sábado, 3 de junho de 2006

Sabe a Última do Piquet?

Não, este tópico não é sobre nenhuma declaração bombástica de Nelson Piquet.

Embora houvesse uma surpresa de minha parte com a notícia de que Nelson Ângelo, o filho mais promissor do tricampeão, vai correr as 24 Horas de Le Mans com o Aston Martin da Cirtek Motorsports (fruto da boa atuação dele nas Mil Milhas de janeiro, eu presumo), a sexta-feira marcou uma importante ocasião para o automobilismo.

Dia 2 de junho, há quinze anos, marcou a última vitória de Nelson Piquet na Fórmula 1.

E que vitória!

Conquistada justamente em cima do maior rival dos anos 80, o britânico Nigel Mansell.

Aquele GP do Canadá marcou o fim da relação tempestuosa entre Alain Prost e Cesare Fiorio, com a demissão deste último. A Ferrari vinha em crise, a McLaren dominava o campeonato e a Williams, mesmo com o carro mais rápido, não tinha competência para vencer corridas.

Apesar disso, Mansell dividia a primeira fila do grid com Riccardo Patrese, o pole position. Na fila seguinte, os eternos rivais Senna e Prost. Piquet era um discreto oitavo colocado e Roberto Moreno classificou-se num ótimo quinto lugar.

A Benetton também tinha problemas desportivos e técnicos. John Barnard lançou o B191 com bico "tubarão" e pulou fora do barco, alegando problemas particulares. Gordon Kimball assumiu o desenvolvimento do carro. Para piorar, Flavio Briatore trouxe para trabalhar com ele o britânico Tom Walkinshaw, cujo caráter à época já era tremendamente duvidoso.

Afora isso, os pneus italianos Pirelli não tinham bom rendimento em classificação - só eram mais resistentes que os Goodyear e permitiam a pilotos como Piquet ficar sem trocar pneus ao longo das corridas.

Enfim, a Williams começou dominando como quis a situação, com Patrese e Mansell fazendo a dobradinha. Berger parou logo, com problemas elétricos e Senna, vítima de uma prosaica falha de alternador, abandonou também.

Prost deixou a prova com falha no sistema de câmbio semi-automático e com 40 voltas a Williams fazia fácil a dobradinha, com Mansell liderando adiante de Patrese e Piquet. Um furo de pneu no carro do italiano mudou a situação da prova e o Leão passou a liderar o velho rival, que já se contentava com a segunda posição.

Mas a volta final reservaria uma grande surpresa...

Crente que estava abafando ao liderar de ponta a ponta, Mansell iniciou a 69ª passagem acenando para o público que o aplaudia. Mas ao deixar o carro em baixa rotação, o alternador passou a funcionar sem força suficiente e ao engatar uma marcha para cima, a Williams, uma jóia da tecnologia - ora vejam - morreu.

Mansell deu o espetáculo característico, esmurrou o volante e deve ter xingado um monte quando viu o carrinho azul e amarelo passando por ele, cujo piloto tinha aquele capacete que Mansell cansou de ver nos retrovisores, fungando em seu cangote, no auge da rivalidade.

A 23ª vitória de Nelson Piquet foi recheada de sorte? Claro que sim.

Mas um campeão não se faz sem sorte.

Inspiradíssimo pela cagada de Mansell, Piquet soltou o verbo. "Quase gozei no final quando vi o carro dele parado."

Perguntado se ele tinha pena do britânico, o tricampeão mandou mais uma. "O automobilismo não é um esporte onde se pode ter pena. Vence quem chega primeiro."

Outra curiosidade dessa corrida é que o nosso conhecido narrador das transmissões para o Brasil exagerou no gelado no calor canadense e transmitiu a corrida completamente afônico. Vocês nem têm idéia como ficou o "Neeeeeeelson Piquet, do Brasiiiiiiil" que ele soltou na chegada.

Que coisa, não?

7 comentários:

Anônimo disse...

O Linha de Chegada dessa semana mostrou esse "Neeeeeeelson Piquet, do Brasiiiiiiil" novamente. Quase morri de rir. eheheheheh

Foi edição sua?

Abraços

Wallace Michel

Rodrigo Mattar disse...

Não, companheiro, não foi edição minha. A matéria foi editada e narrada em São Paulo.

Abraço!

Rodrigo Mattar disse...

Eu também fui convidado pra um desses cafés como "convidado do convidado", quando houve o GP da Itália. Na ocasião eu tinha certeza que mesmo com o Senna marcando a pole na véspera - acho que com 257 km/h de média, inclusive - o Mansell venceria. Todo mundo ficou meio 'murcho', mas eu por dentro vibrei porque haveria decisão lá no Japão.

Anônimo disse...

Grande Nelsão...
Foi uma linda corrida dele, se aproveitou bem e venceu bonito, saudades.

Anônimo disse...

Menos Piquetismo, menos...

Rodrigo Mattar disse...

O Piquetismo aqui, "anônimo", é livre e desimpedido. E quantos tributos e homenagens o Nelson tiver que merecer, ele terá.
E tenho dito!

Anônimo disse...

caro rodrigo,aquele motorzinhu v8 da ford tambem era ridiculo ne?
adorei a vitória do nelson