Como o próprio nome diz, um balaio de gatos onde todo assunto vale a pena para ser comentado e discutido por quem escreve e por quem passa aqui: esporte, música, cinema, poesia, livros, amor, sexo, justiça, dinheiro e todos os temas e problemas do nosso cotidiano.
segunda-feira, 19 de junho de 2006
O brilho verde-e-amarelo em Le Mans
Sim! Somos bicampeões em Le Mans!
Está certo: não necessariamente na classificação geral. A glória veio na categoria LMP2, a menos badalada dos Esporte Protótipos.
Mas é um feito e tanto. Cortesia de um ilustre desconhecido para muitos e um tremendo batalhador para quem já conhece o seu passado.
O nome dele é Thomas Erdos (para sua identificação, o último da esquerda para a direita).
Carioca com ascendência húngara, que foi tentar a sorte no automobilismo britânico lá pelos anos 80. Correu de tudo no início da carreira - Fórmula First, Fórmula Ford, Fórmula Renault, Fórmula 3. E depois se estabeleceu em categorias de turismo quando os tempos ficaram mais bicudos.
Timidamente, lá por 1996 ele começou a aparecer em Le Mans para disputar as 24 Horas. A primeira experiência decerto não foi boa, porque o carro era um Marcos - um GT holandês muito estranho, de motor dianteiro e aparência pesadona. Mas aí as coisas foram melhorando. Vieram convites pra correr de Lister, Dodge Viper e Saleen.
Até que em 2004 a sorte dele mudou.
Ray Mallock, antigo piloto de Fórmula 2, comprara um Lola MG oriundo do time oficial e queria alguém experiente para conduzir o carro ao lado do diletante Mike Newton, um boa-praça e, mais importante do que isso, um homem com patrocinadores - ou seja, dinheiro.
Erdos não precisaria levar um único tostão, coisa que sempre cobram dos pilotos para começar ou dar continuidade a um projeto. Era só fazer o que ele sabia: acelerar.
Depois de um primeiro ano de "estudos", de conhecimento do equipamento, ele e seu parceiro tiveram um ano cheio em 2005. Foram vice-campeões da Le Mans Endurance Series, perdendo o título por um ponto e em razão das constantes falhas do equipamento - leia-se o motor AER V8 aspirado, que sempre os deixava na mão quando tinham os melhores resultados a seu alcance.
Eles sobreviveram também à hecatombe de calor em Le Mans ano passado, conquistando o título da classe LMP2, o que os credenciou a uma vaga direta para a clássica prova francesa este ano.
A equipe fez melhorias no carro e trouxe um novo motor - ainda o AER, mas na versão Turbo, de 2 litros e 530 HP de potência - veloz e mais confiável, acreditem, que o propulsor atmosférico.
Depois de performances brilhantes em Istambul (terceiro no grid) e Spa, a equipe foi confiante em um grande resultado para a França. E ele aconteceu.
12º tempo no grid e oitavo no geral - algo que um protótipo da LMP2 jamais fora capaz de alcançar nos últimos seis anos. Erdos pilotou uma enormidade, ajudado pelo veterano Andy Wallace. Mas, mais do que isso: ele viu Mike Newton não cometer um único erro numa verdadeira maratona sobre rodas. O aprendiz pegou direitinho as lições do mestre.
E o resultado está aí.
Brasil, bicampeão em Le Mans.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário