quinta-feira, 8 de junho de 2006

A morte dos cinemas de rua

"Cinema é a maior diversão".

Quem não se lembra do slogan do grupo Luiz Severiano Ribeiro?

Toda a minha geração foi influenciada por ele e cresceu com a febre dos cinemas espalhados pelo país.

Estranha e incrivelmente, num processo de reversão, uma a uma começaram a fechar as salas de rua.

O Metro-Boavista, pra mim o Maracanã da sétima arte, onde passava o inesquecível Canal 100, pereceu e nunca mais foi reaberto.

Na esteira, tantos outros se perderam. O cine Baronesa de Jacarepaguá, o Carioca na Praça Saenz Peña, as salas Largo do Machado 1 e 2 e o Pathé, tradicional sala da Praça Floriano, no Centro, viraram templos da Igreja Universal.

O cine Veneza virou bingo. O Comodoro, na Haddock Lobo, agência do Banco Itaú. O Art-Copacabana, loja da Di Santinni. O cine Copacabana, mais uma academia Body Tech. O Rian virou hotel de luxo na Av. Atlântica. O Art-Palácio na Tijuca, mais uma filial da Casa & Vídeo. O América, no mesmo bairro, tornou-se mais uma loja da Drogaria Pacheco.

Essa estranha transformação de antigas salas de cinema em tudo o que já existe nesta cidade assusta porque cada vez mais somos impelidos a assistir os filmes em cartaz nas salas multiplex dos shopping centers, com ingressos, refrigerante e pipoca cada vez mais caros.

Felizmente ainda existem exceções honrosas. Como o Roxy, tradicional sala da Nossa Senhora de Copacabana com Bolívar que, mesmo partida em três, ainda resiste. E com uma boa pedida pra depois da telona: um chope bem gelado no Belmonte que abriu na esquina com Domingos Ferreira.

E, claro, os cines Leblon 1 e 2, no meio da ferveção do Baixo e em frente ao tradicional bar Clipper, onde a torcida do Fluminense comemora suas gloriosas conquistas, sempre regadas a muito chope e cerveja.

Fica aqui a minha sugestão: conheça um cinema de rua. E rápido.

Antes que ele acabe. E com direito a um chope de saideira.

2 comentários:

Anônimo disse...

Opa ! faltou o Cine Palácio e o Odeon na cinelândia que ainda honram os cinemas de rua.

Anônimo disse...

Bravo Rodrigo!
Acho os novos cinemas de shopping muito bons no quesito tecnico e conforto...

Mas até agua mineral é cara! Fora os valores de ingressos exorbitantes e as tarifas de estacionamento dos shoppings!

Eu, como bom morador da Leopoldina, sinto falta dos fantásticos Cine Rosário (uns 5 minutos da minha casa e menos ainda da rua onde vc morou) e Olaria. Qtos filmes não assisti ali?

Uma pena o fim decadente de duas salas como aquelas...