio, com a demissão deste último. A Ferrari vinha em crise, a McLaren dominava o campeonato e a Williams, mesmo com o carro mais rápido, não tinha competência para vencer corridas.
Apesar disso, Mansell dividia a primeira fila do grid com Riccardo Patrese, o pole position. Na fila seguinte, os eternos rivais Senna e Prost. Piquet era um discreto oitavo colocado e Roberto Moreno classificou-se num ótimo quinto lugar.
A Benetton também tinha problemas desportivos e técnicos. John Barnard lançou o B191 com bico "tubarão" e pulou fora do barco, alegando problemas particulares. Gordon Kimball assumiu o desenvolvimento do carro. Para piorar, Flavio Briatore trouxe para trabalhar com ele o britânico Tom Walkinshaw, cujo caráter à época já era tremendamente duvidoso.
Afora isso, os pneus italianos Pirelli não tinham bom rendimento em classificação - só eram mais resistentes que os Goodyear e permitiam a pilotos como Piquet ficar sem trocar pneus ao longo das corridas.
Enfim, a Williams começou dominando como quis a situação, com Patrese e Mansell fazendo a dobradinha. Berger parou logo, com problemas elétricos e Senna, vítima de uma prosaica falha de alternador, abandonou também.
Prost deixou a prova com falha no sistema de câmbio semi-automático e com 40 voltas a Williams fazia fácil a dobradinha, com Mansell liderando adiante de Patrese e Piquet. Um furo de pneu no carro do italiano mudou a situação da prova e o Leão passou a liderar o velho rival, que já se contentava com a segunda posição.
Mas a volta final reservaria uma grande surpresa...
Crente que estava abafando ao liderar de ponta a ponta, Mansell iniciou a 69ª passagem acenando para o público que o aplaudia. Mas ao deixar o carro em baixa rotação, o alternador passou a funcionar sem força suficiente e ao engatar uma marcha para cima, a Williams, uma jóia da tecnologia - ora vejam - morreu.
Mansell deu o espetáculo característico, esmurrou o volante e deve ter xingado um monte quando viu o carrinho azul e amarelo passando por ele, cujo piloto tinha aquele capacete que Mansell cansou de ver nos retrovisores, fungando em seu cangote, no auge da rivalidade.
A 23ª vitória de Nelson Piquet foi recheada de sorte? Claro que sim.
Mas um campeão não se faz sem sorte.
Inspiradíssimo pela cagada de Mansell, Piquet soltou o verbo. "Quase gozei no final quando vi o carro dele parado."
Perguntado se ele tinha pena do britânico, o tricampeão mandou mais uma. "O automobilismo não é um esporte onde se pode ter pena. Vence quem chega primeiro."
Outra curiosidade dessa corrida é que o nosso conhecido narrador das transmissões para o Brasil exagerou no gelado no calor canadense e transmitiu a corrida completamente afônico. Vocês nem têm idéia como ficou o "Neeeeeeelson Piquet, do Brasiiiiiiil" que ele soltou na chegada.
Que coisa, não?
7 comentários:
O Linha de Chegada dessa semana mostrou esse "Neeeeeeelson Piquet, do Brasiiiiiiil" novamente. Quase morri de rir. eheheheheh
Foi edição sua?
Abraços
Wallace Michel
Não, companheiro, não foi edição minha. A matéria foi editada e narrada em São Paulo.
Abraço!
Eu também fui convidado pra um desses cafés como "convidado do convidado", quando houve o GP da Itália. Na ocasião eu tinha certeza que mesmo com o Senna marcando a pole na véspera - acho que com 257 km/h de média, inclusive - o Mansell venceria. Todo mundo ficou meio 'murcho', mas eu por dentro vibrei porque haveria decisão lá no Japão.
Grande Nelsão...
Foi uma linda corrida dele, se aproveitou bem e venceu bonito, saudades.
Menos Piquetismo, menos...
O Piquetismo aqui, "anônimo", é livre e desimpedido. E quantos tributos e homenagens o Nelson tiver que merecer, ele terá.
E tenho dito!
caro rodrigo,aquele motorzinhu v8 da ford tambem era ridiculo ne?
adorei a vitória do nelson
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