quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Vida longa ao tricampeão!

Hoje é um dia especial. Nelson Piquet Souto Maior, o primeiro brasileiro tricampeão mundial de Fórmula 1, completa 54 anos de idade.

Piquet foi um dos responsáveis por eu gostar tanto de automobilismo.

Cresci vendo ele maturar seu potencial na Brabham. Vibrei com cada um de seus três títulos, suas 23 vitórias (e também com aquela que foi tirada na canetada em Jacarepaguá, 1982). Me entristeci muito com o grave acidente sofrido em Indianápolis.

Falando como fã, foi o piloto que mais me chamou a atenção pelos seus dotes que saltavam aos olhos de quem realmente entende do esporte.

Piquet era rápido, astucioso, cerebral, malandro e sobretudo um puta acertador de carros. Talvez o maior que eu já vi.

Coisas que não se compram na esquina. E sobretudo sempre foi autêntico, de personalidade fortíssima.

Os tempos de oficinas em Brasília, quando era apelidado de "Sujeira" e "Pobreza" forjaram seu caráter e lhe foram muito úteis na Fórmula Super Vê e na Fórmula 3 - a escalada definitiva para a categoria máxima.


Sábias as palavras de Dave Simms, um dos primeiros chefes de equipe que trabalharam com o brasileiro, na pequena BS Fabrications. "Aposto meu dinheiro, com quem quiser, que Nelson Piquet será campeão do mundo em três anos".

Em 1981, num fim de tarde de sábado, na telinha da Globo, com narração de Luciano do Valle e comentários de Reginaldo Leme, Nelson cumpriu a profecia de Simms.

Dois anos depois, numa reação inacreditável para quem já era considerado "morto e enterrado" no campeonato pela imprensa européia - a francesa principalmente, que já proclamava o anão Alain Prost como o novo número 1 - ele foi bicampeão e o primeiro piloto da história a ganhar um campeonato com motor turbo. De novo num sábado, desta vez de manhã.

E foi aí que a ficha realmente caiu para o piloto, normalmente de trato difícil com a imprensa, mas um doce com os amigos e com quem realmente saca de automobilismo. Como qualquer pessoa 'normal', ele sempre detestou perguntas idiotas, do tipo "você está a fim de vencer hoje?"

Mais relaxado, Nelson provou sua velocidade em 1984, igualando o recorde de nove pole positions que era de Ronnie Peterson e Niki Lauda. E depois, já na Williams, teve que mostrar a malandragem digna dos tempos de oficina para derrotar o Leão Nigel Mansell e toda a equipe chefiada por Patrick Head - que conspirava sempre contra o tricampeão.

A mudança para a Lotus, todo mundo sabe, foi um tiro no pé. Mas Piquet provou que Gérard Ducarouge era uma farsa. O Lotus 100T era um lixo e o modelo de 1989, com motor Judd, tinha um bom chassi mas se ressentia da falta de potência.

Quem pensou que ele tinha terminado sua história na Fórmula 1 teve que engoli-lo na Benetton, onde mostrou que ninguém é tricampeão mundial com acaso. O carro era bom e o motor tinha 100 HP a menos que Honda e Ferrari. Piquet tirou coelhos da cartola, fez várias provas sem trocar pneus, liderou em Jerez de la Frontera depois de três anos e venceu as duas últimas corridas do ano - inclusive a de número 500 da história.


Ele ainda daria aos seus fãs o prazer de uma vitória inesquecível no Canadá, aproveitando mais uma babaquice de Nigel Mansell, antes de, sem alarde, sair da Fórmula 1 para se estatelar no muro da curva 4 de Indianápolis.

A vida de Piquet certamente deu uma guinada de 360º daí pra diante. Sem dúvida ele gostaria de poder fazer o que mais gosta em melhores condições físicas. Mas a velha classe continua lá, como provado na última edição das Mil Milhas.

Vida longa ao tricampeão!

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito Mattar , não dá pra tirar nem uma virgula sequer.
A verdade é que quando Piquet sai de cena o negocio ficou um pouco sem graça, me refiro logico, ao seu jeito e irreverencia em suas entrevistas, algo que só a partir +ou- de 1983 é que o pessoal começou a entender.
Parabens ao nosso grande Tricampeão!
Jonny'O

Hurricane disse...

Hola a todos: Reconozco que yo (como argentino que soy) lo tuve que sufrir a Piquet, dado que él arrebato a Lole Reutemann el titulo de 1981. Pero no por eso se pueden discutir los méritos de Nelson como piloto.
Disculpen que escriba en español. No sé hablar portugués, pero ya llegará el tiempo en que nos entendamos mejor.
Saludos