terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Carnavalescas - III

É... terminou o carnaval, pelo menos no Grupo Especial.

Como no domingo, vi apenas quatro dos sete desfiles previstos.

O primeiro dispensei. Estava com amigos e amigas numa Adega no Largo do Machado bebendo chope, ouvindo muita coisa engraçada e saboreando um bom bolinho de bacalhau. Então não vi a Porto da Pedra com seu enredo "Preto e Branco a Cores", falando de África, Apartheid e congêneres.

Pelo que li por aí e soube, a escola de São Gonçalo não conseguiu fazer um desfile à altura do tema, com problemas em alegorias e evolução. E parece candidata a uma das duas vagas ao descenso pro Grupo A.

Vice-campeã em 2004 e 2005 sob o comando de Paulo Barros, a Unidos da Tijuca apostou na continuidade das idéias do seu antigo carnavalesco, no enredo que mostrou a história da fotografia - omitindo inexplicavelmente qualquer menção a Henri Cartier-Bresson.

Apesar deste pequeno lapso, a escola do Borel apresentou um desfile empolgante com garra e coração, levantando a platéia nas arquibancadas. A bateria de Mestre Celinho deu show com bossas e paradinhas que fizeram a apresentação ainda mais aplaudida. Não foi à toa que a Unidos da Tijuca, apontada pelos "gato-mestres" do carnaval como candidata ao rebaixamento, saiu por cima e pode voltar no sábado das campeãs.

Pela primeira vez desde que foi para o Salgueiro, Renato Lage deixou de lado os temas hi-tech e fez um carnaval com motivo afro. "Candaces", sobre as rainhas guerreiras da África, foi um achado. O samba ganhou muita força na avenida, a bateria se apresentou excepcionalmente e depois de um início frio, a escola levantou, todo mundo cantou e a platéia ficou em pé. Talvez a agremiação da Tijuca esteja entre as três primeiras - isso se não levar o título, pois ninguém ousou apontar possíveis erros de evolução e conjunto que possam tirar décimos preciosos na apuração desta quarta.

Quarta escola a desfilar, a Portela apresentou o desfile mais chapa-branca desde o inacreditável enredo "O Grande Decênio" da Beija-Flor em 1975, feito sob medida para exaltar o Brasil dos militares. Desta vez, a azul-e-branco de Madureira exaltou o esporte e tentou levantar a já murcha bola do Pan-2007 do Rio de Janeiro.

Esporte e samba nunca deram certo na avenida. Quem já homenageou clube em seus enredos sabe disso. E a Portela não conseguiu empolgar com o tema. O samba, um dos piores do ano, não levantou nem defunto. Salvou-se a bateria do Mestre Nilo Sérgio, com intervenções inspiradíssimas de um naipe de liras. Talvez tenha sido a única coisa que prestou de um desfile que recebeu R$ 1,8 milhão do Ministério do Esporte e não apresentou nada de luxuoso.

Será que alguém vai exigir prestação de contas?!?

A platéia recepcionou como sempre a Imperatriz Leopoldinense: friamente. A escola de Ramos, que provavelmente é a que desperta mais desprezo por parte dos "entendidos" - porque foi campeã com desfiles, segundo eles, contestados e cheios de erros - veio homenageando o Velho Guerreiro Chacrinha e falando da história do Bacalhau e da Noruega.

Os carros não foram tão grandiosos quanto os da maioria das escolas, mas estavam muito mais bem-acabados e decorados que os do ano passado, quando a Imperatriz amargou um modesto nono lugar. O desfile começou morno e terminou muito mais animado, porque após a passagem da Velha Guarda, mostrando a transição da parte norueguesa para a brasileira, as alas vieram muito mais animadas e cantando o samba.

À primeira vista, a escola não fez um desfile excepcional. E pode perder décimos em harmonia, evolução, samba-enredo, enredo e mestre-sala e porta-bandeira. Dificilmente veremos a Imperatriz no sábado, mas contrariando os corvos, a escola de Ramos não vai cair para o Grupo de Acesso.

Daí em diante desliguei a televisão e fui dormir. Antes, vim escutar como estava a transmissão do desfile da Grande Rio e confirmei minhas suspeitas. Péssimo samba, ótima bateria. A Acadêmicos do Projac, que cada vez mais reúne artistas e modeletes para atrair a atenção de público e mídia, homenageou a própria cidade de Duque de Caxias, onde é a sede da escola.

O carnaval encerrou-se com a Beija-Flor e seu enésimo enredo afro em mais de 30 anos. A escola foi eleita pelo júri do Estandarte de Ouro de "O Globo", a melhor de todo o carnaval. Mas nem sempre quem vence o prêmio ganha no resultado oficial.

Então, pelo que vi, acho que vai dar Salgueiro ou Viradouro.

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Em São Paulo, ganhou a Mocidade Alegre e as eternas favoritas Vai-Vai e Rosas de Ouro levaram pau até da Unidos de Vila Maria! Que mistério...

No Acesso, a Gaviões ganhou. Mas em 2008, concorrerá contra a Mancha Verde no "grupo de dois", das Escolas de Samba Esportivas. A escola ligada à maior torcida do Corinthians tem que deixar de ser teimosa e aceitar sua presença neste grupo, pois se continua insistindo em concorrer ao desfile oficial, corre o risco de ser novamente rebaixada para a segunda divisão do carnaval paulistano.

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Não falei que a Império da Tijuca foi a melhor escola do Grupo de Acesso no Rio?!?

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Amanhã tem mais Carnavalescas e se preparem porque vai vir bomba se o resultado do Grupo Especial for vergonhoso.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Um Tigre... ...Na África???"