quarta-feira, 16 de agosto de 2006

As verdadeiras páginas da vida - II

Vou narrar uma situação inusitada que um belo dia aconteceu comigo.

Com pressa para chegar ao trabalho, não me lembro em que dia da semana, parei um táxi no meio da rua. Não discrimino quem esteja ao volante: quer seja branco, negro, mulher, grisalho, baixinho.

Entrei no carro e pedi para me levar onde fica o prédio do Sportv. E qual não foi a minha surpresa ao notar que o motorista não tinha as duas mãos!

Isso mesmo. Ele dirigia com os pulsos, ou com a primeira extremidade de ambos os braços. Fiquei surpreso, mas como começamos um papo rápido e animado, deixei por conta dele.

E confesso, me espantei com a calma dele em guiar o carro, trocar as marchas e fazer curvas.

Nunca em momento algum pensei em fazer qualquer pergunta a respeito, demonstrar pena por ele não ter os braços perfeitos.

Mas e daí? Ele fez o papel do taxista: me deixou no meu trabalho, numa boa. Paguei e fui trabalhar.

Se todos nós respeitássemos os direitos um do outro, teríamos certamente muito a orgulhar de nós próprios.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sua história me fez lembrar de uma greve de ônibus na minha época de estudante. Nesse dia eu estava fazendo estágio no hospital da UFPR, na administração do setor de radiologia. Quase todos os funcionários faltaram mas todos os deficientes visuais que trabalhavam na câmara escura estavam lá, pontualmente, com ou sem ônibus. Os deficientes emocionais são de longe mais problemáticos que os deficientes físicos. Admiro demais as pessoaa que não deixam que sua vida seja afetada por uma fatalidade qualquer. Admiro também os que encaram isso com normalidade.
Eloisa.