segunda-feira, 26 de junho de 2006

"Contra os canhões, marchar, marchar!"

Não vou cair no lugar-comum.

Podia chamar a partida entre Portugal e Holanda, neste domingo, de "A Batalha de Nüremberg".

Uma comparação vã com a famosa Batalha de Berna - o jogo entre Brasil e Hungria na Copa de 54, quando enfim começamos a dar adeus ao nosso eterno complexo de vira-latas.

Portugal parece querer exorcizar esse complexo na Alemanha.

Com garra e coração na ponta da chuteira, os guerreiros de Felipão arrancaram uma vitória histórica contra a Holanda, que coloca a pátria-mãe frente a frente com a Inglaterra nas quartas-de-final.

Foi o jogo mais escamado e talvez o mais emocionante do Mundial.

O árbitro Valentin Ivanov cumpriu à risca o seu papel. Logo na primeira entrada duríssima, do holandês Van Bommel, cartão amarelo. Ele fez o movimento de tirar os cartões do bolso e exibi-los nada menos do que 20 vezes - foram dezesseis amarelos e quatro vermelhos, um recorde negativo nesta Copa.

A Holanda foi uma pálida sombra do futebol forte e competitivo que sempre exibiu desde o Carrosel de Rinus Michels em 74. Van Basten abdicou da técnica no meio-campo, expurgando do elenco vários jogadores negros, como Davids e Seedorf. Um, o coração. O outro, o cérebro de um time que podia fazer bonito e não fez.

Pior: engoliu Van Nistelrooy em péssima forma física e só teve coragem de tirá-lo do time no jogo de vida ou morte para os súditos de Guilherme de Orange. Não podia dar mesmo certo.

Para completar, o botinudo Bouhlarouz, que tirou Cristiano Ronaldo do jogo com uma entrada criminosa, resolveu equilibrar as coisas depois que Costinha foi expulso infantilmente ao cortar um passe com a mão. Deu uma porrada em Figo e foi embora do campo mais cedo.

A partir daí o jogo virou batalha campal. Ninguém economizava nas divididas e chuteiras com travas eram acessório indispensável. Novas expulsões aconteceram: Deco e Van Bronckhorst, que terminaram o jogo conversando - provavelmente com o holandês pedindo desculpas em razão de uma pegada duríssima em cima do brasileiro que defende a seleção portuguesa.

Felipão, desesperado no banco durante os acréscimos, torcendo para a Holanda não levar o jogo para a prorrogação, comemorou e muito a permanência de sua invencibilidade em Mundiais. Já são 11 vitórias para o antigo treinador da seleção brasileira, invicta em 2002, assim como Portugal nesta Copa.

Já pensaram se Felipão e o Brasil se cruzarem na semifinal para decidir quem chega à 13ª partida seguida sem perder?

Desde já, parabéns à seleção de Portugal pela brilhante classificação.

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!

Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que hão de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Um comentário:

Anônimo disse...

Felipão é o cara.