segunda-feira, 5 de junho de 2006

Pescarolo x Audi - O Duelo!

Aqui ainda não se fala de Copa, pelo menos enquanto rolar a bola na Alemanha.

Então vamos ao que interessa. Neste domingo, rolou o primeiro "ensaio geral" para a 74ª edição das 24 Horas de Le Mans.

E a julgar pelo que aconteceu na lendária pista de Sarthe, estamos para assistir talvez a um dos maiores duelos pela vitória em toda a sua história.

Desde a Peugeot com seu projeto 905C, os franceses anseiam por uma vitória de uma equipe e um carro da casa. E os únicos que parecem capazes de proporcionar essa alegria são os recrutas de Henri Pescarolo, quatro vezes vencedor como piloto e que participou em nada menos que 34 edições da prova.

Com o rapidíssimo protótipo Pescarolo Judd (na verdade um Courage C60 completamente modificado graças ao enorme talento dos engenheiros André de Cortanze e Ricardo Divila - só de ter um brasileiro ali já é motivo de orgulho), a turma bleu-blanc-rouge fez o que muita gente achava que seria impossível: assustou - e muito - o pessoal da Audi.


Franck Montagny que, coitado, não consegue mostrar o que vale na F-1 com o tétrico carro da Aguri, apresentou armas com um tempo fantástico na tarde de ontem na França. Ao virar em 3'30"195, enfiou quase dois segundos no Audi R10 TDi onde está ninguém menos que o heptacampeão da prova, o dinamarquês Tom Kristensen.

"O carro está ótimo. A equipe trabalhou duro e o resultado veio nas últimas 15 voltas. Eric (Hélary) ajudou muito no acerto e temos pneus ótimos para a sessão oficial de classificação", comemorou Montagny.

A Audi se limitou a dizer que os treinos foram positivos para a "aquisição de dados", mas eles devem estar sem entender duas coisas.

Primeiro, como um carro projetado em 2001 pode derrotar um modelo zero-bala concebido com toda a confiabilidade da marca dos quatro anéis de Ingolstadt.

Segundo, a diferença de velocidade entre os carros prateados e os Pescarolo, além do surpreendente Dome de Jan Lammers e do malaio Alex Yoong, sexto mais rápido do dia.

A resposta pode estar nos 650 HP do motor Judd GV de 10 cilindros e cinco litros de capacidade cúbica, capaz de fazer o carro japonês andar a 330 km/h e ser o mais veloz no trecho de medição de velocidade máxima da pista.

O Pescarolo de Hélary e Montagny alcançou 326 km/h e o carro de Bouchut, Collard e Comas foi um quilômetro por hora mais lento. O Audi mais rápido foi de Biela, Pirro e Marco Werner - 324 km/h.



Na categoria LMP2, que promete também duelos muito interessantes, o trabalho começou bem para a equipe RML. Thomas Erdos (foto acima), brasileiro radicado na Inglaterra há 19 anos, fez uma ótima volta em 3'41"873 - um segundo e meio mais veloz que o surpreendente protótipo Radical SR9 Judd (foto abaixo), numa ótima performance do português João Barbosa. A Intersport Racing, onde corre Liz Halliday, a única mulher entre 150 pilotos inscritos, ficou com o terceiro tempo.



Neste grupo, ficou evidenciado que salvo qualquer zebra, a vitória ficará com um destes três carros. Aos outros competidores falta carros confiáveis ou pilotos capazes. Às vezes, as duas coisas.

Na GT1, os Aston Martin mostraram que vêm fortes. Tomas Enge, veloz e louco como sempre, fez o melhor tempo da divisão e pelo menos neste domingo, os carros da equipe de David Richards assustaram os Corvette.



A competição este ano está cada vez mais acirrada e nenhum dos dois brasileiros estreantes em Le Mans terá moleza.

Christian Fittipaldi veio direto de Nova York, onde correu sábado pela Grand-Am. Pegou um avião para Paris e de lá um jatinho até Le Mans - o mesmo que levou também para o circuito os pilotos Jörg Bergmeister, Tracy Krohn e Nic Jönsson - para fazer suas primeiras voltas com o Saleen da equipe americana ACEMCO. Ele e seus companheiros Johnny Mowlem e Terry Borcheller fecharam o dia com o oitavo tempo no grupo.

Nelson Ângelo Piquet, recrutado de última hora pela equipe Cirtek, deu suas primeiras voltas mas o trabalho da equipe inglesa foi prejudicado em razão de uma falha na caixa de câmbio. O tempo de 3'58"935 não foi considerado ruim, mas o Aston Martin poderia estar bem mais à frente não fosse o defeito mecânico.


O solitário Ferrari F430GT (acima) da Scuderia Ecosse mostrou do que pode ser capaz na GT2, derrotando pelo menos no primeiro teste o esquadrão Porsche. Andrew Kirkaldy virou em 4'04"252, sete décimos adiante do carro alemão pilotado por Romain Dumas. Nesta classe, a surpresa pode ser o Spyker C8, que andou bem e livre de problemas mecânicos. A decepção pode estar nos Panoz Esperante - o do Team LNT foi atrapalhado por uma quebra e ficou com o pior tempo do dia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse motor Judd V10 é o mesmo que antigamente se usou na F1 ? E o Jonh Judd só o redimemsionou e retrabalhou, para provas de longa duração ?
ou outro motor completamente diferente e eu viajei ?

Anônimo disse...

Será q esse ano o Divilla leva?

Ano passado bateu na trave!

Rodrigo Mattar disse...

É outro motor completamente diferente. Outro bloco, outra estrutura, outra cilindrada. E muito melhor do que qualquer motor que o Judd já fez na Fórmula 1.

Anônimo disse...

Valeu, torço para que eles levem esse ano e o Divilla consiga sua sonhada vitória em Le Mans que já vem batendo na trave a tanto tempo e pelo Pescarolo que meu tio conhecia e sempre falou que era muito gente boa.